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Joëlle Moreira - Turma 05 Hepatologia DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA INTRODUÇÃO: . A DHA evolui através de três estágios sucessivos: esteatose hepática, esteato-hepatite aguda (hepatite alcoólica) e cirrose alcoólica. O álcool é carcinogênico e seu consumo tem relação com o câncer de boca, faringe, laringe e esôfago. Já o câncer de fígado surge apenas quando o paciente desenvolvem a cirrose. Atualmente, sabe-se que a ingestão média diária (por mais de 10 anos) 40-80g para homem e 20-60g para mulher é forte predisponente para o desenvolvimento de DHA. Principais fatores que tornam o indivíduo suscetível à DHA: · Dose ingerida de álcool ⤍ quantidade! · Tempo de ingestão · Padrão de consumo · Fatores genéticos · Sexo feminino ⤍ ⇣[ ] da enzima álcool-desidrogenase · Desnutrição · Outras condições associadas à lesão hepática ⤍ obesidade, hepatite crônica viral etc. ⇒ A influência desses fatores é necessária para que o paciente passe do estágio de esteatose alcoólica assintomática para a esteato-hepatite e, posteriormente, para a cirrose. Na ausência desses fatores a probabilidade de DHA avança é 5%. FISIOPATOGÊNESE: . Metabolismo do álcool: O álcool é rapidamente absorvido no TGI [por difusão passiva pela mucosa gástrica (75%) e intestino (25%)] e carreado ao fígado, onde sofre oxidação para ser eliminado como gás carbônico e água. Cerca de 2-10% da quantidade absorvida é eliminada pelos pulmões e rins. Metabolização hepática: etanol ⤍ acetaldeídos: álcool desidrogenase hepática (ADH) no citosol (80%), sistema oxidativo do etanol no microssomo (MEOS) e catalase nos peroxissomos Dano hepático consequente: Etanol em excesso ⤍ absorção pela circulação porta ⤍ metabolização na região centrolobular do lóbulo hepático ⤍ grande consumo de O2 ⤍ hipoxia centrolobular ⤍ prejuízo ao funcionamento das mitocôndrias ⤍ bloqueio da oxidação dos ácidos graxos ⤍ acúmulo no interior da célula como gotículas de gordura (esteatose) Etanol ⤍ acetaldeído ⤍ acetaldeído + proteínas = neoantígenos ⤍ resposta autoimune ⤍ processo necroinflamatório do parênquima hepático (hepatite) Oxidação do etanol ⤍ excesso de NADH ⤍ alteração da homeostase de redução (⇡hidrogênio) ⤍ distúrbios metabólicos Eixo fígado-intestino na DHA: Efeitos tóxicos do álcool ⤍ radicais livres, substâncias pró-inflamatórias e lipopolissacarídeos (LPS)/endotoxinas O alcoolismo crônico e a cirrose hepática causa a disbiose, que é a modificação qualitativa e quantitativa da flora intestinal. Alterações da permeabilidade intestinal e a dismotilidade associada a disbiose permitem uma translocação bacteriana patológica. Na disfunção hepática, essa translocação ocorre simultaneamente com a diminuição da capacidade hepática de remover os LPS. O excesso de LPS ativam as células de Kupffer (ponto considerado o fator central da patogênese da DHA) a produzirem TNF-alfa, que amplia todo os processos do dano hepático. A persistência ou recorrência desses insultos pode acarretar em fibrose e desestruturação do parênquima hepático (cirrose), caso as células estreladas sejam ativadas e comecem a produzir colágeno. PATOLOGIA: . Histologicamente, os três estágio da DHA predominam na região central (perivenular) do lóbulo hepático (zona 3) Esteatose hepática: Costuma ser macrovesicular, podendo cursar com microvesículas ou mista. Esse achado é reversível desde que haja a cessação do etilismo. Esteato-hepatite: O que define a esteato-hepatite é a presença de necrose hepatocitária e infiltrado por leucócitos (neutrófilo polimorfonuclear) num parênquima esteatótico. Assim, podemos dizer que a esteatose hepática está sendo complicada por uma hepatite alcoólica quando encontramos todos os seguintes achados na biópsia: · Necrose hepatocitária · Infiltrado neutrofílico · Distribuição perivenular central do infiltrado ➺ Corpúsculo de Mallory: São o acúmulo intracitoplasmático