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CRIMES DE RACISMO
LEI nº 7.716/89
1. PREVISÃO CONSTITUCIONAL – De acordo com os arts. 3º, IV, 4º, VIII, e 5º, XLII, todos da CF/88:
“Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
(...)
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.”
“Art. 4º. A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: 
(...)
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo.”
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.”
	Nesse sentido, utilizando-se dos artigos supra, algumas conclusões importantes devem ser extraídas do art. 5º, XLVII, veja-se:
a. O racismo deve ser criminalizado, não podendo ser tratado como mera contravenção penal;
b. O crime deve ser punido com pena de reclusão;
c. O crime deve ser imprescritível;
d. O crime não admite liberdade provisória com fiança (ATENÇÃO – Segundo a doutrina, em que pese não admitir a liberdade provisória com fiança, não há impedimento da concessão de liberdade provisória sem fiança, cumulada ou não com as medidas cautelares diversas da prisão).
2. IMPRESCRITIBILIDADE DO CRIME DE RACISMO
Além do racismo, o crime de ação de grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (previstos na Lei de Segurança Nacional, Lei nº 7.770/83) é, também, imprescritível. 
Ex.: STF (HC 82.424 – Julgado de cidadão que escreveu livro conta comunidade judaica – o STF decidiu que o crime pode ser imprescritível em razão da repulsividade e gravidade da ofensa, como o são os crimes de racismo e de ação de grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado Democrático). 
3. INSUSCETIBILIDADE DE LIBERDADE PROVISÓRIA COM FIANÇA
O delito de racismo não admite liberdade provisória com fiança. Nesse sentido, o art. 323, I, do CPP, passou a prever a vedação expressamente. 
Mas atenção, conforme esposado em linhas pretéritas, não há impedimento da concessão de liberdade provisória sem fiança, cumulada ou não com as medidas cautelares diversas da prisão. Exs.: comparecimento periódico em juízo, proibição de frequentar determinados lugares, proibição de manter contato com determinadas pessoas, suspensão das funções públicas, proibição de se ausentar da comarca etc.
OBS: O fato de não caber fiança tem como única relevância pratica o fato do delegado não poder conceder a fiança, pois somente o juiz poderá conceder a liberdade provisória sem fiança e aplicar as medidas cautelares. 
4. OUTROS TIPOS PENAIS RELACIONADOS AO RACISMO
Há outros tipos penais que sofreram influência do princípio do repúdio ao racismo, apesar de não poderem ser classificados como crimes raciais, veja-se:
a. Lei 2.889/56 – Crime de genocídio – Não pode ser tratado como sinônimo de racismo, na verdade o que se quer exterminar no crime é um determinado grupo, no entanto, há que se ponderar o fato de que se quer exterminar um grupo étnico, racial, religioso (art. 1º da referida lei).
b. Lei de Tortura (Lei 9.455/97) – Violência e ameaça em razão de fatores raciais (art. 1º, I, “c” da referida lei).
c. Código Penal – Art. 140, §3º - Injúria racial – Injuria consistente na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, origem, religião, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.
5. ANÁLISE DA LEI 7.716/89
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
5.1 ELEMENTOS NORMATIVOS DO ART. 1º
a. DISCRIMINAR – Significa promover qualquer tipo de distinção, exclusão, restrição ou preferência. Exs.: Sujeito que determina que pessoa y não possa estudar em sua escola, ou comer em seu restaurante.
ATENÇÃO: A discriminação isolada não é crime, apenas o será se configurar que a mesma originou-se de fato oriundo de preconceito envolvendo raça, cor, etnia, religião, origem. 
b. PRECONCEITO – Significa uma opinião formada antecipadamente, referindo-se à atitude interna do agente. 
