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Transtornos do Sono-Vigília

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1 Bruna Lago Santos 
 
 
 
 
 
 
O sono é regulado por diversos mecanismos básicos, e, quando esses sistemas param de funcionar de 
maneira correta, ocorrem os transtornos do sono. A seguir, os termos usados nesta seção para diagnosticar 
e descrever os transtornos do sono: 
➢ Latência do sono: período de tempo desde o apagar das luzes até o surgimento do estágio 2 do sono; 
➢ Despertar cedo na manhã: tempo continuamente acordado desde o último estágio do sono até o fim 
do registro de sono (em geral às 7h); 
➢ Eficiência do sono: período total dormido ou período total do registro do sono × 100; 
➢ Índice de apneia: número de apneias maiores do que 10 segundos por hora de sono; 
➢ Índice de mioclono noturno: número de movimento periódicos da perna por hora; 
➢ Latência do movimento rápido dos olhos (REM): período de tempo desde o início do sono até o 
primeiro período REM da noite; 
➢ Período REM no início do sono: sono REM nos primeiros 10 minutos do sono. 
 
• CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSTORNOS DO SONO NO DSM-5 
Lista 10 transtornos ou grupos de transtornos como transtornos do sono-vigília. Classifica os transtornos do 
sono com base nos critérios diagnósticos clínicos e na etiologia presumida. Esses transtornos descritos 
no DSM-5 representam apenas uma fração dos transtornos do sono conhecidos; eles estabelecem uma 
estrutura de avaliação clínica. As classificações dos transtornos do sono-vigília de acordo com o DSM-5 
incluem os seguintes: 
1. Transtorno de insônia 
2. Transtorno de hipersonolência 
3. Narcolepsia 
4. Transtornos do sono relacionados à respiração 
a. Apneia e hipopneia obstrutivas do sono 
b. Apneia central do sono 
 i. Apneia central do sono tipo idiopática 
 ii. Respiração de Cheyne-Stokes 
 iii. Apneia central do sono comórbida com uso de opioides 
c. Hipoventilação relacionada ao sono 
5. Transtornos do sono-vigília do ritmo circadiano: 
a. Tipo fase do sono atrasada 
b. Tipo fase do sono avançada 
c. Tipo sono-vigília irregular 
d. Tipo sono-vigília não de 24 horas 
e. Tipo trabalho em turnos 
f. Tipo não especificado 
6. Parassonias 
7. Transtornos de despertar do sono não REM 
a. Tipo sonambulismo 
b. Tipo terror no sono 
8. Transtorno do pesadelo 
9. Transtorno comportamental do sono REM 
10. Síndrome das pernas inquietas 
11. Transtorno do sono induzido por substância/medicamento 
 
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• TRANSTORNO DE INSÔNIA 
A insônia é definida como uma dificuldade de iniciar ou manter o sono. É a reclamação mais comum do sono, 
podendo ser transitória ou persistente. Atualmente se reconhece que a insônia pode ser uma condição 
independente. Os terapeutas atuais preferem oferecer alívio e administrar os sintomas. No passado, 
argumentava-se que, se a insônia estava relacionada com a depressão, tratar a insônia ocultaria a depressão 
e, assim, interferiria no tratamento dessa doença. Isso não parece acontecer! 
 
Descritivamente, a insônia pode ser categorizada em termos de como afeta o sono (p. ex., insônia da fase 
inicial do sono, insônia de manutenção do sono, ou despertar antes do horário normal). A insônia também 
pode ser classificada de acordo com sua duração (p. ex., transitória, de curto prazo e de longo prazo). 
➢ Tratamento farmacológico. A insônia primária é comumente tratada com benzodiazepínicos, 
zolpidem, eszopiclona, zaleplon e outros hipnóticos. Drogas hipnóticas devem ser usadas com cuidado. 
Em geral, medicamentos para dormir não devem ser prescritos por mais de duas semanas, em razão 
da tolerância e da abstinência que podem resultar. Os agonistas dos receptores benzodiazepínicos 
representam o padrão atual dos medicamentos sedativo-hipnóticos usados para esse tratamento. Os 
medicamentos para dormir de longa ação (p. ex., flurazepam, quazepam) são melhores para insônia 
no meio da noite; os fármacos de curta ação (p. ex., zolpidem, triazolam) são úteis para pessoas que 
têm dificuldade para pegar no sono. O agonista do receptor da melatonina ramelteon também foi 
aprovado para o tratamento de insônia. Antidepressivos sedativos, tais como trazodona, também são 
frequentemente prescritos como auxílios para dormir. 
A melatonina é o principal dos suplementos alimentares autoadministrados famosos por aliviarem a 
insônia. Ela é um hormônio endógeno produzido pela glândula pineal ligado à regulação do sono. A 
administração de melatonina exógena, contudo, mostrou resultados mistos na pesquisa clínica. 
 
