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Módulo: saúde da mulher, sexualidade humana e planejamento familiar Câncer de mama Prof:Dalton Steinmacher 20/08/2020 O prof comenta que a aula sobre câncer de mama no 4° ano é diferente da aula dada no 2° ano, pois esse ano ele vai focar mais no tratamento da doença; Estatística: • Estimativa de novos casos entre 2020 e 2022 segundo o INCA é de 66280; • O câncer de mama é a 2° forma de neoplasia mais frequente, perdendo para o câncer não melanoma (os basocelulares). O câncer basocelular não tem impacto significativo na sobrevida da mulher; • O câncer de mama é a 2° causa de morte, ficando atrás do câncer de pulmão; • Na virada do século no ano de 2000 o INCA estimou que teríamos menos de 30000 casos de câncer de mama, mas 20 anos depois nos dobramos o numero de casos de câncer de mama por ano; • Número de mortes: 15593, sendo 15403 mulheres e 187 homens (2015, atlas de mortalidade por Câncer); • No Brasil ainda temos uma alta mortalidade de câncer de mama; • Importante lembrar que em cada região do Brasil a realidade é diferente, o que interfere nesse tratamento; Fatores de risco: • Hormonais: associação de estrógeno e progesterona • Ambientais: a maneira como a pessoa vive, come ... • Genéticos: pode ser genético hereditário aqueles que são herdados, ou fatores genéticos, epigenética, que vamos desenvolver durante a vida Fator de risco genético hereditário: • 15% das doenças de mama tem algum fator genético hereditário em sua gênese; • Fator genético hereditário é entendido como aquilo que a pessoa herda dos pais, ou uma mutação nova que veio da formação genética da pessoa; • Esses fatores são determinantes para desenvolver uma doença de mama, e a pessoa pode transmitir esses fatores para outras gerações; • Maioria das vezes são fatores dominantes, no momento que alguém da família tem essa mutação é 50% de chance da pessoa herda a mutação; • Na imagem ao lado tem todos os genes que causam o câncer de mama; • De todos os genes ilustrados na imagem os mais importantes são o BRCA1, BRCA2 e o TP53, esses 3 genes juntos representam mais de 60% das doenças genéticas determinadas, e eles apresentam uma penetrância muito alta. o Penetrância: a pessoa herdar um fator genético não quer dizer que ela vá desenvolver a doença, mas se a doença tem uma penetrancia alta aumenta a chance do aparecimento da doença • BRCA1: 72% de risco para câncer de mama e 44% para câncer de ovário; • BRCA2: 69% risco para câncer de mama e 17% risco para câncer de ovário; • TP53: os dados são muitos inconsistentes, mas se até os 50 anos de idade a paciente com mutação no TP53 não apresentar nenhum tipo de tumor ela tem 100% de chance de apresentar o de mama; Quem deve ser testado para o câncer de mama: • Atualmente é mais fácil de se fazer um teste genético; • Não deve testar todo mundo que tem câncer de mama, porque um teste genético de maneira aleatória a chance de dar positivo é muito baixa. Então testa geneticamente a população de risco, que é: o Paciente com câncer de mama abaixo de 35 anos, pois tem alta chance desse tumor ser de origem genética. Atualmente, segundo o protocolo de Maio de 2020, deve ser testado paciente com câncer de mama abaixo de 40 anos; o Paciente com câncer de mama triplo negativo (tumores basais), são tumores que não respondem a estrógeno e progesterona e não tem mutação de CERB B2; o Paciente com câncer de mama abaixo de 50 anos com familiar de primeiro grau com câncer de mama e/ou ovário; o Paciente com câncer de ovário, pois 50% dos canceres de ovariano estão relacionados a mutação genética; o Paciente do sexo masculino com câncer de mama; o Paciente com câncer de mama em qualquer idade associado a familiar com câncer de mama abaixo dos 50 