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FATORES DE RISCO - História pessoal ou familiar; - Raça (negros); - Sexo (masculino); - Baixa ingesta hídrica; - Hábitos alimentares (ingestão de sal e proteína); - Clima quente; - Profissão (sedentárias ou em ambientes quentes); - Urina ácida (como acontece na vigência de resistência à insulina, obesidade, diabetes mellitus tipo 2, diarreia crônica); - História de gota; - Uso prolongado de certos medicamentos (suplementos de cálcio, vitamina D, vitamina C em altas doses, laxativos, Indinavir, furosemida); - Infecção urinária crônica ou recorrente. COMPOSIÇÃO DOS CÁLCULOS 70-80% compostos por sais de cálcio (40-70% oxalato de cálcio). Dois tipos de cristais de oxalato de cálcio: o monoidratado (wewelita) e o di-hidratado (wedelita). Estruvita: magnésio, amônia, fosfato e carbonato de cálcio. Infecção por bactérias que produzem urease). Mais presente em mulheres. Ácido Úrico: geralmente grandes (gota). Cistina: muito raro. LOCALIZAÇÃO DOS CÁLCULOS Os cálculos renais costumam obstruir o sistema coletor em três pontos principais, conhecidos como pontos de constrição fisiológica do ureter: 1. Junção ureteropélvica (JUP): mais comum; 2. Terço médio do ureter (cruzamento com os vasos ilíacos internos); 3. Junção vesicoureteral (JUVE). FISIOPATOLOGIA Crescimento e agregação dos cristais presentes na urina. Condições que favorecem a supersaturação da urina, como hiperexcreção de solutos, volume urinário reduzido, alterações do pH e deficiência dos inibidores da cristalização favorecem a formação de cálculos. Alterações anatômicas facilitam a formação de cálculos ao produzirem estase urinária, por exemplo: duplicidade pielocalicial, rim esponjoso medular, rim em ferradura, ureterocele, etc. 1. Urina supersaturada (formação de compostos insolúveis). 2. Nucleação homogênea: formação dos cristais puros. Para iniciar o processo, a concentração iônica tem que estar acima do “produto de formação de cristais”. 3. Nucleação heterogênea (epitaxial): formação de cristais sobre a superfície de outros cristais de composição diferente. A concentração iônica tem que estar acima do “produto de solubilidade” do cristal. 4. Formação do Cálculo Crescimento e agressão dos cristais. A adesão de cristais à superfície de células tubulares ou papilares é fundamental (a estase urinária favorece o processo). 5. Inibidores naturais da nucleação: diluição urinária, citrato, magnésio. 6. Inibidores naturais do crescimento e agregação de cristais: diluição urinária, proteínas. INIBIDORES FISIOLÓGICOS - Água: urina diluída diminui a concentração de todos os seus elementos químicos, diminuindo a chance de nucleação. Aumenta também o fluxo de urina, facilitando a eliminação dos cristais formados. Inibe todas as fases de formação (nucleação, crescimento e agregação). - O citrato e o magnésio são importantes inibidores da nucleação do oxalato de cálcio, pois o magnésio se liga a o oxalato (formando oxalato de magnésio), e o citrato se liga a o cálcio (formando citrato de cálcio), ambas substâncias bastante solúveis. - O pirofosfato é outro inibidor fisiológico do crescimento e agregação dos cristais de cálcio. pH: - Ácido (<5,0): Ácido úrico e cistina. - Alcalino (>7,0): Fosfato de cálcio (apatita) e estruvita. MANIFESTAÇÕES CLÍNICOS - Cólica renal. - Hematúria (microscópica ou macroscópica). - Sintomas urinários irritativos. - Dor de cálculo típica: decorre da migração do cálculo com obstrução parcial ou completa do ureter. - Após obstrução ureteral, ocorre ureterohidronefrose: distensão da pelve e cápsula renal, estimulando SNC através de nervos esplânicos e do plexo celíaco. - Início súbito dos sintomas. - Localizado em região lombar do mesmo lado da obstrução. - Irradiação para testículos, uretra ou lábios vaginais. - Forte intensidade. - Sem posição que possa diminuir a dor. - Acompanha náuseas e vômitos. - Sintomas urinários frequentes como disúria, polaciúria e urgência miccional podem estar associados à cólica renal. Geralmente esses sintomas estão presentes quando o cálculo estiver localizado no ureter distal devido a irritação vesical, na associação com infecção urinária, presença de cálculo intra-vesical e durante sua eliminação. EXAME FÍSICO - Palidez cutânea - Taquicardia - Sinal de Giordano positivo (punho percussão da região lombar) - Durante a palpação abdominal pode apresentar irritação peritoneal