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A maioria dos medicamentos hipnóticos é aprovada para uso de curto prazo, e não de longo prazo. 
Exceções incluem zolpidem, eszopiclona e ramelteon, todos aprovados para terapias de longo prazo. 
Quando usados de modo apropriado, os hipnóticos podem oferecer alívio imediato e adequado para 
a falta de sono. No entanto, a insônia normalmente retorna quando da descontinuação do 
medicamento. 
➢ Terapia cognitivo-comportamental. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) como modalidade 
de tratamento usa uma combinação de técnicas cognitivas e comportamentais para superar 
comportamentos disfuncionais, percepções errôneas e ideias distorcidas sobre o sono. As técnicas 
comportamentais incluem higiene universal do sono, terapia de controle de estímulo, terapia de 
restrição do sono, terapias de relaxamento e biofeedback. 
➢ Higiene universal do sono. Um achado comum é o de que o estilo de vida do paciente leva a 
perturbações do sono. Isso costuma ser expresso como higiene do sono inadequada, referindo-se a 
um problema em seguir práticas geralmente aceitas que ajudam a dormir. Isso inclui, por exemplo, 
manter horários regulares para deitar e levantar, evitar cafeína excessiva, não fazer refeições pesadas 
antes de deitar e fazer exercícios adequados. Muitos comportamentos podem interferir no sono, 
aumentando a excitação do sistema nervoso perto da hora de dormir ou alterando os ritmos 
circadianos. 
 
• TRANSTORNO DE HIPERSONOLÊNCIA 
A sonolência excessiva (hipersonolência) é uma condição grave, debilitante, potencialmente fatal e não 
transmissível. Ela afeta não só o indivíduo afligido como também sua família, seus colegas de trabalho e o 
público em geral. A sonolência pode ser consequência de: 
1. sono insuficiente, 
2. disfunção neurológica básica nos sistemas cerebrais reguladores do sono, 
3. sono perturbado ou 
4. fase do ritmo circadiano de um indivíduo. 
A dívida do sono produzida por sono insuficiente é cumulativa. Se uma pessoa reduz a duração do sono em 
1 a 2 horas por noite e continuar com esse regime por uma semana, a sonolência irá alcançar níveis 
patológicos. Quando a dívida de sono é adicionada à perturbação do sono ou a uma disfunção 
neurológica básica nos mecanismos do sono, há um risco aumentado de que o indivíduo pegue no sono 
inesperadamente. O início do sono, nessas circunstâncias, caracteristicamente ocorre sem aviso. 
A sonolência pode ser episódica e ocorrer como ataques irresistíveis de sono, ocorrer de manhã como 
embriaguez de sono ou ser crônica. Fadiga, cansaço e sonolência são termos empregados pela maioria das 
pessoas como sinônimos; contudo, é possível estar cansado, mas sem sono; ter sono, mas não estar cansado; 
ou estar com sono e cansado. 
Nesta seção, o termo SONOLÊNCIA irá referir-se à propensão a pegar no sono e, quando extrema, à 
incapacidade de se manter acordado. A sonolência afeta adversamente a atenção, a concentração, a 
memória e os processos cognitivos mais elevados. Resultados graves da sonolência incluem fracasso 
escolar, perda de emprego, acidentes com veículos automotores e desastres industriais. 
 
TIPOS DE HIPERSONIA: 
➢ Síndrome de Kleine-Levin. A síndrome de Kleine-Levin é uma condição relativamente rara, 
consistindo em períodos recorrentes de sono prolongado (do qual os pacientes podem ser 
despertados) com períodos intercalados de sono normal e vigília alerta. Durante os episódios 
hipersônicos, períodosdespertos costumam ser marcados por retração de contato social e retorno à 
cama na primeira oportunidade. Essa síndrome é a hipersonia recorrente mais reconhecida, apesar de 
ser incomum. Em sua forma clássica, os episódios recorrentes são associados com sonolência extrema 
(períodos de sono de 18 a 20 horas), alimentação voraz, hipersexualidade e desinibição (p. ex., 
 
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agressão). Os episódios costumam durar de alguns dias a várias semanas e aparecem de 1 a 10 vezes 
por ano. 
➢ Hipersonia relacionada à menstruação. Em algumas mulheres, episódios recorrentes de hipersonia 
estão relacionados ao ciclo menstrual, em que elas apresentam episódios intermitentes de hipersonia 
marcante no início (ou pouco tempo antes) da menstruação. O tratamento com contraceptivos orais 
é efetivo, então se acredita que o transtorno seja secundário a um desequilíbrio hormonal. 
➢ Hipersonia idiopática. A hipersonia idiopática (HI) apresenta-se de várias formas. Ela pode estar 
associada com períodos de sono muito longos, após os quais o indivíduo continua com sono. 
Também pode ocorrer sem períodos de sono longo. Essa hipersonia é um transtorno de sonolência 
excessiva em que os pacientes não apresentam os sintomas auxiliares relacionados com narcolepsia. 
Diferentemente da narcolepsia, o sono costuma ser bem preservado, e a eficiência do sono 
permanece alta, mesmo em formas associadas com horários de sono muito prolongados (12 horas 
ou mais). Além do mais, o paciente adormece logo se recebe a oportunidade de cochilar no dia 
seguinte. Diferentemente dos indivíduos privados de sono, o padrão de sono não se modifica até 
mesmo após várias noites de sono estendido. Como o nome indica, a etiologia da hipersonia 
idiopática não é conhecida; no entanto, presume-se uma causa no sistema nervoso central. 
➢ Síndrome do sono insuficiente induzida por comportamento. A síndrome do sono insuficiente 
surge da não observância do indivíduo aos horários de sono-vigília. Ela costuma ser subclínica e 
ocorre em uma grande proporção da população. Quando um indivíduo vai se privando cada vez mais 
de sono, em algum momento, sua dívida de sono terá de ser paga. A sonolência excessiva associada 
com sono insuficiente pode ser provocada por uma refeição pesada, ingestão de pequenas doses de 
álcool, um ambiente quente e atividade sedentária. A síndrome do sono insuficiente é diagnosticada 
quando um indivíduo não reserva quantidade de tempo suficiente para dormir e, como resultado, 
sofre de sonolência ao longo do dia, fadiga, perda de concentração, prejuízo de memória, 
irritabilidade e problemas de humor. 
➢ Hipersonia devida a condição clínica. Condições clínicas conhecidas por causarem hipersonia 
incluem trauma encefálico, AVC, encefalite, doença de Parkinson, condições inflamatórias, doenças 
genéticas e doenças neurodegenerativas. 
➢ Hipersonia devida a droga ou substância. A sonolência pode ser causada por uso ou abuso de 
hipnóticos sedativos, anti-histamínicos sedativos, antiepilépticos, neurolépticos e apioides 
analgésicos. A hipersonia também pode ser provocada por abstinência de estimulantes tradicionais 
(cocaína, anfetaminas), cafeína ou nicotina. 
 
