Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Caroline Magagnin Silveira; Janaína Silva das Neves; Patrícia Ávila Fialho. 2 Marília Thomazin Crivello. Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI – Ciências Contábeis (CTB1493 / FLC0605CTB) – Seminário Interdisciplinar V – 02/12/2020 CONTABILIDADE E O PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO Redução de Custos através da Gestão de Tributos Caroline Magagnin Silveira¹ Janaína Silva das Neves¹ Patrícia Ávila Fialho¹ Marília Thomazin Crivello² RESUMO O objetivo deste paper é evidenciar a relevância da contabilidade e do planejamento tributário nas empresas. É mostrar que por meio de uma gestão tributária bem-apresentada é possível reduzir os encargos fiscais. Esta redução é possível através do conhecimento e entendimento das legislações tributárias brasileiras. Leis que, além de difícil compreensão, estão em constante atualização. É através da análise fiscal que a redução de custos com o pagamento de tributos se torna realizável, observando sempre as determinações legais, regulamentadas em âmbito federal, estadual e municipal. Considerando que a lei máxima é a Constituição Federal, regulamentada em 05 de outubro de 1988, pelo presidente José Sarney. Palavras-Chave: Contabilidade. Gestão Tributária. Impostos. 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objetivo demonstrar sobre a contabilidade e as contribuições que as empresas despendem ao governo através dos impostos, sejam eles da União, estados, Distrito Federal ou municípios. Uma breve definição da contabilidade e também legislações relevantes, tais como o artigo 59 da CF/88, que compreende a hierarquia das normas tributárias, objetivando conhecer melhor o tema já relacionado. Os tributos estão ligados as entidades, desde seu nascimento até a sua morte, e cabe a contabilidade, gerir os custos destes impostos através da gestão tributária. Mas o que é gestão tributária e como ela pode auxiliar na redução de custos? A legislação brasileira é complexa e sofre constantes mudanças, trazendo efeitos positivos ou negativos para empresa, necessitando assim do auxílio da contabilidade, para a realização da gestão de tributos e diminuição das contribuições, de forma segura e lícita. É por este motivo que a contabilidade vem crescendo cada vez mais como setor estratégico das empresas. Mais do que apurar e recolher impostos, são indispensáveis estudos sobre as 2 legislações, para que haja uma gestão tributária competente e assim possam reduzir os custos, permitindo que as empresas tenham continuidade e êxito no mercado. A intenção deste trabalho é estimular o leitor a aprender mais sobre a contabilidade e a sua importância nas empresas. A entender como a gestão tributária pode ajudar a diminuir, de forma legal, os impostos pagos pelas entidades brasileiras e assim permitir que elas tenham futuro próspero. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A contabilidade pode ser definida como a ciência que estuda, controla e interpreta o patrimônio das empresas, através dos registros e informações contábeis. A contabilidade é indispensável para a continuidade de toda e qualquer empresa, independentemente de seu porte, pois ela “[...] é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa. Ela é muito antiga e sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões.” (MARION, 2004, p. 26 apud TESSARI, 2013, p. 5) Será através dos dados fornecidos pela contabilidade, que o gestor terá condições de tomar decisões assertivas, principalmente, quando as decisões envolvem o pagamento de taxas e impostos. Para este tema específico, existe uma contabilidade denominada tributária ou fiscal. Além de uma legislação complexa e que sofre constantes atualizações, o Brasil possui uma alta carga tributária. Diante este cenário, se faz necessário, dentro da contabilidade fiscal, o desenvolvimento de um planejamento tributário. Este planejamento terá como objetivo interpretar as leis, estudar e definir as melhores opções para reduzir, legalmente, o valor dos tributos pagos pelas empresas. Andrade Filho (2015, p. 8) explica que gestão tributária é “[...] uma atividade ou uma técnica de prospecção de alternativas de redução da carga tributária suportada pelas pessoas e pelas empresas, sempre em consonância com o ordenamento jurídico em vigor.” A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF/88) é a lei máxima, isto é, nenhuma outra lei pode sobrepor-se a Constituição. É ela que regula o sistema tributário nacional, definindo os tributos, a competência dos entes federativos e os limites ao poder tributar. De acordo com o Artigo 3° do Código Tributário Nacional, Lei Nº 5.172 de 1966, “tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada." (BRASIL, 1966). Para a realização do planejamento tributário, é relevante conhecer o artigo 59 da CF/88 e compreender a hierarquia das normas tributárias. A figura 1 demonstra, através da pirâmide de Maslow, a ordenação destas normas. 