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SUMÁRIO: 
 
CARTA AO ALUNO ........................................................................................... 3 
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4 
1. QUALIDADE DA ÁGUA .............................................................................. 6 
1.1. Ciclo Hidrológico................................................................................. 7 
1.2. Indicadores Físico-Químicos E Biológicos De Qualidade Da Água 9 
1.3. Técnicas de Análise de Contaminantes .......................................... 17 
2. TRATAMENTOS DE ÁGUA E EFLUENTES ............................................ 33 
2.1. Água ................................................................................................... 33 
2.2. Esgoto ................................................................................................ 34 
3. NORMAS TÉCNICAS ................................................................................ 37 
4. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL ..................................................................... 38 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 41 
 
3 
 
CARTA AO ALUNO 
 
 
Caro aluno, 
Seja bem-vindo à disciplina de Química Ambiental e Sanitária, mais uma 
etapa do curso de pós-graduação. Essa fase de vida requer grande dedicação, 
mas nos traz crescimento e muito conhecimento. Parabéns pelo esforço feito até 
aqui! 
Pronto para continuar? 
A disciplina de Química Ambiental e Sanitária tem como objetivo apresentar 
os fundamentos, conceitos e cenários da química aplicada no saneamento, para 
que você, aluno, pense, questione absorva conhecimentos da Ciência. Teremos 
uma exploração dos tratamentos de efluentes e os parâmetros a serem 
observados para que a qualidade da água seja alcançada. Para isso, é 
importante que você já tenha entendimento sólido de matéria e energia, 
elementos químicos e a tabela periódica e utilização de normas técnicas. Vamos 
trabalhar com muitos exemplos e exercícios resolvidos e indicações de materiais 
complementares ao estudo. Não deixe de consultá-los. 
Estaremos juntos durante nosso curso nas tutorias e esclarecimento de 
dúvidas. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
4 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
A água é um dos constituintes mais importantes do planeta Terra, já que 
apenas 29,3% da superfície de nosso planeta é terra e o restante (70,7 %) é 
recoberto por água. Todos os seres vivos dependem incondicionalmente de um 
suprimento de água. As reações bioquímicas de cada célula viva ocorrem em 
solução aquosa. A água é o meio de transporte para os nutrientes que a célula 
necessita e para os resíduos que excreta. Se não houvesse água, não existiria 
vida na terra. 
A água pura (H2O) é um líquido formado por moléculas de hidrogênio e 
oxigênio. Na natureza, ela é composta por gases como oxigênio, dióxido de 
carbono e nitrogênio, dissolvidos entre as moléculas de água. Também fazem 
parte desta solução líquida sais dissolvidos, como nitratos, cloretos e 
carbonatos. Além disso, elementos sólidos como poeira e areia também podem 
ser carregados em suspensão. Outras substâncias químicas dão cor e gosto à 
água. Alguns íons, como os carbonatos, podem alterar o pH da água tornando-
o ácido. 
A temperatura da água varia de acordo com a profundidade e com o local 
onde a água é encontrada, sendo um fator que influencia no comportamento 
químico. A água pode ser encontrada em três estados físicos: sólido (gelo), 
gasoso (vapor) e líquido. 
Muitos são os parâmetros e as características que especificam a água. A 
partir deles, temos os valores adequados para classifica-la quanto a sua 
qualidade. A qualidade dependerá do uso para qual a água se destina. 
A água é utilizada pelo homem com diversas finalidades que vão desde a 
água para beber até a água empregada na diluição e transporte de despejos. Os 
usos da água, se por um lado, demandam qualidades diferentes, por outro lado, 
muitas vezes alteram a qualidade das fontes de água existentes 
(ESGOTAMENTO SANITÁRIO, 2007). 
A água tem muitos usos, os principais são: 
- Abastecimento doméstico; 
- Abastecimento indústria; 
- Recreação e lazer; 
5 
 
- Irrigação; 
- Geração de energia elétrica; 
- Pesca; 
- Navegação. 
- Preservação da flora e da fauna. 
-Paisagismo e manutenção da umidade do ar. 
- Dessedentação de animais. 
- Criação de espécies. 
- Diluição e transporte de despejos. 
 
Quando o uso pelo homem altera de forma a tornar a água imprópria para 
um determinado uso, considera-se água como poluída. Um exemplo disso é a 
utilização da água para abastecimento doméstico. Esta água quando utilizada 
para a realização das nossas atividades diárias sofre alterações nas suas 
características, vindo a constituir-se em um despejo líquido (esgotos). Caso 
esses esgotos sejam lançados sem tratamento em um curso d’água provocará 
a poluição do mesmo, podendo causar prejuízos a outros usos que dele são 
feitos (ESGOTAMENTO SANITÁRIO, 2007). Rios e lagos possuem uma 
capacidade natural de diluir os efluentes, conhecida como autodepuração. 
Quando não é possível acontecer essa autodepuração, ocorre a poluição hídrica, 
caracterizada por alterações estéticas que comprometem o ecossistema 
aquático quanto ao fornecimento de água potável e alimento (PEREIRA e 
BRITO, 2012). 
A seguir vamos iniciar nossa disciplina com os conceitos de classificação e 
qualidade de água a partir do que define a legislação brasileira. Veremos quais 
os parâmetros a serem avaliados para a qualificação da água, conforme seu uso 
previsto e as técnicas para análise desses parâmetros. Para finalizarmos, 
veremos os métodos de tratamento empregados para tornar um efluente próprio 
para consumo. 
 
6 
 
1. QUALIDADE DA ÁGUA 
 
 
No Brasil, os critérios de qualidade dos recursos hídricos são descritos 
pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Infelizmente, a primeira 
resolução sobre qualidade de recursos hídricos no Brasil só surgiu em 1986 
(Resolução CONAMA nº20). Quase 20 anos depois, em 2005, essa resolução 
foi alterada pela Resolução nº 357, que está vigente. Essa resolução estabelece 
a classificação e os critérios de qualidade para águas superficiais e estabelece 
os limites máximos para lançamento de efluentes em mananciais. Além disso, 
existe a Resolução CONAMA nº 274 de 2000, que trata dos padrões de 
balneabilidade e a Resolução CONAMA nº 396 de 2008 que estabelece os 
critérios de qualidade para águas subterrâneas. 
Os critérios de qualidade estabelecidos na Resolução nº 357 são 
baseados no uso que a água terá. Por exemplo, a qualidade exigida para uma 
água utilizada para abastecimento doméstico é muito diferente da qualidade 
exigida para navegação (NASCENTES e COSTA, 2011). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PARA SABER MAIS 
ACESSE O MATERIAL ABAIXO: 
- Legislação Ambiental Básica - MMA 
[http://www.mma.gov.br/estruturas/secex_c
onjur/_arquivos/108_12082008084425.pdf] 
Mas de onde vieram os termos “águas 
superficiais e águas subterrâneas”? 
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1.1. Ciclo Hidrológico 
 
O ciclo hidrológico, ou ciclo da água (Figura 1), é o movimento contínuo da 
água presente nos oceanos, continentes (superfície, solo e rocha) e na 
atmosfera. Esse movimento é alimentado pela força da gravidade e pela energia 
do Sol, que provocam a evaporação das águas dos oceanos e dos continentes. 
Na atmosfera, forma as nuvens que, quando carregadas, provocam 
precipitações, na forma de chuva, granizo, orvalho e neve. Nos continentes, a 
água precipitada pode seguir os diferentes caminhos (MMA): 
- Infiltra e percola (passagem lenta de um líquido através de um meio) no 
solo ou nas rochas, podendo formar aquíferos, ressurgir na superfície na forma 
de nascentes, fontes, pântanos, ou alimentar rios e lagos. 
- Flui lentamente entre as partículas e espaços vaziosdos solos e das 
rochas, podendo ficar armazenada por um período muito variável, formando os 
aquíferos. 
- Escoa sobre a superfície, nos casos em que a precipitação é maior do que 
a capacidade de absorção do solo. 
- Evapora retornando à atmosfera. Em adição a essa evaporação da água 
dos solos, rios e lagos, uma parte da água é absorvida pelas plantas. Essas, por 
sua vez, liberam a água para a atmosfera através da transpiração. A esse 
conjunto, evaporação mais transpiração, dá-se o nome de evapotranspiração. 
- Congela formando as camadas de gelo nos cumes de montanha e geleiras. 
 
8 
 
 
Figura 1 Ciclo hidrológico. (Adaptado de Árvore, ser tecnológico) 
 
Apesar das denominações água superficial, subterrânea e atmosférica, é 
importante salientar que, na realidade, a água é uma só e está sempre mudando 
de condição. A água que precipita na forma de chuva, neve ou granizo, já esteve 
no subsolo, em icebergs e passou pelos rios e oceanos. A água está sempre em 
movimento; é graças a isto que ocorrem a chuva, a neve, os rios, lagos, oceanos, 
as nuvens e as águas subterrâneas (ESGOTAMENTO SANITÁRIO, 2007; 
PEREIRA e BRITO, 2012). 
 