➢ A hipersonia causada por sono insuficiente é tratada estendendo-se e regularizando-se o período 
de sono. 
➢ Se, contudo, for resultado de narcolepsia, condições clínicas ou hipersonia idiopática, a sonolência 
costuma ser manejada farmacologicamente. 
a) Não há cura para essas condições, mas os sintomas são tratados com a substância promotora de 
vigília modafinil (primeira linha de tratamento) ou psicoestimulantes tradicionais, como 
anfetaminas e seus derivados (se modafinil falhar). 
b) Para narcolepsia (discutida a seguir), fármacos de supressão do sono REM (p. ex., muitos 
antidepressivos) são usados para tratar a cataplexia (perda súbita de tônus muscular). Essa 
abordagem faz uso das propriedades anticolinérgicas supressoras de REM desses fármacos. 
Como a cataplexia é, presumivelmente, uma intrusão dos fenômenos do sono REM no estado de 
vigília, o raciocínio é claro. Muitos relatos indicam que a imipramina e a protriptilina são bastante 
efetivas para reduzir ou eliminar a cataplexia. Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina 
(ISRSs) ganharam popularidade por estar associados com menos efeitos colaterais do que os 
antidepressivos tricíclicos. Mais recentemente, o oxibato de sódio provou ser de extrema eficácia 
 
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para reduzir a cataplexia, mesmo em casos refratários a outros tratamentos. Estudos também 
sugerem que o oxibato de sódio ajude a melhorar o sono e alivie um pouco da sonolência 
associada com a narcolepsia. Apesar de as farmacoterapias serem os tratamentos de primeira 
escolha, a abordagem de tratamento geral deve incluir cochilos programados, ajuste de estilo de 
vida, aconselhamento psicológico, intervalos dos fármacos para reduzir a tolerância (se forem 
usados estimulantes) e monitoramento cuidadoso de uso de medicamentos além do prescrito, da 
saúde geral e do estado cardíaco. 
 
• NARCOLEPSIA 
A narcolepsia é uma condição caracterizada por sonolência excessiva, assim como sintomas auxiliares que 
representam a intrusão de aspectos do sono REM no estado de vigília. 
Os ataques de sono da narcolepsia representam episódios de sonolência irresistível, podendo levar a 10 a 
20 minutos de sono, após os quais o paciente se sente revigorado, pelo menos brevemente. Eles podem 
ocorrer em momentos impróprios (p. ex., enquanto come, conversa, dirige ou faz sexo). 
O sono REM inclui: 
a) alucinações hipnagógicas: experiências perceptivas, associadas a fenômenos visuais, táteis e auditivos, 
que acontecem na transição entre a vigília e o sono, ou seja, ao adormecer. 
b) alucinações hipnopômpicas: experiências similares, todavia, ocorrem na transição entre sono e vigília, 
isto é, ao despertar. Decorrem da persistência de experiências oníricas no início do sono ou após 
acordar. 
c) cataplexia 
d) paralisia do sono: Incapacidade temporária de se mover ou falar ao adormecer ou ao acordar. 
A aparência do sono REM em 10 minutos após o início do sono (períodos REM de início de sono) também 
é considerada evidência de narcolepsia. O transtorno pode ser perigoso porque pode levar a acidentes 
automotivos e industriais. 
É uma anormalidade dos mecanismos do sono (especificamente, mecanismos de inibição do REM) e foi 
estudada em cães, ovelhas e seres humanos. A narcolepsia pode ocorrer em qualquer idade, mas costuma 
ter início na adolescência ou no início da vida adulta, em geral antes dos 30 anos. O transtorno pode progredir 
lentamente ou alcançar uma estabilidade que se mantém por toda a vida. 
➢ Os sintomas mais comuns são os ataques de sono: as pessoas não conseguem evitar pegar no sono. 
➢ Com frequência associada ao problema (perto de 50% dos casos de longo prazo) está a cataplexia, 
uma perda repentina de tônus muscular, como abertura de mandíbula, queda da cabeça, fraqueza 
dos joelhos ou paralisia de todos os músculos esqueléticos com queda. Os pacientes em geral 
permanecem acordados durante episódios breves de cataplexia; os episódios longos normalmente se 
fundem com o sono e exibem sinais eletrencefalográficos do sono REM. 
➢ Outros sintomas incluem alucinações hipnagógicas ou hipnopômpicas. As pessoas costumam ficar 
momentaneamente assustadas, mas em 1 a 2 minutos voltam a seu estado mental normal e se 
conscientizam de que não havia nada ali. 
➢ Outro sintoma incomum é a paralisia do sono, que ocorre com mais frequência ao despertar de 
manhã; durante os episódios, as pessoas parecem estar acordadas e conscientes, mas são incapazes 
de mover um músculo. Se persistir por mais de alguns segundos, como costuma ocorrer na 
narcolepsia, o sintoma pode ficar muito desconfortável. 
➢ Indivíduos com narcolepsia relatam adormecer rapidamente à noite, mas costumam ter sono 
fragmentado. 
 
