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P E R C E P Ç Ã O C O N S C I Ê N C I A E M O Ç Ã O Fabiana Menezes e Milenia Costa Sono e Vigília x Estado de Consciência Fabiana Menezes e Milenia Costa Ritmos circadianos: ritmos que se repetem a cada dia ; Ritmos infradianos: ritmos que se repetem com uma frequência menor que um dia; Ritmos ultradianos: ritmos que se repetem com uma frequência maior que um dia. Ritmos Biológicos O sono normal é constituído pela alternância dos estágios REM e NREM. O sono NREM é caracterizado pela presença de ondas sincronizadas no eletroencefalograma e pode ser subdividido em quatro fases. A sincronização-dessincronização das ondas do EEG do sono NREM-REM e vigília é conseqüência da atividade neural nos circuitos tálamo-corticais (núcleos reticulares do tálamo e córtex cerebral), decorrentes da interação entre os núcleos monoaminérgicos e colinérgicos do tronco encefálico. O sistema monoaminérgico reticular ativador ascendente é constituído pelos núcleos dorsais da rafe, locus ceruleus do tronco cerebral e núcleo tuberomamilar do hipotálamo posterior, que se projetam difusamente para o córtex e núcleos reticulares do tálamo. Os sistemas aminérgicos se projetam para o hipotálamo anterior inibindo as células gabaérgicas e galaninérgicas do núcleo pré-óptico ventro-lateral do hipotálamo anterior. As projeções colinérgicas tálamo-corticais e tálamo-límbicas são fundamentais para a dessincronização eletroencefalográfica durante a vigília e para dessincronização eletroencefalográfica durante sono REM. Durante o sono REM, os sistemas aminérgicos não estão ativos e a ativação colinérgica ativa o córtex diretamente. Na vigília, os sistemas aminérgicos, dopaminérgicos, hi Sono e Vigília Fabiana Menezes e Milenia Costa a fase 1 é a sonolência -> transição da vigília e sono; com algumas contrações musculares e predominância de ondas alfa (8 a 13Hz). A fase 2 é o primeiro estágio do sono verdadeiro com predominância de ondas delta (0–4 Hz) e theta (4-7 Hz) (alta amplitude e baixa frequência) com a demonstração de sincronização do tálamo e córtex cerebral. Os principais sinais do indivíduo são a redução do tônus muscular, nistagmo leve, diminuição da temperatura corporal e frequência respiratória (KANDEL et al., 2014). As fases 3 e 4 demonstram maior sincronização tálamocortical, aumento da amplitude das ondas cerebrais (delta e theta), maior redução das atividades autonômicas, como frequência cardíaca e respiratória, e temperatura corporal (KANDEL et al., 2014). fase 4 o sono profundo. fase 5 ou REM: apresenta ondas cerebrais (alfa e beta) semelhantes à vigília, movimentos rápidos dos olhos, aumento das atividades autonômicas (taquicardia e taquipneia) e inibição das vias motoras descendentes à medula espinal. rotação da terra em 24 horas Luminosidade e a escuridão áreas promotoras do sono no núcleo pré-óptico hipotalâmico; áreas estimuladoras da vigília, como a zona subparaventricular e núcleo dorsomedial do hipotálamo. O sono é dividido em duas formas – sono REM, do inglês rapid moviment of eyes (movimento rápido dos olhos), e sono nREM (não REM), o qual é dividido em quatro fases: O indivíduo oscila por todas as fases durante o período de sono. Em geral, leva em torno de 30 a 60 minutos para migrar da fase 1 a 4 e, de forma intermitente, ingressa na fase REM, também chamada de fase 5, com permanência de 30 minutos e retorna para o sono profundo (fase 4). Essas oscilações podem ocorre de quatro a cinco vezes por período de sono (HALL, 2017). O ritmo circadiano da vigília e sono controla a manutenção da vigília e sono ao longo do dia, o que permite que o indivíduo não durma durante o dia e apresente sonolência e sono no período noturno. OBS: zeitgebers (agentes arrastadores): fornecem informações importantes para o sistema nervoso central regular e sincronizar com o ritmo circadiano e biológico Núcleo supraquiasmático do hipotálamo que recebe informações sensoriais da retina (luminosidade) por meio do trato retino-hipotalâmico (retina – nervo óptico – quiasma óptico – trato óptico – núcleo supraquiasmático) e regula o ciclo da vigília/sono e metabolismo corpóreo, como a produção e supressão de hormônio antidiurético (ADH) e melatonina pela glândula pineal. Além disso, esse núcleo se conecta à várias regiões do sistema nervoso: Sono e Vigília Fabiana Menezes e Milenia Costa núcleos parabraquial núcleos pedunculopontino tegmental laterodorsal As zonas subparaventricular e núcleo dorsomedial fazem sinapses diretas com os núcleos paraventriculares e indireta com a glândula pineal para estimular (alta luminosidade) ou inibir (baixa luminosidade) a produção de melatonina. Os neurônios monoaminérgicos presentes no sistema ativador ascendente no tronco encefálico e núcleos