 
 
 
 
 
ACESSE O MATERIAL ABAIXO 
Ciclo da Água - ANA 
[https://goo.gl/2FDU25] 
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1.2. Indicadores Físico-Químicos E Biológicos De Qualidade Da Água 
 
 
Existem diversos parâmetros que caracterizam a qualidade da água, os 
quais representam as suas características físicas, químicas e biológicas, 
chamado de indicadores físico-químicos e biológicos da água. Tais indicadores 
devem estar em acordo com o disposto da Portaria nº 518/GM de 25.04.2004 
(NASCENTES e COSTA, 2011; PEREIRA e BRITO, 2012). 
 
a) Indicadores físicos 
- Temperatura – está relacionada à medida da intensidade de calor; é um 
parâmetro importante, pois está diretamente ligado a algumas propriedades da 
água, como densidade, viscosidade e oxigênio dissolvido. Alterações neste 
parâmetro configuram a poluição térmica. 
- Sabor e odor – estão relacionados a presença de poluentes industriais, a 
decomposição da matéria orgânica, a presença de algas, etc. Águas com sabor 
e odor são impróprias para consumo humano. 
- Cor – está relacionado a presença da existência de substâncias em 
solução, na maioria matéria orgânica. O aumento deste parâmetro pode deixar 
o uso impróprio para consumo, podendo manchar roupas, e estar inadequado 
para indústrias têxteis e de bebidas. 
- Turbidez – é propriedade de desviar raios luminosos decorrentes da 
presença de matéria em suspensão na água (como argila e silte) divididas em 
organismos microscópicos ou em estado coloidal. A turbidez prejudica a 
realização da fotossíntese das algas. 
- Condutividade elétrica - determinada pela presença de substâncias 
dissolvidas que se dissociam em ânions e cátions e pela temperatura. As 
principais fontes dos sais de origem antropogênica: descargas industriais de 
sais, consumo de sal em residências e no comércio, excreções (homens e 
animais). A condutância específica fornece uma boa indicação das modificações 
na composição de uma água, especialmente na sua concentração mineral. 
- Sólidos - Todas as impurezas da água, (com exceção dos gases 
dissolvidos) contribuem para a carga de sólidos, os quais são classificados de 
10 
 
acordo com seu tamanho e características químicas. A unidade de medição 
normal para o teor em sólidos não dissolvidos é o peso dos sólidos filtráveis, 
expresso em mg/L. Os sólidos filtráveis encontram-se como: sólidos turvos, 
sólidos flutuantes (são determinados, através de aparelhos adequados), sólidos 
sedimentáveis e sólidos não sedimentáveis 
 
b) Indicadores químicos 
- pH (potencial hidrogeniônico) – pH baixo, a água corrosiva; pH alto, forma 
incrustações nas tubulações. O pH da água geralmente é pela introdução de 
resíduos. Na vida aquática o pH ideal é na faixa de 6 a 9. 
- Salinidade – formados pelos bicarbonatos, cloretos, sulfatos. Confere a 
água sabor salino e o alto teor de cloreto pode indicar a poluição por esgotos 
domésticos. 
- Alcalinidade – é decorrente da presença de bicarbonatos, carbonatos e 
hidróxidos e sais alcalinos como o sódio e o cálcio. A presença destas 
substâncias proporciona sabor desagradável à água, influenciando os processos 
de tratamento da água. 
- Dureza – característica resultante da presença de sais alcalinos terrosos 
(cálcio, magnésio, etc.), e outros metais de menor intensidade. Provoca sabor 
desagradável e efeitos laxativos, quando em teores elevados; causa a extinção 
da espuma do sabão; provoca incrustações nas tubulações de água quente, 
caldeiras, radiadores de automóveis, hidrômetro, etc. 
- Ferro e manganês – são oriundos da dissolução de compostos do solo ou 
de despejos industriais. Causam manchas nas roupas durante a lavagem, além 
de mancharem os aparelhos sanitários e causam maus odores, coloração à água 
e obstruem as canalizações. 
- Fósforo, nitrogênio e cloretos – o fósforo e nitrogênio podem ocasionar um 
exagerado desenvolvimento de algas provocando fenômeno chamado de 
eutrofização; o cloreto confere sabor salgado à água ou propriedades laxativas. 
Um aumento no teor de cloretos na água é indicador de uma possível poluição 
por esgotos (através de excreção de cloreto pela urina) ou por despejos 
industriais, e acelera os processos de corrosão em tubulações de aço e de 
alumínio, além de alterar o sabor da água. 
11 
 
- Nitrogênio Amoniacal (amônia) - substância tóxica não persistente e não 
cumulativa. Sua concentração, que normalmente é baixa, não causa nenhum 
dano fisiológico aos seres humanos e animais. Grandes quantidades de amônia 
podem causar sufocamento de peixes. A concentração total de Nitrogênio é 
altamente importante considerando-se os aspectos tópicos do corpo d'água. 
- Nitrato - principal forma de nitrogênio encontrada nas águas. 
Concentrações de nitratos superiores a 5 mg/L demonstram condições sanitárias 
inadequadas, pois as principais fontes são dejetos humanos e animais. Também 
causam eutrofização. 
- Nitrito - forma química do nitrogênio normalmente encontrada em 
quantidades diminutas nas águas superficiais, pois o nitrito é instável na 
presença do oxigênio, ocorrendo como uma forma intermediária. O íon nitrito 
pode ser utilizado pelas plantas como uma fonte de nitrogênio. A presença de 
nitritos em água indica processos biológicos ativos influenciados por poluição 
orgânica. 
- Compostos tóxicos – alguns componentes inorgânicos como o arsênio, 
cádmio, cromo, chumbo, mercúrio, prata, cobre, zinco e os cianetos, quando 
presentes na água, a tornam tóxicas através de despejos industriais ou a partir 
das atividades agrícolas, de garimpo e de mineração. 
- Fenóis – são compostos orgânicos oriundos, nos corpos d'água, 
principalmente dos despejos industriais. São tóxicos aos organismos aquáticos 
em concentrações bastante baixas, e afetam o sabor dos peixes e a 
aceitabilidade das águas. O contato com a pele provoca lesões irritativas e após 
ingestão podem ocorrer lesões cáusticas na boca, faringe, esôfago e estômago, 
manifestadas por dores intensas, náuseas, vômitos e diarreias, podendo ser 
fatal. Após absorção, tem ação lesiva sobre o sistema nervoso podendo 
ocasionar cefaleia, paralisias, tremores, convulsões e coma. 
- Componentes orgânicos – os agrotóxicos e alguns tipos de detergentes na 
presença da água são resistentes à degradação biológica, acumulando-se na 
cadeia alimentar, o que provoca a mortalidade de peixes e prejuízos ao 
abastecimento público. 
- Cianetos (CI) - são os sais do HCN podendo ocorrer na água em forma de 
ânion (CN-) ou de cianeto de hidrogênio (HCN). Em valores neutros de pH 
prevalece o cianeto de hidrogênio. Cianetos são muito tóxicos para 
12 
 
microorganismos. Uma diferenciação analítica entre cianetos livres e complexos 
é imprescindível, visto que a toxicidade do cianeto livre é muito maior. 
- Demanda Bioquímicade Oxigênio (DBO) - é definida como quantidade de 
oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica biodegradável sob condições 
aeróbicas. Um período de 5 dias numa temperatura de incubação de 20º C é 
frequentemente usado e referido como DBO5,20. Os maiores aumentos em 
termos de DBO, num corpo d'água, são provocados por despejos de origem 
predominantemente orgânica. A presença de um alto teor de matéria orgânica 
pode induzir à completa extinção do oxigênio na água, provocando o 
desaparecimento de peixes e outras formas de vida aquática, além de produzir 
sabores e odores desagradáveis e, ainda, obstruir os filtros de areia utilizados 
nas estações de tratamento de água. 
- Demanda Química de Oxigênio (DQO) - é a quantidade de oxigênio 
necessária para oxidar a matéria orgânica através de um agente químico. Os 
valores da DQO normalmente são maiores que os da DBO, sendo o teste 
realizado num prazo menor e em primeiro lugar, orientando o teste da DBO. A 
análise da DQO é útil para detectar a presença de substâncias resistentes à 
degradação biológica. O aumento da concentração da DQO num corpo d'água 
se deve principalmente a despejos de origem industrial. 
- Oxigênio Dissolvido (OD) - é essencial para a manutenção de processos 
de autodepuração em sistemas aquáticos naturais e estações de tratamento de 
esgotos. Durante a estabilização da matéria orgânica, as bactérias fazem uso do 
oxigênio nos seus processos respiratórios, podendo vir a causar uma redução 
de sua concentração no meio. Através da medição do teor de oxigênio dissolvido 
os efeitos de resíduos oxidáveis sobre águas receptoras e a eficiência do 
tratamento dos esgotos, durante a oxidação bioquímica, podem ser avaliados. 
- Óleos e Graxas - são substâncias orgânicas de origem mineral, vegetal ou 
animal. Estas substâncias geralmente são hidrocarbonetos, gorduras, ésteres, 
entre outros. São raramente encontrados em águas naturais, normalmente 
oriundos de despejos e resíduos industriais, esgotos domésticos, efluentes de 
oficinas mecânicas, postos de gasolina, estradas e vias públicas. Os despejos 
de origem industrial são os que mais contribuem para o aumento de matérias 
graxas nos corpos d’água, dentre eles, destacam-se os de refinarias, frigoríficos 
e indústrias de sabão. A pequena solubilidade dos óleos e graxas constitui um 
13 
 
