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JUSTIÇA PENAL CONSENSUAL E JUSTIÇA RESTAURATIVA

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JUSTIÇA PENAL CONSENSUAL E JUSTIÇA RESTAURATIVA
Aula 1
Objetivo
1. Apontar os sistemas processuais aplicáveis no Brasil, de acordo com o Código de Processo Penal e a Constituição Federal;
2. Discutir sua eficácia enquanto meio de controle social;
3. Demonstrar a incapacidade do sistema atual de lidar com a criminalidade;
4. Esclarecer aspectos da Justiça Restaurativa.
Sistema acusatório
Remonta ao Direito Grego, até o século XII, aproximadamente, desenvolvendo se pela participação direta do povo no exercício da acusação e como julgador. Vigorava o sistema da acusação popular para os delitos graves, bem como vigorava o sistema da acusação privada para os delitos menos graves. No Direito Romano da Alta República surgem as duas formas do processo penal: cognitio e accusatio. A cognitio era encomendada aos órgãos do Estado: os Magistrados.
Características 
a) a atuação dos juízes era passiva, no sentido de que eles se mantinham afastados da iniciativa de gestão da prova, atividades a cargo das partes; 
b) as atividades de acusar e julgar estavam encarregadas a pessoas distintas;
c) a adoção do princípio ne procedat iudex ex officio, não se admitindo a denúncia anônima nem processo sem acusador legítimo e idôneo;
d) estava apenado o delito de denunciação caluniosa, como forma de punir acusações falsas, e não se podia proceder contra réu ausente (até porque as penas eram corporais);
e) a acusação era por escrito e indicava as provas;
f) havia contraditório e direito de defesa;
g) o procedimento era oral;
h) os julgamentos eram púbicos, com os magistrados votando ao final sem deliberar.
sistema inquisitorial
Dessa forma, tudo foi se modificando e acabou por se delinear um sistema inquisitivo: a publicidade foi sendo substituída por atos a portas fechadas e as sentenças, que eram lidas oralmente do alto do tribunal, passaram a ser escritas e lidas em audiência. O processo penal canônico contribuiu muito para formar o modelo inquisitório, mostrando na Inquisição Espanhola sua face mais dura e cruel. Inicialmente, os poderes do magistrado foram sendo ampliados até as funções de acusar e julgar serem reunidas em uma só pessoa. A mudança deixa desigual a atuação das partes que antes atuavam de forma leal e franca, mas, agora, se transforma em um duelo entre o juiz-inquisidor e o acusado. O juiz deixa de ser o árbitro imparcial e passa a ser o inquisidor, atuando desde o início como acusador. O acusado perde a condição de sujeito processual e se converte em mero objeto da investigação. 
Características 
a) diante de um fato típico, o julgador atua de ofício e recolhe o material que vai constituir seu convencimento, sanando, assim, os defeitos da inatividade das partes;
b) o juiz atua como parte, investiga, dirige, acusa e julga;
c) o procedimento é escrito, secreto e não contraditório;
d) havia um sistema legal de valoração probatória;
e) a sentença não produzia coisa julgada;
f) a prisão do acusado durante o processo era a regra.
inquisição geral e especial 
A inquisição geral estava destinada à comprovação da autoria e da materialidade, tendo um caráter de investigação preliminar e preparatória com relação à segunda, inquisição especial, que se ocupava do processamento, ou seja, condenação e castigo.
Sistema misto 
Decorre da divisão do processo penal em duas fases: pré-processual e processual propriamente dita. Assim, a fase pré-processual seria inquisitiva, enquanto a fase processual seria acusatória. O Code d'Instructio Criminalle de 1808 francês foi o primeiro a adotar esse modelo com a cisão das fases de investigação e de juízo. Há entendimento no sentido de que este é o sistema vigente no Brasil, já que no inquérito policial se aplica o sistema inquisitivo, enquanto no processo penal se aplica o sistema acusatório.Podemos observar alguns dispositivos do CPP que têm recepção constitucional ou constitucionalidade duvidosa pois representam um resquício do sistema inquisitorial:
Art. 311, CPP - Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial.
Art. 242, CPP - A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das partes.
Art. 127, CPP - O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou mediante representação da autoridade policial, poderá ordenar o sequestro, em qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa.
Art. 209, CPP - O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes.
Art. 196, CPP - A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer das partes.
Art. 156, CPP - A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
Art. 385, CPP - Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.
Art. 383, CPP - O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave.
Contraditório
É materializado, pelo menos, de quatro maneiras: uma parte tem o direito de presenciar a prova produzida pela outra parte; uma parte tem o direito de participar da prova produzida por indicação da outra parte; uma parte tem o direito de se manifestar quanto à prova pré-constituída trazida aos autos pela outra parte; uma parte tem o direito de se manifestar a respeito da manifestação da outra parte.
Ampla defesa
Divide-se em: defesa material ou autodefesa; defesa formal ou defesa técnica. A defesa material é o direito disponível do réu defender-se pessoalmente, ainda que não tenha qualquer formação jurídica. A defesa formal é o direito indisponível do réu ser defendido por um profissional tecnicamente habilitado. Neste sentido, art. 261 e art. 564, III, c, ambos do CPP. É importante que o defensor seja diligente. Não basta a presença de um defensor que não faça nada em benefício do réu, cabendo ao juiz substituí-lo, se for o caso. Neste sentido, art. 497, V, do CPP.
Historicamente 
Há duas formas de resposta à violação de normas em uma sociedade: o castigo e a reparação. Na atualidade, o modelo legal de natureza retributiva está em crise devido a estar concentrado no castigo ao delinquente e na consideração da vítima como sujeito de direitos. Por isso, a perspectiva jurídica tem girado para outras formas mais includentes na abordagem e busca de dar solução aos conflitos, como é o caso da justiça restaurativa. A accusatio era exercida espontaneamente por um cidadão do povo, até que, no último século da República, surgiu a chamada delicta publica e a persecução e o exercício da ação penal passaram a ser encomendados a um órgão distinto do juiz, não pertencente ao Estado, um representante da coletividade: o accusator.
justiça restaurativa 
Ganhou importância com o surgimento do movimento vitimológico/vitimologia e desde a necessidade de se criarem formas de resposta ao paradigma retributivo tradicional do sistema penal. Na criminologia dos últimos anos a vitimologia ganha corpo, passando a considerar-se a vítima como fator importante de compreensão dos fenômenos criminais. Desta maneira, o enfoque vitimológico privilegia a aplicação de procedimentos de caráter restaurativo na solução de conflitos originados pelo crime. Ela se insere num movimento mais amplo e relativamente recente ao caráter repressivo e retributivodo direito penal. Busca uma relação “justa” entre vítima e acusado, incluindo elementos importantes como dignidade da pessoa humana, promoção do em comum, assistência subsidiária, corresponsabilidade e o vínculo entre o amor e a justiça. Busca:
a. Convidar à completa participação do consenso 
b. Sanar o que foi rompido
c. Atingir a completa e direta responsabilidade
d. Reunir o que foi dividido
e. Fortalecer a comunidade para prevenir danos maiores
A justiça restaurativa não exclui a justiça tradicional, mas a complementa. Trata-se apenas de uma possibilidade que começa a ser aplicada na realidade jurídica do Brasil uma mudança paradigmática no que se refere a justiça criminal. Por ser a realidade jurídica americana a base da justiça penal consensual, de acordo com a doutrina, passaremos a uma análise da Justiça Penal Consensual norte-americana
EXERCÍCIOS
1. O sistema processual adotado no Brasil é? Misto – inquisitório no inquérito e acusatório no processo.
2. A Justiça restaurativa tem como principais objetivos: Uma relação justa, incluindo elementos como dignidade da pessoa humana, promoção do bem comum, assistência subsidiária e corresponsabilidade.
3. Sobre sistemas processuais, pode-se afirmar que o: Acusatório prega o respeito incondicional ao contraditório, à publicidade, à imparcialidade, à ampla defesa, bem como distribui a órgãos distintos as funções de acusar, defender e julgar.
4. A Justiça Restaurativa exclui a Justiça Tradicional? Não, pois a Justiça Restaurativa passa a ser uma opção apenas para alguns casos.