túbero-mamilares do hipotálamo são responsáveis pela manutenção da vigília por meio da produção de noradrenalina no locus coeruleos (ponte caudal), serotonina (núcleos da rafe), dopamina (tegmento ventral mesencefálico) e histamina pelos núcleos túbero-mamilares hipofisários. núcleo parabraquial e núcleos pedunculopontino e tegmental laterodorsal presentes na mesencéfalo e ponte possuem neurônios colinérgicos, gabaérgicos e glutaminérgicos, e realizam sinapses com o tálamo e núcleos da base reforçando os sinais ativadores para o córtex cerebral. circuito promotor do sono nREM inclui as áreas pré-opticas hipotalâmicas que realizam sinapses inibitórias com todos os núcleos ativadores do sistema ativador ascendente: Juntamente, neurônios dos núcleos da base realizam sinapses inibitórias com as regiões corticais e locais mediadas por neurotransmissores GABA e somatostatina. E, também, Na região cortical é possível encontrar alguns neurônios produtores de óxido nítrico ativos durante o sono nREM. O sono REM é ativado e mediado núcleo sublaterodorsal da ponte mediado por neurônios glutaminérgicos que produzem paralisia muscular por excitação de neurônios no bulbo ventromedial e medula espinal que mantêm os neurônios motores hiperpolarizados. Neurônios colinérgicos dos núcleos pedunculopontino e tegmental laterodorsal promovem as ondas cerebrais do sono REM semelhantes ao da vígilia (alfa e beta). A inibição do sono REM é mediada por sinapses do sistema reticular ascendente, em especial, o locus coeruleus, com o núcleo sublaterodorsal da ponte. A substância periaquedutal ventrolateral promove ativação do núcleo sublaterodorsal pontino, porém, no sono REM é inibida por ele e por núcleos presentes no bulbo e medula espinal Sono e Vigília Fabiana Menezes e Milenia Costa Causas estruturais: lesão cerebral traumática, infecção sistêmica ou do sistema nervoso central AVC isquêmico ou hemorrágico massa intracraniana Causas metabólicas: overdose; efeitos adversos de medicações; distúrbios metabólicos; alterações da glicemia. REBAIXAMENTO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA Pode ser causado pela interrupção do fluxo de interpretações de informações dos dados visuais, auditivos, olfativos, gustativos, viscerais e somatossensoriais ou a incapacidade de processá-los. Isso pode ocorrer no nível cortical ou subcortical, e a apresentação clínica varia consideravelmente dependendo da localização do insulto. NÍVEL DA CONSCIÊNCIA O limite entre a vigília e o início do comprometimento da consciência e entre este e a morte encefálica. A consciência pode ser perdida de modo agudo e breve, como nas síncopes, convulsões e na concussão cerebral por traumatismo de crânio leve, até situações em que o nível de consciência está completamente reduzido, como no coma Classificação Obnubilação: Quando a consciência é comprometida de modo pouco intenso, mas seu estado de alerta é discreto a moderadamente comprometido Sonolento: O paciente é facilmente despertado, responde mais ou menos apropriadamente e volta logo a dormir; Confusão mental ou delirium: Configura-se por perda de atenção, o pensamento não é claro, as respostas são lentas e não há percepção normal temporoespacial,podendo surgir alucinações, ilusões e agitação Estupor ou torpor: Se a alteração de consciência é mais pronunciada, mas o paciente ainda é despertado por estímulos mais fortes, tem movimentos espontâneos e não abre os olhos; Coma: Se não há despertar com estimulação mais fortes, ou até mesmo dolorosas, e o paciente está sem movimentos espontâneos CAUSAS DE REBAIXAMENTO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA 1. 2. O sistema de ativação reticular ascendente (SARA) é uma rede de neurônios originários do tegmento da ponte superior e do mesencéfalo, que acredita-se ser parte integrante da indução e manutenção do estado de alerta. Esses neurônios se projetam para estruturas no diencéfalo, incluindo o tálamo e o hipotálamo, e daí para o córtex cerebral. Alterações no estado de alerta podem ser produzidas por lesões focais no tronco cerebral superior, danificando diretamente o SARA. Estados de Consciência Fabiana Menezes e Milenia Costa Estados de Consciência Fabiana Menezes e Milenia Costa REFERÊNCIAS BEAR, M.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. Neurociências. Desvendando o Sistema Nervoso. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. p. 585-615. HALL, J. Tratado de Fisiologia Médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. cap. 59-60. KANDEL, E. R.; SCHWARTZ, J. H.; JESSELL, T. M.; SIEGELBAUM, S. A.; HUDSPETH, A. J. Princípios de Neurociências. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. p. 991-1010, 1256-73. Fabiana Menezes e Milenia Costa
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