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Um homem de 52 anos foi levado ao setor de emergência e de acidentes com forte dor no peito. Parece que ele tivera perda de consciência que provocou uma colisão automobilística. O paciente disse ter ficado com a respiração dificil e desmaiado antes da colisäo. O exame clinico possibilitou se levantar as hipóteses de acidente cárdio-vascular (AVC) ou infarto do miocárdio. O paciente foi admitido, para observação, e amostras de sangue foram coletadas e encaminhadas ao laboratório para determinação das enzimas: Creatina Quinase (CK), aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT), lactato desidrogenase (LDH) como também dosagem de Mioglobina e Troponina I e T. Discussão do Caso O infarto do miocárdio (IM), também conhecido como trombose coronária, é uma das causas mais comuns de mortalidade e morbidade em adultos. Geralmente o IM é diagnosticado por uma história de dor esmagadora do peito que se irradia ao longo do braço esquerdo, mudanças características do ECG e liberação de enzimas do músculo cardíaco. O IM ocorre quando o suprimento de sangue para o músculo coronário fica reduzido abaixo de um valor crítico, geralmente como resultado da ruptura de uma placa de ateroma e da trombose subsequente. Essa situação pode ser pressagiada por episódios de dor no peito (angina pectoris) devida à redução da perfusão coronária causada pelo estreitamente das artérias em função da placa de ateroma. A insuficiência coronariana pode ser definida como um desequilíbrio entre a oferta e o consumo de oxigênio pelo miocárdio, levando a graus variáveis de isquemia e podendo resultar, na dependência de sua duração e intensidade, em necrose celular. Na grande maioria dos casos, a insuficiência coronariana é causada por lesões ateroscleróticas que se desenvolvem nas paredes das artérias coronárias. A aterosclerose é um processo progressivo, multifatorial, que começa na infância e torna-se sintomática na meia-idade ou na velhice, apesar de pacientes jovens poderem manifestar a doença. O tratamento pode ser clínico, angioplastia ou cirurgia. Na verdade a conduta deve ser analisada pelo quadro clínico e pelo filme de cateterismo Frequentemente o diagnóstico do IM está bem indicado pela história, embora existam outras razões para dor cardíaca aparente. As dosagens bioquímicas complementam os resultados de ECG, enzimas são usadas corriqueiramente no diagnóstico e no acompanhamento do IM. São elas: Creatina Quinase (CK), aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT) e lactato desidrogenase (LDH). Mostra-se na Fig.1 a atividade dessas enzimas no soro após o IM; os níveis de CK aumentam rapidamente, exibindo um pico às 24h, e aumentos lentos ocorrem com a AST e LDH. A queda mais rápida da CK também permite seu uso no diagnóstico do reinfarto, que ocorre algumas vezes em pacientes enquanto eles ainda estão no hospital. A liberação de AST não é específica do IM, mas é encontrada também em muitas patologias agudas que afetam o fígado e o músculo esquelético. Algumas vezes a enzima alanina aminotransferase (ALT) é dosada como parte do padrão de dosagens de “enzimas cardíacas“. Altas concentrações de ALT são mais encontradas no fígado do que no músculo, e um resultado de ALT normal em conjunto com AST elevado confirma que uma patologia do fígado não está contribuindo para um nível elevado de enzimas. Aproximadamente 25% dos pacientes com embolia pulmonar, que faz parte do diagnóstico diferencial de IM e que pode ou não causar dor do peito, exibem concentração elevada de AST, e a maioria também exibe LDH elevada. Assim como as outras enzimas usadas no diagnóstico do IM, a LDH não é específica para o músculo cardíaco, sendo encontrada no fígado e nas hemácias. Embora exista uma diferença mensurável entre a isoenzima LDH1 do coração e a isoenzima LDH5 do fígado, as hemácias também podem liberar LDH1. Assim, o sangue que será usado para dosagem de LDH não deve permanecer sem separação antes da análise, porque senão a hemólise in vitro invalidará as medidas da LDH. A creatina quinase (CK) é uma enzima que cataliza, reversivelmente, a formação do ATP a partir de ADP às custas da creatina-fosfato.Esta está presente em todos os tecidos, porém, é liberada na corrente circulatória quando há lesão tecidual em alguns tipos de tecidos. A razão disso não é bem conhecida. Sabe-se que, após a lesão, tecidos como cérebro, músculos esqueléticos e músculo cardíaco a liberam, assim como o fígado, porém, em pequenas concentrações. A pesquisa de CK é bastante utilizada quando há suspeita de lesão do miocárdio como também, em lesões do fígado, quando dosagens de ALT, AST e LDH não são bastante conclusivas. Nas avaliações do infarto do miocárdio pela CK alguns problemas podem ser lembrados como é o caso de lesões de músculos esqueléticos que elevam as taxas de CK sérica, assim como injeções intramusculares, hipotireoidismo e alcoolismo crônico. No ser humano, três diferentes tipos de creatina quinase (isoenzimas) são encontradas: