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Carnes, aves e pescados Alimento cárneo Segundo Ornellas et al (2007), é definido como um alimento cárneo todo músculo estriado que recobre o esqueleto, bem como vísceras de diferentes animais. Todas as partes comestíveis de animais, sejam domésticos ou selvagens: Ave, mamífero, peixe, molusco, crustáceo e outros. O Decreto nº 30.691, de 29 de março de 1952, define como massas musculares maturadas e demais tecidos que as acompanham, incluindo ou não a massa óssea correspondente, que procede de animais abatidos sob inspeção sanitária. Já o pescado, de acordo com Brasil (1952), é a denominação genérica que compreende peixes, crustáceos, moluscos, anfíbios, quelônios e mamíferos de água doce ou salgada usados na alimentação humana. ▪ Vermelha Bovina, suína, ovina etc. ▪ Aves Frango, pato, peru, ganso, avestruz. ▪ Pescado Peixes, camarão, lagosta, ostras etc. ▪ Caça Animais não domésticos (porco-do-mato, paca, tatu, javali, capivara, cutia) Quais as partes comestíveis dos animais? Carcaça (ossos), Cabeça, Cérebro (miolos), Orelhas, Pescoço, Língua, Estômago (bucho), Coração, Fígado, Couro, Gordura (sebo), Sangue Pulmão (bofe), Rins, Moela (parte do sist. digest. aves), Intestinos (tripas), Rabo, Testículos, Úbere, Patas. O congelamento é um meio para prolongar a vida útil de carnes e derivados, pois, à medida que a temperatura é reduzida, as reações físicas, químicas e bioquímicas que acarretam alterações sensoriais nestes produtos passam a ocorrer em baixa velocidade, apesar de não serem completamente paralisadas, mesmo quando o alimento é armazenado a -30ºC. Ao mesmo tempo, segundo Ornellas et al (2007), parte dos microrganismos deterioradores deixa de se multiplicar, sendo que a maioria das bactérias e fungos para de se desenvolver a -8º C, e parte é destruída. Todos os produtos congelados, em especial as carnes de aves, devem ser descongeladas em refrigerador, e jamais colocadas debaixo da água corrente da torneira. As carnes de aves são fontes de bactéria salmonela, sendo necessário tomar muito cuidado ao descongelá-las, para reduzir o risco de contaminação cruzada vinda do líquido que corre do descongelamento, o qual pode contaminar as tábuas de carne, as superfícies de trabalho etc. Estrutura, composição e valor nutricional do grupo cárneo: É formado por: ▪ Tecido muscular. ▪ Tecido adiposo: Maior ou menor quantidade (animal magro ou gordo). Entre as fibras ou na parte externa do músculo. ▪ Tecido vascular e fibras nervosas. ▪ Tecido conjuntivo: Ligamentos (cor amarelada, maior elasticidade) e tendões (cor esbranquiçada, consistência rija, maior concentração de colágeno). ▪ São Fonte de aminoácidos essenciais. Técnica dietética ▪ Possuem alto teor de ferro, zinco, além de vitaminas do grupo B, especialmente a vitamina B12. *Obs.: Todos esses nutrientes possuem alto índice de absorção. O valor calórico da carne não está relacionado à localização do corte e, sim, ao total de calorias, que varia em função da quantidade de gordura. Exemplo: 100g de contrafilé (carne moderadamente gorda) – 285kcal. 100g de patinho (carne magra) — 111kcal. As diferenças na composição e na estrutura muscular influenciam na textura do alimento. Para animais terrestres e aves, as técnicas de sacrifício e de tratamento post mortem são relevantes, pois a textura muscular é decorrente do nível de contração das proteínas miofibrilares, responsáveis pela contração dos músculos e pela mudança de acidez (pH). Quanto ao pescado, estes fatores não influenciam tanto nas transformações, pois a espécie sofre menos com a bioquímica post mortem. Cortes bovinos O que fazer para deixar a carne macia? Quais mecanismos? Ação mecânica: Secciona fibras da carne. Chamados de tenderização, são usados na preparação de bifes feitos com cortes de carnes mais rijas. Normalmente, são utilizados utensílios cujo papel é romper as fibras