Anarcolepsia é o exemplo prototípico de sonolência produzida por uma disfunção básica dos mecanismos 
do sono no sistema nervoso central. A etiologia vem de uma disfunção e um déficit de hipocretina de 
 
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origem genética motivados. Acredita-se que o sistema de hipocretina (neurotransmissor que regula a 
excitação, vigília e apetite) exerça um papel fundamental na narcolepsia. 
 
A forma clássica da narcolepsia (narcolepsia com cataplexia) é caracterizada por quatro sintomas: (1) 
sonolência excessiva durante o dia, (2) cataplexia, (3) paralisia do sono e (4) alucinações hipnagógicas. 
➢ Não existe cura para a narcolepsia, mas é possível administrar os sintomas. Um regime de cochilos 
forçados em um período específico do dia às vezes ajuda os pacientes com essa condição, e, em 
alguns casos, o regime sozinho, sem medicação, chega perto de curá-la. 
➢ Quando a medicação é requerida, os estimulantes são os mais usados. O modafinil, um receptor 
agonista α1-adrenérgico, foi aprovado pela FDA para reduzir o número de ataques de sono e para 
melhorar o desempenho psicomotor na narcolepsia. Os especialistas do sono frequentemente 
prescrevem fármacos tricíclicos ou ISRSs para reduzir a cataplexia. Essa abordagem faz uso das 
capacidades de suprimir o sono REM desses fármacos. 
➢ Apesar de a farmacoterapia ser o tratamento de escolha, a abordagem terapêutica geral deve incluir 
sonecas programadas, ajuste do estilo de vida, aconselhamento psicológico, intervalos dos 
medicamentos para reduzir a tolerância e monitoramento cuidadoso do uso dos medicamentos além 
do prescrito, da saúde geral e do estado cardíaco. 
 
 
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• TRANSTORNOS DO SONO RELACIONADOS À RESPIRAÇÃO 
A respiração perturbada do sono inclui condições que variam de síndrome da resistência da via aérea superior 
a apneia do sono obstrutiva grave. Os comprometimentos respiratórios relacionados ao sono, como a apneia 
(ausência de fluxo de ar) e a hipopneia (redução do fluxo de ar), costumam ser causados por obstrução das 
vias aéreas; contudo, às vezes, a redução respiratória é o resultado de alterações centrais (no tronco 
cerebral) no controle ventilatório, de fatores metabólicos ou de insuficiência cardíaca. 
Cada evento respiratório prejudicado pelo sono pode ser classificado como central, obstrutivo ou misto. A 
apneia central refere-se a esforço respiratório reduzido ou ausente. 
No DSM-5, três transtornos estão inclusos na categoria de transtornos do sono relacionados à respiração: 
➢ Apneia e hipopneia obstrutivas do sono. Também conhecidas como apneia obstrutiva do sono 
(AOS), são caracterizadas por obstrução repetitiva ou parcial da via aérea superior durante o sono. 
Conforme a pessoa adormece, a resistência das vias aéreas aumenta. Em alguns indivíduos, isso leva 
a um esforço respiratório aumentado ou a oclusão das vias aéreas. Esses períodos de obstrução 
funcional da via aérea superior resultam na redução de saturação arterial de oxigênio e despertar 
transitório, após o que a respiração (ao menos por um curto período) recomeça normalmente. 
Um episódio de apneia do sono é definido como cessação de respiração por 10 segundos ou mais 
durante o sono. Durante um episódio de apneia obstrutiva, o esforço respiratório continua, mas o 
fluxo de ar cessa devido a perda de patência aérea. Uma redução na respiração de pelo menos 10 
segundos é chamada de hipopneia. Obstruções parciais (hipopneia) podem causar despertar e 
fragmentação do sono. Uma redução consequente da ventilação pode reduzir as concentrações de 
oxi-hemoglobina. 
DIAGNÓSTICO: Características clínicas associadas com AOS e hipopneia incluem sonolência 
excessiva, ronco, obesidade, sono inquieto, despertar noturno engasgado ou em busca de ar, boca 
seca pela manhã, dores de cabeça de manhã e suor noturno pesado. Os pacientes também podem 
apresentar hipertensão, problemas de ereção, depressão, insuficiência cardíaca, noctúria, policitemia 
e comprometimento da memória como resultado de apneia e hipopneia. Episódios desses transtornos 
podem ocorrer em qualquer estágio do sono, mas são mais típicos durante o sono REM, o estágio 1 
não REM e o estágio 2 não REM. 
POLISSONOGRAFIA: múltiplos períodos de pelo menos 10 segundos de duração em que o fluxo 
aéreo oral cessa completa (uma apneia) ou parcialmente (uma hipopneia), enquanto a expansão 
abdominal e torácica indica esforços contínuos do diafragma e dos músculos acessórios da respiração 
para que o ar passe pela obstrução. A saturação de oxigênio arterial diminui, e com frequência se 
observa bradicardia, que pode ser acompanhada de outras arritmias, como contrações ventriculares 
prematuras. Ao final, ocorre um reflexo de despertar, visto como um sinal de vigília e possivelmente 
como um artefato motor dos canais de EEG. Nesse momento, o paciente pode ser visto realizando 
nítidos movimentos breves de agitação na cama. 
TRATAMENTO: Diversos tratamentos estão disponíveis para apneia e hipopneia obstrutivas do sono, 
incluindo perda de peso, intervenção cirúrgica, pressão positiva das vias aéreas e aparelhos orais. 
Pressão positiva na via aérea (PAP) é o tratamento preferido da respiração perturbada do sono. O 
aparato da PAP consiste em um ventilador mecânico, uma máscara nasal ou oronasal e um tubo que 
conecte os dois. Os aparelhos PAP vêm em diversas variedades. Os mais comuns são os sistemas que 
oferecem pressão positiva contínua na via aérea (CPAP). Para indivíduos que acham difícil exalar 
contra pressão contínua, a pressão positiva na via aérea binível (BPAP) pode oferecer uma solução. 
 