fator negativo no que se refere à sua degradação em unidades de tratamento de 
despejos por processos biológicos e, quando presentes em mananciais 
utilizados para abastecimento público, causam problemas no tratamento de 
água. 
- Sulfetos - são combinações de metais, não metais, complexos e radicais 
orgânicos, ou são os sais e ésteres do ácido sulfídrico (H2S), respectivamente. 
A maioria dos sulfetos metálicos de uso comercial é de origem vulcânica. 
Sulfetos metálicos têm importante papel na química analítica para a identificação 
de metais. Sulfetos inorgânicos encontram aplicações como pigmentos e 
substâncias luminescentes. Sulfetos orgânicos e disulfetos são amplamente 
distribuídos nos reinos animal e vegetal. Os íons de sulfeto presentes na água 
podem precipitar na forma de sulfetos metálicos em condições anaeróbicas e na 
presença de determinados íons metálicos. 
- Surfactantes - As substâncias tensoativas reduzem a tensão superficial da 
água, pois possuem em sua molécula uma parte solúvel e outra não solúvel na 
água. A constituição dos detergentes sintéticos tem como princípio ativo o 
denominado “surfactante” e algumas substâncias denominadas de 
coadjuvantes, como o fosfato. O principal inconveniente dos detergentes na 
água se relaciona aos fatores estéticos, devido à formação de espumas em 
ambientes aeróbios. 
 
 
 
 
 
 
 
(Fuvest-1999) Um rio nasce numa região não poluída, atravessa uma cidade 
com atividades industriais, onde recebe esgoto e outros efluentes, e desemboca 
no mar após percorrer regiões não poluidoras. Qual dos gráficos mostra o que 
acontece com a concentração de oxigênio (O2) dissolvido na água, em função 
da distância percorrida desde a nascente? Considere que o teor de oxigênio no 
ar e a temperatura sejam praticamente constantes em todo o percurso. 
 
? Exercício Relâmpago 
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Resposta B 
 
 
c) Indicadores biológicos 
- Algas – são importantes para o equilíbrio do meio aquático e por liberarem 
o oxigênio presente na água (produzido pela fotossíntese). Ainda podem ser 
responsáveis pela eutrofização e a formação de grande massa orgânica, o que 
leva a formação de quantidade excessiva de lodo, trazendo alguns 
inconvenientes: sabor, odor, toxidez, turbidez e cor. Isso provoca o entupimento 
de filtros de areia em estações de tratamento de água e a corrosão de estruturas 
de ferro e de concreto. 
- Microrganismos patogênicos – podem ser bactérias, vírus e protozoários e 
geralmente estão presentes nos dejetos de pessoas doente. As bactérias usadas 
como indicadores de poluição de água são os coliformes fecais, microrganismos 
patogênicos na água. Os coliformes fecais existem nas fezes humanas 
apresentam um grau de resistência ao meio, além de serem causadores de 
doenças. 
 
Além dos parâmetros de qualidade descritos, os ensaios de toxicidade 
complementam a metodologia tradicionalmente adotada. Os ensaios de 
15 
 
toxicidade consistem na determinação do potencial tóxico de um agente químico 
ou de uma mistura complexa, sendo os efeitos desses poluentes detectados 
através da resposta de organismos vivos. O organismo aquático utilizado é o 
microcrustáceo Ceriodaphnia dubia. São utilizadas as denominações Agudo, 
Crônico e Não Tóxico, para eventuais descrições dos efeitos deletérios sobre os 
organismos aquáticos. 
- Agudo - resposta severa e rápida a um estímulo, a qual se manifesta nos 
organismos aquáticos em tempos relativamente curtos (0 a 96 horas), sendo o 
efeito morte o mais observado. 
- Crônico - resposta a um estímulo que continua por longos períodos de 
exposição do organismo ao poluente, que pode ser expressa através de 
mudanças comportamentais, alterações fisiológicas, genéticas e de reprodução, 
etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eutrofização é o fenômeno causado pelo excesso de nutrientes, ricos em 
fósforo e nitrogênio (Figura 2), quando o acúmulo de efluentes despejados ocorre 
nos corpos d’água. Há a redução do oxigênio e a consequente morte dos peixes, 
além da inutilização do recurso para banho e atividades recreativas. Isso 
ocasiona a proliferação excessiva de algas que, ao entrarem em decomposição, 
aumentam consequentemente o número de microrganismos, deteriorando a 
qualidade do corpo de água (ESGOTAMENTO SANITÁRIO, 2007; PEREIRA e 
BRITO, 2012). 
E o que é eutrofização? 
16 
 
 
Figura 2 Eutrofização (Água sua linda, 2018) 
 
Embora o processo de eutrofização possa ocorrer de forma natural, a ação 
do homem - com o despejo inadequado de poluentes em rios e lagos - é uma de 
suas principais causas. Neste caso, o fenômeno é denominado “eutrofização 
cultural”, ou seja, desencadeado por intervenção humana. 
 
 
 
PARA SABER MAIS 
ACESSE O MATERIAL ABAIXO: 
Artigos sobre testes de toxicidade 
[https://goo.gl/fU2PQX] 
[https://goo.gl/rNFLBA] 
 
17 
 
 
 
 
 
 
 
 
(SAMAE – 2017) A eutrofização é o processo que ocorre nos ambientes 
aquáticos e é caracterizada pela entrada excessiva de nutrientes, o que acarreta 
aumento do desenvolvimento excessivo de algas. Entre esses nutrientes, estão: 
 
A) Potássio e carbono. 
B) Enxofre e metano. 
C) Chumbo e ferro. 
D) Potássio e metano. 
E) Fósforo e nitrogênio. 
 
 
1.3. Técnicas de Análise de Contaminantes 
 
 
Vimos na seção anterior os parâmetros físicos, químicos e biológicos que não 
características à água. Nesta seção veremos as técnicas de análise para 
qualificação e quantificação dos contaminantes e parâmetros de importância 
para a potabilidade e consumo humano. 
Essas análises são de fundamental importânciavisto que norteiam os 
tratamentos dos efluentes e de águas residuais que devem ser feitos. Nas 
tabelas a seguir são apresentados os parâmetros de potabilidade e aceitação 
para consumo humano, de acordo com a Resolução do CONAMA nº357/2005 
(BRASIL, 2005). 
 