anos; o Paciente com câncer de mama em qualquer idade associado a familiar com câncer de ovário; o Paciente com dois parentes com câncer de mama; Fator de risco genético NÃO hereditário: • Epigenética: são as alterações na mudança de expressão de um gene sem modificações na sequência de bases do DNA. Durante a nossa vida os nossos hábitos acabam determinando algumas mutações, como metilação do DNA, modificação de histonas (através de metilação, acetilação e fosforilação), interferência no RNA, impressão genica, e isso vai acabar alterando nossa genética e pode levar ao desenvolvimento de uma doença oncológica; • Antigamente acreditava que a pessoa nascia e morria com o mesmo DNA, mas atualmente sabemos que nosso DNA pode mudar durante a vida, inclusive intraútero; • Temos alguns elementos que são claros na mudança do DNA como o álcool, pesticidas, medicamentos, radioterapia... Fator de risco hormonal: • Quanto maior a exposição a progesterona e ao estrógeno maior o risco; o Janela estrogênica, quanto maior a janela maior o risco • Menarca precoce; • Menopausa tardia; • Terapia de reposição hormonal, sendo considerado um fator de baixo risco segundo o prof; • Baixa natalidade; • Obesidade na pós menopausa, por causa da conversão periférica de estrogênios na gordura periférica; Fatores de risco ambientais: • Exposição à radiação; • Exposição a nitratos: bisfenois; benzenos; dioxinas; agrotóxicos.... • Sedentarismo; • Álcool, tem risco de 2x. Tem que ser considerado o consumo diário de álcool; • Obesidade na pós menopausa, uma mulher obesa na menopausa tem 2,5x chance de ter ca de mama; • Carboidratos, é bem questionado o seu consumo, o carboidrato em si NÃO é oncogênico, mas o uso de carboidratos principalmente os de rápida absorção fazem com que a mulher tenha picos de insulina e essa hiperinsulinemia é capaz de trazer lesão ao DNA; Diagnostico clinico: • Nódulos é o principal fator; • Alterações de pele e mamilo; • Fluxo papilar; Diagnostico de imagem: Exames de rastreamento de imagem como: • Mamografia: deve ser indicado para toda mulher a partir de 40 anos de idade. O SUS ainda oferece mamografia a cada 2 anos para pacientes a partir de 50 anos de idade, mas segundo um estudo lançado no Br ano passado 45% das doenças de mama acontecem antes dos 50 anos de idade, então fica o questionamento, como fazer rastreamento depois dos 50 anos sendo que quase a metade dos canceres ocorrem antes dos 50 anos de idade; • Ultrassonografia; • Ressonância magnética; Diagnostico histológico: • Biopsia de fragmento: primeiro exame a ser realizado, pode ser feito através da biopsia ou da mamotomia (biopsia a vácuo); • Estudo citológico: é muito difícil de diferenciar as lesões invasivas e não invasivas de mama, então tem que ter muita certeza do diagnostico para indicar uma cirurgia apenas pelo estudo citológico; • Biopsia cirúrgica: só em casos de exceção; Tratamento: • O diagnóstico de câncer de mama deve preceder uma cirurgia (super importante); Estratégia terapêutica: • Antigamente toda paciente com ca de mama fazia mastectomia, linfadenectomia axilar, tratava com tamoxifeno e CMF (ciclofosfamida, metotrexate e 5-fluorcacil); • Só tinha uma opção de tratamento quimioterápico, tratamento hormonal e apenas uma cirurgia; • Atualmente tem que pensar em qual a melhor maneira de tratar esse câncer, pensar em: 1. tipo histológico do tumor; 2. qual perfil imuno histoquímico; 3. assinatura genética e imuno-histoquímica; 4. qual o tamanho do tumor; 5. Se tem linfonodos comprometidos; 6. Se tem metástases ou não; 1. Tipos histológicos: • Temos descritos 20 tipos histológicos de ca de mama; • Carcinoma de mama sem outra especificação (soe) ou carcinomas ductais invasivos da mama; o O principal; o 70% dos casos; o Padrão nodular