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Diagnóstico Laboratorial Hemostasia 14.02 Conjunto de mecanismos do organismo que impedem a hemorragia ● Conjunto de eventos fisiológicos que permitem que o sangue se mantenha fluido dentro do vaso, sem coagular (trombose) nem extravasar (hemorragia). São os mecanismos que o organismo tem para coibir hemorragias. * O endotélio íntegro têm funções anticoagulantes ● Hemostasia Primária: ○ Parede vascular/endotélio, plaquetas ○ Fatores de adesão/agregação (FvW e Colágeno) ● Hemostasia Secundária: ○ Fatores de coagulação e fixação do tampão plaquetário ○ Fibrina ● Hemostasia Terciária: ○ Anticoagulação e fibrinólise ○ Plasmina e vasos sanguíneos Ativação pela exposição do receptor de Colágeno do endotélio e FvW Ativação na liberação tromboplastina (FIII) e XII Ativação pela liberação de FIII e XII no plasminogênio Hemostasia Primária ● Primeiro mecanismo em caso de rompimento do vaso a fim de coibir a hemorragia ● Mecanismos envolvidos: ○ parede vascular, plaquetas e fatores de adesão/agregação (Fator de Von Willebrand- FvW + colágeno) ● Ativação: ○ pela exposição de receptores de colágeno do endotélio e o FvW ● Objetivo: ○ formação do tampão plaquetário Plaquetas + Colágeno + FvW + exposição do endotélio ● Alterações na hemostasia primária: ○ trombocitopenia, deficiência do FvW, lesão vascular ○ sinais clínicos: ■ petéquias ■ equimoses ■ sangramentos discretos, imediato e prolongado (punção venosa/art) ■ lesões múltiplas e difusas (traumas e cirurgias) ■ hemorragia de pele e mucosas (melena, hematúria, epistaxe) ● Testes laboratoriais: ○ contagem de plaquetas ○ TSMO (tempo de sangramento de mucosa oral) < 5 min → corte longitudinal de 1 mm de profundidade e 5 mm de extensão em mucosa labial ○ Fator de Von Willebrand → se faz quando há suspeita de distúrbio na hemostasia primária com contagem de plaquetas normal ○ punção de MO → se faz em caso de trombocitopenia bicitopenia ou pancitopenia sem origem aparente ● Segundo mecanismo em caso de rompimento do vaso a fim de coibir a hemorragia ● Transformação do fibrinogênio em fibrina (fatores de coagulação) → estabiliza o tampão plaquetário ● Mecanismos envolvidos: ○ fatores de coagulação → cascata de coagulação Hemostasia Secundária Fatores de Coagulação Dependem de Vit K COMUM Decorar os fatores da via intrínseca: “não é 12, é 11,98” Via extrínseca: fator VII Via comum: fator X Fatores de coagulação (não precisa saber) ● Alterações na hemostasia secundária: ○ coagulopatia adquirida ou hereditária(deficiência nos fatores de coagulação), grandes sangramentos (profusões) ○ sinais clínicos: ■ tempo de coagulação aumentado ■ sufusões ■ hematomas ■ hemorragia em tecido SC, músculos e articulações ■ sangramento tardio e localizado ■ sangramento cavitário (tórax e abdômen) ● Testes laboratoriais: ○ TTPA (tempo de tromboplastina parcial ativada) → via intrínseca ○ TP (tempo de protrombina) → via extrínseca ○ TTPA e TP → via comum ○ TC → tempo de coagulação (3-13 min) ○ TCA → tempo de coagulação ativada ○ Dosagem de fatores específicos (VII, VIII, X, IX, fibrinogênio) Hemostasia Terciária ● As hemostasias primária e secundária diminuem a luz do vaso por conta das agregações, portanto, na fase terciária ocorre a lise da fibrina → libração da luz ● A plasmina degrada a fibrina → dissolução do tampão plaquetário → FIBRINÓLISE ● A fibrinólise gera o PDF (produto de degradação da fibrina), que dá para ser dosado no sangue → laboratório ● Mecanismos envolvidos: ○ inibidores da coagulação (plasminogênio, plasmina) ● Alterações na hemostasia terciária: ○ estímulos excessivos- coagulação intravascular disseminada (CID), liberação de substâncias ativadoras da coagulação- trombose ○ sinais clínicos: ■ áreas de hipóxia → rins, coração, membros, pulmão, fígado ● Testes laboratoriais: ○ produto/fatores de degradação da fibrina (PDF’s) em excesso inibem a agregação plaquetária. Este teste é feito no exterior e demora 30d ○ dosagem de fibrinogênio Indicações para um Paciente Hemorrágico Abordagem: ● Deve ser intensiva e assistida ● Minimizar hemorragias causadas pelo veterinário (coleta de sangue por exemplo) ● Usar agulhas com menor calibre possível ● Fazer pressão prolongada após a coleta de sangue ou fazer algum tipo de punção ● Recomendar repouso e confinamento se necesário Exames Laboratoriais: ● Cuidado na coleta da amostra ● Pensamento rápido ● Quando avaliar: ○ quando houver sinais e manifestação clínica relacionadas com distúrbios hemostáticos ○ cirurgia em pacientes com distúrbios associados à tendência hemorrágica: ○ Neoplasias como hemangiossarcoma, correção de Shunt, no Pré e Pós cirúrgico, CID, Doença hepática, e suspeita de intoxicações vermelho: nada azul: citrato de Na verde: heparina cinza: fluoreto de Na roxo: EDTA Distúrbios Hereditários da Coagulação (+ raros) Hemostasia Primária ● Doença de Von Willebrand: ○ O fator de vW é uma glicoproteína multimérica produzida por megacariócitos e células endoteliais que facilita a adesão da plaqueta ao colágeno e vaso sanguíneo, a agregação plaquetária e, no plasma se associa com o fator VIII estabilizando-o ○ Na doença de vW não há adesão plaquetária → “falta cola” ○ É a mais comum dentre as hereditárias ○ Sinais clínicos: sangramento de mucosas, raras petéquias e equimoses, identificação no pós-cirúrgico ou traumas, perda dentária, estro, hipotireoidismo, mortalidade perinatal e aborto ○ Exames laboratoriais: contagem de plaquetas- normal, TP- normal, TTPA- normal, TSMO- prolongado, contagem de FvW- deficiente ou normal ○ Incidência: cães machos ou fêmeas, histórico materno de sangramento, raças (Doberman, Rottweiler, Schnauzer) Hemostasia Secundária ● Deficiência Congênita de Fator de Coagulação: ○ Hemofilia A → deficiência do fator VII ○ Hemofilia B → deficiência do fator IX ○ Deficiência de fator: VI (Beagle), XII (Poodle, Pointer Alemão e Shar Pei), XI (bovinos da raça holandesa), X (Cocker Spaniel, Jack Russel Terrier) e I ○ Sinais clínicos: hematomas, hemartroses, sangramento localizado ○ Exames laboratoriais: TP- normal, TTPA- prolongado, TSMO- normal, contagem de plaquetas- normal Distúrbios Adquiridos da Coagulação Hemostasia Primária (anormalidades quantitativas das plaquetas) ● Trombocitopenia (poucas plaquetas): várias causas ○ Diminuição na produção → leucemia, drogas, plantas tóxicas, doença infecciosa (Leishmania, Ehrlichia sp) ○ Consumo ou perda → CID, hemorragia severa ○ Destruição → agentes infecciosos (Rangelia vitalii, Anaplasma platy...), neoplasias, TIM ○ Sequestro → organomegalia, neoplasias, endotoxemia ○ Alterações funcionais adquiridas → processos infecciosos, tóxicos ou metabólicos: doença renal com uremia, mieloma múltiplo… ou AINES (AAS, ibuprofeno, indometacina, penicilinas, fenilbutazona) Hemostasia Secundária ● Hepatopatias crônicas e Insuficiência hepática: ○ O fígado produz 99% dos fatores de coagulação ○ Deficiência de fator de coagulação (congênito ou adquirido) ○ Deficiência de Vit K ○ Sinais clínicos: colapso, intolerância ao exercício, dispneia, distensão abdominal, claudicação, massas ○ Exames laboratoriais: TP e TTPA- prolongados ou normais (depende da produção e capacidade hepática) ● Picada de Aranha Marrom ● Ingestão de Rodenticidas: ○ Dicumarínicos, Indandionas, e outros interferem na ativação da vitamina K ○ Exames