 
 
? Exercício Relâmpago 
18 
 
 
Tabela 1 Parâmetros de potabilidade, em valores máximos permitidos 
 
Fonte: Brasil (2005) 
 
Tabela 2 Padrão de aceitação para consumo humano em valores máximo 
permitidos 
 
Fonte: Brasil (2005) 
 
 
Parâmetro
Quantidade 
permitida (mg/L)
Antimônio 0,005
Arsênio 0,01
Bário 0,7
Cádmio 0,005
Cianeto 0,07
Chumbo 0,01
Cobre 2
Cromo 0,05
Fluoreto 1,5
Mercúrio 0,001
Nitrato (como N) 10
Nitrito (como N) 1
Selênio 0,01
Parâmetro
Quantidade 
permitida 
Alumínio 0,2 mg/L
Amônia (NH3) 1,5 mg/L
Cloreto 250 mg/L
Cor aparente 15 uH
Dureza 500 mg/L
Ferro 0,3 mg/L
Manganês 0,1 mg/L
pH 6,5 - 9,5
Sódio 200 mg/L
Sólidos dissolvidos totais 1000 mg / L
Sulfato 250 mg/L
Sulfeto de hidrogênio 0,05 mg/L
Turbidez 5 UT
Zinco 5 mg/L
19 
 
 
De acordo com o objetivo da análise, uma técnica é escolhida para 
caracterizar um determinado contaminante, considerando fatores como 
precisão, acuracidade, sensibilidade, repetibilidade, segurança e custo do 
método. Por isso, a seleção do método de análise é vital para a solução de um 
problema analítico. Os métodos analíticos podem ser divididos em: 
- Físicos - fazem uso de uma ou mais propriedades físicas dos analitos para 
separação e/ou quantificação (espectroscopia, espectrometria, turbidimetria, 
etc.); 
- Químicos - fazem uso de transformações químicas como base primária de 
separação e quantificação (titulometria, volumetria, gravimetria, combustão, 
etc.); 
- Eletroquímicos - são baseados em medidas de voltagens ou fluxos de 
correntes que são associadas com transformações químicas (potenciometria, 
condutometria, etc.); 
- Cromatografia gasosa e líquida - técnica de separação que usa métodos 
químicos e físicos para detecção e quantificação. Muitas vezes, técnicas 
diferentes podem ser utilizadas para obter resultados para determinado 
parâmetro. Para a análise de cátions e ânions, por exemplo, são disponíveis 
técnicas analíticas como a espectrometria de emissão atômica e a cromatografia 
iônica. 
 
- Análise de pH 
Praticamente todas as fases do tratamento de água e de efluentes, 
processos de neutralização, precipitação, coagulação, desinfecção e controle de 
corrosão dependem do valor do pH, que é utilizado na determinação de 
alcalinidade e do CO2 e no equilíbrio ácido-base. As águas naturais, 
frequentemente, possuem pH na faixa de 4 a 9, e a maioria é ligeiramente básica, 
devido à presença de bicarbonatos e carbonatos dos metais alcalinos e alcalinos 
terrosos. O método potenciométrico é o mais utilizado na determinação de pH 
(PARRON, MUNIZ e PEREIRA, 2011). 
- Alcalinidade 
A alcalinidade é a medida da capacidade que a água tem de neutralizar 
ácidos, isto é, a quantidade de substâncias na água que atuam como tampão. É 
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a soma de todas as bases tituláveis. Esta capacidade é devido à presença de 
bases fortes, de bases fracas e de sais de ácidos fracos. A alcalinidade total em 
amostras de água é determinada por volumetria e expressa em mg L-1 de CaCO3. 
Em águas naturais, as medidas de pH e da alcalinidade têm grande importância 
para o estudo de produtividade biológica, pois condicionam basicamente os 
demais processos físico-químicos em um corpo d’água, afetando a atividade 
biológica dos organismos aquáticos. Em águas de abastecimento e águas 
residuárias, as medidas de alcalinidade são utilizadas na interpretação e no 
controle de processos de tratamento (PARRON, MUNIZ e PEREIRA, 2011). 
 
- Oxigênio Dissolvido (OD) 
É um componente essencial para o metabolismo dos microrganismos 
aeróbicos presentes em águas naturais, sendo indispensável para os seres 
vivos, especialmente os peixes, os quais geralmente não resistem a 
concentrações de OD na água inferiores a 4,0 mg L-1. Em temperatura ambiente, 
a água em contato com o ar fica geralmente saturada com oxigênio. O OD pode 
ser acrescido pelo O2 produzido pelas plantas aquáticas durante a fotossíntese. 
Um decréscimo no OD da água superficial pode ocorrer quando a temperatura 
das águas se eleva ou quando ocorre eutrofização do corpo hídrico. Para a 
determinação da concentração de OD em água, são utilizados métodos 
volumétricos ou potenciométricos, e a escolha por um deles depende de fatores 
como interferentes presentes na água e/ou da precisão desejada. O método 
iodométrico de Winkler (e suas modificações) é um procedimento volumétrico 
baseado na propriedade oxidante do OD. Também existem equipamentos que 
fazem medida direta da concentração de OD (PARRON, MUNIZ e PEREIRA, 
2011). 
 
- Condutividade Elétrica 
A condutividade elétrica se refere à capacidade que uma solução aquosa 
possui em conduzir corrente elétrica. Esta capacidade depende basicamente da 
presença de íons, da concentração total, mobilidade, valência, concentrações 
relativas e medidas de temperatura. Soluções da maior parte dos ácidos, bases 
e sais inorgânicos são relativamente boas condutoras. Já as moléculas de 
compostos orgânicos que não dissociam em solução aquosa, em sua maioria, 
21 
 
conduzem pouca corrente elétrica. A condutividade é medida por condutivímetro 
e é expressa em µS cm-1 ou mS cm-1. As aplicações práticas para a tomada da 
medida da condutividade são: indicação do grau de mineralização da água e 
indicação rápida de variações nas concentrações de minerais dissolvidos 
(PARRON, MUNIZ e PEREIRA, 2011). 
 
- Sólidos totais dissolvidos (STD) 
Sólidos totais dissolvidos (STD) é a soma de todos os constituintes químicos 
dissolvidos na água. Mede a concentração de substâncias iônicas e é expressa 
em mg L-1. A principal aplicação da determinação dos STD é de qualidade 
estética da água potável e como um indicador agregado da presença de produtos 
químicos contaminantes. As fontes primárias de STD em águas receptoras são 
agrícolas e residenciais, de lixiviados de contaminação do solo e de fontes 
pontuais de descarga de poluição das águas industriais ou estações de 
tratamento de esgoto. As substâncias dissolvidas podem conter íons orgânicos 
e íons inorgânicos (como o carbonato, bicarbonato, cloreto, sulfato, fosfato, 
nitrato, cálcio, magnésio e sódio) que em concentrações elevadas podem ser 
prejudiciais à vida aquática. 
Uma das formas de estimar a STD é através da conversão da medida de 
condutividade elétrica. Para converter a condutividade elétrica da amostra em 
concentração aproximada de sólidos totais dissolvidos, o valor de CE é 
multiplicado por um fator de conversão, que depende da composição química da 
STD e pode variar entre 0,54 e 0,96. A maioria dos instrumentos multiparâmetros 
que possuem medidor de condutividade fazem essa conversão. Uma vez que a 
condutividade varia com a temperatura, os instrumentos contêm circuitos que a 
compensam automaticamente para corrigir as leituras com um padrão de 25 °C. 
O limite máximo permitido de STD na água para consumo humano é de 1.000 
mg L-1(PARRON, MUNIZ e PEREIRA, 2011). 
 
- Turbidez 
A turbidez é uma expressão da propriedade óptica que faz com que a luz 
seja espalhada e absorvida e não transmitida em linha reta através da amostra. 
A turbidez na água é causada por materiais em suspensão, tais como: argila, 
silte, matéria orgânica e inorgânica finamente dividida, compostos orgânicos 
22 
 
solúveis coloridos, plâncton e outros organismos microscópicos. A clareza de um 
corpo d’água natural é um dos principais determinantes da sua condição e 
produtividade. A turbidez também é um parâmetro que indica a qualidade 
estética das águas para abastecimento público. É medida por turbidímetro e é 
expressa em NTU (unidade nefelométrica) (PARRON, MUNIZ e PEREIRA, 
2011). 
 
- Carbono OrgânicoTotal (COT) 
O carbono da matéria orgânica presente na água pode ser quantificado 
diretamente como carbono orgânico total (COT) ou indiretamente como 
demanda biológica de oxigênio (DBO), demanda química de oxigênio (DQO), 
turbidez e cor. O COT é obtido pela oxidação do carbono, portanto, é uma 
medida direta da diversidade de compostos orgânicos em vários estados de 
oxidação em uma amostra de água. Por isso, é um bom indicador de qualidade 
de água. O COT pode ser dividido nas seguintes frações (PARRON, MUNIZ e 
PEREIRA, 2011): 
• Carbono orgânico dissolvido (COD) – fração do COT que atravessa um filtro 
com diâmetro de poro de 0,45 μm. 
• Carbono orgânico não dissolvido (COND) – também conhecido como carbono 
orgânico em suspensão, refere-se à fração do COT retida em um fltro de 0,45 
μm. 
• Carbono orgânico volátil (COV) – a fração do COT extraído de uma solução 
aquosa por eliminação de gases sob condições específicas. 
• Carbono orgânico não volátil (CONV) – a fração do COT não extraído por 
eliminação de gases. 
 