e distensão abdominal. DIAGNÓSTICO - Urina I Esse exame serve para pesquisa principalmente de hematúria que conforme exposto anteriormente pode estar associada à urolitíase. Pesquisa de leucócitos, os quais são inespecíficos, mas podem estar associados a com urolitíase e infecção. - RX simples de Abdômen Embora o exame ideal de RX simples de abdômen necessite de preparo adequado, esse exame realizado sem preparo no pronto- socorro pode ser útil para identificar calcificações no trajeto do ureter e intra- renal. É importante ressaltar que também se trata de um exame inespecífico que é capaz de detectar somente calcificações maiores de 2-3 mm, desde que não haja sobreposição de gases, resíduos e estruturas ósseas. - Ultra-sonografia de abdômen Trata-se de um exame barato, que pode ser repetido várias vezes, sem o inconveniente da radiação e injeção de contraste iodado. Bom para avaliação intra-renal, vesical e ureter-distal. No entanto, apresenta dificuldade na avaliação de possíveis cálculos em ureter médio e proximal. - Urografia Excretora Também é um exame barato, mas apresenta os inconvenientes da radiação e injeção de contraste iodado. Bom para avaliação de todo trato urinário alto, inclusive avaliação indireta da função renal, através da excreção do contraste iodado. Bom para planejamento terapêutico e avaliação de prognóstico do tratamento da urolitíase. - Tomografia Computadorizada (CT) Padrão-ouro Atualmente com a possibilidade de reconstrução de imagens em 3D, é um excelente exame para avaliação de todo o trato urinário. A exposição à radiação é muito baixa, porém necessita de injeção de contrastes. A principal limitação do método é o seu preço, inacessível a maior parte dos nossos pacientes. Exames complexos, na dúvida de diagnóstico e tratamento: - Ureteropielografia A ureteropielografia é um exame invasivo, pouco utilizado nos dias atuais, no qual o contraste deverá ser injetado diretamente na via excretora; ureter, pelve e cálices renais. O contraste pode ser injetado por via retrógrada (ascendente), através de um cateter ureteral inserido no ureter de forma endoscópica uretro-vesical, ou por via anterógrada (descendente), através de punção da pelve ou cálices renais. - Ressonância Nuclear Magnética Excelente exame para avaliação de todo trato urinário e que não apresenta o inconveniente de exposição à radiação e injeção de contrastes. É o exame de escolha para gestantes e pacientes com alergias aos contrastes iodados. O grande inconveniente é o seu preço, que é maior do que a TC de abdômen. - Urina de 24 horas Avaliação metabólica TRATAMENTO Analgesia - AINEs - Analgésicos (por via endovenosa) - Antiespasmódicos (por via endovenosa) - Opiáceos (morfina/meperidina) Bloqueadores alfa-1-adrenérgicos Relaxam diretamente a musculatura lisa ureteral. Conseguem diminuir o espasmo do trato urinário, facilitando a movimentação do cálculo de modo a aumentar a chance de eliminação espontânea. Reduzem a intensidade e as recidivas da cólica nefrética. Terapia Médica Expulsiva Combinação AINE + alfabloqueador (Tansulosina). Pacientes com cálculos ureterais pequenos (≤ 1 0 mm), cujos sintomas conseguem ser bem controlados e que não apresentam indicações formais para uma abordagem urológica imediata (ex.: sepse, IRA), podem tentar a TME por um período de até 4 -6 semanas. Medicamentos mais utilizados - Tiazídicos:em casos de Hipercalciúria - Inibidor da Xantina Oxidase (Alopurinol): Hiperuricosúria - Citrato de Potássio: em casos de Hipocitratúria, Hiperuricosúria, Acidose Tubular Renal,podendo também ser utilizado em casos de Hipercalciúria. Está contraindicado em caso deinfecção urinária associada. - Drogas específicas: alfa mercaptopropionilglicina em casos de Cistinúria, vitamina B6 em casos de Hiperoxalúria primária,etc. Medidas específicas Hipercalciúria: diurético tiazídicos (diminui o cálcio urinário devido ao aumento da reabsorção de cálcio no túbulo distal). Hipocitratúria: administração de citrato (inibe formação de cálculos de cálcio). Hiperuricosúria: alopurinol (inibe enzima que converte xantina em ácido úrico) e citrato (alcalinização da urina). Hiperoxalúria: restrição de oxalato e ingestão normal de cálcio e magnésio. Cistinúria: uso de quelantes. INTERVENÇÃO UROLÓGICA - Cálculo >10mm - Infecção urinária associada (desobstrução da via urinária, a retirada do cálculo deve ser feita em outro momento). - Obstrução