com bordos espiculados; o Manifestação clínica de nódulo endurecido a palpação; • Carcinoma lobular invasor: o Segundo em ordem de frequência 10 a 15%; o Diferem dos carcinomas de mama semoutra especificação pois tem maior tendência a Multicentricidade e bilateralidade; o Difícil diagnostico sendo mais tardio, com baixa manifestação clínica e de imagem em estágios precoces; o Tende a aparecer com uma densidade mamográfica com uma pequena assimetria, por isso acaba sendo um diagnóstico mais tardio; o As vezes é tratado com uma cirurgia mais agressiva, não por ser um tumor mais grave, mas pelo fato do difícil diagnostico; o Prognostico semelhante ao carcinoma de mama sem outra especificação; o Histologicamente tem pequenas células que infiltram a mama, ele não forma um nódulo que é visto em uma mamografia clássica; o Não faz microcalcificações; o É muito fácil desse carcinoma de passar despercebido na mamografia, comum em pacientes que fizeram a mamografia a alguns meses atrás e estava normal, depois faz novamente aparece o tumor e faz a biopsia e até que se prove ao contrário é um carcinoma lobular invasivo; • Carcinomas de bom prognostico: o Carcinoma secretor; o Carcinoma mucinoso ou colóide; o Carcinoma tubular; • Carcinomas de mau prognostico: o Carcinomas medulares em pacientes jovens; o Carcinomas metaplasicos; o Carcinomas inflamatórios, que não é um tipo histológico, geralmente são carcinoma sem outra especificação, e a sua manifestação clinica é inflamatória, como a linfangite aguda na pele. Paciente apresenta a mama toda vermelha, edemaciada, sem dor, sem calor local, isso é embolização linfática; 2. Estudo imuno histoquímico: • Receptor estrogênio e progesterona: a célula da mama e os tumores tem receptor de estrogênio e progesterona, e conforme os tumores vão ficando indiferenciados eles vão criando uma habilidade de crescimento independente da ação de estrógenos e progesteronas, então começa a ter células que não expressam mais receptores de estrogênios e progesteronas, ou seja o tumor cresce independente de hormônios; • KI 67: índice de crescimento tumoral, quanto maior KI67 maior é a velocidade de crescimento do tumor; • HER 2 ou CERB B 2: é uma mutação encontrada em alguns tumores. O CERB B 2 é conhecido desde a década de 80, reconhecia inicialmente como tumores mutados, chamados de hiper expressos que expressam essa proteína especifica e eram considerados tumores de pior prognostico pois fazem metástases com mais frequência e tem maior mortalidade pela doença. Agora esses tumores hiper expressos tem uma maneira diferente de serem tratados; 3. Assinatura genética e imunoistoquimica: • Mammaprint: o Primeira assinatura genética que já tivemos acesso; o Tecnologia europeia, começou na Holanda. Eles tinham todos os tumores de mama congelados a mais de 20 anos, e avaliaram como essas pacientes evoluíram, se tiveram metástases, morte, e eles estudaram a característica genética desses tumores, e classificaram os tumores de bom, intermédio e mau prognostico; o Então não avalia o tumor de acordo com fatores estáticos, como tamanho, tipo histológico, avalia agora de uma forma mais precisa, mais genética; o Depois do Mammaprint veio o oncotype DX; o Temos 40 assinaturas no mundo descritas, no Br temos 5 disponíveis; • Assinatura genética classifica os cânceres em 5 categorias: 1. Luminal A: • Expressam receptor estrogênio e progesterona; • Não tem mutação do HER 2, ele não está hiper expresso; • KI 67 menor que 14%, baixo índice de mutação celular; • São de melhor prognostico; 2. Luminal B: • Expressam receptor estrogênio e progesterona; • Não tem mutação do HER 2, ele não está hiper expresso; • KI 67 maior que 14%, tem um índice de proliferação alto, eles crescem rápido; 3. Luminal