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Aula 3 - Formação dos contratos

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DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA – PARTE I
Conceito: Traduz o negócio jurídico em que se pretende a aquisição da propriedade de determinada coisa, mediante o pagamento de um preço.
Artigo 481 CC- Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
► Elementos:
 - Negócio jurídico bilateral, pelo qual uma das partes (vendedor) se obriga a transferir a propriedade de uma coisa móvel ou imóvel à outra (comprador), mediante o pagamento de uma quantia em dinheiro (preço).
- Efeitos Jurídicos: Obrigacionais – não operando a transferência de propriedade, senão a simples obrigação de fazê-lo. 
Assim, Celebrado o contrato de compra e venda as partes ainda não podem considerar-se donas do preço ( vendedor) ou da coisa ( comprador), senão até que se opere a tradição da coisa vendida, embora já sejam titulares do direito de exigir sua prestação.
A transferência da propriedade da coisa vendida somente se opera quando da sua tradição ou registro. Até que se consume, pois, qualquer desses atos, a coisa continua juridicamente vinculada ao vendedor, uma vez que ainda não saiu do seu âmbito de domínio.
► Características:
Bilateral, sinalagmático, consensual, comutativo ou aleatório
Autorizador da transferência de propriedade, de execução instantânea ou diferida.
Oneroso
►Elementos Essenciais:
1. O Consentimento ( livre e espontâneo)
Partes – Capazes ( aptidão genérica)
 - Em certos casos – legitimação ( aptidão específica)
2. A coisa 
Objeto – Passível de circulação no comércio jurídico – o que afasta todos os interesses não suscetíveis de aferição ou valor econômico como a honra, o nome, a integridade física, a vida, etc.
Coisa atual :Coisa existente e disponível à época da celebração – 
Coisa futura: Posto que ainda não tenha existência real, é de potencial ocorrência.
3. O preço – 
-Deverá ser fixado pelas partes, conforme autonomia da vontade ( pode ser indicado por terceiro – árbitro)
- Pode deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar. ( 486 CC)
- As partes tem plena liberdade de proceder as alterações e adaptações em face dos índices e critérios escolhidos.
- É nulo de pleno direito contrato de compra e venda quando se deixa ao exclusivo arbítrio de uma das partes a fixação do preço ( 489 CC).
- Não sendo a “venda a crédito”, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço. ( exceptio nom adimpleti contractus) (Artigo 491 CC)
Despesas com o contrato de compra e venda
Artigo 490 CC – Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
Obs1: Estando as partes em condição de igualdade, o exercício da autonomia da vontade permite que os ônus sejam transferidos para a parte contrária, o que importa dizer, portanto, que a norma legal, neste aspecto, é de caráter supletivo ( no caso de silêncio) e orientador de conduta, e não imperativo.
Obs2: Conforme Artigo 502 CC – O Vendedor, salvo convenção em contrário, responde por todos os débitos que gravem a coisa até o momento da tradição. 
Responsabilidade Civil pelos Riscos da Coisa: 
Responsabilidade Civil pelo risco de a coisa perecer, por caso fortuito ou força maior.
Lembrando: A transferência da propriedade da coisa vendida somente se opera quando da sua tradição ou registro. Até que se consume, pois, qualquer desses atos, a coisa continua juridicamente vinculada ao vendedor, uma vez que ainda não saiu do seu âmbito de domínio.
Assim, a responsabilidade pela integridade da coisa, em face do risco de perecimento por caso fortuito ou de força maior, corre por conta do alienante. Aplica-se o dogma do res perit domino ( a coisa perece para o dono)
“Artigo 492 CC – Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador”.
►Assim, se a coisa pereceu ou se deteriorou por culpa do próprio comprador, arcará este com as consequências jurídicas do seu próprio ato.
►(§ 1°) – os casos fortuitos ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coisas, que comumente se recebem, contando, pesando, medindo, assinalando, e que já tiverem sido postas à disposição do comprador, correrão por conta deste.
►(§ 2°) – Correrão por conta do comprador os riscos das referidas coisas se estiver em mora de as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e modo ajustados.
Coisas entregues fora da concretização do negocio
Regra geral – “Artigo 493 CC – A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, dar-se-á no lugar onde ela se encontrava, ao tempo da venda”.
De quem serão os riscos por eventual perecimento ou deterioração da coisa?
“Artigo 494 CC – Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do comprador, por sua conta correrão os riscos, uma vez entregue a quem haja de transporta-la, salvo se das instruções dele se afastar o vendedor”.