Os métodos de determinação do COT mais empregados são: 1) oxidação 
química (demanda química de oxigênio); 2) oxidação com luz ultravioleta; 3) 
combustão de amostra seca; e 4) oxidação catalítica a alta temperatura.Todos 
os métodos têm em comum o fato de que o carbono é convertido a CO2, e, então, 
medido direta ou indiretamente por procedimentos diferentes, como por 
exemplo, espectrofotometria do infravermelho, titulação de oxirredução, 
condutividade térmica e condutometria. O carbono inorgânico é removido por 
acidificação e purga, ou é determinado separadamente. Alguns dos compostos 
23 
 
de carbono listados acima podem ser submetidos a uma oxidação posterior por 
processos químicos ou biológicos, onde a DBO e a DQO podem ser utilizadas 
para caracterizar essas frações. A determinação de COT pode ser um grande 
aliado às determinações de DBO e DQO, mas não substitui essas análises 
(PARRON, MUNIZ e PEREIRA, 2011). 
 
- Demanda Biológica e Demanda Química de Oxigênio (DBO e DQO) 
A demanda biológica de oxigênio (DBO) e a demanda química de oxigênio 
(DQO) são parâmetros utilizados para identificar a presença de matéria orgânica 
na água. Ambos indicam o consumo ou a demanda de oxigênio necessária para 
estabilizar a matéria orgânica presente na água, sendo a DBO definida como a 
quantidade de oxigênio necessária para a oxidação bioquímica enquanto a DQO 
corresponde à oxidação química. Ambos são expressos em mg L-1. A DBO é um 
bio-ensaio que indica o consumo de oxigênio por organismos vivos 
(principalmente bactérias) enquanto utilizam a matéria orgânica, em condições 
similares àquelas que ocorrem na natureza. A amostra é preparada em garrafas 
específicas para DBO, as quais são incubadas por 5 dias a 20 ºC, na ausência 
da luz. A concentração de oxigênio é determinada através de técnica química ou 
eletroquímica no início e no final do período de incubação. A diferença é utilizada 
para o cálculo da DBO considerando o fator de diluição (PARRON, MUNIZ e 
PEREIRA, 2011). 
 
Causará DQO a amostra que contiver compostos orgânicos e/ou inorgânicos 
passíveis de oxidação por um oxidante forte, como o dicromato de potássio 
(K2Cr2O7) em meio ácido (H2SO4), em refluxo por duas horas. Orgânicos na água 
são oxidados para CO2, e o íon dicromato (Cr2O7-) é reduzido a Cr-3, um íon com 
forte absorção a 585 nanômetros. O método é capaz de medir níveis de DQO 
entre 10 e 100 mg L-1. A oxidação da matéria orgânica determinada pela DQO e 
pela DBO difere qualitativamente e quantitativamente, então, não é possível 
estabelecer relações fixas entre ambos os processos. Se a amostra é constituída 
de compostos que são oxidados por ambos, a DQO pode substituir a DBO ou a 
DQO pode indicar a diluição necessária para análise da DBO. Se a amostra é 
caracterizada pela predominância de material oxidável quimicamente, porém 
não bioquimicamente, a DQO será maior que a DBO. Por outro lado, águas 
24 
 
residuais de destilarias e refinarias têm alta DBO e baixa DQO (PARRON, 
MUNIZ e PEREIRA, 2011). 
 
- Fósforo total (Ptotal) e fosfatos (P-PO4-) 
O fósforo é essencial para o crescimento dos organismos, podendo ser o 
nutriente que limita a produtividade de um corpo d´água. A presença do fósforo 
na água pode estar relacionada a processos naturais, como dissolução de 
rochas, carreamento de solo, decomposição de matéria orgânica, e a processos 
antropogênicos, como lançamento de esgotos, detergentes, fertilizantes e 
pesticidas. O fósforo pode ser encontrado na forma orgânica (matéria orgânica 
dissolvida e particulada na biomassa) e inorgânica (fração solúvel representada 
pelos sais dissolvidos de fósforo e fração insolúvel formada por minerais de difícil 
solubilização, como o fosfato de cálcio). A forma mais comum são os fosfatos 
solúveis, classificados em ortofosfatos, fosfatos orgânicos e fosfatos 
condensados (pirometafosfatos e outros polifosfatos) (PARRON, MUNIZ e 
PEREIRA, 2011). 
Os ortofosfatos representados pelos radicais PO43-, HPO42-, H2PO4- se 
combinam com cátions formando sais inorgânicos nas águas. Os fosfatos 
condensados não são importantes no controle de qualidade das águas naturais, 
porque sofrem hidrólise, convertendo-se rapidamente em ortofosfatos. A 
principal fonte de fósforo em águas residuais são os detergentes fosfatados 
empregados no uso doméstico em larga escala (15,5% de P2O5). A descarga de 
fosfatos provenientes de esgoto bruto ou tratado, drenagem agrícola, ou de 
determinados resíduos industriais podem estimular o crescimento de micro e 
macro organismos aquáticos fotossintéticos em grandes quantidades, 
desencadeando processos de eutrofização (PARRON, MUNIZ e PEREIRA, 
2011). 
 
Série nitrogenada 
O ciclo do nitrogênio conta com a intensa participação de bactérias no 
processo de nitrificação, oxidação de amônio a nitrito e de nitrito a nitrato, e de 
denitrificação, redução de nitrato a óxido nitroso (N2O) e nitrogênio molecular. 
No meio aquático o nitrogênio pode ser encontrado sob diferentes formas: 
nitrogênio molecular, nitrogênio orgânico, nitrato, nitrito e amônio. 
25 
 
O nitrogênio molecular N2 é um gás biologicamente não-utilizável pela 
maioria dos seres vivos. Sua transferência da atmosfera para os organismos 
ocorre pela atividade de microrganismos fixadores que o transformam em íon de 
amônio (PARRON, MUNIZ e PEREIRA, 2011). 
 
- Nitrogênio orgânico (Norg) 
Representado principalmente pela fração proteína e suas combinações, que 
pode estar na forma dissolvida (compostos nitrogenados orgânicos) ou 
particulada (biomassa de microorganismos). A análise química do nitrogênio 
orgânico é feita por combustão. 
 
- Nitrato (N-NO3-) 
O nitrato geralmente ocorre em quantidades traços em águas superficiais, 
mas pode atingir concentrações elevadas em algumas águas subterrâneas (até 
5 mg L-1). A água potável não deve ter mais do que 10 mg L-1 de NO3-. É 
encontrado em esgotos domésticos em pequenas quantidades, porém em 
efluentes de estações de tratamento biológico nitrificante, pode ser encontrado 
em concentrações acima de 30 mg NO3- L-1. A maior parte do nitrogênio é 
absorvida pelas plantas na forma inorgânica, como amônio e, principalmente, 
nitrato. O excesso de nitrogênio acrescentado às culturas agrícolas via 
fertilização também pode ser fonte de contaminação de água superficial e 
subterrânea, resultado da perda de nitrato por lixiviação em solos. A análise 
química do nitrato pode ser feita por espectrometria UV-Visível ou cromatografia 
iônica. 
 
- Nitrito (N-NO2-) 
O nitrito é um estado de oxidação intermediário de nitrogênio, e ocorre tanto 
pela oxidação do amônio, como pela redução do nitrato. Ambos os processos 
(oxidação e redução) ocorrem em estações de tratamento de esgoto, em 
sistemas de distribuição de água e em águas naturais. Raramente o nitrito é 
encontrado em águas potáveis em níveis superioresa 0,1 mg L-1. O valor máximo 
permitido de nitrito em água potável é de 1,0 mg de NO2. A análise química do 
nitrito pode ser feita por espectrometria UV-Visível ou cromatografia iônica 
(coluna catiônica). 
26 
 
- Amônio (N-NH4+) 
O íon amônio (NH4+), também conhecido como amônia ionizada, devido à 
sua carga elétrica, é um cátion formado pela protonação da amônia (NH3-) e 
ocorre em baixos teores em águas naturais, devido ao processo de degradação 
biológica da matéria orgânica. O processo pelo qual o nitrogênio molecular (N2) 
é convertido em amônio é denominado fixação de nitrogênio. Concentrações 
mais altas podem ser encontradas em esgotos e efluentes industriais. Altas 
concentrações de amônio em águas superficiais podem ser indicação de 
contaminação por esgoto bruto, efluentes industriais, ou afluxo de fertilizantes. 
Em águas muito alcalinas e com a presença de compostos amoniacais 
também ocorre a formação de altos níveis de NH4+. A determinação do amônio 
pode ser feita por espectrofotometria UV-Visível (método Nessler) ou 
cromatografia iônica. 
 
