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Puerpério fisiológico e patológico O puerpério tem inicio após a dequitação (saída da placenta), o término é incerto, há literaturas que defendem o término em 6 meses e outras em 12 meses. O concento de final é quando há o retorno do organismo materno ao estado pré gravídico. Classificação: Puerpério imediato: até 2 horas após o parto; Puerpério mediato: de 2 horas até o final do 10 dia após o parto; Puerpério tardio: do inicio do 11º dia até o retorno da menstruação ou 6-8 semanas nas lactentes; Puerpério remoto Modificações anatômicas e fisiológicas Contração uterina: importante para o miotamponamento (compressão das arteríolas) e diminuição do volume uterino. O útero em 24 horas está na altura da cicatriz umbilical. Em uma semana está entre a sínfise púbica e a cicatriz umbilical, no 12º dia vai estar na borda superior da sínfise púbica, de 6 a 8 semanas mantém o volume pré gravídico. A involução do útero é mais rápido nas mulheres que amamentam. Assim que nasce o bebê o útero pesa 1kg, de 6 a 8 semanas ele volta para um peso de 60g (até 120g é aceitável). O útero de multíparas e de pacientes que fazem cesárea tem uma involução do útero mais lenta. Não há evidências de que a medida de volume uterino no pós parto imediato prediga risco maior ou menor de complicações. Nos primeiros dias essa puérpera queixa de cólica abdominais nos primeiros 3 dias são fisiológicas (contração uterina). As cólicas são mais intensas em multíparas e aumenta com a amamentação (por liberação de ocitocina que estimula a contração uterina), nas primeiras 12 horas as contrações são coordenadas, regulares e de forte intensidade. Quando ocorre a dequitação placentária existe uma persistência da porção basal da decídua placentária. A decídua vai dar origem a duas novas camadas: Superficial: sofre descamação; Profunda: responsável pela regeneração do novo endométrio até o 16º dia O processo de regeneração uterina mais a involução uterina libera transudato e exsudatos formados por leucócitos, eritrócitos, decídua, células epiteliais e bactérias. Essas células são liberadas por via vaginal e recebem o nome de LOQUIOS, que nada mais é que a saída de sangue ou secreção vaginal após o parto. De 3 a 4 dias é chamado de lochia rubra em que está presente quantidade de eritrócitos suficientes para que lochios tenha uma coloração vermelha. Até o 10º dia chama-se de lochia fusca que não tem tantos eritrócitos e os que tem já foram um pouco degradados, a coloração serosanguinolenta mais acastanhada, devido a hemoglobina semidegradada. Após o 10º dia é chamada de loquia flava ocorre incorporação de leucócitos e diminuição do volume de loquiação, gerando uma coloração amarelada e posteriormente esbranquiçada (loquia alba). O volume de loquiação varia de 200 a 500ml com duração de 4 a 8 semas, a duração e o volume não sofrem influência de variáveis materno-fetais. O uso de ocitocina não diminui a perda de sangue no pós parto imediato, assim como não acelera a involução uterina (em uma situação fisiológica). O sangramento pós parto é diferente de loquiação. Após a dequitação há contração do local de implantação da placenta, reduzindo o mesmo a metade do seu diâmetro original. A hemostasia imediata é feita por contração da camada de músculos lisos das artérias do local (miotamponamento). Por volta de 2 semanas o diâmetro encontra-se entre 3 e 4 cm, e o endométrio se regenera a partir das glândulas e do estroma da decídua basal. Colo uterino possui muitas alterações principalmente no parto normal, após a expulsão fetal e dequitação o colo encontra-se amolecido e com pequenas lacerações. A dilatação do orifício externo do colo pode ficar de 2 a 3 cm nos primeiros dias e menos que 1 cm de dilatação com 1 semana. A medida que a dilatação regride o colo torna-se mais espesso e ele tem uma cicatrização transversa, o reparo total do colo acontece de 6 a 12 semanas. No pós parto imediato a vagina vai estar alargada e bem lisa por conta do edema, ocorre uma redução gradual das dimensões dela, porém raramente se igualando ao período pré gravídico. A rugosidade reaparece na terceira semana de puerpério devido a regressão do edema e da vascularização. Pode ocorrer uma frouxidão da musculatura pélvica por distensão da fáscia + trauma. Alguns pacientes relatam tremores no pós parto que são comuns (25 a 50%). Ele começa de 1 a 30 minutos após a dequitação e vai demorar de 2 a 60 minutos de duração, não se sabe a causa ainda, isso