Se a coisa é expedida para lugar diverso ou é entregue a terceiro para que seja o portador, ambas as situações por determinação do comprador, este passará a assumir a responsabilidade pela sua integridade, até chegar ao seu local de destino.
Se, entretanto, o vendedor, mesmo diante da ordem recebida, afasta-se dela, faz retornar para si a assunção do risco.
DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA – PARTE II 
QUESTÕES ESPECIAIS REFERENTES À COMPRA E VENDA
1. VENDA A DESCENDENTE
Artigo 496 CC – É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
Parágrafo único: Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória. 
OBS: O artigo antecedente deve ser interpretado à luz do Artigo 179 CC:
“Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato”.
SITUAÇÕES ESPECIAIS REFERENTE À FALTA DE LEGITIMIDADE PARA A COMPRA E VENDA
A ilegitimidade traduz um impedimento específico para a prática de determinado ato ou negócio jurídico, em razão de um interesse superior que se quer tutelar.
As pessoas referidas no Artigo 497 CC são consideradas carentes de legitimidade para a compra de determinados bens, ainda que em hasta pública, e caso seja efetuada, será considerada nula de pleno direito.
1. – tutores, curadores, testamenteiros e administradores não poderão adquirir os bens confiados à sua guarda.
1. – os servidores públicos em geral, não poderão adquirir bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob a sua administração direta ou indireta 
1. – os juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça não poderão adquirir bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo, ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que estender a sua autoridade. 
1. – pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.
As proibições tem por fundamento a presunção de aproveitamento desleal da situação, na aquisição de bens confiados à sua gestão ou administração. 
VENDA A CONDÔMINO
O condomínio traduz a coexistência de vários proprietários que detêm o direito real sobre a mesma coisa, havendo entre si a divisão ideal segundo suas respectivas frações. 
O condômino como todo proprietário, tem o direito de dispor da coisa. Todavia, se o bem comum for indivisível, a prerrogativa de vende-lo encontra limitação no artigo 504 CC: “Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência.
Parágrafo único. Sendo muitos condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais,haverão a parte vendida os comproprietários, que a quiserem, depositando previamente o preço”.
A venda de parte indivisa a estranho somente se viabiliza, portanto, quando:
1. For comunicada previamente aos demais condôminos;
1. For dada preferência aos demais condôminos para aquisição da parte ideal, pelo mesmo valor que o estranho ofereceu;
1. Os demais condôminos não exercerem a preferência dentro do prazo legal
OBS 1. O direito de preferência é de natureza real, pois não se resolve em perdas e danos.
O condômino que depositar o preço haverá para si a parte vendida.
Tal não ocorrerá se este fizer contraproposta diferente da que ofereceu o estranho.
OBS 2: A comunicação aos demais consortes, pelo interessa em vender sua parte ideal, pode ser feita por meios judiciais e extrajudiciais, como carta, telegrama, notificação pelo oficial de títulos e documentos, etc.., de modo expresso e com comprovante de recebimento, devendo mencionar as condições de preço e pagamento para a venda, negociadas com o estranho.
VENDA ENTRE CÔNJUGES E ENTRE COMPANHEIROS
A depender do regime de bens escolhido na sociedade conjugal, os consortes podem manter patrimônio próprio e separado, a exemplo do que ocorre na comunhão parcial, na separação total e na participação final nos aquestos.
Em tais casos, nada impede que um dos cônjuges aliene ao outro bem próprio:
Art. 499 CC – É licita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão.
VENDAS ESPECIAIS
VENDA AD CORPUS E VENDA AD MENSURAM
1. VENDA AD MENSURAM – em que o preço é estipulado com base nas dimensões do imóvel. ( ex: Tal preço por alqueire, hectare, metro quadrado)
Regra aplicável somente à compra e venda de imóveis:
Artigo 500 CC: “ Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional do preço”.
OBS1: A complementação da área é exigida por meio da ação ex empto ou ex vendito, de natureza pessoal, porque o que nela se pleiteia é o integral cumprimento do contrato, mediante a entrega de toda a érea prometida.
►Não pode ser pleiteada a resolução da avença, ou o abatimento no preço, se puder ser feita a complementação. Inexistente essa possibilidade, abre-se então a alternativa para o comprador: ajuizar ação redibitória ou estimatória. 