➢ Apneia central do sono. A apneia central do sono (ACS), que tende a ocorrer nos idosos, é resultado 
da falha periódica dos mecanismos do SNC que estimulam a respiração. A ACS é definida como 
 
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ausência de respiração devido à falta do esforço respiratório. As características polissonográficas da 
ACS são semelhantes às da AOS, exceto que, durante os episódios de apneia, uma cessação do esforço 
respiratório é vista na expansão abdominal e torácica. O DSM-5 especifica três subtipos de ACS: ACS 
idiopática, padrão de respiração de Cheyne-Stokes e ACS comórbida com uso de opioides. No 
entanto, há diversas etiologias diferentes que podem resultar em esforço respiratório reduzido, 
incluindo, além dos três subtipos citados, altitude elevada, lesões no tronco cerebral, condições 
clínicas específicas, drogas ou determinadas substâncias e anormalidades congênitas. 
 
• TRANSTORNOS DO SONO DO RITMO CIRCADIANO 
Os transtornos do sono do ritmo circadiano incluem uma ampla variedade de condições que envolvem um 
desequilíbrio entre o período de sono desejado e o real. Essa coleção de transtornos do sono compartilha 
a mesma etiologia subjacente – uma dessincronia entre o relógio biológico circadiano interno do 
indivíduo e o ciclo de sono-vigília desejado ou convencional. 
O marca-passo circadiano (“aproximadamente 1 dia”) localiza-se no núcleo supraquiasmático (NSQ). Os 
disparos do NSQ oscilam com um padrão quase sinusoidal, sendo seu período de 24 horas, e a produção se 
correlaciona com as flutuações diárias na temperatura corporal. Diferenças entre o relógio circadiano e os 
horários desejados podem surgir de uma relação imprópria entre eles, de viagens por diferentes fusos 
horários ou de disfunções no ritmo biológico básico. 
Em circunstâncias normais, o marca-passo circadiano interno é reiniciado todos os dias pela luz brilhante, 
convenções sociais, estimulantes e atividade. Em casos nos quais esses fatores não conseguem reentrar no 
ritmo circadiano, ocorrem os transtornos do sono do ritmo circadiano. O DSM-5 lista seis tipos desses 
transtornos: 
➢ Tipo fase do sono atrasada. O transtorno circadiano tipo fase do sono atrasada ocorre quando o 
relógio biológico é mais lento do que as 24 horas ou se inicia mais tarde do que o horário desejado. 
Isso produzum atraso no ciclo de sonolência-vigília. Indivíduos com fase do sono atrasada são mais 
alertas no fim da tarde e no início da noite, ficam acordados até tarde e se sentem mais cansados de 
manhã. Essas pessoas costumam ser chamadas de notívagas. 
➢ Tipo fase do sono avançada. A fase do sono avançada ocorre quando o ritmo circadiano se inicia 
mais cedo. Portanto, o ciclo de sonolência é avançado em relação ao relógio. Indivíduos com fase do 
sono avançada ficam sonolentos no fim da tarde e querem ir deitar mais cedo e acordar mais cedo e 
se sentem mais alertas cedo de manhã. 
➢ Tipo sono-vigília irregular. O padrão de sono-vigília irregular ocorre quando o ritmo circadiano de 
sono-vigília está ausente ou é reduzido de forma patológica. O padrão de sono-vigília é 
temporariamente desorganizado, e o tempo de sono e vigília é imprevisível. Indivíduos com essa 
condição têm uma quantidade normal de sono durante um período de 24 horas; no entanto, ele é 
fragmentado em três ou mais episódios que estão presentes de maneira irregular. 
➢ Tipo sono-vigília não de 24 horas (corrida livre). Quando o marca-passo circadiano de sono-vigília 
tem um ciclo maior ou menor do que 24 horas e não reinicia a cada manhã, a pessoa pode desenvolver 
esse tipo de transtorno do ritmo circadiano, tais como pessoas cegas ou com problemas de visão. Os 
problemas ficam cada vez maiores quando as diferenças entre o relógio interno e o ambiental 
crescem. Se o relógio circadiano tiver um ciclo maior do que 24 horas e não reiniciar todos os dias, o 
indivíduo passará por insônia da fase inicial do sono e sonolência diurna. Tanto em indivíduos cegos 
quanto nos com visão, a mensuração sequencial dos marcadores de fase, como melatonina, pode 
ajudar a determinar a fase circadiana. A fototerapia e a melatonina estão sendo experimentadas como 
tratamentos para esse transtorno. 
➢ Tipo trabalho em turnos. Trabalhadores por turnos sofrem de insônia, sonolência excessiva ou 
ambas. Alguns indivíduos precisam de pouco tempo para se ajustar à mudança de turno, enquanto 
outros têm grande dificuldade. Rotação frequente de turnos se soma ao problema. O resultado pode 
 
