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Universidade Federal de Alagoas Instituto de Química e Biotecnologia Laboratório de Química Orgânica 1 – Química Tecnológica e Industrial Professora Maria Ester Barros 1 Experimento 10: Reação de Eliminação. Nicolas Monteiro, Loice Meira, Harrysson Patrick, Emanoel Guilhermino. Resumo: O cicloexeno (citado também como ciclo-hexeno ou ciclohexeno) é um hidrocarboneto com a fórmula C6H10. Este cicloalqueno é um líquido incolor com um odor penetrante, e um intermediário em vários processos industriais. Neste estudo buscou-se a sua síntese através da reação de eliminação, uma das mais importantes e fundamentais classes de reações químicas. Após o procedimento, o teste realizado com o produto final comprovou a presença do cicloexeno esperado. Palavras-chaves: Reação de eliminação, grupos funcionais, destilação simples. Introdução As reações de eliminação por desidratação catalítica dos álcoois, embora conhecidas desde o século passado, despertam ainda interesses científico e tecnológico entre os pesquisadores, indicando que alguns aspectos destas reações não podem ser considerados como perfeitamente esclarecidos. A relação de custo álcool/petróleo e a disponibilidade de matéria-prima são fatores econômicos que têm influenciado, ao longo do tempo, o desenvolvimento de pesquisas visando à melhoria de tecnologia de processos. Basicamente, o mecanismo da eliminação compreende a saída de dois átomos ou grupos de átomos em uma molécula orgânica. Eliminações do tipo 1,2 fornecem ligações duplas, sendo uma ótima metodologia para a preparação de alcenos. Quando um álcool, é aquecido na presença de um ácido forte, ocorre a eliminação de água com formação de um alceno. Esta reação é conhecida como desidratação de álcoois. Quando tratados com ácidos, álcoois secundários e terciários geralmente eliminam água através de um mecanismo envolvendo a participação de um carbocátion como intermediário (mecanismo E1). . Figura 1 – Síntese do cicloexeno a partir da desidratação do cicloexanol. As condições reacionais (temperatura e concentração) necessárias à desidratação de um álcool são relacionadas diretamente com a estrutura do mesmo. Álcoois primários são os mais difíceis de sofrerem desidratação. Já os alcoóis secundários e terciários desidratam-se mais facilmente. A ordem de reatividade relativa de desidratação de alcoóis é terciário > secundário > primário. Um fato importante é que muitas vezes alcoóis primários e secundários sofrem rearranjo devido à estabilidade do carbocátion formado, o que serve de comprovação para à ordem de reatividade mostrada anteriormente. A partir do cicloexanol é possível obter o cicloexeno, na presença de um ácido forte, como H2SO4. O cicloexanol é um álcool secundário, de fórmula C6H11OH, consistindo de um anel cicloexano com um átomo hidrogênio substituído por um grupo hidroxila.[1] Já o cicloexeno é um hidrocarboneto com a fórmula C6H10. Este cicloalceno é um líquido incolor com um odor penetrante. É um intermediário em vários processos industriais. Objetivos Sintetizar o composto cicloexeno a partir do composto cicloexanol na presença de um ácido forte por um mecanismo de eliminação por desidratação de álcool. Procedimento Experimental • Montou-se um sistema de destilação simples dentro da capela; • Foi adaptado um banho de gelo ao balão coletor (figura 2); Universidade Federal de Alagoas Instituto de Química e Biotecnologia Laboratório de Química Orgânica 1 – Química Tecnológica e Industrial Professora Maria Ester Barros 2 Figura 2 – Sistema de destilação simples com banho de gelo adaptado. • Usando luvas em todo o processo, mediu-se em uma pipeta graduada 10,0 mL de ciclohexanol e verteu-se o conteúdo da pipeta em um balão de fundo redondo de 50,0 mL; • Em seguida, mediu-se numa pipeta graduada 3,0 mL de ácido sulfúrico (H2SO4) e verteu-se o conteúdo no mesmo balão de fundo redondo que continha o ciclohexanol; • Adicionaram-se três pedrinhas de porcelana ao balão, e conectou-se o mesmo ao sistema de destilação simples; • Aqueceu-se o balão cuidadosamente observando para que a temperatura não ultrapassasse dos 90° C; • Posteriormente, a destilação foi interrompida ao se observar que quase todo o conteúdo do balão inicial foi destilado; Figura 3 – Amostra sendo aquecida. • Transferiu-se o destilado para um funil de separação de 100,0 mL e adicionou-se 2,0 mL de solução saturada de cloreto de sódio (NaCl) e 1,0 mL de solução de carbonato de sódio (Na2CO3) a 10%; • Transferiu-se o destilado para um funil de separação de 100,0 mL e adicionou-se 2,0 mL de solução saturada de cloreto de sódio (NaCl) e 1,0 mL de solução de carbonato de sódio (Na2CO3) a 10%; • Com cuidado, agitou-se o funil de separação para liberar a pressão formada pela agitação dentro do funil abrindo esporadicamente a parte superior do mesmo; • Deixou-se o funil em repouso até ser observada a separação de fases; • Descartou-se a fase aquosa (inferior) ficando apenas com a fase orgânica contendo o ciclohexeno; • Verteu-se o conteúdo do funil contendo o ciclohexeno em um erlenmeyer de 100,0 mL e adicionou-se cerca de 2,0 g de sulfato de sódio anidro (Na2SO4); • Deixou-se em repouso por dez minutos agitando o sistema ocasionalmente; • Logo após, filtrou-se o produto em um funil simples; • Realizou-se o teste para confirmar a ocorrência da reação em um tubo de ensaio gotejando algumas gotas do ciclohexeno e adicionando 1,0 mL de tetracloreto de