1. VENDA AD CORPUS ►Nessa espécie de venda o imóvel é adquirido como um todo, como corpo certo e determinado ( Ex: Chácara Bela Vista).
§ 3° Artigo 500 CC: “ Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus”. 
► O imóvel é caracterizado por suas confrontações, não tendo nenhuma influência na fixação do preço as suas dimensões.
Presume-se que o comprador adquiriu a área pelo conjunto que lhe foi mostrado e não em relação à área declarada ( Ex: A expressão “tantos alqueires mais ou menos”, a discriminação dos confrontantes e a de se tratar de imóvel urbano totalmente murado ou quase todo cercado, evidencia-se que a venda foi ad corpus).
Na venda ad corpus, de corpo certo e individualizado, presume-se que o comprador teve uma visão geral do imóvel e a intenção de adquirir precisamente o que continha dentro de suas divisas. A referência à metragem ou à extensão è meramente acidental. O preço é global, pago pelo todo vistoriado. Feitas nessas condições, a venda não outorga ao comprador direito de exigir complemento de área, nos termos do § 3° do Artigo 500 CC. 
DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA – Parte III 
DAS CLÁUSULAS ESPECIAIS À COMPRA E VENDA
1. DA RETROVENDA
A cláusula de retrovenda ( Direito de retrato ou pactum de retrovendendo) é um pacto acessório, adjeto à compra e venda, por meio do qual o vendedor resguarda a prerrogativa de resolver o negocio, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas feitas pelo comprador.
Art. 505 CC. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.
1° elemento: Interesse do vendedor – decorrente da autonomia da vontade
2° elemento: O valor adequado para a retrovenda “ justo preço” deve corresponder a todos os gastos empreendidos pelo comprador, devidamente atualizados, seja para a aquisição do bem, seja para a realização de benfeitorias necessárias.
Natureza Juridica: Pacto acessório, adjeto ao contrato de compra e venda. 
Característica: Condição resolutiva expressa, trazendo como consequência o desfazimento da venda, retornando as partes ao estado anterior.
Prazo máximo para o exercício do direito de retrato ou de resgate: 03 anos, nada impedindo que as partes estabeleçam prazo menor.
O direito de resgate pode ser cedido a “terceiro” transmitido a “herdeiros e legatários” e “ser exercido contra o terceiro adquirente”.
Artigo 507 CC – O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários, poderá ser exercido contra o terceiro adquirente.
Assim, o dispositivo proibi a cessão desse direito por ato inter vivos, pois apenas admite a sua transmissão para herdeiros e legatários, o que pressupõe o falecimento do vendedor original.
O pacto de retrovenda somente poderá ser exercido caso se tenha realizado o registro da cláusula ou se fora dada ciência direta ao pretenso interessado na aquisição da coisa.
Caso o bem ainda pertença ao comprador e este não cumpra espontaneamente a cláusula pactuada, poderá o vendedor exigir judicialmente o seu adimplemento, na forma do artigo 506 CC:
Artigo 506CC – Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, o vendedor, para exercer o direito de resgate, os depositará judicialmente.
Parágrafo Único: Verificada a insuficiência do depósito judicial, não será o vendedor restituído no domínio da coisa, até e enquanto não for integralmente pago o comprador.
A retrovenda conjunta
Artigo 508 CC – Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o mesmo imóvel, e só uma exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele acordarem, prevalecendo o pacto em favor de quem haja efetuado o depósito, contanto que seja integral.
► Se houver discussão sobre o justo valor, realça-se a importância da comunicação aos demais interessados, pois estes poderão, querendo, exercer também o direito de retrato, fazendo ai, sim, o depósito do valor adequado.
► Se todos realizarem, simultaneamente, o depósito adequado, exercitando o seu direito, e não sendo possível delimitar quem efetivou a medida em primeiro lugar, que seja razoável estabelecer um condomínio sobre o imóvel. ( a lei silenciou sobre isso).
1. DA VENDA A CONTENTO E DA SUJEITA A PROVA
Ambas as cláusulas se referem a vendas realizadas sob condições suspensiva, ou seja, ao agrado do comprador ou à adequação do bem à finalidade desejada.
1. Venda a Contento: ( Venda ad gustum ou pactum desplicentiae): é aquela que se realiza sob a condição suspensiva de só se tornar perfeita e obrigatória após declaração do comprador de que a coisa o satisfaz.
► Aqui o pacto acessório dá direito ao comprador de experimentar a coisa antes de aceita-la.