Aula 2
Objetivo
1. Identificar, no contexto da realidade jurídica norte-americana, as características e especificidades da Justiça Penal Consensual;
2. Reconhecer as diferenças entre a realidade processual brasileira e a americana;
3. Reconhecer as diferenças quanto à atuação dos personagens na realidade processual norte-americana.
Definição de elementos do sistema do common law dos EUA 
Quanto às estruturas governamentais norte-americanas, podemos dizer que elas são altamente delimitadas por divisões de poderes, tanto no aspecto vertical, quanto no aspecto horizontal. Outro aspecto do sistema anglo-americano, que o difere de tantos outros, é o da primazia com relação aos precedentes – case law. De acordo com os princípios do stare decisis – sistema segundo o qual decisões judiciais são seguidas em casos subsequentes que envolvam a mesma questão jurídica e fatos materiais similares –, de acordo com determinada circunstância, seguir o que determina o case law é obrigatório. A soberania está dividida entre as três ramificações, conhecida como “doutrina do federalismo”: 
· Legislativa – responsável pela criação das leis, 
· Executiva – responsável pela execução das leis e 
· Judiciária – responsável pela interpretação das leis. 
Constituição
Também define a sobreposição de poderes e as competências de forma cuidadosamente equilibrada, fazendo com que a carta se torne estável e suficiente para alcançar as expectativas de toda a nação, sem, no entanto, engessar ou liberar totalmente os poderes dos estados. A Constituição dos EUA é um documento com grande estabilidade. Ela vige desde 1787, com seu preâmbulo e seus sete artigos, e, apesar de tanta longevidade, só foi emendada vinte e sete vezes – vale mencionar que o processo de emenda à Constituição norte-americana é extremamente rígido – e suas características fundamentais continuam intactas desde a sua concepção. 
sistema do common law
Como regra, já que alguns estados seguem leis positivadas, possui diversas e abrangentes provisões, deixando para as cortes a função de desenvolver significados precisos para seus termos por meio de precedentes – case law -, característica que acaba dando-lhe flexibilidade para que possa evoluir e se adequar às mudanças dos tempos, sem se tornar obsoleta ou ultrapassada. Assim, é considerado um documento vivo por quem com ela trabalha e a ela se submete. Acaba adquirindo posição de destaque em um sistema que adota o common law (pode ser compreendido como o Direito desenvolvido pelos juízes, e não o Direito corporificado em um punhado de normas codificadas, como ocorre nos sistemas que adotam o civil law, como é o exemplo do Brasil).
 STARE DECISIS
É a tendência em seguir julgados já decididos anteriormente, os precedentes, ou seja, os casos concretos que foram decididos pelo Judiciário anteriormente devem vincular o julgador na avaliação de uma questão legal similar àquela que já foi julgada posteriormente, ou seja, as decisões acabam por transcender as partes envolvidas em um determinado caso concreto. Analisar e estudar o case law é uma característica da prática jurídica norte-americana. Mas, quando não se encontra um precedente similar ao caso concreto, ocorrerá o que os americanos chamam de matter of first impression e esta decisão vinculará as decisões similares a ela no futuro. 
ADVERSARIAL SYSTEM 
Outra característica marcante do sistema jurídico norte americano, onde as partes – através de seus advogados – são responsáveis por todo o andamento processual, tanto com relação aos fatos quanto com relação ao Direito. A função do Juiz é garantir que questões que tratam de conteúdo probatório e outras determinações legais sejam cumpridas e, principalmente, que questões que têm tratamento legal sejam levadas ao jury trial de acordo com a lei, observando os preceitos legais. No entanto, o julgamento em si é realizado pelo jury trial (é um corpo de jurados formado por pessoas leigas, mas com algum conhecimento jurídico, que são instadas a se pronunciar e decidir determinada causa, aplicando o Direito, seguindo as regras determinadas legal e judicialmente)
 Ministério Público – Prosecutor 
O provimento dos integrantes do Ministério Público nos EUA é por eleição, ressalvado os Estados de New Jersey, Connecticut, Rhode Island e Delaware. Este meio de provimento decorre da preocupação da Presidência dos EUA com a democratização das instituições, democratização esta que, desde 1820. Os eleitos são providos no cargo por quatro anos, se não houver nenhuma excepcionalidade. Por ser um cargo eletivo, a atuação destes profissionais acaba por se tornar extremamente partidária.
O Juiz – Judge 
Os Juízes no sistema jurídico americano também são eleitos. Os Juízes norte-americanos, seguindo a tradição anglo-saxônica, mostraram-se completamente contrários à plea bargaining, pelo menos durante o século XIX. Os Juízes eram mais bem remunerados que os membros do Ministério Público e exerciam suas funções de julgadores em tempo integral. O exercício de suas funções não era avaliado em função de qualquer taxa de condenações, como eram avaliados os prosecutors. Então, o prosecutor tinha motivação e poder de determinar condutas, pois sobre as mesmas ele podia barganhar, já que sobre as penas impostas ele nada tinha a fazer, pois eram determinações judiciais ou legais. O Juiz tinha o poder de determinar a pena, mas não aderia à ideia da plea bargaining, pois muitas vezes ficava restrito ao que o prosecutor trazia em sua acusação. Com isso, somente com a possibilidade da negociação da imputação, feita pelo prosecutor, conjuntamente com a possibilidade de negociação da pena, feita pelo Juiz, é que a plea bargaining system dos EUA realmente prosperou. Enfim, o prosecutor podia negociar com a imputação e o Juiz passou a poder atuar também negociando a pena imposta e a justiça consensuada passou a ser aplicada a todo tipo de crime, e não apenas às small claim courts.
O Defensor – Defender 
Nos EUA, observa-se que um dos mais competitivos ramos profissionais é o da Advocacia. Assim, o ponto diferenciador do sucesso ou do insucesso de um profissional do Direito é a relação tempo/lucro. A declaração de culpa é tão comum nos EUA que alguns advogados nunca levaram seus clientes a júri, são os chamados cop-out lawyers. Ademais, o que também incentiva a declaração de culpa é a forma através da qual os Advogados cobram por seus honorários, pois estes normalmente são cobrados no início do processo e de uma só vez. Comisso, os Advogados acabam por querer muito mais o curto caminho da aceitação de culpa do que o longo e dispendioso caminho do júri. Não se pode olvidar que, pelo fato de a aceitação de culpa ser tão comum e esperada em um processo, o Advogado que quiser aconselhar seu cliente a não a aceitar tem que estar muito certo do que está fazendo, porque, na dúvida, o guilty plea é o recomendável – when in doubt, cop him out. 
O arguido – Accused 
Nos EUA, o arguido ficando atraído pela aceitação de culpa em detrimento de um julgamento. O sistema da aceitação de culpa torna-se extremamente previsível, também pode negociar junto com seu defensor e com seu acusador a sua imputação, logo, a sua pena, sem surpresas. Somados a isto devem ser considerados os valores de um julgamento pelo júri e de eventuais recursos e, também, se o arguido já está cumprindo prisão preventiva, já que ela não é obrigatoriamente deduzida da pena final. Em seguida, se o agente estiver preso, é melhor que seja determinado logo a sua pena para que ele não fique na prisão por muito tempo em vão. No entanto, pode ser considerado como o maior benefício do negotiated system a questão do aligeiramento da pena, uma vez que neste sistema a natureza da pena, a sua medida e o seu modo de execução podem ser negociados, acabando por gerar, até mesmo, uma correção por parte do julgador, uma vez que este pode fixar uma pena mais branda na hipótese de o legislador ter sido por demais severo. Assim sendo, a plea bargaining tornou-se tão atrativa nos EUA, principalmente se for considerado a charge bargaining – o que não existe no Brasil –, já que traz um maior viés ressocializador, pois daria uma chance para que o agente passasse a seguir as regras de conduta social e da lei sem uma punição tão severa, como as prescritas pelo legislador. 