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ser insônia grave ao tentar dormir e sonolência excessiva ao tentar permanecer acordado. O resultado 
é uma profunda privação do sono, enquanto o ritmo circadiano continua desequilibrado com os 
horários de sono-vigília. 
➢ Tipo jet lag. Removido do DSM-5, o jet lag ainda é reconhecido como um transtorno do ritmo 
circadiano do sono pelo ICSD-2. Com o advento das viagens aéreas em alta velocidade, uma 
dessincronização induzida entre os relógios circadiano e ambiental tornou-se possível. Assim, o termo 
jet lag entrou em uso. Quando um indivíduo viaja rapidamente entre muitos fusos horários, ou a fase 
circadiana avança, ou um atraso de fase é induzido, dependendo da direção da viagem. Normalmente, 
indivíduos saudáveis podem se adaptar com facilidade a uma ou duas mudanças de fuso por dia; 
logo, o ajuste natural a um deslocamento de 8 horas pode levar quatro dias ou mais. 
➢ Devido a uma condição clínica. Durante doenças que os mantêm de cama, durante hospitalizações 
e em algumas formas de demência, os indivíduos costumam dormir à vontade. Isso resulta em 
padrões caóticos de sono-vigília que afetam adversamente o ritmo circadiano. A quebra no ciclo de 
sono-vigília pode ser ainda mais exacerbada por medicamentos com propriedades sedativas. O sono 
em pacientes nas unidades de tratamento intensivo é perturbado por barulho, luz e pelos 
procedimentos terapêuticos e de monitoramento realizados. 
 
➢ TRATAMENTO: A cronoterapia é uma técnica usada para reiniciar o relógio biológico. Ela envolve 
retardar progressivamente a fase da pessoa até que o oscilador circadiano esteja sincronizado com 
os horários de sono-vigília pretendidos. Fototerapia. As pesquisas sobre transtornos do sono indicam 
que expor um indivíduo a luzes brilhantes (acima de 10 mil lux) pode alterar o ritmo biológico 
endógeno. Com a exposição a luzes brilhantes no tempo certo, o relógio biológico pode ser 
interrompido e reiniciado. Melatonina. O uso experimental da melatonina para tratar o transtorno do 
ritmo circadiano em cegos, por exemplo, tipo sono-vigília não de 24 horas (apresentado 
anteriormente), obteve sucesso. O ramelteon é aprovado pela FDA para o tratamento de pacientes 
com insônia da fase inicial do sono, mas é usado off label para todo o espectro de transtornos do 
ritmo circadiano do sono. De interesse, o único medicamento aprovado para transtorno do sono tipo 
trabalho em turnos é o composto de promoção da vigília, modafinil. 
 
• PARASSONIAS 
As parassonias também são chamadas de transtornos de despertar parcial. Em geral, elas são uma 
coletânea diversa de transtornos do sono caracterizados por fenômenos fisiológicos ou comportamentais 
que surgem durante o sono ou que são potencializados por ele. Uma estrutura conceitual propõe que 
muitas parassonias são sobreposições ou intrusões de um estado básico de sono-vigília em outro. Vigília, 
sono não REM e sono REM podem ser caracterizados como três estados básicos que diferem em sua 
organização neurológica. 
a) Durante a vigília, tanto o corpo quanto o cérebro ficam ativos. 
b) No sono não REM, tanto o corpo quanto o cérebro ficam muito menos ativos. 
c) O sono REM, contudo, associa um corpo atônico com um cérebro ativo (capaz de criar sonhos 
fantasiosos elaborados). 
Sem dúvida parece que, em algumas parassonias, há violações de limites entre estados. 
 
