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Suporte Básico de Vida - BLS 1 Suporte Básico de Vida - BLS PONTOS IMPORTANTES PCR = parada cardiorrespiratória = cessação súbita da função mecânica cardíaca com consequente colapso hemodinâmico. A chance de sobreviver depende do rápido reconhecimento e do início imediato de manobras adequadas de ressuscitação pulmonar. Compressões torácicas e desfibrilação são os componentes mais importantes da ressuscitação cardiopulmonar RCP. O início rápido das compressões de qualidade é a intervenção mais importante para se obter retorno da circulação espontânea e recuperação neurológica. Treinamento de equipe e conhecimento do equipamento são ESSENCIAIS. INTRODUÇÃO PCR = cessação súbita da função mecânica cardíaca com consequente colapso hemodinâmico. PCR é o termo utilizado para eventos que foram rapidamente detectados e enquanto ainda há possibilidade de retorno da circulação espontânea por meio da RCP. Se evoluir para óbito ou se a RCP não for executada corresponde a morte súbita cardiovascular. PCR ocorre concomitantemente ou logo após o aparecimento de sintomas e é uma emergência médica extrema. Quanto antes for detectada e se as manobras forem eficazes, maior a chance de sobreviver. EPIDEMIOLOGIA 8 milhões de pessoas são vítimas de PCR, metade delas com menos de 65 anos. 70% são extra-hospitalares e 80% apresentam fibrilação ventricular FV ou taquicardia ventricular sem pulso TVsp). Suporte Básico de Vida - BLS 2 A maioria das PCR intra-hospitalares se apresenta como atividade elétrica sem pulso AESP ou assistolia. A principal etiologia é o infarto agudo do miocárdio IAM. Cada minuto de um ritmo chocável sem desfibrilação diminui em 10% a chance de sobrevivência, de modo que após 12 minutos essa chance varia de 0 a 5%. DIAGNÓSTICO Ausência de resposta após chamado e toque vigoroso nos dois ombros. Ausência de respiração ou respiração irregular (gasping), que pode durar vários minutos. Ausência de pulso central (carotídeo ou femoral). Se houver dúvida ou se não for detectado em até 10 segundos, a RCP deverá ser iniciada. Identificado o paciente em PCR, deve-se seguir com o suporte básico de vida BLS. Se a vítima estiver com pulso e respiração normal, basta aguardar o serviço de emergência. Se a vítima se encontrar com pulso mas sem respiração ou com respiração irregular, realizar 1 ventilação de resgate a cada 6 segundos, checagem de pulso a cada 2 minutos e administrar naloxone se suspeita de intoxicação por opioides. Aguardar o serviço de emergência. Diagnosticada a PCR, uma das condutas é instalar um monitor para obter o ritmo cardíaco, seja através do DEA (desfibrilador externo automático) ou não. O objetivo é identificar ritmos chocáveis. Causas de parada cardiorrespiratória Na maioria das vezes, a PCR é decorrente de patologias do coração, destacando-se o IAM. Outras causas cardíacas mas menos comuns são: cardiomiopatia hipertrófica, síndrome de Brugada, síndrome de QT longo, síndrome do QT curto, taquicarcia ventricular polimórfica e cardiopatia arritmogênica do ventrículo direito. Suporte Básico de Vida - BLS 3 A causa metabólica mais comum de PCR é a hipercalemia (freq. em insuficientes renais). A progressão da hipercalemia pode resultar em PCR em qualquer ritmo, mas sobretudo em AESP. A eletrocussão também pode levar a PCR por arritmias ou hipóxia. Corrente elétrica alternada entre 100mA e 1A → parada por FV Corrente elétrica acima de 10A → assistolia Hipotermia e afogamento são causas de PCR que podem se manifestas em qualquer ritmo de parada e seu manejo envolve medidas invasivas de aquecimento e ressuscitação prolongada. O exame físico é importante na avaliação dos pacientes em PCR. Torna-se possível identificar várias etiologias e instaurar terapias específicas visando ao tratamento das causas reversíveis: Portadores de fístulas arteriovenosas → sugere hipercalemia Portadores de cicatriz de esternotomia → provável revascularização cardíaca → sugere coronariopatia O aspecto geral (palidez) e a distensão