EXERCÍCIOS
1. O prosecutor é eleito em todos os estados dos EUA? Sim, na grande maioria.
2. O sistema americano é o de civil law? Não, é o de common law, baseado em precedentes.
3. No sistema americano há confusão entre o membro do Ministério Público e o Juiz? Não, cada um tem a sua função.
4. No sistema americano todas as leis são federais? Não, há leis estaduais e leis federais.
Aula 3
Objetivo
1. Analisar a diferença entre as realidades jurídicas do Brasil e dos EUA;
2. Analisar as estranhezas causadas pela aplicação de institutos que, em um primeiro momento, não estão adequados à cultura jurídica do Brasil.
O sistema jurídico dos EUA, small claim courts e plea bargaining system
A realidade jurídica norte-americana é regida pelo jury trial e pelo adversarial system. Basicamente, pode-se afirmar que um processo criminal nos EUA será solucionado seguindo um desses caminhos. No adversarial system, o Juiz funciona como um árbitro que tem como função precípua a organização do julgamento. Neste sistema, o Promotor de Justiça e o defensor duelam para convencer o Juiz dos seus propósitos. A argumentação é praticamente livre e tem-se como limite ético a obrigação de não desrespeitar a corte e a obrigação de não fazer falso testemunho, pois, neste caso, eles estariam incursos nas penas do crime de perjury, que se aproxima do falso testemunho brasileiro. 
adversarial systeM
Juiz eleito, regra nos EUA que comporta exceções – decidirá com base nos elementos trazidos pelas partes, ou seja, o Juiz não pode praticar nenhum ato probatório, nenhum ato de instrução e, ao final, ele decide única e exclusivamente com o que lhe é trazido pelas partes. 
 
jury trial 
Abarca a grande maioria dos processos naquele país, já que o réu pode optar por ir a júri popular. O jury trial é similar ao procedimento do Tribunal do Júri brasileiro, adotado apenas para julgamento de crimes dolosos contra a vida e conexos. É um procedimento onde pessoas comuns do povo julgam o seu semelhante. Neste tipo de julgamento, o veredito é alcançado através de um consenso (diferentemente do Brasil) e o réu terá a pena imposta pelos próprios jurados. Trata-se de um procedimento longo e altamente dispendioso. 
plea bargaining
Surgiu como uma exceção ao jury trial, ou melhor, surgiu como uma alternativa ao jury trial. O século XX, a taxa de condenação através da guilty plea alcançou o patamar de 90% das condenações ocorridas nos EUA. Teve sua constitucionalidade questionada, principalmente com relação à IVª, Vª, VIª e XIVª emendas à Constituição estadunidense. No entanto, a Suprema Corte, sob a presidência de Warren Burger, considerou as regras da plea bargaining constitucionais. Convém registrar que, além de considerá-la de acordo com a constituição, A Suprema Corte norte-americana recomendou e louvou sua prática. A legitimação da plea bargaining foi, ao final, atestada com a sua regulamentação nos instrumentos normativos estaduais e federal, neste último caso com a adição de regras respectivas às Federal Rules of Criminal Procedure.
OBS No entanto, o que tem que ser observado é que a caracterização do sistema acusatório é a separação entre as atividades das pessoas que figuram em um processo, a separação entre juiz, acusador e defensor. Outra característica do sistema acusatório é a igualdade entre acusação e defesa e, também, a publicidade e a oralidade. Com isso, parte da doutrina europeia considera o sistema acusatório norte-americano como “sistema acusatório puro”. 
Percebe-se daí um sério comprometimento com o ideário liberal norte-americano. Daí decorre a declaração de Combs no sentido de que:
“A plea bargaining floresceu nos EUA não apenas porque ela satisfaz uma necessidade funcional, mas também porque reflete e reforça características fundamentais das estruturas de poder e ideologia americanas”. 
Uma outra característica fundamental para o sucesso da justiça consensual norte-americana é a peculiaridade de o devido processo legal dar ao acusado a possibilidade de iniciar o processo perante o grand jury. O due process of law permite que o réu opte por ser julgado pelo grand jury, ou seja, o devido processo legal é um direito disponível do réu que pode apenas não querer exercer o seu direito de ir a júri popular e aceitar sua culpa. Ir a júri é um direito do acusado, é um meio de defesa. Com isso, fica clara outra diferença fundamental entre sistemas, que é a disponibilidade do devido processo legal. Verifica-se assim que o panorama jurídico-processual onde se aplica a plea bargaining é totalmente diferente do panorama jurídico processual brasileiro. Na verdade, pode-se ir além, afirmando-se que uma das formas de materialização do sistema acusatório puro dos EUA é a negociação de culpa. 
Como ele(a) é processado(a)? 
A negociação na plea bargaining pode ser bem ampla. As partes podem acordar sobre várias especificidades da conduta praticada. O prosecutor pode, discricionariamente, aventar todas as possibilidades de desfecho do processo, modificando tudo que possa, eventualmente, incidir sobre a punição do agente. Assim, tem o poder de arquivar todas as imputações, seja a mais grave ou a mais branda e pedir a absolvição com relação a algumas condutas e a condenação com relação a outras. Normalmente, isso ocorre quando a negociação se dá no meio do processo já iniciado. 
grand jury 
O sistema também tem suas peculiaridades que acabam por deixar a negociação como a única e melhor opção para o suposto autor do fato. No grand jury, apesar de parte da doutrina afirmar que os EUA adotam o sistema acusatório puro, ficam muito claros resquícios de características do sistema inquisitivo no processo penal, já que o suposto autor do fato e seu defensor não podem intervir durante a preliminary hearing (audiência preliminar de admissibilidade da lide). Os procedimentos anteriores à audiência têm como principal característica o segredo, sendo que as provas neles obtidas vão passando a ser de conhecimento do defensor, de acordo com a necessidade que o prosecutor tenha para persuadir os julgadores com relação à admissibilidade da causa. É certo que o sistema norte-americano também tem especificidades que fazem com que a negociação possa ser utilizada a favor doautor do crime, por exemplo, a fixação de prazos para a atuação ministerial, prazos estes fixados em lei, que, se descumpridos, podem gerar o arquivamento dos autos.
Assim, o prosecutor, ao se ver com prazos curtos para a sua atuação, acaba ficando mais generoso, a fim de viabilizar um acordo e não deixar o suposto crime praticado impune – o que geraria um imenso desapontamento de seus eleitores.
O princípio do devido processo legal e a Lei 9099/95
Como princípio constitucional, abrange o “conjunto de garantias de ordem constitucional que, de um lado, asseguram às partes o exercício de sua faculdade e poderes de natureza processual e, de outro lado, legitimam a própria função jurisdicional.” 
Mas o que é processo? 
Há muito tempo admite-se que o contraditório é um elemento do processo e a ampla defesa é o que torna possível o exercício do contraditório pelo réu no processo. Então, como os princípios constitucionais estão interligados para que se consubstancie o verdadeiro Estado Democrático de Direito. Quando se fala em cumprimento do devido processo legal, não se pode pensar apenas em estrito cumprimento do que está na lei, devem ser lembradas todas as ramificações do que significa o devido processo legal. Entendemos que todos os seus elementos são determinados pela Constituição. Desta forma, podemos concluir que, quando se utiliza o termo processo também estamos nos referindo ao contraditório, à ampla defesa, ao juiz natural, à motivação das decisões, à publicidade e a todos os princípios de observância obrigatória, de acordo com a Carta de 1988.
princípio do devido processo legal 
Busca assegurar todas as garantias processuais, tem como objetivo regular o curso da administração da justiça pelos juízes e tribunais, visando proteger o cidadão contra a ação arbitrária do Estado. Arbitrariedade esta que podemos observar no procedimento da aplicação da transação penal à medida em que imputa ao suposto autor do fato o cumprimento de uma pena mesmo antes de existir um processo. Vale lembrar que a homologação da transação penal pode ocorrer, e normalmente ocorre, mesmo antes do oferecimento da denúncia, violando frontalmente o princípio do devido processo legal.