carbono e uma gota de solução de bromo a 20%; • Observou-se a mudança na coloração e anotaram-se as devidas considerações; Figura 4 – Teste utilizando tetracloreto de carbono. Resultados e Discussões A síntese do cicloexeno neste experimento, como já supracitado, se valeu da eliminação por desidratação do ciclohexanol. Segundo SOLOMONS (2002), o mecanismo Universidade Federal de Alagoas Instituto de Química e Biotecnologia Laboratório de Química Orgânica 1 – Química Tecnológica e Industrial Professora Maria Ester Barros 3 proposto para esta reação é o mecanismo E1, pois a etapa determinante da velocidade é unimolecular, que envolve as etapas descritas na figura 5 (abaixo). Figura 5 – Mecanismo E1 para formação do cicloexeno. Primeiramente, para que a reação seja viável, o ácido sulfúrico (presente como catalisador) faz a doação de um próton (H+) ao oxigênio da hidroxila do cicloexanol, e isto faz com que a hidroxila se torne um grupo abandonador muito mais estável, ou seja, a água. A desidratação da molécula do álcool (etapa determinante da velocidade da reação) forma, consequentemente, um carbocátion secundário. Isto se dá porque o cicloexanol é um álcool secundário, ou seja, o carbocátion formado é possível devido à sua relativa estabilidade, proporcionada pelo efeito de hiperconjugação, no qual os dois grupos doadores de elétrons ligados ao carbocátion contribuem com densidade eletrônica e assim estabilizam este intermediário reativo. A etapa seguinte é rápida, pois exige apenas a obtenção de um hidrogênio β dos carbonos adjacentes ao carbocátion (carbonos β), e formação da ligação dupla característica do cicloexeno e regeneração do ácido catalisador. [2] Uma grande vantagem na síntese do cicloexeno a partir do cicloexanol é que, sendo este um álcool secundário, a relativa estabilidade do carbocátion secundário formado possibilitou uma energia de ativação relativamente mais baixa para a reação, ou seja, foi possível se utilizar de uma temperatura 90 °C. Outra vantagem é a de que, sendo o cicloexanol um composto cíclico, tal estrutura não possibilita rearranjos moleculares após formação do carbocátionintermediário, além de também não possibilitar a formação de produtos isômeros, pois qualquer hidrogênio β atacado conduz a um mesmo produto. Durante o aquecimento do balão no sistema de destilação simples, foi possível se observar que a cor da mistura reacional ia se alterando desde uma cor amarelada até um verde muito escuro (figura 3). Este se tornou o indicativo de que a reação estava prosseguindo. Como o destilado obtido era uma mistura do cicloexeno com uma solução de H2SO4, levou-se o destilado ao funil de separação com finalidade de separar o produto principal destes compostos fortemente polares, pois o cicloexeno é fracamente polar e apenas ligeiramente solúvel em água. [2, 3] A adição da solução aquosa saturada de NaCl forneceu água para separação das fases e o sal estimulou a quebra da emulsão. A solução de carbonato de sódio (Na2CO3) a 10% teve finalidade de neutralizar o ácido sulfúrico presente no meio. A fase orgânica coletada (superior), contendo o cicloexeno, continha resquícios de água, por isso foi submetida à desidratação através da adição do agente secante sulfato de sódio anidro (Na2SO4). Após a filtração simples para retirar da fase orgânica o sulfato de sódio hidratado, o teste de bromo (Br2) em tetracloreto de carbono (CCl4) foi realizado com finalidade de se identificar a presença das ligações duplas características do cicloexeno, a fim de caracterizá-lo. O teste realizado demonstrou comprovou a presença do cicloexeno, pois segundo SOLOMONS (2002), ao adicionarmos a solução de bromo a um meio em que alquenos e/ou alquinos estejam presentes em excesso, a coloração vermelho-acastanhada da solução de bromo desaparece quase que instantaneamente, e foi este o fato ocorrido, conforme pode se visualizar na figura 4. A descoloração ocorre devido a uma reação de adição eletrofílica do bromo (Br2) ao alqueno, cujo mecanismo pode ser observado na figura 6 (abaixo). Figura 6 – Mecanismo de adição eletrofílica na identificação do cicloexeno. Conclusões Através do experimento realizado foi possível comprovar que a utilização de destilação simples possibilita a síntese de alqueno por desidratação de um álcool através de ácido forte, neste caso um cicloexeno obtido Universidade Federal de Alagoas Instituto de Química e Biotecnologia Laboratório de Química Orgânica 1 – Química Tecnológica e Industrial Professora Maria Ester Barros 4 de um cicloexanol e ácido sufúlrico, por mecanismo de eliminação. Referências Bibliográficas 1. ENGEL, R. G.; et al. Química Orgânica Experimental: Técnicas de escala pequena. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 2. SOLOMONS, G.; FRYHLE, C. Química Orgânica. 7 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002. 3. Disponível em: <http://gestis- en.itrust.de/nxt/gateway.dll/gestis_en/0 17900.xml?f=templates$fn=default.ht m$3.0>, Base de Dados de Substâncias GESTIS do IFA, acesso em: 19/11/2017. http://gestis-en.itrust.de/nxt/gateway.dll/gestis_en/017900.xml?f=templates$fn=default.htm$3.0 http://gestis-en.itrust.de/nxt/gateway.dll/gestis_en/017900.xml?f=templates$fn=default.htm$3.0 http://gestis-en.itrust.de/nxt/gateway.dll/gestis_en/017900.xml?f=templates$fn=default.htm$3.0 http://gestis-en.itrust.de/nxt/gateway.dll/gestis_en/017900.xml?f=templates$fn=default.htm$3.0
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