abdominal (ex. aneurisma de aorta abdominal rota) → hemorragia → hipovolemia. Distensão jugular → tromboembolismo pulmonar, tamponamento cardíaco ou pneumotórax hipertensivo Via aérea com secreção → obstrução Lesões perfurativas de pele → uso de drogas Suporte Básico de Vida - BLS 4 Queimaduras de região distal de membros → eletrocussão O exame físico fornece pouca evidência sobre a duração da PCR. Pupilas dilatam após 1 min de PCR, mas se tornam mióticas após o início da RCP; Livedo reticular e rigor mortis → horas após PCR; Temperatura → não é confiável pois não diminui durante as primeiras horas. Exames laboratoriais Eletrólitos → coletados para descartar causas reversíveis de PCR, como a hipercalemia. Sangue venoso/arterial para gasometria ou análise bioquímica são de uso limitado durante a PCR. Outros exames podem ser realizados para confirmação do diagnóstico após uma ressuscitação bem-sucedida. CORRENTE DE SOBREVIVÊNCIA Termo criado pela AHA para resumir as principais atitudes diante da PCR. TRATAMENTO Suporte básico de vida - BLS Aspectos fundamentais: Reconhecimento imediato da PCR; Ativação imediata do sistema de resposta a emergências; Manuseio básico de vias aéreas; RCP precoce e de alta qualidade; Desfibrilação rápida com um DEA. Suporte Básico de Vida - BLS 5 Suporte Básico de Vida - BLS 6 Segurança de cena É o primeiro passo antes de avaliar e atender a vítima. Checagem de pulso A checagem de pulso central deve ser realizada em até 10s, tanto no atendimento inicial quanto após 2 minutos (ou 5 ciclos) se houver ritmo no monitor capaz de gerar pulso. Chamar ajuda Muitas vezes negligenciado, mas é de extrema importância. 192 → Serviço de atendimento móvel de urgência SAMU 193 → Corpo de Bombeiros Compressões torácicas RACIOCÍNIO TEÓRICO A correta execução de compressões torácicas externas é um dos principais preditores de sucesso em uma RCP. Teorias: bomba cardíaca e bomba torácica. A teoria da bomba torácica explica melhor a perfusão do SNC durante a RCP. Suporte Básico de Vida - BLS 7 Técnica da compressão torácica A AHA reorganizou a sequência ABC para CAB pois é sabido que a compressão indica melhor sucesso de retorno circulatório e neurológico. A pressão de perfusão coronariana PPC é um dos principais fatores para o retorno da circulação e é alcançada por meio das compressões torácicas em uma frequência e profundidade adequadas, com o paciente em posição supina em superfície rígida. Em situações em que não for possível colocar o paciente na posição supina, é razoável a RCP prona. Compressões acima de 120/min aumentam a chance de inadequada profundidade torácica, e profundidade acima de 6cm está associada ao aumento de lesões intratorácicas. Logo, temos: Local: 1/2 inferior do esterno, com a palma da mão não dominante sobre o dorso da mão dominante, dedos entrelaçados e braços completamente estendidos, perpendiculares ao tórax do paciente. Comprimir com região hipotenar da mão dominante. Velocidade: 100 a 120 por minuto. Profundidade: entre 5cm a 6cm. Não se apoiar no tórax, permitir a expansão torácica após cada compressão. Suporte Básico de Vida - BLS 8 Minimizar as interrupções entre as compressões. Por mais perfeita que seja a compressão, ela gera no máximo 1/2 do débito cardíaco fisiológico. As checagens de pulso, ritmo e o fluxo sanguíneo devem ser realizadas o mais brevemente possível. Uma vez interrompida a compressão, leva em torno de 1 minuto de RCP de alta qualidade para restabelecer a pressão de perfusão coronariana e tecidual adequada. Otimização → manter compressões durante a recarga do desfibrilador, pausando apenas no choque. Na ausência de uma via aérea definitiva, devem ser realizadas 30 compressões para 2 ventilações. Atualização: é considerável realizar ventilações assíncronas com as compressões, na proporção de 1 ventilação a cada 6s, mesmo sem via aéreaavançada. Após estabelecer uma via aérea avançada, obrigatoriamente as compressões teóricas devem ser realizadas e simultaneamente às ventilações, que devem ser feitas a cada 6 