- Nitrogênio total 
O termo “nitrogênio total” (Ntotal) refere-se à combinação de íons amônio e 
do nitrogênio orgânico. Utiliza-se o método Kjeldahl de determinação de Ntotal 
que consiste na digestão completa das amostras em ácido sulfúrico concentrado 
com catalisadores tais como sais de cobre e titânio em alta temperatura. Outros 
aditivos podem ser introduzidos durante a digestão de maneira a aumentar o 
ponto de ebulição do ácido sulfúrico. Misturas preparadas na forma de 
comprimidos são disponíveis comercialmente. Embora o termo Ntotal refira-se à 
combinação de nitrogênio na forma orgânica e íons amônio, somente os 
compostos de nitrogênio orgânico que aparecem como nitrogênio ligado 
organicamente no estado tri-negativo são analisados. Nitrogênio nessa forma é 
convertido em sais de amônio pela ação de ácido sulfúrico e peróxido de 
hidrogênio. O amônio é, então, determinado pelo método Nessler em 
espectrofotometria UV-Visível. 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
 
 
 
 
 
((IFCE/CE) 2017) A Matéria Orgânica (MO) dos efluentes é uma das principais 
causadoras do problema de poluição das águas. Sobre os indicadores de MO, é 
correto afirmar-se que 
A) a DBO é considerada uma análise satisfatória para amostras com reduzida 
quantidade de MO. 
B) a COT retrata a quantidade de oxigênio necessário para a estabilização, 
através de processos bioquímicos, da matéria orgânica carbonácea. É uma 
indicação indireta, logo, do carbono orgânico biodegradável. 
C) como principais vantagens da DQO, têm-se a indicação da fração 
biodegradável do efluente, a indicação da taxa de consumo de oxigênio em 
função do tempo, além da taxa de degradação do despejo. 
D) a DBOu corresponde ao consumo de oxigênio consumido a partir do 5º dia. 
E) a DQO mede o consumo de oxigênio ocorrido durante a oxidação química da 
matéria orgânica. É uma indicação indireta do teor de matéria orgânica presente. 
O tempo gasto, para a determinação de DQO, varia entre 2 e 3 horas e não sofre 
influência do processo de nitrificação. 
 
 
- Dureza total 
A dureza da água é a soma dos cátions bivalentes presentes na sua 
constituição e expressa em termos da quantidade equivalente de CaCO3. Os 
principais íons metálicos que garantem dureza à água são alcalino-terrosos, 
como cálcio e manganês, que quase sempre estão associados a íons sulfato. 
Outros cátions como ferro, manganês, estrôncio, zinco e alumínio também 
podem conferir dureza à água. Em menor frequência, os cátions estão 
associados a nitritos e a cloretos. A dureza da água pode ser obtida pela soma 
das durezas de carbonatos (dureza temporária) e de não-carbonatos (dureza 
permanente). É obtida por titulometria (PARRON, MUNIZ e PEREIRA, 2011). 
? Exercício Relâmpago 
28 
 
- Cálcio (Ca+2) e magnésio (Mg+2) 
A presença de cálcio na água resulta do contato do corpo hídrico com 
depósitos de calcita (CaCO3), dolomita (CaMg(CO3)2) e gipsita (CaSO42H2O). A 
solubilidade dos carbonatos é controlada pelo pH e CO2 dissolvido. O cálcio pode 
ser encontrado em corpos d’água em concentrações em torno de 15 mg L-1 e, 
em águas subterrâneas, em concentrações que variam de 10 a >100 mg L-1. O 
magnésio ocorre geralmente nos minerais magnesita (MgCO3) e dolomita, e é 
encontrado em águas naturais em concentrações próximas dos 4 mg L-1 e em 
águas subterrâneas em concentrações em torno de 5 mg L-1. As reações de 
equilíbrio do carbonato para o magnésio são mais complicadas do que para o 
cálcio, e as condições para precipitação direta da dolomita em águas naturais 
não são comuns. Ca+2 e Mg+2 são os cátions que mais contribuem para a dureza 
total da água, seguidos de Ba+2 e Sr+2. A determinação de Ca+2 e Mg+2 em água, 
assim como a dos demais metais alcalinos terrosos, metais alcalinos e metais 
de transição, pode ser feita por espectrometria de emissão e de massa, ambas 
com plasma indutivamente acoplado ou cromatografa iônica, em coluna para 
cátions (PARRON, MUNIZ e PEREIRA, 2011). 
 
- Sódio (Na+) e potássio (K+) 
As águas naturais contêm sódio devido à sua abundância e alta solubilidade 
de seus sais em água, encontrados na forma iônica (Na+). Concentrações de 
sódio em corpos d’água variam consideravelmente, dependendo das condições 
geológicas do local e das descargas de efluentes. A concentração de sódio na 
água potável geralmente não ultrapassa os 20 mg L-1 e o valor máximo 
recomendável de sódio na água para potabilidade é 200 mg L-1 (BRASIL, 2005). 
Em águas superficiais, incluindo aquelas que recebem efluentes, ocorrem em 
concentrações abaixo de 50 mg L-1, em águas subterrâneas, frequentemente, 
excedem esse valor. O potássio é um elemento essencial tanto na nutrição das 
plantas quanto na dos humanos, e ocorre em águas subterrâneas como 
resultado da dissolução mineral de material vegetal em decomposição, e 
escoamento agrícola. Diferentemente de outros íons, como o sódio, o potássio 
não permanece em solução, pois é rapidamente assimilado pelas plantas, e 
facilmente incorporado em argilas. Concentrações de potássio em águas 
superficiais variam de 1 a 3 mg L-1. Águas subterrâneas apresentam valores 
29 
 
inferiores a 10 mg L-1, sendo mais frequente entre 0,5 e 5 mg L-1 (PARRON, 
MUNIZ e PEREIRA, 2011). 
 
- Sulfato (SO4-) 
O enxofre pode se apresentar de diversas formas, tais como sulfato (SO4-2), 
sulfito (SO3-2), sulfeto (S-2), sulfeto de hidrogênio (H2S), dióxido de enxofre (SO2), 
ácido sulfúrico (H2SO4-2), enxofre molecular (S0) e associado a metais (como 
FeS). Dentre essas várias formas, o sulfato e o sulfeto de hidrogênio são as mais 
frequentes. As fontes de enxofre para os ambientes aquáticos são 
principalmente decomposição de rochas, chuvas (lavagem da atmosfera) e 
agricultura (através da aplicação de adubos contendo enxofre). Os sulfatos 
podem ser dissolvidos dos minerais gipsita (CaSO42H2O), anidrita (CaSO4), 
barita (BaSO4) entre outros. Altas concentrações de sulfato em águas naturais 
são mais comuns associadas à presença desses minerais. O processo biológico 
envolve microrganismos com funções específicas de redução e oxidação. Em 
condições anaeróbias, ocorre a redução a sulfetos, como o sulfeto de hidrogênio. 
Tanto no solo como na água, em condições aeróbias, ocorre a oxidação, 
passando da forma de enxofre elementar à sulfato. Na presença de ferro, em 
meio anaeróbico, forma sulfetos férricos e ferrosos, permitindo que o fósforo 
converta-se de insolúvel para solúvel, tornando-se mais utilizável. Gases e 
materiais particulados na atmosfera contendo enxofre reagem com o vapor 
d’água na atmosfera, transformam-se em ácido sulfúrico (H2SO4-2) diluído, e 
juntamente com o ácido nítrico (HNO3-) precipitam-se como chuva ácida. Na 
atmosfera, esses ácidos também reagem com outras substâncias químicas 
formando poluentes secundários, como o ozônio. A chuva ácida temsido a 
principal causa para o aumento da concentração de enxofre em corpos d’água. 
As descargas diretas ou indiretas de águas residuais contendo sulfato, em 
corpos receptores, também podem prejudicar a qualidade das águas e interferir 
no ciclo natural do enxofre. A análise química do sulfato, assim como a dos 
demais ânions (F-, Cl-, NO2-, NO3-, Br-, HPO4-, CO3-, HCO3-) pode ser feita em 
cromatografa iônica, utilizando coluna aniônica com módulo supressor 
(PARRON, MUNIZ e PEREIRA, 2011). 
 
 
30 
 
- Cloreto (Cl-) 
O cloreto é um dos principais ânions inorgânicos presentes na água e sua 
concentração é maior em águas residuais do que em água bruta, pois o cloreto 
de sódio (NaCl-) é um sal comumente usado na dieta humana e passa inalterado 
através do sistema digestivo. Em águas residuais que contêm esgotos sanitários, 
as concentrações ultrapassam 15 mg Cl L-1 (PARRON, MUNIZ e PEREIRA, 
2011). 
 
- Fluoreto (F-) 
O fluoreto pode ocorrer naturalmente em águas naturais ou pode ser 
adicionado em quantidades controladas nas estações de tratamento de água. 
Em casos raros, a concentração de fluoreto natural pode aproximar-se dos 10 
mg L-1, devendo essas águas serem desfluoretadas. A determinação exata de 
flúor é extremamente importante devido ao crescimento da prática de fluoretação 
da água como uma medida preventiva de saúde pública (PARRON, MUNIZ e 
PEREIRA, 2011). 
 