O princípio da ampla defesa e a Lei 9099/95
Está previsto no art. 5º, LV, da Constituição Federal. A ampla defesa tem que ser ampla e irrestrita, não se resumindo a um simples direito de manifestação no processo. Efetivamente, o que se pretende assegurar, é uma pretensão à tutela jurídica. A transação penal, como posta na Lei 9099/95, tem sua constitucionalidade prejudicada, porque não pode a lei permitir a imposição de sanção, sendo certo que o autor está dispondo de um direito constitucionalmente indisponível. Podemos dizer que a solução consensual para a lide nos Juizados Especiais Criminais não é satisfatória, na medida em que há uma troca de permissões entre suposto o autor do fato e o Ministério Público legalmente prevista, mas não constitucionalmente prevista. O suposto autor do fato estaria renunciando a seu direito constitucionalmente assegurado de ter uma defesa ampla e irrestrita.
Conclusão, não tem exceções previstas na Constituição. A Constituição, ao prever o Juizado Especial Criminal, não autorizou o legislador infraconstitucional a elaborar uma lei em desacordo com a própria Constituição. O legislador constitucional não excepcionou o princípio da ampla defesa quando previu a Lei 9099/95.
O princípio do contraditório e a Lei 9099/95 
Impõe a conduta dialética do processo, pois determina que, sempre que for feito um pedido ou exposto um argumento contra determinada pessoa, deve ser dado a esta a oportunidade de se pronunciar sobre o pedido ou sobre o argumento, não se decidindo antes de tal oportunidade. O contraditório e a ampla defesa só se materializam quando o processo é bilateral, ou seja, quando as forças do processo, de busca e revelação da verdade, são distribuídas de forma irrestrita e igual entre as partes. Com isso, podemos concluir que não há contraditório na aplicação da transação penal, visto que esta é imposta sem que o suposto autor do fato se manifeste sobre a acusação que pesa contra ele. Muitas vezes, este suposto autor do fato não sabe sequer sobre o que está sendo, em tese, acusado, e aceita a transação penal, pois se sente coagido a fazê-lo pela forma através da qual a transação penal lhe é oferecida. 
O princípio da não culpabilidade ou da presunção de inocência e a Lei 9099/95 
Está previsto no art. 5°, LVII, da Constituição Federal. Este princípio determina que, até o trânsito em julgado de uma sentença penal condenatória, o agente deve ser tido com inocente. É de utilização contínua e perene em um processo. Dele podemos depreender que todos os elementos têm que ser interpretados favoravelmente ao réu, ou seja, presumindo a sua inocência. Com relação ao Juizado Especial Criminal, mais especificamente com relação à transação penal, o princípio da inocência, com seus consectários, está ou não sendo cumprido. O princípio da presunção de inocência não pode ser aniquilado diante de uma infração de menor potencial ofensivo. Se não estiver, o agente não poderá ser submetido ao Juizado Especial Criminal, muito menos ter o oferecimento da transação penal. O agente é presumidamente inocente. Então, não é possível responder a uma demanda no Juizado Especial Criminal sem nenhum conteúdo probatório que demonstre a possibilidade de ele ter praticado a conduta criminosa. A resposta só pode ser negativa, como bem assevera Aury Lopes Jr, quando afirma o seguinte:
“Mais grave ainda é a relativização da presunção de inocência e de todo o rol de direitos e garantias que fundam o devido processo legal. Em geral, os juízes e turmas recursais operam a partir de uma equivocada e inconstitucional lógica de que, se o fato é de menor gravidade (e a sanção também), haveria um menor nível de exigência probatória e rigor formal. Isso está completamente errado”.
EXERCÍCIOS
1. O sistema processual adotado nos EUA? Jury trial e adversarial system. 
2. O jury trial é adotado para qual tipo de crime nos EUA? Para qualquer crime. O réu pode optar por ir a jury trial por qualquer crime.
3. No sistema do grand jury a defesa tem acesso amplo e irrestrito a todo conteúdo probatório a ser exibido em plenário? Não, e esse é um dos grandes motivos que levam à aceitação da plea bargaining, já que o réu pode ser surpreendido por conteúdo probatório não acessado anteriormente ao julgamento. 
4. A aplicação da transação penal mesmo anteriormente ao oferecimento da denúncia gera alguma controvérsia constitucional? Sim, pois uma pena é aplicada independentemente de um devido processo legal.
Aula 4
Objetivo
1. Listar o acesso à Justiça e a adoção de uma nova postura do Estado-juiz como premissas metodológicas que explicam o atual estágio da justiça penal consensual;
2. Definir a coexistência da justiça penal tradicional, da consensual e da restaurativa.
três ondas de acesso à justiça
Preocupado com os obstáculos existentes no que tange ao acesso à Justiça, à eficaz composição de conflitos de interesses e, portanto, ao acesso a uma ordem jurídica justa que venha a mitigar a crise social. A primeira concernente à assistência judiciária visando possibilitar aos economicamente hipossuficientes o acesso à prestação jurisdicional. Desde 1950, Brasil foi promulgada a lei que regulamenta a “justiça gratuita” e se destaca na medida em que dispõe de rico material normativo acerca do tema, tal como o mandado de segurança coletivo, a ação civil pública e a ação popular. A terceira onda visa à qualidade, não da prestação jurisdicional, mas da Justiça conferida ao cidadão. Para que se efetive esta “qualidade” três são as soluções propostas: 
1. a reforma do Judiciário, 
2. a desformalização dos procedimentos e 
3. a valorização dos meios paraestatais de composição de conflitos.
As formas paraestatais de composição de conflitos de interesses ganham visibilidade por meio da conciliação, mediação e arbitragem.
· Conciliação: pode ser vista no próprio CPC(art.334), como solução endoprocessual.
· Arbitragem (lei n. 9307 de 1996): uma de suas principais vantagens, além da celeridade é a possibilidade da escolha pelas partes dentre especialistas de um julgador para o conflito em exame, diferentemente do que ocorre no processo judicial, onde o Estado-Juiz lhes é imposto, tornando-se a referida decisão, quando condenatória, título executivo judicial independentemente de homologação.
· Mediação: carente de concretização, tem-se a resolução do conflito pela figura do mediador, que não resolve o conflito, mas apenas conduz os interessados ao alcance da melhor solução.
De qualquer forma, diante da aplicação destes institutos paraestatais de resolução de conflitos como forma de se alcançar a efetiva Justiça não se pode olvidar que a sua efetiva utilização necessita essencialmente de aceitação cultural e não jurídica.
Voltando à expressão “acesso à justiça”, podemos afirmar que esta surgiu com a finalidade de significar um efetivo acesso a uma ordem jurídica justa sendo, em razão da amplitude de anseios da sociedade que abarca, de difícil conceituação, mas que apresenta duas vertentes facilmente perceptíveis: a primeira, que possibilita o acesso do indivíduo ao sistema jurídico para a composição de seus conflitos e a segunda, mais profunda, que vai além, visando o acesso não somente ao sistema jurídico estatal, mas à denominada ordem jurídica justa.
Justiça para pequenas causas 
A lei n. 7244/84 foi a primeira lei a versar sobre juizados de pequenas causas, todavia versava somente sobre matéria cível. Depois veio o art. 98, I, CRFB.
Incentivo aos meios alternativos de solução de conflitos 
Desde o Projeto Florença busca-se uma teoria para estes meios alternativos de solução de conflitos. Podemos classificar os meios alternativos de solução de conflitos em puros e híbridos:
Puros: toda a solução se dá fora do Poder Judiciário que nunca saberá do conflito, pois surge, é tratado e cumprido sem que o Poder Judiciário saiba de sua ocorrência. Mediação ativa: se envolve diretamente na solução do conflito, inclusive sugerindo soluções para o conflito, pois passa a interagir com as partes e, no Direito brasileiro, recebeu o nome de conciliação e encontramos com muita frequência nos Juizados Especiais Cíveis e Criminais.
Mediação passiva: recebe o nome de facilitador, pois tem uma restrição quanto ao objeto do conflito, pois resume o seu trabalho a retirar os obstáculos que impedem a solução do conflito; equipara-se muito a figura do terapeuta, logo é um trabalho mais moroso.
· Negociação: existe um contato direto entre as partes envolvidas.
· Mediação: por circunstâncias alheias à vontade das partes, haverá a intervenção de terceiro que, todavia, não tenha poder decisório, mas, tão somente sugestivo, por exemplo, em situações em que haja conflitos familiares, pois, as partes estão emocionalmente envolvidas.