a cerebral, a dos músculos esqueléticos e a cardíaca e elas são denominadas: BB (brain=cérebro), MM (muscular) e MB (do miocárdio, assim denominada por apresentar migração eletroforética intermediária entre BB e MM). Para diferenciá-las, isto é, para saber se o problema é ou não cardíaco, o Laboratório Clínico faz as dosagens de CK e de CK-MB. A dosagem de CK-MB consiste em se realizar o teste utilizando um tampão, diluente do soro, que contém anticorpos anti-CK-MM. Nessa reação, a atividade da CK, se for de origem cardíaca, será observada, enquanto que a reação será “zero” (ou próximo disso) se a CK for de origem esquelética, pois os anticorpos reagindo com a enzima, a inativam. Eletroforese também pode ser utilizada para essa diferenciação, pois a MM não migra (pH 8,6) e a MB corre para o cátodo. A determinação da CK no diagnóstico do enfarte é muito importante pois ela mostra níveis elevados 4 horas após a lesão com um pico máximo entre 8 e 24 horas. As concentrações de CK, no músculo cardíaco são sempre constante e a quantidade da isoenzima MB permite, pela sua dosagem, avaliar a extensão do dano, pois quanto maior for a lesão, maior quantidade dessa isoenzima é liberada na circulação. Dois outros testes também são úteis no IM, a dosagem da Mioglobina e a dosagem de Troponina I e T. A Mioglobina é detectável de 1-3h após o infarto e é útil para a triagem de pacientes com dor de peito que são examinados na clínica de emergência. As troponinas cardíacas I e T são marcadores altamente sensíveis e específicos para o IM agudo. Da mesma forma que a CK-MB, elas são liberadas pelas células lesadas do músculo cardíaco dentro de 3-12h depois do infarto, porém permanecem elevadas por muito mais tempo. A troponina T pode levar 2 semanas até retornar aos níveis normais, enquanto aumentos da troponina I retornam ao normal dentro de 5-10 dias. Esses marcadores moleculares da necrose do miocárdio estão sendo cada vez mais usados na prática médica, mas ainda há debates sobre qual é o marcador preferido. A lesão celular do miocárdio determina liberação enzimática com o seguinte padrão de detecção sérica no homem: Início Pico Normalização CK (MB) 6 h 24 h 3-4 d TGO 8 h 18-36 h 3-4 d LDH 12-24 h 4-5 d 8-14 d Perguntas: 1) Como pode ser definida a insuficiência coronariana? A insuficiência coronariana pode ser definida como um desequilíbrio entre a oferta e o consumo de oxigênio pelo miocárdio, levando a graus variáveis de isquemia e podendo resultar, na dependência de sua duração e intensidade, em necrose celular. Na grande maioria dos casos, a insuficiência coronariana é causada por lesões ateroscleróticas que se desenvolvem nas paredes das artérias coronárias. 2) Quais as enzimas utilizadas no diagnóstico e no acompanhamento do IM? Creatina Quinase (CK), aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT) e lactato desidrogenase (LDH).3) A dosagem de AST é específica para o infarto do miocárdio? Justifique sua resposta. Não, A liberação de AST não é específica do IM, mas é encontrada também em muitas patologias agudas que afetam o fígado e o músculo esquelético. Algumas vezes a enzima alanina aminotransferase (ALT) é dosada como parte do padrão de dosagens de “enzimas cardíacas“. 4) No ser humano, três diferentes tipos de creatina quinase (isoenzimas) são encontradas. Qual a sua importância no infarto do miocárdio? Quais são elas e como é feito a sua dosagem? A creatina quinase (CK) é uma enzima que cataliza, reversivelmente, a formação do ATP a partir de ADP às custas da creatina-fosfato.Esta está presente em todos os tecidos, porém, é liberada na corrente circulatória quando há lesão tecidual em alguns tipos de tecidos, sua importancia é primordial para diagnosticar lesoes em alguns tecidos como cérebro, músculos esqueléticos e músculo cardíaco e fígado No ser humano, três diferentes tipos de creatina quinase (isoenzimas) são encontradas: a cerebral, a dos músculos esqueléticos e a cardíaca e elas são denominadas: BB (brain=cérebro), MM (muscular) e MB (do miocárdio, assim denominada por apresentar migração eletroforética intermediária entre BB e MM 5) Por qual motivo foi solicitado ao paciente a dosagem de Mioglobina e Troponina I e T? Devido a rapidez nos resultados, A Mioglobina é detectável de 1-3h após o infarto e é útil para a triagem de pacientes com dor de peito que são examinados na clínica de emergência. As troponinas cardíacas I e T são marcadores altamente sensíveis e específicos para o IM agudo. Da mesma forma que a CK-MB, elas são liberadas pelas células lesadas do músculo cardíaco dentro de 3-12h depois do infarto, porém permanecem elevadas por muito mais tempo. A troponina T pode levar 2 semanas até retornar aos níveis normais, enquanto aumentos da troponina I retornam ao normal dentro de 5-10 dias. Esses marcadores moleculares da necrose do miocárdio estão sendo cada vez mais usados na prática médica, mas ainda há debates sobre qual é o marcador preferido. CK ---- MM MB BB
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