OBS: Os programas de ações afirmativas, é o conjunto de ações, programas e políticas que buscam reduzir ou minimizar os efeitos intoleráveis da discriminação em razão de raça, sexo, religião, deficiência física ou outro fator de desigualdade, buscando incluir setores marginalizados num patamar satisfatório de oportunidades sociais, valendo-se de mecanismos compensatórios. (Grande parte da doutrina entende que esses programas de ações afirmativas não violam o princípio da igualdade)
c. RAÇA – É um grupo formado a partir de características biológicas comuns, ou seja, é o conjunto de indivíduos cujos caracteres somáticos, tais como a cor da pele, tipo de cabelo etc, são transmitidos por hereditariedade (STJ – HC 15.155 – Discussão se os judeus seriam ou não uma raça, entendendo o Tribunal positivamente – Correlação com o julgado citado me linhas pretéritas).
d. COR – Diz respeito a pigmentação epidérmica dos seres humanos.
e. ETNIA – É o agrupamento humano constituído por vínculos intelectuais como a cultura ou a língua. Ex.: índios. 
f. RELIGIÃO – É o modo de manifestação da fé, servindo para indicar toda sorte de crenças, inclusive a não religião. 
g. PROCEDÊNCIA NACIONAL – Nesse sentido, há uma primeira corrente que entende que procedência nacional seria um lugar de origem no Brasil (Guilherme de Souza Nucci), já uma segunda corrente entende que procedência nacional significa local de origem pertinente à nacionalidade do agente (inclusive pode ocorrer dentro do território nacional – Brasil – por brasileiro).
5.2 BEM JURÍDICO TUTELADO PELA LEI 7.716/89
Segundo a melhor doutrina, o bem jurídico tutelado é a igualdade e o pluralismo da sociedade. 
5.3 TIPO OBJETIVO
a. Obstar/Impedir 
Demandam o exaurimento ou perfeição da conduta discriminatória, ou seja, a discriminação produz a frustração completa do exercício do direito da pessoa discriminada.
São crimes materiais, ou seja, ocorre a efetiva produção do resultado, pois a pessoa não consegue acesso ao bem ou direito por conta da conduta discriminatória. 
b. Negar/Recusar
A simples recusa ou negativa já caracteriza o delito, pouco importando que a vítima ao final consiga ou não exercer o direito. 
São crimes formais, ou seja, consumam-se independentemente da produção do resultado.
5.4 CONFLITO APARENTE DE NORMAS
Se a discriminação estiver relacionada a motivo de sexo (homem ou mulher) ou de estado civil o crime estará caracterizado na Lei nº 7.437/85 – Trata os crimes referidos como contravenções penais, logo, em razão da Constituição tratar tais discriminações como crimes, há quem entenda que tal lei não foi recepcionada pela atual Constituição. 
Se a discriminação for contra pessoas portadoras de deficiência física ou mental o crime estará caracterizado na Lei nº 7.853/89 – Art. 8º.
Se a discriminação for praticada contra idosos, há que se observar o Estatuto do Idoso – Lei 10.741/03 – Art. 100, I e II. 
5.5 DISTINÇÃO ENTRE O ARTIGO 20, DA LEI 7.716/89 E O ARTIGO 140, §3º, DO CÓDIGO PENAL
	INJÚRIA RACIAL – Art. 140, §3º, do CP
	RACISMO – Art. 20, Lei 7.716/89
	O bem jurídico tutelado é a honra subjetiva de uma pessoa.
Há o ataque a honra subjetiva de pessoa determinada. Ofende-se a um indivíduo (ex.: sujeito que chama o outro de macaquito).
É afiançável e é prescritível.
A ação penal é pública condicionada à representação (Lei 12.033/09).
	É também chamado de incitação ao racismo.
O bem jurídico tutelado é a igualdade e a pluralidade que deve reinar na sociedade. 
A ofensa não é dirigida contra pessoa determinada. Há oposição indistinta a toda uma raça, etnia, religião, procedência nacional.
Há uma indeterminação quanto aos sujeitos passivos imediatos. (Ex.: livro publicadosobre ódio aos judeus)
É inafiançável e imprescritível.
A ação penal é pública incondicionada.