· Arbitragem: Regulada pela lei n. 9307/96, também a intervenção de um terceiro, todavia este detém o poder decisório, mas não possui poder coercitivo, autoexecutório, o que o diferencia do juiz togado.
Híbridos: Demandam a interferência do Poder Judiciário para fins de validade e eficácia – homologação do meio alternativo de solução de conflitos pelo Estado-Juiz.
· Conciliação. Art.334, CPC. 
· Remissão. Art. 180, lei n. 8069/90.
· Termo de Ajustamento de Conduta – art.5º, §6º, lei n. 7347/85.
· Transação Penal – art.76, da Lei n. 9099/95.
Nova postura do Estado - Juiz 
Importante vislumbrarmos a figura do conflito, pois este é inerente à vida em sociedade e, consequentemente devemos nos preocupar com as formas de gerenciamento deste conflito. Muitas vezes a solução dos conflitos alcançada pelo Judiciário é conciliatória, sob o ponto de vista processual, jurídico, mas não, necessariamente, pacificadora. A partir desta premissa podemos compreender que a justiça restaurativa não pretende afastar a incidência da solução judicial dos conflitos, mas torná-las pacificadoras e, portanto, complementá-las na medida em que oferece respostas adequadas a estes tipos de conflitos e relacionamentos.
1. Justiça Penal Tradicional: Diversidade das condutas – todos os crimes são processados e julgados da mesma maneira;
2. Justiça Penal Consensual: teve como marco a lei n.9099/95 e trabalhou com as noções de infração penal de maior e menor potencial ofensivo.
3. Justiça Restaurativa: busca uma solução pacificadora de conflitos e não somente conciliadora; muito indicada para conflitos referentes a relações continuadas.
Justiça Penal Consensual 
Com o advento da começamos a discutir acerca da efetividade da justiça penal, por meio da análise de alguns temas, tais como:
· Extensão do princípio da obrigatoriedade da propositura da ação penal de iniciativa pública e sua possível flexibilização.
· Surge uma preocupação com o papel da vítima.
· Utilização de uma proporcionalidade dos meios punitivos – respeito ao binômio necessidade/utilidade das sanções penais.
· Respeito aos princípios da intervenção mínima, subsidiariedade e fragmentariedade do Direito Penal.
Justiça Penal Restaurativa 
Conjunto de práticas legítimas de resolução consensual de conflitos em busca de uma teoria e que contempla em seu ideário uma flexibilidade e a abertura como princípios – adaptável a conjunturas sociais, econômicas e culturais. Novas perspectivas acerca de alguns conceitos pré-determinados, tais como:
· deslocamento do foco do crime da transgressão à lei para a lesão à vítima e/ou comunidade; não se cogita da desconsideração do princípio da legalidade, pois este é conditio sine qua non, mas passamos a nos preocupar prioritariamente com a extensão dos danos causados às partes envolvidas. Podemos concluir pela inaplicabilidade aos delitos vagos;
· O objetivo da justiça criminal deve ser reconciliar pessoas e reparar os danos advindos do crime;
· O sistema de justiça criminal deve facilitar a ativa participação de vítimas, ofensores e suas comunidades, diferentemente do que ocorre no modelo de processo penal tradicional que evita a participação entre autor e vítima.Aspectos dogmáticos e criminológicos da Justiça Penal Restaurativa.
1. Restauração da paz jurídica: reparação do dano e conciliação.
2. Reintegração da vítima.
3. Revisão semântica do “direito de punir”. 
4. Prolongamento do princípio da intervenção mínima.
5. Reformulação da ideia de prevenção.
A Justiça Penal Restaurativa não deve ser confundida com desjudicialização, mas, ao contrário, o que se busca é a apropriação pelas partes de um conflito que lhes pertence através da adoção de uma das formas de democracia participativa no processo judicial. Ou seja, evitar a revitimização, pois a intervenção da Justiça Restaurativa é subjetiva e contextual. Busca-se minimizar a aplicação de um sistema punitivo e fomentar a complementariedade funcional com a utilização do sistema de mediação penal, ou seja, busca-se a complementação do devido processo legal pelo sistema reparador de conflitos e vice-versa no caso de ineficácia de um ou outro sistema.
modelo tradicional de justiça criminal 
Possui como objeto o crime e seu autor e tem por objetivo a verificação da responsabilidade jurídico-penal (modelos retributivo e ressocializador).
modelo alternativo de justiça criminal 
Possui como objeto a parte ofendida pelo crime e as suas consequências e tem por objetivo o ressarcimento da vítima e a restauração da paz pública.
Mediação Penal
Configura-se como atividade dialética de ativação do conhecimento situacional e normativo. Tem por escopo abrir um canal de comunicação na presença de um facilitador entre as partes para que estas resolvam se elas querem discutir ou não sobre um acordo. Se objetiva é estabelecer um diálogo entre as partes. Na mediação, por circunstâncias alheias à vontade das partes, haverá a intervenção de um terceiro que não possui poder decisório, mas, tão somente sugestivo, seja ele um mediador ou facilitador. Principais características da mediação penal.
I. Voluntariedade;
II. Confidencialidade e oralidade; 
III. Informalidade;IV. Neutralidade do mediador;
V. Ativo envolvimento comunitário;
VI. Autonomia em relação ao sistema de justiça. 
Requisitos da mediação penal: podemos citar os mesmos para a intervenção da justiça penal tradicional, quais sejam: 
I. existência de evidências suficientes para acusar o ofensor e com o consentimento livre e voluntário dele e da vítima;
A Mediação penal é completamente diferente do modelo de transação adotado pelo Juizado Especial Criminal, não apenas pela distinção das figuras de mediador, facilitador e conciliador, mas, também pela ausência de voluntariedade no que concerne à transação do Juizado Especial Criminal. Afirmado que é dentro do sistema do Juizado Especial Criminal pode ser utilizado um espaço normativo para a adoção de práticas restaurativas. Busca-se é a aplicação do sistema de justiça restaurativa em uma fase pré- processual, portanto, pré-acusação e pré-instrução com vistas a não incidência do sistema tradicional de justiça criminal.
EXERCÍCIOS
1. Em que consistem as três ondas renovatórias de Mauro Cappelletti? Consistem em ondas para viabilizar o acesso à Justiça: A primeira onda concernente à assistência judiciária, a segunda relacionada aos interesses “metaindividuais” e a terceira alusiva à qualidade, não da prestação jurisdicional, mas da justiça conferida ao cidadão.
2. O Dentre os meios alternativos de resolução de conflitos híbridos, podemos citar: Conciliação, remissão, termo de ajustamento de conduta e transação penal.
3. Quando se inicia uma análise sobre a justiça penal consensual, há a necessidade de mudança de foco com relação à dinâmica processual. Diante dessa afirmação, podem ser consideradas como novas perspectivas de aplicação de justiça penal consensual, exceto: Preocupação com o papel do juiz em seus julgamentos.
4. Quais são as principais características da mediação penal? Voluntariedade, confidencialidade e oralidade, informalidade, neutralidade do mediador, ativo envolvimento comunitário, autonomia em relação ao sistema de justiça.
Aula 5
Objetivo
1. Reconhecer a aplicabilidade da Lei 9099/95;
2. Identificar a aplicabilidade da medida despenalizadora da composição dos danos civis;
3. Distinguir a aplicabilidade do sursis processual.
Juizados Especiais Criminais
Foi previsto no art. 98, I, da CF, no âmbito da justiça estadual, com competência para os crimes de menor potencial ofensivo, os quais inicialmente não foram definidos pelo legislador.
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
Em síntese, é possível definir a competência da seguinte maneira: 
a) juizado especial criminal federal: todos crimes da competência da justiça federal com pena máxima igual ou inferior a dois anos; 
b) juizado especial criminal estadual: todas as contravenções penais e todos os crimes com pena máxima igual ou inferior a dois anos.