Hibrido: • Expressam receptor estrogênio e progesterona; • Tem a hiper expressão de HER 2, são tumores mutados; 4. HER2 ou hiper expresso: • NÃO expressam receptor estrogênio e progesterona; • Tem a hiper expressão de HER 2, são tumores mutados; 5. Basal símile ou triplo negativo: • NÃO expressam receptor estrogênio e progesterona; • Não tem mutação do HER 2, ele não está hiper expresso; Estratégia terapêutica: • É a junção de todas as informações como tamanho do tumor, tipo histológico, perfil imuno histoquímico e assim definir o que deve ser feito; • Pode ser feito uma cirúrgica, conservadora, não conservadora, radical; • Pode ser hormonioterapia, quimioterapia pré ou pós cirúrgicos; • Pode ser terapia alvo para os tumores hiper expressos, sendo pré ou pos cirúrgico; • Pode ser radioterapia; • Pode ser imunoterapia; Tratamento cirúrgico: • Não há melhora de prognostico com o implemento da agressividade cirúrgica, ou seja, fazer uma cirurgia grande ou pequena não influencia na cura; • Mastectomia radical – tipo Halsted (1882): o Foi a primeira cirurgia para ca de mama de sucesso; o Incluía a mastectomia com a retirada do musculo grande e pequeno peitoral e a linfadenectomia axilar níveis 1,2 e 3, sendo 1 os linfonodos axilares externos, 2 os que estão abaixo do grande peitoral e 3 abaixo do pequeno peitoral, ou seja dentro do tórax; o Na imagem observa a retirada da mama toda, a exposição dos arcos costais, retirada de grande e pequeno peitoral; • Mastectomia radical Patey (1948): o Mastectomia preservando os músculos grande e pequeno peitoral; o Linfadenectomia axilar (três níveis de Berg) • Mastectomia radical de Madden (1965): o Também preservava a musculatura do pequeno peitoral; o Mastectomia incluindo a fáscia do musculo peitoral maior; o Linfadenectomia axilar (níveis 1, 2 e 3); o Ainda a cirurgia da mama não mudou, nessas técnicas mudava o sentido da mastectomia, parou de ser horizontal e foi p vertical, então tem uma condição de fechamento melhor mais estética conseguindo preservar a musculatura de grandes e pequenos peitorais, mas ainda tinha a mesma radicalidade com a retirada dos linfonodos axilares e uma mastectomia radical (retirada da mama como um todo); • Quadrantectomia (1981): o Tratamento conservador para a mama; o Em tumores menores de 2 cm não retira a mama toda, mas retira apenas um quadrante dela e associaria a essa cirurgia a radioterapia e teria um prognostico semelhante a pacientes que retiravam a mama toda, o Ressecção do quadrante comprometido incluindo a pele que recobre o tumor; o Tumores menores de 2 cm; o Radioterapia complementar obrigatória; o Linfadenectomia axilar; • A partir dai vieram novas ideias, e perder esse limite de tamanho do tumor; • Se retira o tumor daquele quadrante pronto já se resolve o problema; • “ por que ¼ da mama, se tem um tumor de 1 cm em uma mama grande, precisa tirar ¼ dela? Será que não tem uma margem segura ? “ • Com isso veio as primeiras setorectomias ou ressecções segmentares; • “ vamos tirar o tumor da mama com uma margem de 2 cm, mas por que não 1 cm ? por que precisa de uma margem de 1 cm na mama saudável ? por que não 0,5 cm ? por que não pode tirar apenas 2mm ? por que precisa tirar a mama saudável ? “ • Hoje a recomendação é retirar o tumor com margens livres, não precisando tirar a mama saudável, o que diminui muito a cirurgia; • “por que tirar a pele saudável acima do tumor? se a pele não está comprometida”; • Devido a esses questionamentos veio a mastologia moderna com cirurgias conservadoras; • Mastologia moderna: o Temos como exemplo Setorectomia, Lumpectomia, Tumorectomia ampliada, adenectomia (skin spare mastectomy) e Oncoplastia; o A partir do ano de 2010, principalmente a partir de 2015 teve o aumento das cirurgias