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O leite possui alto valor nutricional e calórico e é balanceado de acordo com as necessidades fisiológicas especificas de cada espécie. O bezerro nasce sem nenhuma defesa humoral (Ig não passam pela placenta- epiteliocorial), portanto, todos os anticorpos adquiridos pelo bezerro provêm do colostro, este que deve de ser ingerido até 4h após o parto. No leite também há a presença de fatores bioativos, estes que auxiliam no desenvolvimento da microbiota intestinal (bactérias comensais e simbióticas), sendo assim, com o aumento desta população de MO não patogênicos consegue-se fazer o controle de MO patogênicos através da competição espacial. CICLO DA LACTAÇÃO: A vaca deve de dar pelo menos um bezerro ao ano. Para este objetivo se concluir, é necessário que o produtor fique atento e respeite cada período do ciclo. Dia 0= Parto Dia 80= Inseminação/ Monta Dia 365= Final da gestação Assim a vaca ficará 305 dias em lactação, 285 gestando e 60 dias em período de seca. LACTAÇÃO E REPRODUÇÃO: Estrógeno e a progesterona são hormônios que agem diretamente no desenvolvimento da glândula mamária, órgão reprodutor acessório, composto por um dreno denominado de teto. A lactação é um obstáculo para o ciclo reprodutivo: Produção leiteira possui um período que ultrapassa o consumo de matéria seca necessária para a produção, sendo assim, a energia utilizada para a produção deste leite provém das reservas nutricionais da vaca, com consequência diminuição de peso e um balanço energético negativo, sendo assim, não havendo ciclo: Anestro Nutricional. Outro fator que interfere o ciclo reprodutivo é a própria gestação: @vetstudy_ Hipófise FSH Ovulação LH Óvulo Corpo Lúteo Produção de Progesterona (P4) Bloqueio hormonal reprodutivo. OBS: vaca gestando e produzindo leite terá níveis de progesterona constantes. A produção de leite culmina com a gestação, havendo períodos simultâneos de produção leiteira e gestação. Durante a gestação o corpo lúteo produz progesterona, esta que exerce efeito negativo sobre a liberação de hormônios produzidos no SNC e de outros hormônios como a prolactina (gerando uma quase imperceptível diminuição da produção de leite-holandesa), ocasionando assim, o chamado Anestro Gestacional. Portanto, os maiores desafios a serem superados são a nutrição e o período adequado para a reprodução. OBS: Puerpério- 40 dias para o útero involuir e normalizar após o parto. GLÂNDULA MAMÁRIA: Para a vaca desenvolver por completo sua glândula mamária é necessário que ela termine uma gestação por completo. Conforme há o crescimento do feto, há também o crescimento da glândula: Primeiro terço da gestação: crescimento de 10%; Segundo Terço da gestação: crescimento de 30%; Terceiro terço da gestação: crescimento de 60%. ANATOMIA: A glândula mamária é composta por tendões, estes que possuem um papel muito importante na sustentação da úbere. Ligamento Suspensório Medial: composto por tecido conjuntivo fibroso. Ligamento Suspensório Lateral: Tecido conjuntivo fibroso e elástico. Divide o úbere em direito e esquerdo. OBS: quando mais dividido e de inicio proximal a vulva, mais forte. Ligamento Transversal: tecido conjuntivo fibroso. Divide o úbere entre anterior e posterior. Sendo assim, não há interação glandular. Os quartos mamários anteriores produzem cerca de 40% do leite, enquanto os quartos posteriores produzem cerca de 60%. Em média, para produzir 1L de leite, é necessário a glândula receber 500L de sangue. (Observar tórax: quanto maior o tórax, maior potencial cardíaco). Parênquima glandular possui tecido esponjoso; Pele do teto alopecia e mais resistente (tecido conjuntivo fibroso); Teto é formado por esfíncter (células musculares que após a ordenha ocorre constrição), também há presença de queratinócitos (produzem queratina- tampão pós ordenha); Inversão de esfíncter de teto (defeito) vacas mais susceptíveis a mastite; Cisterna do teto comporta geralmente 2- 5 ml de leite; Cisterna da glândula geralmente comporta 400 ml, o restante do leite formado fica retido dentro do parênquima da glândula mamária; O leite é produzido nos alvéolos pelas células produtores de leite- células epiteliais diferenciadas chamadas de mamócitos; Entre dois alvéolos há presença de tecido adiposo, para não haver lesões de impacto; Para que ocorra a ejeção do leite é necessária a contração muscular realizada pelas células musculares, estas que necessitam de estímulos hormonais da Ocitocina (liberada pelo SNC, produzida pelo Hipotálamo e armazenada pela Hipófise) que será liberada através de estímulos visuais, auditivos, pelo toque e percepção do ambiente. SÍNTESE DO LEITE: Síntese e Secreção de Lipídios: Sangue chega aos mamócitos pelos capilares sanguíneos, trazendo lipídios (formados por ácidos graxos de cadeia curta, media, longa, triglicerídeos, entre outros) providos tanto da dieta como de reservas corporais; A maior parte dos lipídios que chegam aos mamócitos é trazida pelos vasos linfáticos (linfa) Os ácidos graxos vão formando gotículas de gordura que vão se unindo e subindo em direção ao lúmen, quando atingem um tamanho adequado se grudam ao citoplasma celular, composto por lipossacarídeos (hidrofílicos por isso não há a separação da