musculares, impedindo grande parte de seu encolhimento pelo calor. Esses métodos produzem amaciamento, mas podem aumentar a perda de sucos da carne. É comum a prática de se bater bifes para ficarem macios. No entanto, esse procedimento promove o rompimento de células, de fibras e, consequentemente, tem-se a liberação de moléculas de água que estavam alojadas nessas estruturas. A perda de tais moléculas leva ao comprometimento da suculência dos bifes. Ação enzimática: Uso de bromelina e papaína. Utilizam-se enzimas naturais como a papaína, a bromelina, a ficina, actinidina ou também enzimas industrializadas, que promovem uma desorganização estrutural da fibra, fazendo com que haja aumento da acidez, resultando em uma consistência gelatinosa. A técnica consiste em manter a carne em contato com partes ou com os sucos dessas frutas ou com soluções de enzimas industrializadas. Ação química: Vinha d’alhos (temperos + vinagre ou vinho). Mais usada para carnes de aves. A acidez promove o rompimento parcial das fibras, amaciando-as. O tempo de exposição varia de acordo com o tamanho das peças. É um método eficaz. Além de amaciar, confere sabor característico. Características das carnes Pigmentos mioglobina e hemoglobina. A cor do músculo deve-se, principalmente, ao pigmento do tecido vermelho: A mioglobina e seus derivados. A hemoglobina transporta o oxigênio na corrente sanguínea, enquanto a mioglobina o retém nos tecidos para contração muscular. O conteúdo de mioglobina é elevado, daí a cor escura dos músculos em animais mais velhos. A carne de animais mais novos (vitela) é mais clara do que animais mais velhos. No tecido vivo, a mioglobina, que é de cor vermelho-púrpura, existe em equilíbrio com a sua forma oxigenada, vermelho brilhante, a oximioglobina. Após a morte do animal, o oxigênio é reduzido e o pigmento ocorre inteiramente na cor púrpura. As carnes vermelhas caracterizam-se pela cor, e como o próprio nome indica, têm a cor vermelha. Esta cor vermelha pode variar dependendo: ▪ Da raça. ▪ Da idade (animais mais velhos têm a carne de cor mais escura). ▪ Da quantidade de exercício que a massa muscular desenvolve (músculos mais solicitados para o trabalho, pela sua constituição, necessitam de mais oxigênio para os movimentos e, portanto, mais mioglobina, o que contribui para a cor vermelha mais escura). ▪ Da quantidade de mioglobina presente no tecido animal. ▪ Nível de sangria no abate. Carne de porco Contém menos mioglobina que o boi, o que permite que os vendedores de porco a chamem de “carne branca”, embora ela seja, na verdade, rosada. Frango Peito de frango possui a carne branca, enquanto pescoço, pernas e as coxas são mais escuras. Peixes Contêm muito menos ainda a mioglobina que o boi. Ou seja, a carne animal pode ser vermelha, rosa ou branca, dependendo da necessidade evolucionária de atividades musculares contínuas nas diferentes espécies. Carne do atum Bastante vermelha, porque os atuns são nadadores fortes, rápidos, que migram distâncias enormes pelos oceanos do mundo. A mioglobina é o pigmento muscular que retém o oxigênio nos tecidos. ▪ A cor da carne indica a concentração de mioglobina e o seu estado de oxigenação ou oxidação na superfície do músculo. ▪ O pigmento mioglobina, de cor vermelho-púrpura, aparente em carnes recentes, é formado por uma fração proteica denominada globina e um grupo próstetico denominado anel ou grupo heme. ▪ Quando não há praticamente oxigênio, como na carne empacotada a vácuo, ela mantém sua cor roxa da mioglobina. ▪ Quando o oxigênio está disponível em pequenas quantidades. ▪ Na presença do oxigênio, os pigmentos reagem com o oxigênio molecular, formando a oximioglobina, pigmento relativamente estável, vivo, associado à carne fresca.