é, patogênese desconhecida podendo ser hemorragia materno-fetal, microembolia amniótica, retenção termogênica materna e hipotermia. Deve-se fazer o suporte clínico, manter hidratação, prevenir a perda de calor. A parede abdominal no pós parto imediato a musculatura está bem frouxa, a volta do tônus normal pode demorar de 6 a 12 semanas. Essa mulher pode experimentar uma diástase do reto abdominal e uma frouxidão tegumentar. Na imagem há um abdômen normal, gravídico e com diástase. Nessa imagem há uma frouxidão de pele, comum em casos de distensão muito grande, gestão múltiplas, diabéticas, polidrâmnio. No pós parto a mulher perde 14 da série vermelha (na gestação ocorre aumento de 30%). Pode ocorrer leucocitose fisiológica até 25000 leucócitos é tranquilo, plaquetocitose, linfopenia relativa e eosinopenia absoluta. Após a dequitação ocorre queda do número de plaquetas com aumento rebote. O fibrinogênio plasmático, o fator VIII e plasminogênio diminuem durante o TP, normalizando entre o 3º e o 5º dia após o parto. O HCG com retorno aos níveis normais entre 2 e 4 semanas. HCG e esteroides sexuais encontram-se diminuídos nas 2 ou 3 semanas iniciais do puerpério. Em pacientes não lactentes a menstruação pode retornar de 7 a 9 semanas (em média 45 dias). Nas lactentes não dá para saber quando vai voltar a menstruação porque a prolactina vai inibir a secreção pulsátil de GnRH de modo que a mulher fique meses sem amenorreia. Metade do ganho ponderal da gestação é perdido em até 6 semanas de puerpério. Ocorre uma perda imediata de 4,5 a 6 Kg correspondente ao feto, líquido e placenta. Foi feito um estudo com 1423 mulheres suecas em que foi registrado aumento de sobrepeso (no grupo de nulípara 13% apresentavam sobrepeso e no grupo de quem já tinha engravidado 21% de sobrepeso). Uma média de peso acumulado de 1,5 a 3,8 Kg após o parto. como causa foi identificado: ganho excessivo na gestação, raça negra, obesidade prévia, interrupção do tabagismo. O maior risco de ganho de peso abrange as adolescentes, etnias, estado civil, intervalo entre gestações e tempo de retorno ao serviço são fatores de risco que devem ser considerados. A amamentação pouco contribui para a perda ponderal no puerpério (embora muita gente acredite nisso), dieta e exercícios são indicados sem restrições (parto vaginal), em caso de cesárea deve-se respeitar o tempo de recuperação cirúrgica. Toda gestante tem uma alteração da densidade mineral óssea associada a lactação e amenorreia. Após o parto há diminuição generalizada da DMO (limitada e reversível) que na maioria das mulheres é normalizada entre 12 e 18 meses, porém quando a mulher entra em lactação e amenorreia isso pode atrasar um pouco. A complementação com cálcio ou exercício parece não melhorar a perda da densidade mineral óssea. Na pele a mulher pode ter aparecimento de estrias em mamas, abdômen e quadril. O coasma que é a pigmentação da face habitualmente desaparece no puerpério. O eflúvio telógeno que é a queda de cabelo pode se manter de 1 a 5 meses após o parto. a restauração do padrão normal de crescimento de cabelo ocorre de 6 a 15 meses de pós parto. No sistema urinário existe um problema, essa mulher apresenta uma bexiga com maior capacidade de armazenamento, a mucosa vai estar edemaciada o fundo de útero vai comprimir o ureter. Uso de analgésicos (morfina em epidural).A maioria das gestantes com dilatação pielocalicial ao USG até 6 semanas após o parto por conta da compressão ureteral do concepto. Isso causa estase urinária que aumenta o risco para ITU, principalmente em mulheres submetidas a cesárea que é uma cirurgia que manipula o sistema urinário, além de alguns médicos usarem sonda na paciente. 0,5% dos partos vaginais cursam com retenção urinária no pós parto imediato. A retenção urinária é considerada “ausência de micção espontânea após 6 horas do parto ou da remoção da SVD (se cesárea)”, ela pode ocorrer também por lesão de pudendo. Dentre os fatores de risco há primiparidade, parto instrumentado, primeiro e segundo período prolongado. No sistema urinário pode acontecer incontinência urinária (de 3 a 26%) entre 3 a 6 meses, o fator de risco é duração do 2º período, circunferência cefálica do feto, peso do nascimento e episiotomia (quando feita). Quanto as mamas na primeira metade da gestação ocorrem a proliferação das células alveolares mamárias, formação de ductos novos e desenvolvimento da arquitetura lobular. Na segunda metade da gestação diminui a proliferação e ocorre troca das células