- Ferro (Fe+2) e Manganês (Mn+2) 
Ferro e manganês são elementos que apresentam comportamento químico 
muito parecido na natureza, e em virtude de afinidades geoquímicas quase 
sempre ocorrem juntos. As fontes de ferro são minerais escuros (máficos) 
portadores de Fe: magnetita, biotita, pirita, piroxênios e anfibólios. No estado 
ferroso (Fe²+) forma compostos solúveis, principalmente hidróxidos. Em 
ambientes oxidantes o Fe²+ passa a Fe³+ dando origem ao hidróxido férrico, que 
é insolúvel e se precipita, tingindo fortemente a água. Não apresentam 
inconveniente à saúde nas concentrações normalmente encontradas, mas 
águas com altas concentrações desses metais lhe conferem coloração 
amarelada, acarretando sabor amargo e adstringente. Apesar de o organismo 
humano necessitar de até 9 mg Fe dia-1, os padrões de potabilidade exigem que 
a água de abastecimento público não ultrapasse 0,3 mg L-1. Este limite é 
estabelecido em função dos problemas estéticos relacionados à presença do 
ferro na água e do sabor que este lhe confere. Nas águas subterrâneas podem 
ocorrer concentrações abaixo de 0,3 mg L-1 (PARRON, MUNIZ e PEREIRA, 
2011). 
31 
 
Manganês ocorre em concentrações abaixo de 0,2 mg L-1, quase sempre 
como óxido de manganês bivalente, que se oxida em presença do ar, dando 
origem a precipitados negros. Para controle ou remoção desses metais da água 
são utilizados processos de aeração, sedimentação e filtração conjugados ao 
uso de oxidantes (PARRON, MUNIZ e PEREIRA, 2011). 
 
- Contaminantes orgânicos 
Todos os compostos ou contaminantes orgânicos contem carbono em 
combinação com um ou mais elementos, compreendendo o grupo dos 
hidrocarbonetos. Compostos orgânicos sintéticos podem conter halogênios, por 
exemplo, cloro ou flúor, e metais inorgânicos. Esta categoria inclui detergentes, 
pesticidas, solventes industriais e produtos químicos, a maioria dos quais são 
tóxicos para a vida aquática. Os pesticidas aplicados na agricultura, 
eventualmente, são transportados para a água por vários mecanismos e seus 
resíduos geralmente permanecem no ambiente, devido a sua persistência e 
caráter apolar. 
Os compostos orgânicos podem entrar na água sob incontáveis formas. 
Formas não-biodegradáveis incluem pesticidas halogenados, solventes 
aromáticos, derivados de petróleo e detergentes como alquilbenzeno sulfonado, 
e possuem tempo de permanência muito longo. Poluentes orgânicos 
biodegradáveis, como resíduos derivados de esgotos, descargas industriais e 
água de escoamento de agricultura, têm tempo de permanência relativamente 
curto, e em muitos casos, são identificados somente em amostras isoladas ou 
em concentrações extremamente baixas (em ppb). Contribuem para a alteração 
dos níveis de oxigênio dissolvido da água, assim como, fornecem nutrientes para 
o crescimento excessivo de organismos aquáticos. Já os efeitos da maioria dos 
poluentes orgânicos não-biodegradáveis sobre o balanço ecológico da água são 
evidentes, cobrindo uma gama de toxicidade direta para formação de espumas 
que podem inibir o transporte de oxigênio e carbono na interface ar-água. 
A determinação desses compostos pode ser feita em cromatografia gasosa 
acoplada a espectrometria de massa, cromatografia líquida por detecção do UV-
Visível, ou cromatografia iônica com detecção de condutividade quando os 
compostos estão sob forma de íons (PARRON, MUNIZ e PEREIRA, 2011). 
 
32 
 
 
 
 
PARA SABER MAIS 
ACESSE O MATERIAL ABAIXO: 
Artigos sobre análise de qualidade da 
água em Barcarena - PA 
[https://goo.gl/vrJyEM] 
QUER SABER MAIS? 
AHUJA, S. (Ed.). Modern Instrumental 
Analysis. Vol. 47. ed. -: Print Book & E-
book., 2006. 
33 
 
2. TRATAMENTOS DE ÁGUA E EFLUENTES 
 
2.1. Água 
 
Tratamento de água é um agrupamento de procedimentos físico-químicos 
aplicados à água para que esta tenha as condições adequadas para o consumo, 
ou seja, para que se torne potável. Esse processo de tratamento isenta a água 
de qualquer tipo de contaminação, evitando assim a transmissão de doenças. O 
tratamento de água busca atender a várias finalidades (PEREIRA e BRITO, 
2012), tais como: 
a) Higiênica – remoção de microrganismos como bactérias, protozoários e 
vírus. 
b) Estéticas – correção de turbidez, cor, odor e sabor. 
c) Econômicas – redução de corrosividade, dureza, cor, turbidez, ferro, etc. 
 
Esses processos ocorrem frequentemente em associação, e quase nunca 
são usados isoladamente, sendo executados através de uma Estação de 
Tratamento de Água – ETA e são: 
 
- Pré-cloração – é adicionado primeiro o cloro tão logo a água chega à 
estação. Sua função é facilitar a retirada de matéria orgânica e metais. 
- Pré-alcalinização – após ser adicionado o cloro, a água recebe cal ou soda, 
cuja função é de ajustar o pH da água. 
- Coagulação/floculação – essa é uma técnica onde a água é tratada com 
produtos químicos coagulantes (sulfato de alumínio, cloreto férrico ou outro 
coagulante), que servem para aglomerar partículas sólidas que se encontram na 
água para poderem ser retirados mais facilmente. Os aglomerados de material 
sólido resultantes, os flocos, são removidos por sedimentação e/ou por filtração. 
- Decantação – é eficiente na remoção da matéria em suspensão. Por ação 
da gravidade, em outros tanques, os flocos com as impurezas e partículas ficam 
34 
 
depositados no fundo dos tanques, separando-se da água. Partículas grandes 
ou pesadas são removidas em um curto intervalo de tempo. 
- Filtração – através desse processo a água passa por filtros formados por 
carvão, areia, antracito, diatomita. Nesta etapa, as impurezas de tamanho 
pequeno ficam retidas no filtro. 
- Pós-alcalinização – nesta etapa, é feita a correção final do pH da água, 
para evitar a corrosão ou incrustação das tubulações. 
- Desinfecção – a desinfecção objetiva a destruição de patógenos, onde é 
aplicado na água cloro ou ozônio para eliminar microrganismos causadores de 
doenças. É uma etapa especificamente destinada ao controle da qualidade 
bacteriológica. 
- Fluoretação – esta etapa tem como único objetivo a aplicação de flúor na 
água, o que previne a formação de cárie dentária em crianças. 
 
Nem toda água requer tratamento para abastecimento público. Depende da 
sua qualidade em comparação com os padrões de consumo e da aceitação dos 
usuários. Normalmente as águas de superfície são as que mais necessitam de 
tratamento, porque se apresentam com qualidades físicas e bacteriológicas 
impróprias, em virtude de sua exposiçãocontínua a uma gama muito maior de 
processos de poluição. Apenas na captação superficial de águas de nascentes, 
a simples proteção das cabeceiras e o emprego de um processo de desinfecção, 
podem garantir uma água de boa qualidade do ponto de vista de potabilidade 
(ESGOTAMENTO SANITÁRIO, 2007). 
 
2.2. Esgoto 
 
Esgoto, efluente ou águas servidas é o termo usado para caracterizar todos 
resíduos líquidos provenientes de comércios, indústrias e domicílios. Essas 
águas apresentam características próprias e necessitam de tratamento 
adequado para que sejam removidas as impurezas e assim, possam ser 
devolvidos à natureza sem causar danos ambientais e à saúde humana 
(PEREIRA e BRITO, 2012). Os tratamentos consistem em uma série de etapas 
35 
 
ou processos que visam a eliminação de resíduos grandes até microrganismos, 
além de impurezas inorgânicas e ajuste dos parâmetros físicos, químicos e 
biológicos (CAMMAROTA, 2011). 
- Processos físicos: dependem das propriedades físicas do contaminante 
tais como, tamanho de partícula, peso específico, viscosidade, etc. 
- Processos químicos: dependem das propriedades químicas dos 
contaminantes o das propriedades químicas dos reagentes incorporados. 
- Processos biológicos: utilizam reações bioquímicas para a eliminação dos 
contaminantes solúveis ou coloidais. Podem ser anaeróbicos ou aeróbicos. 
 
