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DIARREIA NEONATAL EM BEZERROS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ 
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA 
 
Projeto de Pesquisa e Extensão 
Discente: Eliel Valentim 
DIARREIA NEONATAL EM BEZERROS 
A diarreia neonatal bovina é uma das doenças ais importantes nos sistemas de produção, isso porque os 
índices de ocorrência da doença são altos. A enfermidade é mais frequentes em animais de 1 a 60 dias de 
idade, e possui tanta importância quanto as doenças respiratórias, alterações congênitas e infecções 
umbilicais. Segundo House (1978), em decorrência de falhas em sanidade e manejo, os distúrbios entéricos 
podem causar grandes prejuízos, isso se dá pela maior demanda de conversão alimentar, menor ganho de 
peso, retardo no desenvolvimento dos animais, altos custos com tratamento que muitas vezes são frustrados 
e com medidas de profilaxia, perda de animais de forma precoce, podendo alcançar 2% de mortalidade em 
bezerros. 
Etiologia 
A diarreia neonatal bovina possui etiologia variada e multifatorial, as principais causas são bacterianas, 
virais, parasitárias, toxinas. Também estão envolvidos com as causas de diarreia, os transtornos nutricionais 
e fatores predisponentes para diarreia, dentre eles: hipogamaglobulinemia, causado por deficiência em 
ingestão de colostro; alta densidade de animais e o método de criação dos mesmos; fatores meteorológicos, 
como alta umidade, má ventilação e pouco acesso a luz e radiação solar. De forma resumida, a diarreia 
neonatal nos bezerros possui etiologia “natural” e/ou infecciosa; e é resultante da interação entre o animal, 
ambiente, manejo, nutrição e os agentes infecciosos. 
Os principais agentes causadores são bactérias (Escherichia coli, Salmonella spp, Clostridium perfringens), 
vírus (coronavírus e rotavírus) ou protozoários (Cryptosporidium sp. e Eimeria spp.), estes agentes podem 
causar infecções juntos ou isolados, sendo a primeira situação a que possui maior ocorrência. De forma 
detalhada, é reconhecida por Neonatal a diarreia que ocorre entre as semanas 0 – 6, sendo os principais 
agente etiológicos infecciosos: E. coli, Salmonella spp, C. perfringens, rotavírus, coronavírus, 
Cryptosporidium sp. e Eimeria spp., Giardia duodenallis, Strongiloides spp; e não infecciosas: suscêdaneo 
de leite e “beber ruminal” (no rúmen é fermentado pelas bactérias como Lactobacillus spp. com formação 
de ácido D- e L-láctico que serão absorvidos no intestino, com consequente desenvolvimento de acidose 
metabólica). É reconhecida como diarreia Tardia aquela que tem sua ocorrência após a 6º semana de vida 
do animal, os agentes infecciosos são os mais persistentes e dentre eles destacam-se: Eimeria spp., Giardia 
duodenallis, Strongiloides spp, Estrongilideos, e Salmonella spp. e de forma não infecciosa a indigestão. 
Epidemiologia 
Acomete animais recém nascidos e de forma geral não predispões raça, porém alguns estudos apontam uma 
maior ocorrência em bezerros de vacas na primeira cria. Bem como os agentes etiológicos a doença possui 
distribuição mundial. Como já descrito a doença também é responsável por altas perdas econômicas, os 
fatores predisponentes da doença são: sistema imunológico fragilizado, o que é normal em bezerros que 
não receberam colostro ou o mesmo foi fornecido tardiamente (o colostro é melhor absorvido pelo 
organismo quando fornecido nas primeiras 12hs após o nascimento), e até mesmo o animal pode ter 
recebido um colostro de baixa qualidade ou quantidade; outro fator que podem levar a doença ou até o 
 
agravamento da mesma é o acúmulo de agentes infecciosos no ambiente em que os animais são mantidos, 
isso se dá por estruturas inadequadas para a criação dos animais e manejo sanitário inadequado, como 
exemplo, ambientes com pouca ventilação, propriedade com ausência de período de quarentena, baixa 
higiene do ambiente de forma geral, animais criados em condições estressantes; fatores nutricionais, como 
exemplo, sobrealimentação de leite ou sucedâneo de leite de baixa qualidade, mudanças abruptas na 
composição do leite; alguns fatores de estresse não estão ligados apenas ao manejo e as instalações, mas 
também em situações de dificuldades no parto e transporte de longa distância. 