▪ A oximioglobina se forma após 35-40 minutos de exposição ao ar. ▪ Tanto a mioglobina como a oximioglobina podem sofrer oxidação, formando a metamioglobina, que se associa ao longo período de armazenamento. ▪ Na presença do oxigênio disponível apenas em pequenas quantidades para a carne, a metamioglobina é a forma favorecida quimicamente. É por isto que a superfície da carne exposta ao ar livre exibe o vermelho vivo da oximioglobina, enquanto que, por baixo da carne, área privada de oxigênio, aos poucos vai ficando marrom. É por este motivo que, na maioria dos mercados varejistas, a carne é empacotada em bandejas de plástico rígido, recobertas por um filme plástico especial, permeável ao oxigênio: A superfície recebe bastante oxigênio e fica vermelha, com aspecto agradável. Como o oxigênio só consegue se difundir um pouco para dentro, quanto mais a camada é profunda, mais marrom é a carne. Mioglobina Oxigênio→ Oximioglobina O xidação→ Marrom A predominância de uma ou de outra depende da quantidade de oxigênio disponível para a carne. Em um corte transversal, é possível visualizar as três diferentes colorações, sendo: Uma externa, de cor vermelha. Intermediária, de cor parda. Uma mais interna, de cor violácea. Um mercado de qualidade examinará cuidadosamente sua linha de suprimentos de carne moída, moendo e expondo apenas o necessário para atender a sua demanda. Desse modo, terá sempre oximioglobina vermelha. Se perder essa cor, os clientes tendem a rejeitar, mesmo que o escurecimento não tenha sido causado pela velhice, mas, sim, pela privação de oxigênio. A carne embalada a vácuo tem cor mais escura em virtude da ausência de oxigênio na embalagem, que inibe a ação da oximioglobina, responsável pela cor avermelhada. Em apenas 20 minutos, após a abertura da embalagem, a carne readquire sua cor vermelho-púrpura original. Mudanças no pigmento da carne fresca A descoloração devido à formação da metamioglobina pode ser evitada na carne moída congelada com a adição de ácido ascórbico. O pigmento vermelho presente na carne malpassada é o mesmo da carne crua— oximioglobina. À medida que a carne é cozida a temperaturas elevadas, a proporção de oximioglobina diminui. O pigmento formado é o hemicroma de cor parda a marrom. Neste pigmento, a globina da oximioglobina é desnaturada e o ferro é oxidado, passando do estado ferroso para férrico. Composição química A carne magra apresenta em torno de 75% de água, 21% a 22% de proteína, 1% a 2% de gordura, 1% de minerais e menos de 1% de carboidratos. Você sabe o que é rigor mortis? O rigor mortis ocorre quando as fibras musculares esgotam sua energia e seus mecanismos de contração muscular entram em colapso. Ocorre, então, um movimento de contração e travamento dos filamentos proteicos. Deste modo, as carcaças são penduradas de tal modo que: A maioria de seus músculos sejam distendidos pela gravidade. Os filamentos proteicos não possam contrair- se e se sobrepor em grande quantidade. Eles se ligam com enorme força uns aos outros e a carne se torna excepcionalmente dura. Fatorem que influenciam na maciez da carne: Raça do animal. Idade do animal. Sexo do animal: Fêmeas– Carne mais macia. Castração. Sistemas de criação: Pastagem, confinamento. Quanto o músculo é exigido: Asas das aves e as patas dianteiras de bois são menos macios. Gordura: Abranda a resistência da carne. Quantidade de tecido conjuntivo: Cozido longamente, ele se transforma em uma gelatina que torna a carne macia e suculenta, além de enriquecer o molho. ▪ pH abaixo de 6 — Carne boa para processamento e consumo. ▪ pH entre 6 e 6,2 — Carne para consumo imediato. ▪ pH acima de 6,4 — Revela o início do processo de decomposição. Objetivos da cocção ▪ Destruir germes patogênicos. ▪ Coagular as proteínas (temperatura= 57ºC-60ºC). ▪ Abrandar o tecido conjuntivo sem agir sobre as proteínas miofibrilares (temperaturas > 100ºC). ▪ Abrandar o tecido conjuntivo, porém ocorrem perdas do valor nutritivo (destruição da arginina, lisina, histidina, cistina, leucina e fenilalanina). ▪ Desenvolver sabor agradável. ▪ A carne reduz