gordura e do leite); Após ocorre a regeneração celular. Constituição Hidrofílica: Composta por minerais, proteínas solúveis e glicose, possui habilidade de passagem passiva através do mamócito. Rota Paracelular: Passagem de substâncias de alto peso molecular por entre as células. Esta fase ocorre em duas situações: - Síntese de Colostro: Permite a passagem de proteínas de elevado peso molecular (imunogloulinas) diretamente do sangue em direção ao alvéolo, por entre as células, esta abertura apenas ocorre no período seco. Vacas que não possuem período seco não há regeneração mamocitária e consequentemente não produzirão colostro. -Pico: novos mamócitos sendo produzidos ( células lábeis, precisam se regenerar para voltar ao pico) -Processo Inflamatório: Causas inflamatórias produzem citocinas responsáveis pela lise do semento intracelular e abertura dos desmossomos, resultando no afastamento intracelular. I-Opsonificação do antígeno pelas defesas humorais; II-Liberação de citocinas pró- inflamatórias, entre elas LPS, este que será convertido pela F2 (fosfolipase A2) em ácido araquidônico, que será transformado, pela COX1 e COX2, em prostaglandinas E (PG-E), esta que desfaz os desmossomos, abrindo o espaço entre as células, assim podendo haver a entrada de células como macrófagos, neutrófilos ou no caso de vírus, linfócitos. Síntese Proteica: No leite são encontradas proteínas que podem ser oriundas do sangue e aquelas sintetizadas pelo RER do mamócito a partir de proteínas, peptídeos e aminoácidos provenientes do sangue e são classificados em: - Proteínas Solúveis: albumina e lactalbumina, provenientes do sangue e solúveis em água, presentes no soro do leite. - Proteínas Verdadeiras: caseína e os seus subtipos α (no meio da micela- hidrofóbica), β (no interior hidrofóbica que se liga com a α e exterior hidrofílica que se liga com a K) e K(hidrofílica). + Sais de Ca e pontes de H. Animais K são mais produtivos; Caseína α e β são as mais alergênicas do leite. Síntese de Lactose: A lactose é o açúcar do leite, sintetizada pelo mamócito através de glicose, aminoácidos glicogênicos e ácido propiônico. O mamócito produza galactose (monossacarídeo) que se liga a glicose e dá origem a lactose (dissacarídeo). EJEÇÃO DO LEITE: A ejeção do leite ocorre através de vários estímulos: Três primeiros jatos são descarte; Desinfetante para limpar o teto; Secagem com papel toalha. Estes processos estimulam, pelo toque, a produção da ocitocina pelo Hipotálamo e liberação pela Hipófise, migrando até a glândula e encontrando receptores nas células mielóides, ocorrendo assim à contração e ejeção do leite. O período entre o estímulo e a liberação da ocitocina até a glândula é de aproximadamente 1minuto; O tempo de efeito da ocitocina é de aproximadamente 5minutos, após, vai para o fígado e é metabolizada e eliminada; Da limpeza até começar a ordenha tem de ser no máximo até 1 minuto de diferença; Estresse (corriqueiro em novilhas) manda sinal para a adrenal, que libera adrenalina, esta que inibe a ação da ocitocina, sendo assim, só consegue se ordenhar o leite presente na cisterna e não o total do parênquima (nestes casos, pode-se fazer o uso de ocitocina externa, porém, não se deve utilizar por mais de 3 dias consecutivos para não ocorrer vicio hormonal); Leite Residual: Quantidade de leite que fica retido no úbere após uma ordenha; Somente pode ser obtido pela injeção de ocitocina seguida de nova ordenha (processo inviável); É uma característica herdável; Fatores que influenciam: Menor secreção de ocitocina; Menor ligação de ocitocina aos receptores celulares; Quantidade maior de tecido adiposo e conjuntivo da glândula mamária. Fatores que Alteram a Composição do Leite: Raça; Genética Estágio de lactação; -Colostro: maior concentração proteica, sólidos, gordura, minerais e vitaminas; menor concentração de lactose (considera-se 6-7 dias após o parto); -Leite: Menor volume, porém, maior concentração de gordura e proteína, geralmente o leite é composto por 12% de líquidos e 88% de sólidos. Aumento da produção leiteira condiz com uma diminuição da % de sólidos e aumento da % de água (Efeito Diluidor); Maior período seco, maior a produção de colostro; Quanto mais velha a vaca, menor produção de colostro; A composição do leite pela manhã tem menor concentração de sólidos, pois há maior produção de leite, enquanto que pela tarde, a produção é menor, mas a concentração de sólidos aumenta (coleta para análise deve ser realizada nos dois turnos!). Células Somáticas: Mamócitos descamados e células inflamatórias; Vacas no início da lactação tem pouca descamação, portanto há diminuição do número de células somáticas (<100.000 cs/ml) no final da lactação, há maior descamação, (300.000 cs/ml); A média de um rebanho saudável não pode ser > que 200.000 cs/ml; Para diagnóstico de mastite, a contagem celular deve apresentar mais de 90% sendo neutrófilos, se não, é possivelmente um caso de descamação celular; A contagem de células somáticas determina o quanto de células de descamação e inflamatórias estão presentes no leite. No final da lactação o processo de descamação é intensificado, o que pode resultar em contagens superiores a 400.00cs/ml.
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