Patogenia 
A doença se dá por um desequilíbrio entre a resposta imunológica do animal que pode ser determinada pelo 
manejo, alimentação, genética, imunização passiva e ativa adequada e os fatores que favorecem a infecção 
pelos agentes infecciosos que são determinados pelas condições do estábulo, manejo e higiene do local de 
criação, esses fatores de forma inadequada favorecem o crescimento de diferentes tipos de antígenos e a 
virulência dos mesmos. 
De forma geral a patogenia do quadro que pode levara a diarreia pode variar de acordo com o agente 
etiológico, isso se dá porque cada um possui uma forma de causar danos ao tecido. 
A diarreia é o resultado determinado pelas condições etiológicas de infecção e manejo que levam a 
hipersecreção intestinal e má absorção e digestão. 
A destruição das células epiteliais do intestino favorece a perda de líquidos da corrente sanguínea para a 
luz intestinal por diferença de osmolaridade, fazendo com que ocorra a diarreia e consequentemente a 
desidratação do animal, tendo em mente que os animais mais jovens possuem maior percentagem de líquido 
corporal e maior percentual de líquido extracelular, o que torna mais grave o déficit hídrico para essa 
categoria de animais. 
Existem três mecanismos de modificação de absorção e secreção que envolvem alteração da função da 
mucosa do sistema digestório. A primeira é chamada de hipersecreção passiva, e é causada por fatores 
hemodinâmicos, inflamação ou por substâncias osmótico-ativas, como exemplo, a lactose mal digerida, 
causadora de diarreia nutricional. A segunda é chamada de hipersecreção ativa, e é causada por toxinas 
bacterianas oriundas de agentes como a E. coli e Salmonella spp.. E em terceiro, a redução da absorção e 
reabsorção de água e eletrólitos, normalmente causada por corona e rotavírus. 
Como consequência patológica a diarreia leva a diminuição do volume plasmático que resulta na queda da 
pressão arterial, esses fatores contribuem para a diminuição da função renal e da perfusão aos tecidos, que 
respectivamente leva a redução da excreção de H+ e aumenta o metabolismo anaeróbico, todos esses fatores 
encaminham o animal a quadros de acidose metabólica, a mesma causa falhas no intercâmbio entre H+/ K+ 
e consequentemente o aumento de K+ (potássio) no sangue, essa cascata de alterações levam o animal a 
morte por falha cardíaca. 
A importância do colostro se dá devido às características anatômicas da placenta bovina, que não permite 
a passagem de anticorpos maternais ao feto durante o período gestacional, anticorpos colostrais, 
principalmente a Imunoglobulina G (IgG), apresentam grande importância biológica ao recém-nascido. Os 
anticorpos têm a função de proteger os recém-nascidos da infecção por agentes patogênicos ambientais e 
conferir imunidade passiva até que o sistema imunológico dos bezerros esteja apto a processar sua própria 
resposta imunológica. 
Etiopatogenia 
Escherichia Coli existem 5 tipos diferentes que podem causar diarreia em bezerros: E. coli enterotoxigênica 
(ETEC), E. coli enteropatogênica (EPEC), E. coli produtora de toxina Shiga (STEC), E. coli 
enterohemorrágica (EHEC) e E. coli necrotoxigênica (NTCE). A ETEC é a principal causadora, 
 
principalmente em bezerros entre 3 a 4 dias de vida. Os danos são causados pela colonização nas 
microvilosidades intestinais. 
Salmonella causa destruição nas vilosidades intestinais, e costumam ter evolução rápida. 
Rotavirus é a principal causa viral da diarreia em bezerros, normalmente ocorre mais em animais com mais 
de 3 semanas de idade, também acomete animais velhos e estão quase sempre associados com outros 
enteropatógenos. O Rotavírus causa atrofia das vilosidades e fusão das mesmas, consequentemente a perda 
da área absortiva.Corona Vírus, normalmente acomete bezerro com menos de 3 semanas de idade, também pode ocorrer em 
animais velhos, o Corona Vírus causa fusão e encurtamento das vilosidades adjacentes do intestino delgado 
e encurtamento das criptas do cólon no intestino grosso. 