segundos. Dispositivos de compressão mecânica Suporte Básico de Vida - BLS 9 Não se mostram superiores em relação às compressões normais e seu uso não é recomendado. Em situações de escassez de profissionais ou ambientes de difícil acesso e transporte, esses dispositivos são úteis. Em sistemas em que o paciente é transportado em PCR, esses dispositivos têm se mostrado mais seguros. Indicações: Pouca disponibilidade de profissionais; RCP associada a hipotermia; RCP prolongada; RCP durante transporte; RCP na sala de angiografia; RCP durante preparo para RCP extracorpórea ECPR. Dispositivos de feedback Informam aos profissionais sobre a qualidade da compressão efetuada. Essas informações são mostradas em tempo real por meio de sinais visuais ou sonoros. Dispositivos de limiar de impedância É uma válvula com sensor de pressão que é acoplada ao tubo endotraqueal, ao dispositivo supraglótico ou máscara facial. DLI age limitando a entrada de ar nos pulmões durante a descompressão da massagem, melhorando o retorno venoso e o DC durante a RCP. Desfibrilação RACIOCÍNIO TEÓRICO FV → contração desorganizada das fibras miocárdicas e falha do coração em bombear o sangue. Causas de FV falta de fluxo sanguíneo adequado para o músculo cardíaco ou danos no músculo cardíaco devido a isquemia, cardiomiopatia, doenças da aorta, toxicidade de drogas e sepse. Suporte Básico de Vida - BLS 10 A desfibrilação elétrica tem um objetivo: terminar a fibrilação e restaurar o ritmo sincronizada em todo o miocárdio a partir de um foco sinusal. TÉCNICA No atendimento pré-hospitalar, a desfibrilação é realizada por desfibrilador externo automático DEA. O DEA analisa o ritmo e indica se o choque é necessário ou não, tudo de maneira automática. No atendimento intra-hospitalar os desfibriladores podem ser monofásicos ou bifásicos. No início da ressuscitação de um paciente em PCR, o ritmo deve ser checado e na presença de ritmo chocável FV e TVsp), a desfibrilação deve ser realizada o mais precocemente possível e não deve ser atrasada pelas compressões. A desfibrilação sem a RCP pode resultar em retorno circulatório espontâneo nos 2 primeiros minutos. O choque deve ser entregue rapidamente com interrupções mínimas na RCP. Facilitado e agilizado pela colocação de pás e gel condutor. O ritmo AESP pode ser observado após uma desfibrilação bem sucedida. Mesmo se um ritmo organizado se apresentar no monitor, é necessária manutenção da RCP por mais um ciclo. Posicionamento das pás Posição anteroapical: uma pá em ápice cardíaco e outra em região infraclavicular direita. É a posição preferencial para pacientes em posição supina. Suporte Básico de Vida - BLS 11 Posição anteroposterior: uma pá em região paraesternal esquerda e outra em região infraescapular esquerda. Posição posteroapical: uma pá em região precordial e outra em região infraescapular esquerda. Precauções Verificar se não há ninguém em contato com o paciente no momento do choque, pois a corrente utilizada pode induzir FV em outro indivíduo. Se o paciente estiver molhado é necessário secá-lo antes do choque, e o mesmo não pode ser desfibrilado em superfície condutora de eletricidade. Recomendável interromper ventilação, fornecimento de oxigênio e retirar todos os objetos metálicos e patchs de medicações para prevenir queimaduras e incêndios. Em pacientes com grande quantidade de pelos é necessário realizar tricotomia (melhor contato pá e pele). É preciso garantir que o gel condutor se mantenha a mais de 5cm de distância da outra pá. Em pacientes com marca-passo, manter pelo menos 12,5cm de distância. Suporte Básico de Vida - BLS 12 Soco precordial Soco precordial pode funcionar na assistolia, por gerar 4 a 8J de energia pelo estiramento muscular e ativação dos canais iônicos. Corresponde a um golpe com uma das mãos na região esquerda da metade inferior do esterno. Em 3% das vezes pode mudar o ritmo para um de menor prognóstico. Considerar manobra para pacientes monitorizados, com TV instável ou TV sem pulso presenciadas, enquanto um desfibrilador não se