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Dor pélvica crônica

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É uma dor pélvica intermitente e constante, com duração de pelo menos 6 meses e severa o 
suficiente para causar limitação ou requerer tratamento médico. 
Possui elevada frequência, repercussão desfavorável na qualidade de vida da mulher, 
responsável por 10% das consultas ambulatoriais. 
Epidemiologia 
• 27-29 anos; 
• Media de duração de 2,5 anos; 
• Número de gestações, paridade, abortamentos provocados, distribuição racial e 
escolaridade não influenciam na temática. 
Etiologia 
Ginecológicas: endometriose, prolapsos, massas anexiais (cistos, tumores ovarianos), miomas 
(pode comprimir outros órgãos), infecções – cervical, uterina, tubaria e ovariana - sinéquias, 
hematométrio (hímem imperfurável), malformações, estenose cervical, síndrome de allen masters 
(lesão de ligamento largo no parto). 
Peritoneal: aderências (salpingites, apendicite, diverticulite) 
Vasculares: varizes pélvicas, congestão pélvica e aneurisma. 
Gastroenterologicas: síndrome do colon irritável, doença de crohn, colite ulcerativa, enterocolite 
infecciosa, doença diverticular, neoplasias intestinais (ovário, colon, sigmoide), apendicite 
(principalmente quando se organizam), hérnias (inguinal, pélvicas – períneo), doença intestinal 
isquêmica, endometriose intestinal. 
Uroginecologicas: cistite intersticial (não bacteriana), síndrome uretral, divertículo uretral, urolitíase 
(ureter), cistite actínica (inflamação da parede da bexiga quando se faz radioterapia), dissinergia 
do detrusor, neoplasia uretral. 
Musculoesqueléticas: síndrome dolorosa miofascial (parede abdominal e perineal), doenças 
degenerativas ou inflamatórias das articulações sacroilíacas, coxofemorais e sínfise púbica. 
Neurológicas: neuropatias periféricas (diabetes), radiculopatias compressivas, neuralgia pós 
herpética, lesões tronculares (genitofemoral, udendo, ciático, ilioinguinal), polinerupatia periférica, 
neuropatias plexulares (toraco-lombar, sacra, lombo-sacra de origem neoplásica, actinica, 
hematomas e diabética), dor no órgão amputado, lesão do SNC e encefalopatias, mielopatias. 
Doenças sistêmicas: discrasias sanguíneas, anemia falciforme, doenças do colágeno (LES, 
esclerose múltipla), diabetes, porfirias. 
Psicológicas: abuso físico e sexual, depressão. 
Anamnese 
1- Localização 
2- Irradiação 
3- Intensidade 
4- Qualidade: pontada, facada, ardor e latejamento → nociceptiva tegumentar e 
subtegumentar; cólica, queimação peso e constrição → visceral ; queimação, 
formigamento, ardor, choques, alterações sensitivas e motoras → neuropática 
5- Inicio 
6- Duração 
7- Fatores que melhoram 
8- Fatores que pioram 
9- Impacto funcional 
Antecedentes obstétricos: acentuação de lordose, partos distocicos, uso de fórceps, laceração 
do canal do parto, feto grande, infecções. 
Antecedentes cirúrgicos: estenose cervical após conização, osteíte púbica após correção de 
incontinência urinária, histerectomia, parto cesáreo, infecções, fistulas, endometriose, aderências 
Tratamentos anteriores: medicações, cirurgias, resultados. 
 
Exame físico 
Peso – IMC 
Postura (lordose, escoliose, apoio unilateral) 
Marcha 
Exame abdominal: pesquisar pontos álgicos na pele com a palpação superficial; palpação 
profunda a procura de massas intrabdominais; teste de carnett = se positivo a origem é acima do 
plano aponeurótico; palpar coluna, coluna vertebral; sacro, musculatura paravertebral. 
Exame ginecológico: especular → leucorreias purulentas, achados de distopias e prolapsos 
genitais (dor por tração de ligamentos distendidos); toque vaginal → nódulos, espessamentos dos 
ligamentos; toque bimanual → mobilidade ou não dos órgãos pélvicos, correlacionar com 
desencadeamento da dor, achado de massa palpável. 
Exames complementares 
Reconhecer ou afastar os quadros infecciosos na pelve e averiguar seu estado geral 
Laboratório: HMG, VHS, urinálise, urocutura, parasitológico de fezes, cultura e pesquisa de clamídia 
em raspado do endocervice e uretra 
Rx da pelve: litíase renal, anomalias ósseas 
USG transvaginal: obrigatório, se presença de massas ao US pode complementar com a 
ressonância magnética. 
Laparoscopia: padrão ouro na avaliação da cavidade abdominal; quando todos os exames 
complementares não invasivos não esclarecem nada sobre a DPC ou sugerem hipóteses que 
exigem confirmação cirúrgica ou anatomopatológica, ou ainda se não houve resposta ao 
tratamento de outras possíveis causas de DPC. 
Tratamento 
• Etiológico: endometriose, miomas, cisto, aderências, infecções, varizes 
• Psicoterapia 
• Analgésicos 
• Cirurgias 
• Fisioterapias 
A dor deve ser avaliada antes do diagnóstico etiológico da DPC, para reforçar vinculo e confiança 
da paciente ao programa terapêutico. 
Manejo da dor: analgésicos, anti-inflamatorios; analgésicos morfinicos; 
Antidepressivos → tricilicos aliviam a dor por meio do bloqueio do nervo periférico, elevando limiar 
da dor, e por estimulação central (potencializa efeito dos analgésicos). Primeira escolha: 
amitriptilina (efeito sedativo) 25mg ao deitar, podendo aumentar até 125mg;dia. Também pode 
ser utilizado imipramina 
Analgesia oral: aines com doses fixas, mais eficazes quando sintomas são leves; evitar narcóticos 
(efeito de relaxamento da musculatura lisa)

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