Cryptosporidium parvum, agente etiológico da criptosporidiose, causa atrofia das vilosidades da região 
distal do intestino delgado e no intestino grosso. A ação direta do patógeno causa apoptose e diarreia por 
má absorção. 
Eimeria bovis agente etiológico da eimeriose, causa enterite grave e ocorre eliminação de fragmentos da 
mucosa intestinal. 
Sinais Clínicos 
O principal sinal clínico é a perda da consistência ideal das fezes, podendo ir desde pastosas a extremamente 
líquidas, as mesmas se tornam mais fétidas, hematoquezia, às vezes com estrias de sangue, febre na fase 
inicial, podendo ocorrer posteriormente hipotermia, inapetência, depressão, orelhas caídas, desidratação, 
emagrecimento rápido e traseiro sujo (cauda e região perineal). 
Independentemente de qual o agente esteja causando a doença, as diarreias em geral acarretam em grande 
perda de água e eletrólitos, devido ao dano morfológico à mucosa intestinal, o que resulta em aumento na 
susceptibilidade ao crescimento bacteriano. Na maioria dos casos de diarreia, a morte do bezerro se dá pela 
desidratação e pela perda de eletrólitos em grande quantidade, e não diretamente por septicemia ou ação do 
agente infeccioso. 
E. coli causa diarreia profusa, desidratação, alterações na temperatura corporal, anorexia, as fezes são 
pastosas e liquefeitas, de cores amareladas ou brancas, as vezes com presença de muco ou sangue. 
Salmonella, os animais apresentam febre, fezes com sangue, fibrina e muco. Normalmente a transmissão 
da Salmonelose acontece via oral por meio de leite, colostro, fezes, úbere, superfície dos tetos 
contaminados. A forma septicêmica da Salmonelose é ainda mais grave, podendo acarretar morte dos 
bezerros em poucos dias. Algumas vezes, por apresentar um curso muito rápido, os animais podem 
manifestar dificuldade respiratória e febre seguida por depressão intensa e morte. 
Rotavirus, os principais sinais são: depressão, anorexia e diarreia. As fezes possuem coloração amarelo-
pálida ou esbranquiçadas e podem conter sangue, os bezerros normalmente relutam em mamar. 
Corona Vírus, os sinais são: diarreia amarelada fluida, frequentemente acompanhada de estrias de sangue. 
O bezerro também pode apresentar depressão, relutância em mamar, fraqueza e desidratação. 
Cryptosporidium parvum: a criptosporidiose causa diarreia aquosa subaguda ou crônica e, em alguns casos, 
pode ocorrer a presença de sangue. Desidratação e fraqueza também são sintomas comuns. 
Eimeriose ou coccidiose: os agentes podem acarretar enfraquecimento e diarreia. Da mesma maneira, 
podem ser detectadas estrias de sangue nas fezes, desidratação, anorexia e perda de peso progressiva. 
Diagnóstico Post-Morten 
 
Pode ser feito pela avaliação das lesões causada no intestino, com o auxílio de testes histopatológicos para 
identificar de forma mais exata as alterações nas vilosidades e outros testes de diagnóstico para identificar 
o agente. 
Diagnóstico 
O método de diagnóstico pode variar de acordo com a etiologia da doença. Sendo que pode ser feito pelo 
histórico da propriedade, pelas condições sanitárias observadas, pelo manejo inadequado, e pelo histórico 
e sinais clínicos dos animais. 
De forma precoce, os seguintes sinais indicam um possível aparecimento de diarreia: focinho seco, muco 
grosso excretado pelas narinas, fezes muito secas, falta de apetite (recusa beber leite), prostração e 
temperatura retal alta (>39.3°C). 
Para E. coli e Salmonella os métodos podem ser: cultura e isolamento do agente, testes para coliformes, a 
E. coli enterotoxigênica pode ser identificada pelo teste de imunofluorescência indireta específico para os 
antígenos fímbria K88+, K99+ e 987P. O material a ser coletado em casos de septicemia por esta bactéria 
devem ser: baço, pulmão, fígado, umbigo e meninges para histopatologia e suabes de exsudatos para 
cultura. Já para colibacilose entérica, devem-se coletar para exame bacteriológico segmentos do íleo e do 
cólon com conteúdo, e, para a histopatologia, duodeno, jejuno, íleo, cólon e linfonodo mesentérico 
(RADOSTITS et al., 2007). 