➢ Transtornos de despertar do sono não REM: 
a) Episódios recorrentes de despertares incompletos, em geral ocorrendo durante o primeiro terço 
do episódio de sono principal, acompanhados de uma entre as seguintes alternativas: 
1. Sonambulismo: Episódios repetidos de levantar-se da cama durante o sono e deambular. 
Durante o sonambulismo, o indivíduo se apresenta com o olhar fixo e o rosto vazio, 
 
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praticamente não responde aos esforços de comunicação por parte de outras pessoas e pode 
ser acordado apenas com muita dificuldade. 
2. Terrores no sono: Em geral, episódios recorrentes de despertares súbitos provocados por 
terror que iniciam com um grito de pânico. O medo é intenso, com sinais de estimulação 
autonômica como midríase, taquicardia, respiração rápida e sudorese durante cada episódio. 
Há relativa ausência de resposta aos esforços de outras pessoas para confortar o indivíduo 
durante os episódios. 
b) Há pouca ou nenhuma lembrança de imagens oníricas (p. ex., apenas uma cena visual). 
c) Presença de amnésia em relação ao episódio. 
 
➢ Parassonias normalmente associadas com sono REM: 
1. Transtorno do comportamento do sono REM (incluindo transtorno da sobreposição de 
parassonias e status dissociatus). O transtorno do comportamento REM (TCR) envolve a falha 
do paciente em ter atonia (paralisia do sono) durante o estágio REM do sono. O resultado é que ele 
literalmente vivencia o sonho. Sem a paralisia ou com atonia intermitente, ocorrem socos, chutes, 
pulos e corridas da cama durante tentativas de vivenciar o sonho. A atividade foi correlacionada 
com imagens dos sonhos, e, diferentemente do sonambulismo, o indivíduo parece não ter ciência 
do ambiente em que se encontra, agindo de acordo com as informações sensoriais do sonho. Em 
seres humanos, sugere-se que o TCR possa ser o resultado de lesões hemisféricas difusas, 
anormalidades talâmicas hemisféricas ou lesões do tronco cerebral. O clonazepam foi usado com 
sucesso para tratar esse transtorno. 
2. Paralisia do sono isolada recorrente. A paralisia do sono é, conforme o nome define, uma 
incapacidade de realizar movimento voluntários durante o sono. Ela se torna uma parassonia 
quando ocorre na fase inicial do sono ou ao despertar, um período em que o indivíduo está em 
parte consciente e ciente dos seus arredores. Essa incapacidade de se mover pode ser 
extremamenteangustiante, sobretudo quando associada com a sensação de que há um intruso 
na casa ou quando alucinações hipnagógicas estão acontecendo. A paralisia do sono é um dos 
quatro sintomas relacionados com narcolepsia; contudo, sabe-se que ela ocorre (com ou sem 
hipnagogia) em indivíduos que não têm nem cataplexia, nem sonolência diurna excessiva. Apesar 
de poder ser assustadora, a paralisia do sono é uma característica normal do sono REM que 
brevemente invade a vigília. Ela pode durar de um a vários minutos. É interessante que a ocorrência 
dessa paralisia com hipnagogia pode explicar várias experiências em que o paciente é confrontado 
ou atacado por algum tipo de criatura. A descrição comum é a de que uma “presença” foi sentida 
por perto, o indivíduo ficou paralisado, e a criatura fala, ataca ou senta no peito da pessoa que 
dorme e, então, some. 
3. Transtorno do pesadelo. Os pesadelos são sonhos assustadores ou aterrorizantes. Também 
chamados de ataques de ansiedade dos sonhos, produzem ativação simpática que acaba por 
despertar o indivíduo. Pesadelos ocorrem no sono REM e costumam evoluir de um sonho longo 
e complicado que se torna cada vez mais assustador. Quando desperta, a pessoa costuma se 
lembrar do sonho (diferentemente dos terrores do sono). Alguns pesadelos são recorrentes, e 
existem relatos de que, quando ocorrem em associação com transtorno de estresse pós-
traumático, podem ser lembranças do próprio evento. Diversos medicamentos são conhecidos 
por poderem provocar pesadelos, entre eles L-DOPA e bloqueadores β-adrenérgicos, assim como 
abstinência de medicamentos de supressão de REM. Por fim, abuso de drogas ou de álcool está 
associado com pesadelos. Tratamento usando técnicas comportamentais pode ser útil. Higiene 
universal do sono, terapia de controle de estímulo, terapia de sonhos lúcidos e terapia cognitiva 
também podem melhorar o sono e reduzir pesadelos. Em pacientes com transtorno de estresse 
pós-traumático relacionado a pesadelos, a nefazodona (um antidepressivo atípico) também 
 
11 Bruna Lago Santos 
aumenta os benefícios terapêuticos. Os benzodiazepínicos também podem ser úteis; entretanto, 
ainda são necessários mais ensaios controlados. Evidências do uso de prazosina, um antagonista 
do receptor do sistema nervoso central α-1, no tratamento de pesadelos relacionados a transtorno 
de estresse pós-traumático estão crescendo. 
 