3 FIGURA 1 – HIERARQUIA DAS NORMAS TRIBUTÁRIAS BRASILEIRAS FONTE: Disponível em: <http://rgrdireito.blogspot.com/p/direito-constitucional.html>. Acesso em: 16 out. 2020. As competências tributárias dos entes federativos, União, estados, Distrito Federal e municípios, estão todas reguladas ao longo das normas da CF/88. Existem regras que determinam quais taxas e impostos cada entidade pode instituir. A tabela 1 apresenta esta distribuição tributária presente na Constituição. TABELA 1 – DISTRIBUIÇÃO CONSTITUCIONAL DAS COMPETÊNCIAS TRIBUTÁRIAS FONTE: Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/estudos-e- notas-tecnicas/publicacoes-da-consultoria-legislativa/fiquePorDentro/temas/sistema- tributario-nacional-jun-2019/texto-base-da-consultoria-legislativa>. Acesso em: 16 out. 2020. 4 Ziese (2015) explica que cada entidade federada dispõe de poder para decretar seus tributos e, para o contribuinte, esta determinação de poder é muito relevante, pois impede a produção descontrolada de impostos. Na tabela acima é possível observar que “a União possui a maior gama de possibilidade de tributação, pois tem definido em sua competência a maior parte dos tributos.” (ZIESE, 2015, p. 7) Ziese (2015) relaciona os tributos de responsabilidade da União, que estão estabelecidos nos artigos 153 e 154 da Constituição. São eles: Imposto sobre importação (II); Imposto sobre exportação (IE); Imposto sobre renda, tanto de pessoa física quanto jurídica (IRPF ou IRPJ); Imposto sobre produtos Industrializados (IPI); Imposto sobre operações financeiras (IOF); Imposto sobre propriedade territorial rural (ITR); Imposto sobre grandes fortunas (IGF). Ziese (2015) também menciona os impostos de competência dos estados e do Distrito Federal. Estes estão definidos no artigo 155 da CF/88l. São eles: Impostos decorrentes da transmissão de bens por herança ou doação (ITCMD); Impostos sobre a circulação de mercadorias e determinados serviços (ICMS); Imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA). Nos municípios “foram definidos impostos exclusivos das atividades que ocorrem dentro do território municipal”. (ZIESE, 2015, p. 9) Estes estão instituídos no artigo 156 da Constituição. Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I - propriedade predial e territorial urbana; II - transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar. IV- (Revogado). (BRASIL, 1988) O Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISSQN ou ISS) é definido através da Lei Complementar 116 de 31 de julho 2003 (LC 116/2003). Esta lei institui e regulamenta, a nível nacional, o ISSQN, apresentando as regras gerais e definindo, através de uma lista, os tipos de serviços existentes. Além disso, a LC 116/2003, define a alíquota mínima e a máxima do imposto, sendo elas de 2% e 5%, respectivamente, mas caberá aos prefeitos, definir a alíquota a ser aplicada em cada município. Diante esta realidade e com o propósito de pagar impostos mais baixos, reduzindo os custos de seus serviços, o prestador poderá escolher o município de menor alíquota de ISS para sediar sua 5 empresa. De Morais (2006, p. 23) elucida em sua dissertação que “[...] a alíquota pode ser alterada pelo prefeito e que a base de tributação têm fácil mobilidade de um município para o outro através da mudança da sede do escritório.” Falat, Leopold, Mattos, Milestete e de Souza (2017, p. 259) complementam o assunto explicando que: Há ainda várias alíquotas que variam de município para município. Alguns deles se utilizam dessa possibilidade de variação de alíquotas para se beneficiar, promovendo uma porcentagem baixa de ISS incidindo sobre os serviços, e tornando atrativo o estabelecimento de empresas dentro de seu território. [...] Como uma importante fonte de receita, o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza transformou-se em alvo de disputas envolvendo a legitimidade para a sua cobrança. Não são poucos os municípios brasileiros que, na busca de aumentar a receita própria, passaram a atrair empresas praticando alíquotas muito reduzidas, patrocinando um verdadeiro leilão. Diante da possibilidade de aliviar a carga tributária, muitos prestadores de serviço transferiram suas empresas, alguns efetivamente, outros de forma fictícia. Para melhor entendimento, observe na tabela 2, as alíquotas de ISS, para o serviço de manutenção de máquinas e equipamentos, item 14.01 da LC 116/2003, em alguns municípios da região metropolitana de Porto Alegre/RS. Nesta tabela fica claro o quanto as alíquotas de ISS podem variar de município para município. TABELA 2 – ALÍQUOTAS DE ISS DE MUNÍCIPIOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE. FONTE: Elaborado pelas autoras (2020) Falat, Leopold, Mattos, Milestete e de Souza (2017) entendem que é justamente neste caso, diante a desigualdade de alíquotas entre os municípios, que se faz necessário o planejamento tributário, ou seja, a gestão de tributos das entidades. As legislações tributárias do ISS, assim como dos demais impostos, são abrangentes e complexas e convém às empresas se organizarem para 6 compreendê-las, respeitá-las e cumpri-las de forma ética e em concordância com as leis vigentes, evitando incorreções. 