epiteliais para células secretoras que passam a gerar o colostro. O colostro é uma secreção alcalina e amarelada que pode já estar presente nos últimos meses de gravidez ou, surge nos primeiros 2 a 5 dias após o parto. Possui maior teor de minerais, proteínas, vitamina A, imunoglobulinas, menor concentração de carboidratos e gorduras, além disso, ele possui ainda proteínas do complemento e macrófagos. O leite possui 7% de carboidratos (lactose), 3 a 5 % de gordura, 0,9% de proteínas e 0,2% de minerais. As proteínas presentes são principalmente caseína, alfalactoalbumina, lactoferrina, imunoglobulina A (IgA), lisozima e albumina. Enzimas que contribuem para a digestão do próprio leite, todas as vitaminas com exceção da vitamina K, em concentrações nutricionais adequadas. Assistência ao puerpério A mulher precisa de suporte emocional e tranquilidade porque é um momento em que ela vai ter grande labilidade emocional. Informações médicas auxiliam na confiança para cuidar do RN, importante a presença do pai. É preciso aferir temperatura, PA, FC, e FC em intervalos regulares (4X ao dia). O exame físico geral deve ser feito, mas com foco na mama, abdômen, trato urinário, períneo e MMII (avaliar sinal de trombose venosa profunda na panturrilha). Monitorar sangramento vaginal da paciente, fundo de útero. Deve-se avaliar de maneira global ela no 4º período que é uma hora após o parto. Queixas frequentes: Cólicas abdominais, dor episiorrafia ou ferida operatória, ingurgitamento mamário (edemaciada). Deve-se fazer analgesia com anti-inflamatório simples a cada 6 a 8 horas para minimizar o desconforto. Se ela apresentar dor episiorrafia deve-se ficar atento para hematoma, infecção, colocar gelo no local e spray anestésico. Além de promover uma boa higiene perineal na paciente. Dieta e deambulação: A dieta deve ser liberada o mais breve possível, deve- se evitar jejum prolongado em qualquer paciente cirúrgico. A deambulação precoce diminui a taxa de complicação urinária e obstipação, assim como de trombose profunda (mais para parto cesárea). Paciente apresenta hipercoagulabilidade persistente por 3 semanas (a tríade da trombose é hipercoagulabilidade, lesão endotelial e estase, por isso é importante fazer a paciente deambular). Se a paciente apresentar retenção urinária deve-se primeiro tentar um tratamento não invasivo com analgesia, banho quente, molhar as mãos em água corrente fria. Se tiver bexigoma é preciso fazer cateterismo vesical. Doença hemorroida Queixa frequente nas puérperas (com aparecimento o piora de quadro já existente). Em um estudo prospectivo randomizado mostrou-se que 7,8% das gestantes apresentam hemorroidas externas trombosadas no final da gestação e 20% no pós parto. é muito prevalente por dificuldade de drenagem, aumento de pressão, aumento de congestão vascular pélvica. Alta hospitalar Quando é um parto vaginal não complicado a alta é em 24 horas, nas cesáreas em 48 horas. É preciso orientar quanto aos cuidados com as mamas, períneo, ferida operatória e RN. Puerpério patológico Algumas mulheres apresentam: Infecção puerperal; Hemorragia pós-parto; Afecções das mamas; Transtornos psiquiátricos A infecção puerperal tem como fator de risco anemia, alimentação, a atividade sexual, rotura prematura de membranas (causa de infecção coronarianas). Dentre os fatores de risco intraparto há contaminação bacteriana, exame genital repetitivo, luvas e instrumentários, além de trauma local (com laceração de tecidos, tecidos desvitalizados, ferimentos intraoperatórios) e hemorragias (hematomas que podem infectar-se secundariamente). As principais portas de entrada de infecção são: cicatriz placentária, decídua muito fina e cicatriz operatória (caso de cesárea). Os principais agentes etiológicos são microrganismos da vagina e do útero, mas que viram patológicos na presença dos vários tecidos necróticos ou hematomas. Pode ocorre infecções de períneo, vagina e colo: A fascite necrotizante é uma complicação muito grave e rara. Acomete as áreas de sutura, laceração gerando extensa necrose que se espalha até aos músculos e nas fáscias. Normalmente a “flora” é polimicrobiana. O incidente é característico para as diabéticas e as pessoas com imunidade baixa; A infecção aparece após 3 a 5 dias pós-parto e, as vezes, parece somente um infecção pélvica banal. Pode levar à septicemia e morte; Tratamento: drenagem eficiente, debridamento cirúrgico agressivo e tratamento antibiótico de espectro amplo com monitorização em CTI. Essa paciente pode ter