1. Venda sujeita a prova: A condição suspensiva reside no atendimento das qualidades asseguradas pelo vendedor e na idoneidade para o fim a que se destina.
► Para a venda sujeita a prova a recusa do comprador não pode ser injustificada.
OBS: Em ambas as formas, o negócio jurídico, embora existente e válido, somente produzirá efeitos após a declaração do comprador.
Reconhecida a natureza jurídica de condição suspensiva das duas modalidades de cláusulas especiais, duas consequênciaslógicas se impõem:
1. Enquanto não advier a manifestação concordante do adquirente e a despeito de haver ocorrido a tradição, o domínio continua com o alienante, que sofre as perdas advindas do fortuito.
1. Não tendo adquirido o domínio, o comprador, antes da ocorrência da condição, é mero comodatário, limitando-se por tal circunstância às suas obrigações, pelo que a posse que exerce é precária. ( artigo 511 CC).
· OBS: A lei não estabelece prazo para que o comprador se manifeste, declarando sua satisfação pessoal com o bem ou a adequação deste para as finalidades pretendidas.
· Assim, não havendo previsão contratual específica ( ESCRITA OU VERBAL) tem o vendedor a prerrogativa de intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que se verifique a ocorrência ou não da condição.
· Se o comprador silenciar, na falta de previsão legal ou contratual específica, a razoabilidade impõe reconhecer o consentimento deste.
1. DA PREENPÇÃO OU PREFERÊNCIA
Trata-se de pacto, decorrente unicamente da autonomia da vontade, e estipulado evidentemente, em favor do alienante, aqui chamado preferente, prestigiando o seu desejo eventual de retornar o bem que outrora lhe pertenceu.
Ex: Podem os pactuantes estabelecer uma cláusula que obrigue o comprador de coisa móvel ou imóvel, no caso de pretender vende-la ou dá-la em pagamento, a oferecê-la a quem lhe vendeu originalmente, para que este tenha a preferência em readquiri-la, em igualdade de condições, com quem também está interessado em incorporá-la em seu patrimônio.
Art. 513.CC A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto. 
Assim, a cláusula depende de duas circunstâncias:
· A) Interesse do comprador em se desfazer do imóvel por compra e venda ou dação em pagamento
· B) Desejo do vendedor original em readquirir o bem, tendo condições de oferecer as mesmas condições de terceiros ( não basta a manifestação da vontade, sendo imprescindível tal igualdade, sob pena de prejudicar o comprador original, ora alienante).
O prazo do direito de preferencia
Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder a cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel.
· Este é o prazo de validade ( temporal) da cláusula de preferência
OBS: Artigo 516 CC – Para o exercício do seu direito, tem o vendedor o prazo de:
· 03 (três ) dias, se o bem for móvel
· 60 ( sessenta) dias, se for imóvel
Contados, em ambas as hipóteses, da data em que o comprador tiver notificado o vendedor original.
OBS: Artigo 517 CC – “Quando o direito de preempção for estipulado a favor de dois ou mais indivíduos em comum, só pode ser exercido em relação à coisa no seu todo. Se alguma das pessoas, a quem ele toque, perder ou não exercer o seu direito, poderão as demais utiliza-lo na forma sobredita”.
► Assim, não há direito de preferência sobre parte do bem, móvel ou imóvel, ainda que estabelecido em benefício de duas ou mais pessoas.
► Nesta hipótese, o prazo de validade da cláusula é o mesmo, mas o prazo decadencial correrá, para cada preferente, a partir da sua cientificação, podendo o direito caducar, portanto, para uns e não para outros.
OBS: Artigo 518 CC – “ Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar a coisa sem ter dado ao vendedor ciência do preço e das vantagens que por ela lhe oferecem. Responderá solidariamente o adquirente, se tiver procedido de má-fé”.
OBS: Artigo 520 CC: “ O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros”
►O direito de preferência é considerado personalíssimo, ou seja, não se transmite, nem por ato inter vivos, nem mortis causa.
OBS: Artigo 519 CC - De forma excepcional, a lei oferece um direito de preferência de natureza obrigacional, que não decorre de um contrato de compra e venda, e sim da expropriação para fins de necessidade e utilidade pública. 
RETROCESSÃO - “Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, não tiver destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras e serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa”.
1. DA VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO
A venda com reserva de domínio ( pactum reservati dominiti), nada mais é do que um contrato de compra e venda de coisa móvel, em que se subordina a efetiva transferência da propriedade ao pagamento integral do preço.