3. METODOLOGIA Para a produção deste trabalho, foram elaboradas pesquisas de revisão bibliográficas. Este tipo de pesquisa é uma das primeiras etapas de qualquer investigação científica e tem por objetivo a busca de informações, por meio de artigos, livros, periódicos e sites. Com o propósito de utilizar apenas referências seguras, é imprescindível que as pesquisas sejam feitas de forma acurada. Foram realizadas inúmeras pesquisas em literaturas acadêmicas, como por exemplo: livros, artigos científicos, dissertações de mestrado, teses de doutorado, etc. Optou-se por este método de pesquisa, por dispor de uma abundante e confiável base de dados. Com o objetivo de dar credibilidade ao trabalho, as pesquisas devem ser realizadas apenas em fontes confiáveis. Deve-se buscar por informações seguras de cunho científico para melhor entendimento do tema e também uma autoria personalizada. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Diante as informações apresentadas, percebe-se que o planejamento tributário é fundamental para o crescimento das empresas e competitividade no mercado. É através deste plano que será possível prever, de forma concreta, os tributos de atribuição da empresa e o que pode ser feito para reduzi-los, de forma lícita. De acordo com a legislação, as alíquotas de ISS podem variar entre 2% e 5%. Isto pôde ser evidenciado por meio do estudo realizado, sobre as alíquotas de alguns municípios da região metropolitana de Porto Alegre, conforme demonstrado na tabela 2. Este estudo comprovou que o local onde a empresa está localizada influi diretamente na tributação do ISSQN. A pesquisa evidenciou que o mesmo tipo de serviço, prestado em seis municípios distintos, possui seis alíquotas diferentes, corroborando com a teoria apresentada pelos autores pesquisados. Á vista disso, a gestão tributária é primordial para análise e redução de tributos, sempre em consonância com as leis vigentes. Conhecer as leis é indispensável para a realização de um planejamento tributário promissor. 5. CONCLUSÃO 7 Em vista dos argumentos apresentados, a contabilidade e a gestão tributária são essenciais para continuidade das empresas. Quanto mais conhecimento sobre a legislação, maior será a economia da empresa em relação ao pagamento dos tributos, assim como no exemplo apresentado sobre as diferentes alíquotas de ISS na região metropolitana de Porto Alegre. Com uma gestão tributária adequada, as instituições realizam menor desembolso com tributos, podendo destinar o montante economizado em investimentos que, consequentemente, contribuirão para o desenvolvimento da empresa. É cada vez mais incitante ao profissional contábil gerenciar os tributos nas organizações, mostrando aos seus representantes que uma gestão tributária bem-feita pode levar a empresa à redução de custos e prosperidade financeira. Por consequência, haverá crescimento econômico, elevação da renda, geração de empregos, circulação da moeda e desenvolvimento do país. Conhecendo a legislação, pode-se escolher o município, cuja carga tributária seja menor. Isto possibilitará uma maior competitividade dentro do mercado, visando a redução do preço do produto final ou serviço prestado. REFERÊNCIAS ANDRADE FILHO, Edmar Oliveira. Planejamento Tributário. 2ª edição. São Paulo/SP: Saraiva, 2015. 457 p. BAZZANELLA, André; MÜLLER, Antonio José; DA SILVA, Everaldo; TAFNER, Elizabeth Penzlien. Metodologia Científica. Indaial/SC: Uniasselvi, 2013. 206 p. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, de 05 de outubro de 1988. Diário Oficial [da União], Brasília, DF, 05 out. 1988, n. 191-A p. 1. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 25 out. 2020. BRASIL. Lei n. 5172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Diário Oficial [da União], Brasília, DF, 27 out. 1966. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm>. Acesso em: 31 out. 2020. FALAT, João Valdir; LEOPOLD, Kevin de Oliveira; MATTOS, Vinicius Gabriel; MILESTETE, Matheus Lobo; DE SOUZA, Matheus Angelo. A importância do planejamento tributário para as empresas a partir do estudo das diferentes formas de tributação do ISS em Curitiba e região metropolitana. Memorial do TCC Caderno da Graduação, Curitiba, v. 3, n. 1, p. 256-268, 2017. Disponível em: <https://cadernotcc.fae.emnuvens.com.br/cadernotcc/article/view/191>. Acesso em: 25 out. 2020. DE MORAES, David Polessi. Arrecadação Tributária Municipal: esforço fiscal, transferências e lei de responsabilidade fiscal. 2006. 45 f. Dissertação (Mestrado em Administração Pública e Governo) – Fundação Getúlio Vargas, Escola de Administração de Empresas de São Paulo, São Paulo, 2006. Disponível em: 8 <https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/2421/155046.pdf?sequence=3&isAl lowed=y>. Acesso em: 25 out. 2020. TESSARI, Osir Afonso. Contabilidade Geral. Indaial/SC:Uniasselvi, 2013. 187 p. ZIESE, Ilário. Contabilidade e Planejamento Tributário. Indaial/SC: Uniasselvi, 2015. 207 p.
Compartilhar