persistente e/ou progressiva. - Insuficiência renal aguda (obstrução bilateral completa ou unilateral). - Dor intratável. Litotripsia com Ondas de Choque Extracorpórea (LOCE) É considerado o tratamento de primeira escolha para a maioria dos cálculos renais e ureterais. Um aparelho gera ondas mecânicas convergentes que se propagam através dos tecidos do paciente, tendo como ponto focal o cálculo. Com uma “dose” adequada de energia o cálculo consegue ser “pulverizado” em pequenos fragmentos, que passam espontaneamente pelo ureter. É menos eficaz na s seguintes situações: - Cálculos > 20 mm; - Cálculos localizados no pólo inferior do rim; - Cálculos “duros”, como os de cistina. Indicações: a litotripsia extracorpórea é o método de primeira escolha para os cálculos RENAIS e URETERAIS PROXIMAIS com tamanho inferior a 20 mm. Complicações: a principal é o hematoma perinéfrico, que mesmo assim é raro (< 1% dos casos). Pacientes em uso de AA S devem ter a droga suspensa duas semanas antes do procedimento, e os AINEs empregados no esquema de analgesia devem ser suspensos pelo menos 48h antes. Litotripsia por ureterorrenoscopia (endourológica) Um ureteroscópio rígido, semirrígido ou flexível (fibra óptica) é introduzido sob visão cistoscópica direta no óstio ureteral, podendo ser levado até o interior da pelve renal ; permite a aplicação de diversas modalidades de litotripsia intracorpórea, objetivando a fragmentação dos cálculos. É considerada terapia de “segunda escolha” para cálculos proximais. Nefrolitotomia percutânea (cirurgia minimamente invasiva) A nefrostomia (cirurgia minimamente invasiva) substituiu a cirurgia aberta na nefrolitíase. Guiado pela radioscopia ou ultrassonografia, o urologista faz uma punção percutânea da pelve renal, introduzindo um guia e, em seguida , diversos dilatadores, de modo a formar um pertuito de acesso aos cálculos intrarrenais. O próximo passo é introduzir o nefroscópio, munido de fórcipe removedor e sondas de litotripsia intracorpórea. Cálculos < 1 cm podem ser removidos diretamente pelo fórcipe, através do canal de nefrostomia. Aqueles com > 2 cm devem ser primeiro fragmentados pela litotripsia in situ (intracorpórea), para depois serem removidos. Indicação: - Tamanho > 2 cm; - Cálculos coraliformes; - Localizados no pólo renal inferior; - Refratários à LOCE. Os cálculos coraliformes devem ser inicialmente submetidos à nefrolitotomia percutânea. Cálculos residuais presentes após o procedimento podem ser abordados com LOCE (litotripsia extracorpórea), seguida eventualmente por uma nova nefrolitotomia percutânea. É a chamada “terapia sanduíche” (nefrolitotomia percutânea – LOCE – nefrolitotomia percutânea). Nefrolitotomia aberta (“anatrófica”) Tornou-se uma cirurgia obsoleta; Principais indicações: - Refratariedade aos métodos não invasivos (LOCE) ou minimamente invasivos (ureterorrenoscopia, nefrolitotomia percutânea); - Cálculos anatomicamente complexos e extensos, em geral coraliformes. O procedimento pode ser uma pielolitotomia aberta simples ou uma nefrolitotomia “anatrófica ”. O termo anatrófico quer dizer “sem atrofia", pelo fato de o parênquima ser incisado para acesso da pelve renal numa região conhecida como linha avascular de Brodel, evitando a ocorrência de lesão vascular iatrogênica. De outro modo, haveria atrofia pós-operatória variavelmente extensa do parênquima renal, devido à lesão vascular. CÁLCULOS DE ESTRUVITA Bactérias produtoras de urease: Proteus, Pseudomonas e Enterococcus, mas também Klebsiella sp., Serratia sp., Providencia sp. e Enterobacter sp. A urease destas bactérias degradam a ureia presente na urina, formando NH3 (amônia) e CO2 (gás carbônico). O NH3 é uma base e, quando eliminada em concentrações excessivas, alcaliniza a urina a um pH >7,0. Ao se ligar ao H+ da urina, converte-se em NH4 + (amônio). Em pH alcalino, o amônio se combina com o fosfato e o magnésio para formar os cristais de estruvita. O CO2 pode se combinar com o cálcio urinário, formando o carbonato de cálcio, que se incorpora aos cristais de estruvita. Fatores de risco para a litíase por estruvita incluem condições relacionadas à infecção do trato urinário, como sexo feminino, bexiga neurogênica, anomalias congênitas da via urinária, prostatismo e drenagem crônica da via urinária com cateter (nefrostomia, cateter vesical de demora).
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