Fases do procedimento:
1. Lavratura do termo circunstanciado;
2. Audiência preliminar;
· Composição dos danos civis;
· Representação da vítima;
· Transação penal;
· Oferecimento da denúncia ou queixa-crime;
3. Audiência de instrução e julgamento;
· Renovação da proposta de composição dos danos civis;
· Representação da vítima;
· Renovação da proposta de transação penal;
· Defesa preliminar;
· Recebimento da denúncia ou queixa;
· Proposta de suspensão condicional do processo;
· Oitiva da vítima;
· Oitivas das testemunhas de acusação;
· Oitivas das testemunhas de defesa;
· Interrogatório;
· Alegações finais;
· Sentença.
A Lei 9099/95 trouxe as medidas despenalizadoras, que surgiram como verdadeiras mudanças de paradigma na lógica processual penal. São elas: composição dos danos civis, transação penal e sursis processual.
Composição dos danos civis
Trata-se de uma medida despenalizadora que consiste num acordo cível celebrado entre a vítima e o suposto autor do fato. 
Art. 74, Lei 9099/95. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.
Se houver tal acordo, cabe ao juiz homologá-lo por sentença. Se o acordo não for cumprido, a sentença, que terá o status de título executivo judicial, poderá ser executado no juízo cível competente.
Transação penal
 Art. 76, Lei 9099/95. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
Sursis Processual ou Proposta de suspensão condicional do processo 
O artigo prevê a suspensão condicional do processo ou sursis processual. As infrações que permitem a aplicação do sursis processual são chamadas de infrações de médio potencial ofensivo. São aquelas cuja pena mínima seja até um ano. 
Art. 89, Lei 9099/95. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II - proibição de frequentar determinados lugares;
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade.
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.
EXERCÍCIOS
1. A Lei 9099/95 prevê quais medidas despenalizadoras? Composição dos danos civis, transação penal e sursis processual.
2. A composição dos danos civis pode ocorrer em crimes de ação penal pública incondicionada? Sim, mas não gera nenhum efeito processual, pois se houver justa causa, o Ministério Público prosseguirá com o processo.
3. Gisele praticou um crime de lesão corporal culposa simples no trânsito, vitimando Maria Clara. Gisele, então, procura seu advogado para saber se faz jus a alguma medida despenalizadora, visto que já foi condenada definitivamente por uma vez à pena restritiva de direitos pela prática de furto e que já se beneficiou do instituto da transação há 7 anos. Deverá o advogado esclarecer sobre o benefício que: Poderá ser oferecida proposta de transação penal, composição dos danos civis e sursis processual.
4. João foi denunciado pela prática de furto simples, crime de médio potencial ofensivo. O Ministério Público aooferecer a denúncia não apresenta a proposta de sursis processual. Agiu corretamente o membro do parquet? Não, pois o sursis processual é um direito do réu e o Ministério Público é obrigado a oferecê-la independentemente de qualquer requisito.
Aula 6
Objetivo
1. Examinar a transação penal com uma visão comparativa à plea bargaining norte-americana;
2. Reconhecer o tratamento legal da transação penal com todas as suas especificidades;
3. Analisar as consequências da aplicação da transação penal no ordenamento jurídico pátrio.
transação penal
É do que um acordo entre o Ministério Público e o suposto autor do fato, para que este, uma vez aceita a transação penal, tenha a extinção da punibilidade por uma infração de menor potencial ofensivo sem que jamais tenha existido um processo relativo à infração penal de menor potencial ofensivo propriamente dito e sem que o agente aceite a responsabilidade pelo crime por ele, em tese, praticado, no que difere fortemente do sistema jurídico norte-americano.Observações:
4. Podemos ter a transação penal em crimes de ação penal privada?
5. A transação penal e a justa causa.
6. A transação penal é pena?
7. Quem aceita a transação penal não aceita a responsabilidade pela prática do crime. Verdade?
8. 5 – A transação penal e o princípio da obrigatoriedade.
Art. 76, Lei 9099/95. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
 § 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz.
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.
Súmula vinculante número 35 - A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.
transação penal e a Constituição de 1988 
Com seus 250 artigos, não pode ser vista apenas como mais uma lei em nosso ordenamento jurídico. Ela deve ser compreendida como a Lei das Leis, pois serve como limitação jurídica ao governo. Isso significa que a Constituição, vista como um todo, deve ser o norte de todo o ordenamento jurídico. Não podemos utilizar a Carta de 1988 de forma relativizada, apenas adotando o que agrada e afastando o que não agrada. Deste modo, os preceitos constitucionais surgem para guiar todas as demais normas, a fim de fundamentar as relações processuais e nortear os cidadãos, não consentindo que estes retornem ao estado do “homem é o lobo do homem”. A Constituição, para Bonavides, é conceituada da seguinte forma: “é o estabelecimento de poderes supremos, a distribuição da competência, a transmissão e o exercício da autoridade, a formulação dos direitos e garantias individuais e sociais”. 
princípio da obrigatoriedade e a transação penal
Não está expressamente previsto no ordenamento jurídico, mas é extraído da leitura do art. 24, do CPP, principalmente o seu caráter imperativo, que determina que, em ação penal pública, o Ministério Público, preenchidas as condições para o regular exercício do direito de ação e a presença da justa causa, está obrigado a oferecer a denúncia, independentemente de razões ou impressões pessoais. O oferecimento da denúncia não é uma opção para o Ministério Público, mas sim uma obrigação, que não pode deixar de ser observada por quaisquer razões. 
princípio da indisponibilidade e a transação penal
O artigo determina que o Ministério Público não pode desistir da ação penal, ou seja, uma vez iniciada a ação penal, com o oferecimento da denúncia, o Ministério Público tem que praticar todos os atos para a resolução do mérito do conflito, não podendo por nenhum motivo abandonar a causa.
Art. 42, CPP. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.
EXERCÍCIOS
1. Com relação à aplicação das medidas despenalizadoras previstas na Lei 9099/95, podemos afirmar que: Para o oferecimento da transação penal, o MP deve considerar a pena máxima cominada no tipo penal.
2. João foi beneficiado com o oferecimento de uma transação penal de prestação de serviço à comunidade pela prática de uma infração de menor potencial ofensivo. Ocorre que no segundo mês João não a cumpriu. O que acontecerá com João? João será denunciado pelo Ministério Público.
3. Gisele praticou um crime de lesão corporal culposa simples no trânsito, vitimando Maria Clara. Gisele, então, procura seu advogado para saber se faz jus à transação penal, esclarecendo que já foi condenada definitivamente por uma vez a pena restritiva de direitos pela prática de furto e que já se beneficiou do instituto da transação há 7 anos. Deverá o advogado esclarecer que: A condenação pela prática de furto e a transação penal obtida há 7 anos não impedem o oferecimento de proposta de transação penal.
4. Maria foi acusada de ter praticado um crime de ameaça contra Aline. No dia da audiência preliminar, Maria aceitou a transação penal ofertada pelo MP. Um mês depois, Maria foi novamente acusada de ter praticado um crime de ameaça, agora contra Fernanda. Diante do exposto, pergunta-se: De qual (quais) medidas despenalizadoras Maria poderá se utilizar? Composição dos danos civis e sursis processual.
Aula 7
Objetivo
1. Descrever a colaboração premiada com uma visão comparativa à plea bargaining norte-americana;
2. Analisar o tratamento legal da colaboração premiada com todas as suas especificidades;
3. Identificar as consequências da aplicação da colaboração premiada no ordenamento jurídico pátrio.
colaboração/delação premiada
A colaboração premiada também tem seu nascedouro na justiça penal consensual, haja vista que também se trata de um acordo entre Ministério Público ou Autoridade Policial e indiciado ou processado. Desta forma, a colaboração premiada também passa a ser mais uma forma de aplicação da justiça penal consensual norte-americana no Brasil. 
ANÁLISE HISTÓRICA 
A delação premiada, no Brasil, teve a sua primeira previsão nas Ordenações Filipinas, de 1603, as quais vigeram até a entrada em vigor do Código Criminal, de 1830. Aliás, cabe registrar que, naquela época, se utilizava a expressão "perdão", e não delação premiada. Mas o objetivo neste momento é expor os dispositivos atualmente aplicáveis para que, então, se possa ter uma visão mais abrangente da delação premiada. 