de material eosinofílico. Não são obrigatórios porque na prática raramente são encontrados. Cirrose alcoólica: Na DHA a fibrose se inicia na região centrolobular, tornando-se panlobular posteriormente. No início é reversível, mas nos indivíduos que mantém a ingesta etílica elevada a evolução para fibrose panlobular é definitiva. A biópsia não é obrigatória e só é necessária em casos de: dúvida diagnóstica; quando necessário descartar a coexistência de outros processos patológicos ou avaliação curativa do prognóstico. DIAGNÓSTICO: . HISTÓRIA CLÍNICA: História de abuso alcoólico. Os pacientes tendem a mentir, por isso é indicado que se inicie perguntando os tipos de bebidas preferidos para posteriormente se questionar a quantidade. Questionário CAGE: 2 respostas afirmativas indicam dependência ou abuso de álcool CAGE = DICA ⤍ Diminuir, Incômodo, Culpa e Abrir os olho MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Sintomas inespecíficos: Cansaço, perda de peso ou dores abdominais Esteatose hepática: Assintomática + hepatomegalia ao EF OU Dor no QSD + náusea + icterícia discreta. Esteato-hepatite: Assintomática OU Anorexia + hepatomegalia dolorosa + febre + icterícia acentuada A ascite e a hemorragia digestiva complicam 30% dos casos. Casos graves tendem a desenvolver infecções bacterianas intercorrentes. A falência hepática fulminante pode acabar sendo a primeira manifestação do paciente. Cirrose alcoólica: Sinais e sintomas de falência hepatocelular ⤍ icterícia, encefalopatia, hipoalbuminemia, coagulopatia, ginecomastia, aranhas vasculares Sinais e sintomas de hipertensão portal ⤍ esplenomegalia, ascite, varizes esofágicas ➺ Contratura palmar de Dupuytren: Lesão independente do dano hepático, mas clássica do alcoolismo. LABORATÓRIO: Esteatose hepática: ⇡ inespecíficos e flutuantes das aminotransferases + hepatograma normal Esteato-hepatite: Enzimas hepáticas: · ⇡AST ≤ 300 U/I · Relação AST/ALT >2 ⤍ sempre! · ⇡FA e GGT até 3x o LSN Provas da função hepática: · Hiperbilirrubinemia direta · Hipoalbuminemia (< 3,5) · TAP/INR alargados Alterações metabólicas · Hiperglicemia · Hipertrigliceridemia · Hiperuricemia · Hipocalemia, hipomagnesemia e hipofosfatemia (desnutrição) · ⇣ácido fólico Alterações hematológicas · Anemia macrocítica · Leucocitose com desvio à esquerda · Plaquetopenia · Hipergamaglobulinemia policlonal Cirrose alcoólica: · ALT/AST < 1 · ⇡FA e GGT · ⇡Bilirrubinas · Hipoalbuminemia · ⇡tempo de protrombina e ⇣atividade de protrombina · Hipergamaglobulinemia · Hiponatremia · Pancitopenia EDA E COLONOSCOPIA: Pacientes com suspeita de hipertensão portal associada ⤍ avaliar presença de varizes Achados laboratoriais que indicam consumo exagerado de álcool: toxicidade direta do etanol · Relação AST/ALT > 2 · GGT persistentemente elevada · VCM > 100 fl · Pancitopenia · ⇡da Transferrina deficiente em carboidratos (TDC) TRATAMENTO: . Medidas gerais: · Abstinência ao álcool · Medicamentos que ajudam na dependência: naloxone, acamprosato e baclofeno · DHA grave: Suporte nutricional ⤍ aporte calórico (40kcal/kg de peso/dia) Esteato-hepatite: · Encefalopatia ou índice de função discriminante de Maddrey (IFD) ≥ 32: Corticoterapia por 1 mês (prednisolona 32 mg/dia VO). · IFD: 4,6 x (TAP do paciente - TAP controle) + BT Cirrose alcoólica: · Controle das complicações · Child B ou C ⤍ transplante (abstinência por pelo menos 6 meses) PROGNÓSTICO: . Curto prazo: Mortalidade 34% em poucos meses. Fatores de mau prognóstico: · Idade avançada · Bilirrubina > 10 mg/dl · Coagulopatia · Encefalopatia hepática · Azotemia · Grau de leucocitose · Coexistência de infecção/sepse · Não responsividade ao corticóide · Escassez de esteatose na biópsia · Reversão do fluxo portal (Doppler) Longo prazo: Pacientes recuperados de hepatite alcoólica aguda ⤍ 10x chance óbito em 3 anos; Cirrose alcoólica ⤍ risco de hepatocarcinoma
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