➢ Outras parassonias: 
1. Enurese do sono. A enurese do sono é um transtorno em que o indivíduo urina durante o sono 
enquanto está na cama. Molhar a cama, como costuma ser chamado, tem formas primárias e 
secundárias. Em crianças, a enurese primária do sono é a continuação de molhar a cama desde a 
infância. A enurese secundária refere-se à recaída depois de ter aprendido a usar o banheiro e ter 
havido um período em que a criança permanecia seca. 
2. Gemido relacionado ao sono (catatrenia). Esse transtorno é uma condição crônica caracterizada 
por gemidos frequentemente altos, os quais podem ocorrer em qualquer estágio do sono. 
3. Alucinações relacionadas ao sono. As alucinações relacionadas ao sono costumam ser imagens 
visuais que ocorrem no início (hipnagógico) ou ao despertar (hipnopômpico) do sono. Às vezes 
difíceis de diferenciar dos sonhos, elas são comuns em pacientes com narcolepsia. 
4. Transtorno alimentar relacionado ao sono. A perturbação envolve uma incapacidade de voltar 
a dormir depois de acordar, a menos que o indivíduo tenha algo para comer ou beber. Após fazer 
isso, o retorno ao sono é normal. 
 
• TRANSTORNOS DO MOVIMENTO RELACIONADOS AO SONO 
➢ Síndrome das pernas inquietas. A síndrome das pernas inquietas (SPI) (também conhecida como 
síndrome de Ekbom) é uma sensação subjetiva e desconfortável dos membros, normalmente das 
pernas, que às vezes é descrita como um “estranho formigamento”, e da necessidade irresistível de 
movê-las quando em repouso ou enquanto se tenta dormir. Os pacientes com frequência relatam 
sensação de formigas andando na pele e nas pernas. Ela tende a piorar à noite, e mover as pernas ou 
caminhar ajuda a aliviar o desconforto. Assim, quando está na cama relaxando, o indivíduo é 
perturbado por essas sensações. Então, mexe as pernas e, uma vez mais, tenta dormir. Esse ciclo 
continua por horas e resulta em insônia profunda. Uremia, neuropatias e anemia ferropriva ou por 
deficiência de ácido fólico podem produzir SPI secundária. 
Farmacologicamente, os agonistas dopaminérgicos pramipexol e ropinirol são aprovados pela FDA e 
representam os tratamentos indicados. Outros agentes usados para tratar SPI incluem precursores da 
dopamina (p. ex., levodopa), benzodiazepínicos, opiáceos e fármacos antiepilépticos (p. ex., 
gabapentina). Tratamentos não farmacológicos incluem evitar o uso de álcool perto da hora de 
dormir, massagear as partes afetadas das pernas, tomar banhos quentes, aplicar calor ou frio às áreas 
afetadas e realizar exercícios moderados. 
➢ Transtorno do movimento periódico dos membros. O transtorno do movimento periódico dos 
membros (TMPM), anteriormente chamado de mioclono noturno, envolve movimentos breves, 
estereotípicos, repetitivos e não epileptiformes dos membros, em geral das pernas. Ocorre sobretudo 
no sono não REM e envolve a extensão do hálux. Flexão do tornozelo, do joelho e do quadril também 
pode ocorrer. Esses movimentos variam de 0,5 a 5 segundos de duração e ocorrem a cada 20 a 40 
segundos. Os movimentos das pernas costumam estar associados com breve despertar e, como 
resultado, perturbar a arquitetura do sono (embora isso nem sempre ocorra). 
➢ Cãibras das pernas relacionadas ao sono. Cãibras noturnas das pernas são muito semelhantes 
àquelas que ocorrem durante o dia. Elas normalmente afetam a panturrilha e são contrações 
musculares dolorosas. A dor acorda o paciente e, portanto, perturba o sono. 
➢ Bruxismo relacionado ao sono. O bruxismo relacionado ao sono é diagnosticado quando um 
indivíduo range os dentes enquanto dorme. Anteriormente classificado como uma parassonia, o 
 
12 Bruna Lago Santos 
bruxismo do sono pode produzir desgaste anormal e dano aos dentes, provocar dor nos dentes e na 
mandíbula ou gerar sons desagradáveis e altos que perturbam o parceiro. Às vezes, dor facial atípica 
e dor de cabeça resultam disso. 
➢ Transtorno do movimento rítmico relacionado ao sono. Este transtorno do sono é marcado por 
movimentos repetitivos e rítmicos que costumam envolver a cabeça e o pescoço. Ocorrendo em geral 
na transição da vigília para o sono, também pode continuar durante o sono leve. 
➢ Transtorno do movimento relacionado ao sono devido a uso de droga ou de substância e 
transtorno do movimento relacionado ao sono devido a condição clínica. Diversas drogas, 
substâncias e condições comórbidas podem produzir ou exacerbar transtornos do movimento 
relacionados ao sono. Estimulantes podem produzir transtornos do movimento rítmico e bruxismo. 
Antidepressivos (incluindo a maioria dos tricíclicos e dos ISRSs), antieméticos, lítio, bloqueadores de 
canais de cálcio, anti-histamínicos e neurolépticos podem provocar sintomas de pernas inquietas e 
transtorno do movimento periódico dos membros. Doenças neurológicas que estão associadas com 
transtornos do movimento diurno também podem estar associados com transtornos do movimento 
relacionado ao sono. Estresse, ansiedade e privação do sono podem levar ao desenvolvimento de 
bruxismo. 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Kaplan & Sadock COMPÊNDIO DE PSIQUIATRIA Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica 1 1 ª E D I Ç 
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