radicais novamente com a técnica de reconstrução de mamas com cirurgias oncoplasticas e as mastectomias subcutâneas, então prefere realizar a reconstrução da mama toda do que a cirurgia conservadora, pois nesses casos ter cirurgias maiores tem resultados estéticos melhores; o Nossa realidade hoje: aliar um procedimento cirúrgico oncológico com um procedimento cirúrgico estético; o Imagem: paciente jovem com tumor no quadrantesuperior esquerdo, no pós operatório se observa que teve uma redução e elevação da mama com resultado estético bom e com a retirada da lesão; o o Imagem: paciente que ja tinha realizado uma cirurgia de quadrantectomia na mama com resultado estético ruim. Era uma paciente mutada para BRCA. Como a paciente queria uma mama pequena foi realizado uma adenectomia subcutânea, retirada da mama bilateral e colocação de uma prótese. Cirurgia que preservou pele, músculos, mamilo; o Biopsia de linfonodo sentinela: • Em todas as cirurgias era realizado o esvaziamento axilar, nível 1 (antes do peitoral), nível 2 (retropeitoral) e nível 3 (dentro do tórax), retirava todos esses linfonodos; • Em 1998 surgiu a técnica de linfonodo sentinela; • Técnica de azul patente: Nessa técnica tem a injeção de um corante, azul patente, retroareolar ou intratumoral. Esse azul injetado acaba migrando pelos vasos linfáticos, e corando o primeiro gânglio da cadeia; • • Técnica de linfocintilografia: pode utilizar um material radioativo como o Tecnecio que é ligado a uma molécula de Dextrano, o Dextrano tem um tamanho molecular que permeia o linfático, mas não passa pelo linfonodo, então vai concentrar esse material radioativo no primeiro linfonodo, no linfonodo sentinela; • Essa técnica é assim, se o primeiro gânglio está comprometido então provavelmente tem tumores comprometendo a cadeia ganglionar e faz a retirada. Se o primeiro gânglio está negativo não tem o porque retirar toda uma cadeia ganglionar na cirurgia, então mais uma vez teve a redução da cirurgia; • A partir de 1998 começou a fazer o esvaziamento axilar somente nas pacientes com linfonodo sentinela positivo (com tumor no primeiro gânglio marcado); • Quando faz o esvaziamento axilar a maioria das pacientes tem dor crônica, tem parestesia da face interna de braço, e aproximadamente 10% das pacientes vão evoluir com linfedema; o Linfedema estagio 1: pequeno inchaço; o Linfedema estagio 2: um inchaço mais significativo; o Linfedema estagio 3: é grave, pois tem dificuldade de drenagem; • Portanto a abordagem axilar também mudou, passamos de uma linfadenectomia axilar para uma biopsia de linfonodo sentinela. Então do mesmo jeito que mudou a cirurgia de mama a cirurgia axilar também mudou radicalmente; • Hoje temos 2 protocolos, o principal é o de “ Acosog- esvaziamento axilar ainda é necessário? ” , e com isso sabe-se que pacientes que vão fazer cirurgias conservadoras dos linfonodos e/ou radioterapia dos linfonodos, o impacto na sobrevida não muda. Então mesmo em pacientes que tem metástases linfonodais, mas que elas não são palpáveis, não tem grandes tumores axilares a gente só irradia, não esvazia essa axila, sem mudança de prognósticos; Indicação de quimioterapia: • Tratamento de metástases: indicado para pacientes com lesões metastáticas ou diagnostico de metástases, é mais importante tratar metástases em um órgão nobre como pulmão, fígado, cérebro, do que o tumor primário; • Quimioprevenção: aquela paciente que fez cirurgia e tem um risco de no futuro desenvolver a metástase; • Neoadjuvancia: são realizadas antes das cirurgias, sendo fundamentais em algumas situações. É utilizado em tumores triplo negativos maiores que 1 cm, tumores hiper expressos maiores que 2 cm (tumores que expressam HER2, sendo luminais ou HER2 puros) e grandes tumores mesmo