laboratoriais: TP e TTPA - prolongados (pois afetam os fatores VII, IX e X) Fatores de coagulação dependem da Vit K ○ Sinais clínicos: hemorragias externas ou intracavitárias, tosse, dor torácica e dispneia/distensão abdominal, áreas de fricção (axila e virilha), hematúria, hematêmese, anemia, hipoproteinemia, sinais neurológicos, morte por sangramento no SNC De 5h até 3 dias após a ingestão: depende da dose ○ Tratamento: ■ até 2h após a ingestão → induzir êmese ■ poucas horas após a ingestão → carvão ativado■ período prolongado: ● sangue total fresco ou plasma fresco congelado (PFC) ● Vit. K: SC → dose inicial 5mg/kg e depois de 24h 2,5-5 mg/kg a cada 8-12h; VO → 5mg/kg em refeição gordurosa e depois 2,5 mg/kg divididos a cada 8h ■ monitorar coagulograma → 8h, 24h, 48h Hemostasia Terciária ATIVAÇÃO DA COAGULAÇÃO → TROMBOSE MICROCIRCULATÓRIA → CONSUMO EXAGERADO DE PLAQUETAS E FATORES → HEMORRAGIA → ESTÍMULO DE HIPERCOAGULAÇÃO = CID Coagulação Intravascular Disseminada ● CID: ○ Comum e muito rápida (pois o organismo inteiro entra em tromboembolismo) ○ Causas: picadas com reações alérgicas, picada de serpente, transfusões incompatíveis… ○ Exames laboratoriais: trombocitopenia (por conta da formação abrupta e rápida de trombos), tempo de sangramento aumentado (trombocitopenia), TP e TTPA prolongados (poucos fatores de coagulação), aumento do PDF por tentativa de controle, fibrinogênio baixo ○ Manifestações clínicas: ■ petéquias, equimoses, sufusão, hematoma ■ sangramento espontâneo e profuso ■ hematúria ■ hemorragia TGI ■ sinais decorrentes da anemia ■ sinais decorrentes de trombose de órgãos ■ sinais decorrentes de causa primária Casos Clínicos Caso Clínico 1 ● Cão, macho, 5 anos, Boxer ● Epistaxis há 5 meses, tratado com doxiciclina por dois meses sem melhora ● Exames laboratoriais: ○ hemograma: NDN ○ contagem de plaquetas: normal ○ tempo de retração do coágulo: normal ○ TP: discretamente prolongado ○ TTPA: prolongado SUSPEITA: Epistaxe unilateral (se é problema de hemostasia, é bilateral) → o animal tinha um tumor, foi realizada uma citologia do local Os fatores (TP e TTPA) estavam alterados por conta do sangramento que o animal apresentava há 5 meses, portanto ele estava perdendo os fatores → quando o sangramento parou, os exames normalizaram Caso Clínico 2 ● Cão, macho, Rottweiler, 2 anos ● Cirurgia de conveniência: castração ● Exames Laboratoriais: ○ Hemograma: NDN ○ Contagem de plaquetas: Normal ○ Tempo de sangramento: Aumentado ○ Uréia: 35 (14-40 mg/dL) ○ Creat.: 1,0 (1-1,6 mg/dL) SUSPEITA: Doença de Von Willebrand → suspeitou-se pois o tempo de sangramento estava aumentado e as plaquetas normais Dosagem de fator: deficiência parcial Caso Clínico 3 ● Cão, Collie, 8 anos, relatando hematoquesia, hematêmese, epistaxe, ascite e icterícia. Sufusões e sangramento no local de punção. À palpação abdominal hepatomegalia. ● Exames Laboratoriais: ○ Ht: 43 (37-50%) ○ Plaquetas: 80.000 (200.000-500.000) ○ Leucócitos: 18.000 (6.000-16.000) sem desvio à esquerda ○ Tempo de coagulação: 18 min. (3-13 min.) ○ TP: 40s (8-12s) ○ TTPA: 220s (16-25s) ○ Fibrinogênio: 35 (100-400 mg/dL) ○ PDFs: 3+ (negativo) ● Uréia: 40 (15-40 mg/dL) ● Creat.: 1,4 (1-1,6 mg/dL) ● Proteína: 4,8 (5,5-7,6 g/dL) ● Albumina: 1,6 (2,3-4,5 g/dL) ● Bilirrubina total: 15 (0,1-0,25 mg/dL) ● Bilirrubina Direta: 3,8 (0,01-0,14 mg/dL) ● Bilirrubina Indireta: 11,2 (0,1-0,11 mg/dL) ● ALT: 789 (50-92 mg/dL) ● FA: 1228 (40-96 mg/dL) SUSPEITA: IHA (insuficiência hepática aguda): Aumento de bilirrubina indireta por conta da albuminemia (albumina que carreia a bilirrubina indireta para o fígado) Aumento da bilirrubina direta (pq?) As alterações, principalmente