pela cocção cerca de 10% do seu peso inicial— PB - FC. ▪ Cocção muito rápida, em temperatura muito alta, endurecimento da carne pela retração brusca dos tecidos muscular e conjuntivo. Sobre as gorduras Funde a gordura, as células do tecido adiposo são rompidas e ocorre a redistribuição da gordura. Cozimento excessivo = Formação de acroleína pela oxidação das gorduras. Sobre vitaminas e minerais ▪ Vitamina A permanece estável. ▪ Vitamina C passa pela água de cocção. ▪ O ácido fólico é mais susceptível ao calor. ▪ A vitamina B12 pode ser mantida numa proporção de 75%. ▪ A piridoxina perde-se numa proporção de 10% a 75%. ▪ As vitaminas hidrossolúveis sofrem uma dissolução e difusão na água empregada. Grupo das aves Os tipos mais comuns de aves são: frango, peru, pato, marreco, ganso, faisão, galinha- d’angola, codorna, perdiz, pombo e chester. O frango é a ave mais comum e pode ser classificado em quatro grupos, conforme o tamanho e a idade do animal: ▪ Frango de leite ou galeto: Aproximadamente 600g de peso e três meses de idade. ▪ Frango comum: Chega a pesar mais de 1kg e tem entre 3 e 7 meses. ▪ Galo e galinha: Aves adultas com mais de 7 meses e cerca de 1,5kg. ▪ Frango capão: É o frango castrado para que possa engordar mais. Valor nutricional: Aves ▪ Teor proteico semelhante ao de outras carnes. ▪ As aves mais novas têm menos tecido conjuntivo e menos gordura. ▪ Ao escolher aves novas, aperte delicadamente o osso do peito, que deve ser flexível. ▪ Escolha as aves com pele úmida, de cor homogênea e sem sinais de machucados ou de penas. O corpo deve ser compacto, cheio e bem formado. O peito deve ser firme. ▪ Verifique se as pernas são flexíveis e se a pele está intacta. ▪ A ave deve ter cheiro de fresca e o odor da embalagem deve desaparecer rapidamente. ▪ As aves congeladas devem estar com embalagem intacta e fechada, não devendo apresentar cristais de gelo ou descoloração. Observe a data de validade. ▪ Retirar o miúdo. ▪ Para descongelar, deve ficar sob refrigeração de 1ºC a 5ºC por 3 a 5 horas longe de carnes cozidas. ▪ Cozinhe a ave dentro de 12h após o degelo e não deve ser recongelada. ▪ Quando pronta, para ser armazenada sob refrigeração, deve ser resfriada rapidamente. Dura de 2 a 3 dias. Cortes das aves Utilização dos cortes das aves: Peito: Corte com pouca gordura e tecido conectivo. Utilizado em recheios e sopas, bem como um filé grelhado, frito à milanesa ou à doré ou até mesmo assado, quando com cobertura. Coxa: Corte com mais gordura. Usado assado, com ou sem osso. Quando desossado, pode ser grelhado ou frito. Também é utilizado sob calor úmido, ensopado ou guisado. Sobrecoxa: Corte também com muita gordura. Utilizado como a coxa. Asa: Corte gorduroso, principalmente pela pele que o envolve. Utilizado assado, frito, sob calor úmido, em sopas e ensopados. Pé: Utilizado em sopas e ensopados, pois necessita de cocção lenta. Pescoço: Utilizado cozido e servido em sopas e aperitivos. Apresenta muito osso. Peixes (pescados) ▪ Marinhos (água salgada) Pescado, merluza, sardinha, atum, bacalhau, linguado, tainha, cação, namorado, badejo, corvina, salmão, cavala, bonito, camarão, lula, lagosta, siri, polvo e ostra. ▪ Água-doce Pirarucu, lambari, pintado, dourado, traíra, curimbatá, pacu, surubim, tambaqui e tucunaré. Podem ser classificados em: Peixes, mariscos, cetáceos e quelônios. Peixes: Possuem esqueletos cartilaginosos ou ósseos e apresentam guelras. Ex: Tubarão, pescado, badejo. Mariscos: Possuem carapaçasduras e pigmento esverdeado (crustáceos). Ex: Camarão, lagosta. Apresentam conchas ou não (moluscos). Ex: Escargot, mexilhões, ostras. Moluscos que não apresentam conchas, possuem coluna vertebral cartilaginosa, como lula e polvo. Cetáceos: São mamíferos, dos quais pode-se aproveitar o óleo, a pele e os ossos. Ex: Baleias. Quelônios: Apresentam carne com carapaça. Ex: Tartaruga.
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