Quando se trata de efluentes industriais, a própria empresa que faz o 
tratamento de esgoto exige que a indústria monitore a qualidade dos efluentes 
mandados para a estação. No caso de existir substâncias muito tóxicas, ou que 
não pode ser removida pelo tratamento oferecido pela ETE, a indústria é 
obrigada a construir a sua própria ETE para tratar seu próprio efluente. Esses 
procedimentos objetivam primordialmente atender à legislação ambiental e em 
alguns casos ao reuso de águas. 
 
As etapas são (PEREIRA e BRITO, 2012): 
- Tratamento preliminar 
O objetivo é remover os sólidos suspensos (lixo, areia). Para isso, são 
utilizadas grades, peneiras ou caixas de areia para reter os resíduos maiores e 
impedir que haja danos as próximas unidades de tratamento, ou até mesmo, 
para facilitar o transporte do efluente. 
- Tratamento primário – o objetivo principal é remover os sólidos dissolvidos. 
Nesse processo, são sedimentados os sólidos em suspensão que vão se 
acumulando no fundo do decantador formando um lodo primário, que depois é 
retirado para dar continuidade ao processo. 
- Tratamento secundário – os microrganismos irão se alimentar da matéria 
orgânica, convertendo-a em gás carbônico e água. 
- Tratamento terciário ou pós-tratamento – nesta etapa são removidos os 
poluentes específicos, como os micronutrientes (nitrogênio, fósforo) e 
patogênicos (bactérias e fungos); isso quando se deseja que o efluente tenha 
36 
 
uma qualidade superior, ou quando o tratamento não atingiu a qualidade 
desejada. 
 
 
ACESSE O MATERIAL ABAIXO 
Estações de tratamento de efluentes 
[https://goo.gl/NrTfuL] e 
[https://goo.gl/mDFHx6] 
37 
 
3. NORMAS TÉCNICAS 
 
ABNT - NBR 9800: Critérios para lançamento de efluentes líquidos industriais no 
sistema coletor público de esgoto sanitário. 
 
ABNT - NBR 10004: Resíduos sólidos – Classificação. Dispões da feitura de 
laudo de classificação, o qual precisa ser feito por profissionais especializados, 
que poderão incluir análises realizadas em laboratório, quando necessário. 
Neste relatório, é importante que estejam apontados a origem dos resíduos e 
qual o processo de separação dos materiais que foi utilizado. Com o laudo de 
classificação, será possível verificar a potencialidade de perigo dos resíduos e 
recomendar as melhores formas de destinação. 
 
ABNT - NBR 11174: Armazenamento de resíduos classes II - não inertes e III - 
inertes – Procedimento. 
 
ABNT - NBR 9898: Preservação e técnicas de amostragem de efluentes líquidos 
e corpos receptores. fixa as condições exigíveis para a coleta e a preservação 
de amostras e de efluentes líquidos domésticos e industriais e de amostras de 
água, sedimentos e organismos aquáticos dos corpos receptores interiores 
superficiais. 
 
ABNT - NBR 12216: Trata sobre Projetos de Estações de Tratamento de Água 
para Abastecimento Público. Dispõe das condições para elaboração de projeto 
de estação de tratamento de água destinada à produção de água potável para 
abastecimento público. 
 
ABNT - NBR 12209: voltada para Projetos de Estações de Tratamento de Esgoto 
Sanitários. Dispõe das condições para a elaboração de projeto hidráulico-
sanitário de estações de tratamento de esgoto sanitário (ETE), observada a 
regulamentação específica das entidades responsáveis pelo planejamento e 
desenvolvimento do sistema de esgoto sanitário. 
 
38 
 
 
4. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL 
 
Até 1981, a única legislação aplicável ao tema era o Código Florestal, Lei nº 
4.771/65 além da Constituição Federal pelo Artigo 225 – meio ambiente. Nesta 
data, foi introduzida a Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA (Lei nº 
6.938/81), que esboçou o desenvolvimento da legislação ambiental em nosso 
país. Esta lei fixa os limites da estrutura organizacional a ser usada pelo Estado 
em defesa do meio ambiente. 
A PNMA estabelece no art. 6º que “Os órgãos e entidades da União, dos 
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as 
fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria 
da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente – 
SISNAMA”. Este por sua vez se ampara em duas estruturas principais: 
a) O CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente – órgão colegiado 
de caráter consultivo, normativo e deliberativo. 
Com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, 
diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos 
naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões 
compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à 
sadia qualidade de vida. 
b) O IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais 
Renováveis – com atuação executória. 
Com a finalidade de executar e fazer executar, como órgão federal, a política e 
diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente. 
 
Duas leis tem de muita importância marcam o início do desenvolvimento das 
questões ambientais no país, são elas: 
Lei 9.605/1998 - Lei dos Crimes Ambientais - Reordena a legislação ambiental 
quanto às infrações e punições. Concede à sociedade, aos órgãos ambientais e 
ao Ministério Público mecanismo para punir os infratores do meio ambiente. 
Destaca-se, por exemplo, a possibilidade de penalização das pessoas jurídicas 
no caso de ocorrência de crimes ambientais. 
39 
 
 
Lei 12.305/2010 - Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e 
altera a Lei 9.605/1998 - Estabelece diretrizes à gestão integrada e ao 
gerenciamento ambiental adequado dos resíduos sólidos. Propõe regras para o 
cumprimento de seus objetivos em amplitude nacional e interpreta a 
responsabilidade como compartilhada entre governo, empresas e sociedade. Na 
prática, define que todo resíduo deverá ser processado apropriadamente antes 
da destinação final e que o infrator está sujeito a penas passivas, inclusive, de 
prisão. 
 
RESOLUÇÃO DO CONAMA Nº 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005 
Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o 
seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de 
lançamento de efluentes, e dá outras providências. 
 
RESOLUÇÃO nº 430, DE 13 DE MAIO DE 2011 
Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa 
e altera a Resolução no 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do 
Meio Ambiente-CONAMA. 
http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res11/propresol_lanceflue_30e31mar1
1.pdf 
 
Outras muitas leis fazem parte do Direito Ambiental dopaís, além de 
matérias, decretos, atos normativos e resoluções. Cabe lembrar que órgão 
regulamentadores comprometidos com o cumprimento das leis também devem 
ser considerados, como o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e o 
Ministério do Meio Ambiente, e se ter conhecimento da legislação específica de 
cada Estado (ATADEMO, 2015a). 
 
 
 
40 
 
 
 
 
PARA SABER MAIS 
ACESSE O MATERIAL ABAIXO: 
Vigilância e controle da qualidade da 
água para consumo humano – Ministério 
da Saúde 
[https://goo.gl/eRPoN8] 
 
ACESSE O MATERIAL ABAIXO 
Lei das Águas - ANA 
[https://goo.gl/KxpMVL] 
PARA SABER MAIS 
ACESSE O MATERIAL ABAIXO: 
- Legislação Ambiental Básica - MMA 
[http://www.mma.gov.br/estruturas/secex_c
onjur/_arquivos/108_12082008084425.pdf] 
41 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ÁGUA, SUA LINDA. Página da rede social Facebook. 
https://www.facebook.com/aguasualinda/ 
 
ARVORE, SER TECNOLÓGICO. Página da rede social Facebook. 
https://www.facebook.com/arvoresertecnologico/. 
 
BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. 
Resolução nº357 de 17 de março de 2005, em Legislação ambiental básica. 
Disponível em http://www.mma.gov.br/estruturas/secex_conjur/_arquivos/108_ 
12082008084425.pdf. Acesso em 29/07/2018. 
 
CAMMAROTA, M. C. Tratamentos de Efluentes Líquidos – Notas de Aula. Escola de 
Química – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Engenharia do Meio Ambiente. 
Terceira versão. 2011. 
 
ESGOTAMENTO SANITÁRIO: qualidade da água e controle da poluição: guia do 
profissional em treinamento: nível 1 / Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental 
(org.). – Belo Horizonte: ReCESA, 2007. 72 p. 
 
MINISTÉRIO DE MEIO AMBIENTE – MMA. Ciclo hidrológico. Disponível em 
http://www.mma.gov.br/agua/recursos-hidricos/aguas-subterraneas/ciclo-hidrologico. 
Acesso em 12/07/2018. 
 
NASCENTES, C. C., COSTA, L. M. Química Ambiental. Universidade Federal de 
Minas Gerais. Departamento de química. 2011. 
 
PARRON, L. M., MUNIZ, D. H. F., PEREIRA, C. M. Manual de procedimentos de 
amostragem e análise físico-química de água. Documentos Embrapa Florestas, 
2011. Colombo, Paraná. 
 
PEREIRA, P. S., BRITO, A. M. Controle Ambiental. Juazeiro do Norte, CE: Instituto 
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, 2012. 110 p.

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