da hemostasia, podem ter sido desencadeadas pela IHA? deficiência de fator de coagulação ou de vit k? Ou a CID que pode ter ocasionado todas as alterações? trombose na circulação hepática → IHA → alterações Efusões Cavitárias 28.02 Líquidos cavitários Derrames cavitários Introdução ● Cavidades: ○ torácica ○ abdominal ○ pleural ○ pericárdica ● Análise de efusões: ○ indicador da integridade de superfícies das cavidades (organismo e órgãos) ● Fluído normal: ○ dialisado do plasma, incolor, amarelo-claro ou alaranjado (caroteno) ○ proteína < 2,5 g/dL ○ contagem de células nucleadas < 1500 microlitros presença de um líquido (pouco espesso, incolor, baixa celularidade e pouca proteína): proteção, transporte de eletrólitos * processos inflamatórios, infecciosos e neoplásicos são os maiores causadores de aumento da produção de líquidos cavitários ● Equilíbrio de Starling: mecanismos que mantém os líquidos onde devem ficar Mecanismo de Formação ou Acúmulo de Líquido ● Pressão Hidrostática ● Pressão Oncótica ● Permeabilidade Capilar ● Obstrução Linfática ● Ruptura de vasos e/ou vísceras Quanto ao mecanismo de formação ● Aumento da permeabilidade capilar (principalmente para proteínas) ○ vazamento de plasma para o espaço intersticial ■ processos inflamatórios (PIF, pancreatite) ■ reação alérgica ■ toxinas e venenos ■ queimaduras ● Diminuição da pressão oncótica ○ diminuição da pressão coloidosmótica (cirrose hepática) ○ proteinúria excessiva (glomerulonefrite) ○ nutricional ○ perda protéica via intersticial (gastroenterites) ○ parasitismo (ecto e endoparasitas) ● Aumento da pressão hidrostática capilar ○ obstrução venosa → aumento da PH capilar ■ insuficiência cardíaca congestiva ou estase portal ■ inflamação extensa ou obstrução dos vasos ■ compressão vascular (tumores ou nódulos) ■ aumento da resistência pulmonar ● Obstrução linfática: ○ impede o retorno do líquido tissular para a circulação → aumento da pressão intersticial ■ linfadenite e hiperplasia linfóide ■ tumores e/ou metástase ■ abscessos ■ extirpação cirúrgica de cadeia linfática Formas de coleta Exame Clínico ● Anamnese ● Exame físico ● Avaliação de fígado, rins, coração, via digestiva, etc. ● Usar outros exames para complemento: ○ Rx, US, bioquímicos, hemograma Tipos de Acúmulo - classificação dos derrames: ● Transudato (A) ● Transudato modificado (B) ● Hemorrágico (C) ● Exsudato não séptico (D) ● Exsudato séptico (E) ● Contaminação iatrogênica (F) ● Quiloso (triglicerídeos) ● Neoplásico ● Uroperitôneo ● Bileperitôneo(G) Quanto à composição Análise das Efusões ● Exame físico: ○ volume ○ cor → incolor, avermelhado, branco, acastanhado ○ odor → inodoro, pútrido ○ aspecto/turvação → diretamente proporcional à celularidade ○ coagulação → diretamente proporcional à quantidade de fibrina ○ densidade específica (refratômetro) → até 1,017 ● Exame químico: ○ pH → levemente alcalino ○ proteína → exsudato x transudato ○ glicose ○ sangue oculto ○ uréia/creatinina → ascite x uroperitôneo ○ triglicérides/colesterol → efusões quilosas ou pseudo-quilo ○ concentração de bilirrubina → ascite biliosa ○ amilase → pancreatite ● Contagem celular: ○ Câmara de Neubauer ■ contagem de eritrócitos ■ contagem de células nucleadas ● Exame citológico: ○ diferencial de leucócitos ○ morfologia celular ■ células neoplásicas ○ presença de bactérias ○ enterocentese acidental Classificação das Efusões ● Classificação geral: ○ transudato ■ simples ou puro ■ modificado ○ exsudato ■ asséptico ■ séptico Casos Clínicos: Efusão → Exsudato asséptico Suspeita → PIF úmida Efusão → Transudato puro Suspeita → cirrose hepática
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