PREVISÃO LEGAL ATUALMENTE APLICÁVELLei 9269/96 – ALTEROU O CÓDIGO PENAL
Art. 159, § 4°, do CP - se o crime for cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
Lei 9807/99 – TRATA DA PROTEÇÃO A VÍTIMA E A TESTEMUNHAS AMEAÇADAS
Art. 13, da Lei 9807/99 - Poderá o juiz,de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão judicial e a consequente extinção da punibilidade ao acusado que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal, desde que dessa colaboração tenha resultado: 
I - a identificação dos demais coautores ou partícipes da ação criminosa; 
II - a localização da vítima com a sua integridade física preservada; 
III - a recuperação total ou parcial do produto do crime.
Lei 9807/99 – TRATA DA PROTEÇÃO A VÍTIMA E A TESTEMUNHAS AMEAÇADAS
Art. 14, caput, da Lei 9807/99 - o indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais coautores ou partícipes do crime, na localização da vítima com vida e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um a dois terços.
LEI 8072/90 – LEI DOS CRIMES HEDIONDOS
Art. 8º, parágrafo único, da Lei 8072/90 - O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando o seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços. 
Lei 9080/95, QUE INSERIU O INSTITUTO NA LEI 7492/86 E NA LEI 8137/90. 
Lei 7492/86 - TRATA DOS CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
Art. 25, §2º, da lei 7492/86 - Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços.
Lei 8137/90 - TRATA DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, ECONÔMICA E CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO
Art. 16, parágrafo único, da lei 8137/90 - Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços.
Lei 11343/06 – INSTITUI O SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS
Art. 41, da Lei11343/06 - o indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais coautores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços.
Lei 12529/11 – ESTRUTURA O SISTEMA BRASILEIRO DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA – SBDC
Art. 86, da Lei 12529/11 - O Cade, por intermédio da Superintendência-Geral, poderá celebrar acordo de leniência, com a extinção da ação punitiva da administração pública ou a redução de 1 a 2/3 da penalidade aplicável, nos termos deste artigo, com pessoas físicas e jurídicas que forem autoras de infração à ordem econômica, desde que colaborem efetivamente com as investigações e o processo administrativo e que dessa colaboração resulte: 
I - a identificação dos demais envolvidos na infração; e 
II - a obtenção de informações e documentos que comprovem a infração noticiada ou sob investigação. 
§ 1o O acordo de que trata o caput deste artigo somente poderá ser celebrado se preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisitos: 
I - a empresa seja a primeira a se qualificar com respeito à infração noticiada ou sob investigação; 
II - a empresa cesse completamente seu envolvimento na infração noticiada ou sob investigação a partir da data de propositura do acordo; 
III - a Superintendência-Geral não disponha de provas suficientes para assegurar a condenação da empresa ou pessoa física por ocasião da propositura do acordo; 
IV - a empresa confesse sua participação no ilícito e coopere plena e permanentemente com as investigações e o processo administrativo, comparecendo, sob suas expensas, sempre que solicitada, a todos os atos processuais, até seu encerramento. 
§ 2o Com relação às pessoas físicas, elas poderão celebrar acordos de leniência desde que cumpridos os requisitos do§ 1o artigo. 
§ 3o O acordo de leniência firmado com o Cade, por intermédio da Superintendência-Geral, estipulará as condições necessárias para assegurar a efetividade da colaboração e o resultado útil do processo. 
§ 4o Compete ao Tribunal, por ocasião do julgamento do processo administrativo, verificado o cumprimento do acordo: 
I - decretar a extinção da ação punitiva da administração pública em favor do infrator, nas hipóteses em que a proposta de acordo tiver sido apresentada à Superintendência-Geral sem que essa tivesse conhecimento prévio da infração noticiada; 
II - nas demais hipóteses, reduzir de 1 a 2/3 as penas aplicáveis, observado o disposto no art. 45 desta Lei, devendo ainda considerar na gradação da pena a efetividade da colaboração prestada e a boa-fé do infrator no cumprimento 
§ 12°Em caso de descumprimento do acordo de leniência, o beneficiário ficará impedido de celebrar novo acordo de leniência pelo prazo de 3 anos, contado da data de seu julgamento.
Art. 87. Nos crimes contra a ordem econômica, tipificados na Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos demais crimes diretamente relacionados à prática de cartel, tais como os tipificados na Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, e os tipificados no art. 288 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, a celebração de acordo de leniência, nos termos desta Lei, determina a suspensão do curso do prazo prescricional e impede o oferecimento da denúncia com relação ao agente beneficiário da leniência. 
Parágrafo único. Cumprido o acordo de leniência pelo agente, extingue-se automaticamente a punibilidade dos crimes a que se refere o caput deste artigo. 
Lei 12683/12 – ALTEROU A LEI 9613/98 PARA TORNAR MAIS EFICIENTE A PERSECUÇÃO PENAL DOS CRIMES DE LAVAGEM DE DINHEIRO
O art. 1°, § 5°, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. 
 do acordo de leniência. 
§ 5o Na hipótese do inciso II do § 4o deste artigo, a pena sobre a qual incidirá o fator redutor não será superior à menor das penas aplicadas aos demais coautores da infração, relativamente aos percentuais fixados para a aplicação das multas de que trata o inciso I do art. 37 desta Lei. 
§ 6o Serão estendidos às empresas do mesmo grupo, de fato ou de direito, e aos seus dirigentes, administradores e empregados envolvidos na infração os efeitos do acordo de leniência, desde que o firmem em conjunto, respeitadas as condições impostas. 
§ 7o A empresa ou pessoa física que não obtiver, no curso de inquérito ou processo administrativo, habilitação para a celebração do acordo de que trata este artigo, poderá celebrar com a Superintendência-Geral, até a remessa do processo para julgamento, acordo de leniência relacionado a uma outra infração, da qual o Cade não tenha qualquer conhecimento prévio. 
§ 8o Na hipótese do § 7o deste artigo, o infrator se beneficiará da redução de 1/3 da pena que lhe for aplicável naquele processo, sem prejuízo da obtenção dos benefícios de que trata o inciso I do § 4o deste artigo em relação à nova infração denunciada. 
§ 9o Considera-se sigilosa a proposta de acordo de que trata este artigo, salvo no interesse das investigações e do processo administrativo. 
§ 10°Não importará em confissão quanto à matéria de fato, nem reconhecimento de ilicitude da conduta analisada, a proposta de acordo de leniência rejeitada, da qual não se fará qualquer divulgação. 
§ 11°A aplicação do disposto neste artigo observará as normas a serem editadas pelo Tribunal. 
no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal).
§ 3o O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveispor igual período, até que sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional.
§ 4o Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia se o colaborador:
I - não for o líder da organização criminosa;
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo.
§ 5o Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos.
§ 6o O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor.
§ 7o Realizado o acordo na forma do § 6o, o respectivo termo, acompanhado das declarações do colaborador e de cópia da investigação, será remetido ao juiz para homologação, o qual deverá verificar sua regularidade, legalidade e voluntariedade, podendo para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, na presença de seu defensor.
§ 8o O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais, ou adequá-la ao caso concreto.
 
Lei 12850/13 – DEFINE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
Art. 4º, da Lei 12850/13 - O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3, a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas;
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa;
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa;
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa;
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.
§ 1o Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso e a eficácia da colaboração.
§ 2o Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se,
de 1 a 2/3 da penalidade aplicável, nos termos deste artigo, com pessoas físicas e jurídicas que forem autoras de infração à ordem econômica, desde que colaborem efetivamente com as investigações e o processo administrativo e que dessa colaboração resulte: 
I - a identificação dos demais envolvidos na infração; e 
II - a obtenção de informações e documentos que comprovem a infração noticiada ou sob investigação.
§ 1°O acordo de que trata o caput deste artigo somente poderá ser celebrado se preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisitos: 
I - a empresa seja a primeira a se qualificar com respeito à infração noticiada ou sob investigação; 
II - a empresa cesse completamente seu envolvimento na infração noticiada ou sob investigação a partir da data de propositura do acordo; 
III - a Superintendência-Geral não disponha de provas suficientes para assegurar a condenação da empresa ou pessoa física por ocasião da propositura do acordo;
IV - a empresa confesse sua participação no ilícito e coopere plena e permanentemente com as investigações e o processo administrativo, comparecendo, sob suas expensas, sempre que solicitada, a todos os atos processuais, até seu encerramento. 