Por meio desse contrato, com tal condição suspensiva, transfere-se ao adquirente apenas a posse da coisa alienada, conservando o vendedor o domínio sobre ela, até lhe ser pago a totalidade do preço.
Assim, a quitação do preço estipulado enseja a automática transferência do domínio, o que não exigirá mais qualquer ato, uma vez que, materialmente, já ocorreu a tradição.
OBS: Artigo 524 CC : “ A transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que o preço esteja integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde o comprador, a partir de quando lhe foi entregue”.
►Assim, estando já o comprador na posse direta do bem móvel, é ele o guardião do mesmo, sendo o responsável pelos riscos da coisa.
OBS: Artigo 528 CC: “ Se o vendedor receber o pagamento à vista, ou posteriormente, mediante financiamento de instituição do mercado de capitais, a esta caberá exercer os direitos e ações decorrentes do contrato, a benefício de qualquer outro. A operação financeira e a respectiva ciência do comprador constarão do registro do contrato”.
►A norma admite a intervenção de uma instituição financeira, que adiantará o pagamento integral ao vendedor. Portanto, formam-se duas relações jurídicas concomitantes: Entre vendedor e comprador, entre vendedor e instituição financeira. Esta ( A Instituição financeira) sub-rogará na posição do vendedor, a fim de cobrar as prestações do comprador na forma do artigo 347, I CC. As garantias e os privilégios do vendedor serão transferidos à instituição financeira para que possa reaver os valores que adiantou àquele.
►A forma deve ser necessariamente escrita e para valer contra terceiros, precisa ser registrada em Cartório de Títulos e Documentos no domicílio do comprador.
No caso do comprador tornar-se inadimplente
►Deve, em primeiro lugar, o vendedor constituir o comprador formalmente em mora, seja pelo protesto do título, seja pela interpelação judicial, valendo destacar que tal ato é essencial, até porque enseja a possibilidade de purgação da mora pelo adquirente. 
Artigo 526 CC oferece duas opções:
1. Exigir o pagamento das obrigações vencidas e vincendas, sem prejuízo da pretensão indenizatória ( compreendida na expressão “e o que mais lhe for devido”, contido na lei);
1. Reaver a coisa, com a apreensão e depósito da coisa, uma vez que o comprador não tem mais justo título a respaldar a sua posse, motivo pelo qual há a possibilidade, inclusive, de concessão de ordem liminar, para impedir que o comprador aliene, esconda ou deteriore a coisa, independentemente da boa-fé de terceiros.
Se o vendedor escolher a segunda opção, estabelece o ARTIGO 527 CC: “Na segunda hipótese do artigo antecedente, é facultado ao vendedor reter as prestações pagas até o necessário para cobrir a depreciação da coisa, as despesas feitas e o mais que de direito lhe for devido. O excedente será devolvido ao comprador; e o que faltar lhe será cobrado, tudo na forma da lei processual”.
1. A VENDA SOBRE DOCUMENTOS
Artigo 529 CC – Compra e venda em que a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu título representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silencia deste, pelos usos.
► Instituto muito conhecido no comercio marítimo, tendo por finalidade agilizar a dinâmica contratual, de forma a possibilitar a conclusão do negócio jurídico sem que se tenha de proceder à análise da coisa, que comumente, está na detenção de terceiros.
Parágrafo único: “Se encontrando a documentação em ordem, não pode o comprador recusar o pagamento,a pretexto de defeito de qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo se o defeito já houver sido comprovado”
►Ex: Venda de mercadorias ainda em transporte, depositada em armazém ou pendente de liberação na alfândega, em que o vendedor entrega ao comprador o título, warrant ou outro documento hábil ao recebimento da coisa, que, como se percebe em tais casos, se encontra com terceiros.
OBS: Como há a impossibilidade de se obstar o pagamento, a pretexto de defeito da coisa, se o documento a esta referente encontra-se em ordem, o que fazer se o bem entregue contiver um vício oculto?
A entrega dos documentos gera a presunção de que a coisa conserva as qualidades neles apontadas, não podendo o comprador condicionar o pagamento à realização de vistoria para a constatação de inexistência de vícios ocultos ou aparentes. Assim, O comprador, deve pagar contra a entrega do documento representativo e reclamar contra o vendedor sobre os vícios ou defeitos da coisa. Primeiro paga, depois reclama!

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