encontra imediatamente disponível para uso. Soco precordial não deve atrasar a RCP e o choque. Vias aéreas e ventilação Abertura da via aérea Manobras que possam abrir a via aérea de maneira adequada. Se história de trauma, realizar jaw thrust (elevação da mandíbula) → abertura da via aérea mantendo a cervical estável em posição neutra. A manobra consiste em elevar a mandíbula para frente pelo ângulo da mandíbula. Se não houver história de trauma, realizar head tilt-chin lift → consiste na elevação do queixo e extensão da cabeça. O simples ato de abrir a via aérea já pode ser suficiente para o retorno da respiração espontânea. Posteriormente torna-se necessária a avaliação da cavidade oral em relação a presença de secreções ou corpo estranho. A obstrução de via aérea é causa frequente de parada respiratória → aspiração ou retirada da obstrução é imperativa. Suporte Básico de Vida - BLS 13 Técnicas de ventilação Duas ventilações de 1s a cada 30 compressões, com volume necessário para ventilar de 500 a 600mL. VENTILAÇÃO BOCA A BOCA/BOCA A MÁSCARA Colocar-se lateralmente à vítima; Abrir a via aérea com a manobra de head tilt-chin lift; Ocluir a cavidade nasal com o polegar e o indicador em um movimento de pinça; Após inspiração profunda, colocar os lábios sobre os lábios da vítima selando qualquer escape de ar e expirar vagarosamente; Retirar os lábios da vítima e permitir a expiração passiva do paciente. Dispositivos de proteção facial podem ser utilizados. Com o dispositivo é necessário se colocar atrás do paciente e selar a máscara englobando nariz e boca. Com o indicador e polegar forma-se um C sob a máscara e com o restante dos dedos abaixo da mandíbula forma-se um E, acoplando a máscara no rosto. Suporte Básico de Vida - BLS 14 VENTILAÇÃO BOCA A NARIZ Recomendada em casos específicos como trauma maxilofacial grave. Colocar-se lateralmente à vítima. Com a via aérea aberta, levantar a mandíbula do paciente e fechar a cavidade oral. Após inspiração profunda, colocar os lábios ao redor do nariz, selando a cavidade, e expirar. Retirar os lábios da vítima e permitir expiração passiva. VENTILAÇÃO POR TRAQUEOSTOMIA O orifício da traqueostomia torna-se a via aérea do paciente. Colocar-se lateralmente à vítima; Após inspiração profunda, colocar os lábios ao redor do orifício da traqueostomia, selando a região, e expirar. Retirar os lábios e permitir expiração passiva. VENTILAÇÃO POR BOLSAVÁLVULAMÁSCARA BVM Permite melhor ventilação e oxigenação da vítima, já que existe a possibilidade de ofertar oxigênio por fonte externa. Colocar-se atrás da vítima; Suporte Básico de Vida - BLS 15 Com o indicador e o polegar forma-se um C sob a máscara e um E abaixo da mandíbula com o restante dos dedos; Pressionar a bolsa vagarosamente e permitir o retorno passivo à posição neutra inicial. Além da técnica do C e do E, existe a "the 2 thumbs down" ou ventilação em região tenar, que consiste em usar a região tenar das mãos para pressionar a máscara, sobrando 4 dedos para manejo da mandíbula. Deve ser sempre realizada em dupla. Esta técnica é superior ao C e E quando utilizada por profissionais de saúde com pouca experiência em PCR. Além disso, esta técnica permite chin lift e jaw thrust. Suporte Básico de Vida - BLS 16 VÍDEO AHA Suporte Básico de Vida - BLS 17 https://youtu.be/WvS-aE71zEE ACLS depende de BLS Situação com único socorrista 30 compressões para 2 ventilações Comprimir no mínimo 5cm e permitir volta do tórax entre uma compressão e outra. No mínimo 100 compressões por minuto Minimizar as interrupções a 10 segundos ou menos 2 ventilações de 1s cada Verificar segurança de cena Chamarpelo paciente batendo em seu peito Checar se o paciente respira e possui pulsação Mandar alguém chamar o serviço de emergência com desfibrilador Inicia-se ciclo de compressões e ventilações DEA chegando é só posicionar, ligar e seguir com os ciclos até o choque Ao chocar, afastar-se do paciente Reavaliar ritmo após 2 min https://youtu.be/WvS-aE71zEE
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