que luminais, questiona-se ainda se deve fazer em tumores com 0,5cm; o É fundamental fazer uma quimioterapia antes da cirurgia porque consegue reduzir o tumor (down-staging), e faz com que tenha uma cirurgia menor; o Outro motivo as vezes a paciente tem uma axila positiva e teria que realizar uma linfadenectomia, podendo ter consequências de linfedema, e com a quimioterapia neoadjuvante poderia diminuir esses tumores axilares e faria apenas uma biopsia de linfonodo sentinela, poupando a paciente de uma linfadenectomia; o Os tumores triplos negativos e os hiper expressos hoje tem 80% de remissão patológica completa (quando a paciente vai para a cirurgia não acha mais o tumor, ele foi tratado). Em tumores que não tiveram a remissão patológica completa com a quimio a gente entende que teve algum tipo de resistência a quimio e vai ser indicado outros tratamentos depois da cirurgia. o Então se um tumor triplo negativo não teve remissão patológica completa, depois da quimio adjuvante vai usar outra quimio oral a Capecitabina. E nas pacientes com tumor hiper expresso, que não tiveram a remissão patológica completa tem outras terapêuticas com outras terapias alvo a serem feitas; Terapia alvo: • Na imprensa leiga fala que já tem um tratamento para ca de mama que só afeta células doentes, não afeta as normais, isso é a terapia alvo, não tem nada de quimioterapia; • É mais considerada como uma imunoterapia, tem anticorpos que vão destruir somente aquelas células que estão mutadas; • Trastuzumab é a 1° geração de terapia alvo para a mama é considerada como a droga isolada que mais poupou vidas na oncologia, ele vai destruir aquelas células tumorais que tem hiper expressão de HER2; • Inicialmente os tumores hiper expressos eram o de pior prognostico, hoje as pacientes tem um prognostico melhor do que nas pacientes com tumor não hiper expressos; Hormonioterapia: • Tem que saber se o tumor responde ao hormônio ou não; • Os tumores chamados de Luminais são os que respondem ao hormônio, e depois da cirurgia faz o tratamento dele com terapia hormonal, isso melhora o prognostico, diminui as chances de recidiva tumoral, as chances de metástases e de novos tumores; • Tem duas maneiras de bloquear esses hormônios, ou bloqueando o receptor ou a produção do hormônio estrogênio; SERMS- bloqueadores seletivos de receptores de estrogênio: • Pega a molécula de estrogênio faz hidroxilação da molécula, modificando a molécula; • Moléculas de estrogênio modificadas: Tamoxifeno e Raloxifeno; • O mecanismo de ação do Tamoxifeno/ Raloxifeno (SERMS) é o seguinte, em alguns locais como osso, útero, ovário o receptor de estrogênio vai reconhecer o Tamoxifeno como estrogênio, e ele vai ter uma ação estrogênio símile, tendo uma ação agonista no osso, útero e ovário; • Outros receptores mais “inteligentes” não reconhecem os SERMS como um estrogênio verdadeiro, só que ele se liga de uma maneira muito grande ao receptor, como se fosse um sistema de chave e fechadura, você colocou a chave errada na sua fechadura então a porta não abre, o SERMS vão ocupar o receptor da mama, da vagina e do SNC, mesmo que tenha estrogênio circulantes, esse estrogênio não vai conseguir se ligar ao seu receptor; • • Ótimo para Osteopenia, Osteoporose, porem faz uma estimulação uterina o que aumenta as chances de uma hiper estimulação endometrial, ca de endométrio, pode ter crescimento de miomas, hiperplasia uterina, cistos de ovário, paciente pode ter ressecamento vaginal, sintomas semelhantes ao da menopausa, como fogachos, alteração de humor, alteração do sono, depressão • Tamoxifeno foi criado para tratamento da Osteoporose, porque ele age igual o estrogênio no osso, tendo uma ação agonista no osso; • Raloxifeno tem menos ação no útero e ovário; • Os SERMS