§ 2°Com relação às pessoas físicas, elas poderão celebrar acordos de leniência desde que cumpridos os requisitos do § 1°deste artigo. 
§ 3°O acordo de leniência firmado com o Cade, por intermédio da Superintendência-Geral, estipulará as condições necessárias para
 § 9°Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado de polícia responsável pelas investigações.
§ 10°As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor.
§ 11°A sentença apreciará os termos do acordo homologado e sua eficácia.
§ 12° Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denunciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo a requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial.
§ 13°Sempre que possível, o registro dos atos de colaboração será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações.
§ 14°Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na presença de seu defensor, ao direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade.
§ 15°Em todos os atos de negociação, confirmação e execução da colaboração, o colaborador deverá estar assistido por defensor.
§ 16°Nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações de agente colaborador. 
Lei 12529/11 – ESTRUTURA O SISTEMA BRASILEIRO DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA – SBDC
Art. 86, da Lei 12529/11 - O Cade, por intermédio da Superintendência-Geral, poderá celebrar acordo de leniência, com a extinção da ação punitiva da administração pública ou a redução
§ 8°Na hipótese do § 7o deste artigo, o infrator se beneficiará da redução de 1/3 (um terço) da pena que lhe for aplicável naquele processo, sem prejuízo da obtenção dos benefícios de que trata o inciso I do § 4o deste artigo em relação à nova infração denunciada. 
§ 9°Considera-se sigilosa a proposta de acordo de que trata este artigo, salvo no interesse das investigações e do processo administrativo. 
§ 10° Não importará em confissão quanto à matéria de fato, nem reconhecimento de ilicitude da conduta analisada, a proposta de acordo de leniência rejeitada, da qual não se fará qualquer divulgação. 
§ 11° A aplicação do disposto neste artigo observará as normas a serem editadas pelo Tribunal. 
§ 12°Em caso de descumprimento do acordo de leniência, o beneficiário ficará impedido de celebrar novo acordo de leniência pelo prazo de 3 anos, contado da data de seu julgamento.
Art. 87. Nos crimes contra a ordem econômica, tipificados na Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos demais crimes diretamente relacionados à prática de cartel, tais como os tipificados na Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, e os tipificados no art. 288 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, a celebração de acordo de leniência, nos termos desta Lei, determina a suspensão do curso do prazo prescricional e impede o oferecimento da denúncia com relação ao agente beneficiário da leniência. 
Parágrafo único. Cumprido o acordo de leniência pelo agente, extingue-se automaticamente a punibilidade dos crimes a que se refere o caput deste artigo. 
 assegurar a efetividade da colaboração e o resultado útil do processo. 
§ 4° Compete ao Tribunal, por ocasião do julgamento do processo administrativo, verificado o cumprimento do acordo: 
I - decretar a extinção da ação punitiva da administração pública em favor do infrator, nas hipóteses em que a proposta de acordo tiver sido apresentada à Superintendência-Geral sem que essa tivesse conhecimento prévio da infração noticiada; ou 
II - nas demais hipóteses, reduzir de 1 a 2/3 as penas aplicáveis, observado o disposto no art. 45 desta Lei, devendo ainda considerar na gradação da pena a efetividade da colaboração prestada e a boa-fé do infrator no cumprimento do acordo de leniência.§ 5°Na hipótese do inciso II do § 4o deste artigo, a pena sobre a qual incidirá o fator redutor não será superior à menor das penas aplicadas aos demais coautores da infração, relativamente aos percentuais fixados para a aplicação das multas de que trata o inciso I do art. 37 desta Lei. 
§ 6°Serão estendidos às empresas do mesmo grupo, de fato ou de direito, e aos seus dirigentes, administradores e empregados envolvidos na infração os efeitos do acordo de leniência, desde que o firmem em conjunto, respeitadas as condições impostas. 
§ 7°A empresa ou pessoa física que não obtiver, no curso de inquérito ou processo administrativo, habilitação para a celebração do acordo de que trata este artigo, poderá celebrar com a Superintendência-Geral, até a remessa do processo para julgamento, acordo de leniência relacionado a uma outra infração, da qual o Cade não tenha qualquer conhecimento prévio. 
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa;
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa;
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.
§ 1°Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso e a eficácia da colaboração.
§ 2°Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal).
§ 3°O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por até 6 meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional.
§ 4°Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia se o colaborador:
I - não for o líder da organização criminosa;
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo.
§ 5°Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade ou
 
Lei 12683/12 – ALTEROU A LEI 9613/98 PARA TORNAR MAIS EFICIENTE A PERSECUÇÃO PENAL DOS CRIMES DE LAVAGEM DE DINHEIRO
Dentre as novidades trazidas pelo diploma legal referido, merece destaque o art. 1°, § 5°, da Lei 9613/98 - A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. 
Lei 12850/13 – DEFINE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
Art. 4º, da Lei 12850/13 - O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas;
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa;
 será admitida a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos.
§ 6°O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor.
§ 7°Realizado o acordo na forma do § 6o, o respectivo termo, acompanhado das declarações do colaborador e de cópia da investigação, será remetido ao juiz para homologação, o qual deverá verificar sua regularidade, legalidade e voluntariedade, podendo para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, na presença de seu defensor.
§ 8°O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais, ou adequá-la ao caso concreto.
§ 9°Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado de polícia responsável pelas investigações.
§ 10°As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor.
§ 11°A sentença apreciará os termos do acordo homologado e sua eficácia.
§ 12°Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denunciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo a requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial.
§ 13°Sempre que possível, o registro dos atos de colaboração será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações.
§ 14°Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na presença de seu defensor, ao direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade.
§ 15 ° Em todos os atos de negociação, confirmação e execução da colaboração, o colaborador deverá estar assistido por defensor.
§ 16°Nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações de agente colaborador. 
EXERCÍCIOS
1. A delação premiada surge de qual modelo de resolução de conflito penal? Modelo consensuado
2. No que se refere à delação premiada disposta no parágrafo 4º do artigo 159 do Código Penal, é correto dizer que: Norma advinda pelo artigo 7º da Lei nº 8072, de 25 de julho de 1990, não basta a simples delação, exigindo o tipo a efetiva libertação da vítima. Trata-se de uma causa de diminuição de pena de caráter obrigatório. A expressão "concorrente" refere-se a qualquer participante da quadrilha (coautor ou partícipe). Sendo certo que haja concorrentes para a existência da delação premiada, aproveita ainda quando cometido por apenas dois sequestradores.
3. O ato de premiar quem colabora com a resolução de um crime só passou a existir com a entrada em vigor da Lei 12850/13? Não, há registros que essa prática decorre desde as ordenações filipinas.
4. A delação premiada pode ser utilizada como exceção a quais princípios aplicáveis às ações penais públicas? Só aos princípios da obrigatoriedade e da indisponibilidade.
Aula 8
Objetivo
1. Identificar as críticas trazidas pela doutrina à justiça penal consensual e à plea bargaining norte-americana;
2. Avaliar as críticas ao instituto da transação penal quanto ao seu aspecto prático no ordenamento jurídico brasileiro;
3. Listar críticas ao acordo de colaboração premiada: Críticas éticas e abordagem prática.
Críticas à justiça penal consensual norte-americana
Apesar de para alguns autores a plea bargaining ser uma excelente opção, há quem entenda que a plea bargaining merece muitas críticas. Há quem entenda que se trata de uma justiça de mercado.
 
Críticas ao sistema de plea bargaining 
Uma grande crítica se refere ao poderio dado ao prosecutor, que fica como todo poderoso da situação, principalmente dos casos em que a questão probatória é fraca, mas o réu fica com medo de se submeter ao processo e ser condenado, é o chamado weak evidence cases. 
Weak evidence cases 
É exatamente com relação aos weak evidence cases que o prosecutor acaba fazendo as maiores injustiças. Isto também ocorre nos casos em que os defensores se mostram resistentes a fazer acordos. Nestes

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