infecção da episiorrafia: trajeto avermelhado, edematoso, dolorido e através dos fios de sutura escorre um líquido purulento (leito e espesso) Tratamento para a infecção da episiorrafia: Infecção do útero É a forma mais comum (endometrite aguda), ela começa de 3 a 4 dias pós parto. a paciente começa a evoluir com febre, útero amolecido, dolorido e hipoinvoluído com útero 3 a 4 cm acima da cicatriz umbilical. Essa paciente pode apresentar loquiação fétida e as vezes purulenta, queda do estado geral, abatida e não tem sinal de irritação peritoneal. Infecção de parede abdominal Geralmente em casos de cesárea a paciente costuma apresentar hiperemia, calor, celulite e secreção purulenta. A oxacilina é usada porque ela pega Estafilococos. Complicações das infecções das endometrites: No pós parto essa mulher pode evoluir para uma trombose venosa profunda que é comum, pode ser assintomática e é considerada como alto risco para induzir a embolia profunda. Trombose venosa superficial: limitada ao sistema de veias de safenas. Pode ser tratada com analgésicos, repouso e meia elástica. Trombose venosa profunda: dor e edema da perna e da coxa, acompanhada de espasmo arterial reflexo que determina palidez e extremidades geladas. Tratamento com heparina. Hemorragia puerperal Classificada como sangramento excessivo que vai tornar a paciente assintomática (vertigem, síncope, hipotensão, taquicardia e oligúria). É a principal causa de mortalidade materna, considerada primária até 24 horas no pós-parto e secundária após 24 horas até 6 a 12 semanas do pós parto. dentre as causas há tônus, trauma, tecido, trombo (4Ts). Prevenção: 10 UI de citocina IM durante a dequitação. Fatores de risco: Anestesia geral; Hipotensão Tp (trabalho de parto) prolongado Tp muito rápido Atonia anterior Super distensão do útero (gemelaridade, polidrâmnio, macrossomia) Diagnóstico: sangramento vaginal não necessariamente volumoso, mas vai causar hipovolemia séria. O útero subinvoluido, acima da cicatriz umbilical, flácido e depressivo. A metilegonovia age contraindo o útero. O misoprostolpode ser feito até 400 microgramas. Os últimos 4 pontos são para casos extremos. A manobra de Hamilton é complicada, porque as vezes o médico não consegue fazer. É feito revisão do canal de parto para ver se algo ficou pra trás, algum ponto ou laceração. Sutura de B-Lynch Em caso de retenção placentária é feita a manobra de Credé por meio de palpação no fundo do útero na tentativa de soltar a placenta, caso não dê certo é feito a extração manual da placenta. Hematomas vulvares e vaginais Desenvolvimento rápido Dolorido; É preciso involuir ou drenar Forma uma tumefação dolorida e tensa; Pode ser subendoteliais e supravaginais necessitam de laparoscopia. Raro Inversão uterina É um evento raro que pode acontecer por Tração exagerada do cordão umbilical; Placenta firmemente aderia ao útero Esvaziamento súbito Apresentação clínica: dor aguda e hemorragia precoce que leva ao choque neurogênico rapidamente, fundo uterino deprimido ao exame. Anomalias dos mamilos Os mamilos planos ou invertidos que podem aparecer algumas fissuras. Esses mamilos causam uma dificuldade de pega no bebê de modo que ele vai machucar a mama. Mastite puerperal Inflamação do parênquima das glândulas mamárias (evolui com dor, rubor, calor, febre); Precedida de ingurgitamento dos seios. St aureus Analgésicos, antitérmicos, esvaziar a mama, atb – celalexina 10-14 dias (cefalosporina 1 geração) Manter aleitamento na mama acometida (só interrompe se sair pus) Abcesso mamário o Coleção purulenta no parênquima mamário. A psicose pós-parto Se manifesta como síndrome depressiva e tendência de suicídio e infanticídio (bem grave), rejeição do bebê. Blues puerperal: 60% das puérperas o Tristeza e choro fácil o Gosta do RN o Deseja amamentar o Inicio no 3º dia e desaparece no 14º dia o Pode evoluir para depressão Depressão pós parto o 4 semanas de puerpério o Depressão maior o O tratamento é psiquiátrico Doença hemorroidária Queixa frequente nas pacientes que pode ser agravada ou aparecer no pós parto, é muito comum em partos traumáticos ou em recém nascidos muito grandes. Amenorreia pós parto (Sd, de Asherman) É uma sinequia da mucosa uterina; Causada por traumas de curetagem, infecções uterinas, cicatrização anormal da mucosa uterina. Complicações pós-anestesia Complicações respiratórias – laringoespasmo e apneumonia de aspiração (aspiração do vomito). Cefaléia pós-raquianestesia
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