podem ser usados tantos na pré quanto na pós menopausa; (o prof falou que é importante) Bloqueio produção de estrogênio: • Ooforectomia: ocorre desde de 1920, é a retirada dos ovários com a melhora do prognostico, é um bloqueio cirúrgico, diminuindo a ação estrogênica; • Agonista de GnRH a Goserelina; faz ação no neuro eixo, fazendo com que a paciente entre em uma menopausa química. Tem como fazer injeções mensais de Goserelina, deixando a paciente em uma menopausa química por quanto tempo a gente quiser, tem protocolos com o uso de 2 a 5 anos de Goserelina. Tem ação semelhante as Ooforectomia; • Ooforectomia e agonista de GnRH só utiliza em pacientes na pré menopausa, porque inibiu um ovário que já está em falência;(importante) • Inibidores da aromatase: são medicamentos que não permitem a conversão periférica de colesterol ou androgênios a estrogênios; • Inibidores da aromatase só podem ser utilizados na pós menopausa, porque ele só faz o bloqueio da aromatase periférica. Produção de estrogênio no ovário não depende exclusivamente da aromatase, então não adianta administrar inibidores da aromatase em pacientes com vida menstrual ativa, essas pacientes tem que ter ou um bloqueio ou o uso de Tamoxifeno para ter o bloqueio completo da produção de estrogenios; (importante) Novas terapias: • Imunoterapia; • Inibidores de PARP; • Inibidores de ciclinas; Perguntas: 1. Existe alguma contra indicação a utilização de prótese? “Ter prótese estética não muda em nada a conduta oncológica nessa paciente, o rastreamento e o tratamento são iguais, se tiver que fazer uma cirurgia mais radical pode trocar essa prótese. Mas alguns casos tem que ponderar sobre o uso de próteses, como próteses antes da radioterapia, pode ter uma alteração dessa prótese, porque a radioterapia acaba causando alteração dessa prótese, uma contratura, algum endurecimento, fora isso não tem nenhuma contraindicação absoluta. Mas sabe se que pacientes com lúpus tem maior rejeição a prótese e piora da doença reumática com o uso da prótese.” 2. O número de linfonodos acometidos pode orientar o uso ou não de quimio neoadjuvante? “A gente não sabe o número de linfonodos acometidos antes de uma terapêutica cirúrgica. Antes da cirurgia tem uma avaliação clinica dos linfonodos, com palpação e uma biopsia de linfonodos, e assim dizer se tem metástases axilares ou não. O número de linfonodos acometidos NÃO vai determinar para mim se vai fazer uma quimio adjuvante, só vai conseguir ver quantos linfonodos foram acometidos se fazer a retirada de todos os linfonodos axilares. Ter linfonodos acometidos ou não é um fator que influencia se vai fazer a quimio adjuvante.” 3. Em mulheres na menopausa há vários anos em uso de tamoxifeno, com sintomas uterinos tem recomendação para histerectomia? “Não, o paciente na pós menopausa a gente tem preferência de inibidores de aromatase do que Tamoxifeno. Os inibidores na pós menopausa, a longo prazo, eles têm um prognostico um pouco melhor do que o Tamoxifeno. Só usa Tamoxifeno na pós menopausa em pacientes que não podem usar inibidores da aromatase devido aos efeitos colaterais, como artralgia, osteoporose, e nessas pacientes acaba indicando o Tamoxifeno e com isso o risco de uma hiperplasia endométrio, algum sangramento é muito pequeno, não tem sentido realizar a histerectomia como maneira profilática” 4. O carcinoma inflamatório é o que aparece como casca de laranja? “ O Podorange pode aparecer como um transtorno inflamatório da mama, ou aparece como em algumas vezes em lesões que tem inflamação de pele, mas para ser considerado um carcinoma inflamatório tem quer o Podorange e uma pele toda avermelhada. O Podorange indica que tem uma obstrução de linfáticos.”
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