Para Rotavirus os principais testes são ELISA e PAGE, para Coronavirose são ELISA e RT-PCR. 
Em casos de Criptosporidiose ou Eimeriose o agente deve ser identificado na microscopia do exame 
parasitológico de fezes (presença de oocistos). Outros testes também devem ser feitos, pois esses patógenos 
na maioria das vezes possuem associação com outros agentes infecciosos. 
Existem práticas de diagnóstico que consistem na “identificação” do agente de acordo com a cor e aparência 
das fazes. Não é um método específico, e deve ser usado apenas como suspeita clínica. Na ETEC as fezes 
são aquosas/pastosas, amarelo-esbranquiçadas e com odor desagradável. Na Salmonelose as fezes são 
pastosas/líquidas, acinzentadas, com presença de sangue, bolhas e gás. Na Rotavirose as fezes são amarelo-
pálidas ou esbranquiçadas, podendo haver presença de sangue. Na Coronavirose as fezes apresentam muco, 
possuem coloração mais escura, pode conter leite ou coágulo, muco e sangue. Na criptosporidiose as fezes 
são pálidas, aquosas com presença de muco. Na eimeriose as fezes são líquidas, escuras, contendo muco e 
sangue (vivo), e possuem forte odor. 
Tratamento 
Após constatada a diarreia o animal deve se remanejado para um ambiente seco, não exposto ao frio, para 
então receber soroterapia de reidratação. 
Independentemente da causa pela qual a doença tenha sido causada, é necessário ter alguns cuidados básicos 
para a diarreia, dentre eles a reposição de líquidos e eletrólitos perdidos, correção da desidratação, ajustar 
o déficit energético, reduzir as acidoses. 
Quando um bezerro apresenta sinais severos de desidratação (perda de líquido corporal >8%), pode-se 
administrar eletrólitos e antibióticos intravenosos. Bezerros com alto nível de desidratação, ainda que 
pareçam em estágio terminal, geralmente respondem muito bem a infusão endovenosa de eletrólitos. 
A presença de glicose na solução eletrolítica é opcional. A glicose pode aumentar a fermentação intestinal 
mas, em contrapartida, pode ajudar na absorção de eletrólitos e, seguida da absorção, pode fornecer energia 
ao animal. Soluções orais também estão disponíveis comercialmente. Estes produtos contém uma mistura 
de eletrólitos, glicose e outros sais, bem como microminerais, vitaminas e agentes gelatinosos (guar goma, 
xanthum ágar, pectina, etc.) que podem ainda, fornecer proteção e alívio à mucosa intestinal que está 
inflamada e danificada pelo quadro de diarreia. 
 
Bezerros com diarreia perdem parcialmente a capacidade de digerir o leite, isso faz com que a diarreia possa 
ter seu quadro clínico agravado ou piorado pela passagem de leite não digerido pelos intestinos, porque isto 
pode estimular o crescimento de bactérias. Assim, uma recomendação prática seria substituir o leite 
parcialmente por uma solução de reidratação oral (SRO). 
Controle e Profilaxia 
Práticas de manejo adequadas: evitar criação de animais em altas densidades de rebanho, manter os animais 
em locais higiênicos, com presença de luz solar e bloqueio de fortes correntes de ar, em locais que seja 
possível, é importante manter o animal em bezerreiros individuais, esses locais devem ser rotineiramente 
desinfectados, garantir a imunidade passiva ao animal no período de até 12hs após o nascimento, ou seja, 
fornecimento ideal de colostro (quantidade, qualidade e tempo de ingestão). O agrupamento desses animais 
só deve ser feito após o desmame. 
Nutrição: a alimentação deve ocorrer 2 a 3 vezes no dia, manter dietas que atendem o requisito nutricional 
do animal, dieta líquida de qualidade, manter a higiene dos utensíliosque auxiliam na alimentação, 
sucedâneos de leite devem ter alta qualidade nutricional, um sucedâneo rico em gordura (15–20%) 
provavelmente apresentará melhores resultados do que um sucedâneo com baixo teor de gordura (10–15%), 
já da gordura é altamente digerível. Sobrealimentação e mudanças bruscas na composição do leite devem 
ser evitados. 
Vacinação das vacas gravídicas antes do parto, garantindo que o animal ao nascer irá ingerir o colostro de 
forma adequada.

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