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Be�odi�epínic� Fármacos de alta afinidade e altamente seletivos, que se ligam a um único sítio dos receptores GABAA contendo as subunidades α1, α2, α3 ou α5 e uma subunidade γ. A potência desses fármacos correlaciona-se com sua hidrofobia. Todavia, eles se ligam em grandes proporções às proteínas plasmáticas, como a albumina, e a hidrofobia aumenta a ligação às proteínas, e reduz, portanto, a concentração livre e o transporte do fármaco pela barreira hematencefálica. Por conseguinte, as benzodiazepinas ligadas em grandes proporções às proteínas podem ser menos potentes. Além disso, em determinados estados clínicos associados a baixos níveis de albumina, como na hemodiluição aguda ou disfunção hepática, pode-se observar um notável aumento na potência clínica das benzodiazepinas. As benzodiazepinas atuam como moduladores alostéricos positivos, potencializando a regulação dos canais dos receptores GABAA na presença de GABA. Aumentam a frequência de abertura dos canais na presença de baixas concentrações de GABA, e, em concentrações de GABA semelhantes às observadas nas sinapses, a desativação do receptor é prolongada. Ambas as ações resultam em aumento efetivo do influxo de Cl-. Além disso, os receptores GABAA no estado aberto apresentam maior afinidade pelo GABA que no estado fechado, de modo que a capacidade das benzodiazepinas de favorecer a abertura do canal resulta, secundariamente, em uma afinidade agonista aparentemente maior. As benzodiazepinas não ativam os receptores GABAA nativos na ausência de GABA, porém ativam efetivamente determinados receptores mutantes e potencializam a ativação máxima por agonistas parciais, indicando que atuam como agonistas alostéricos positivos fracos. ● Esse mecanismo é compatível com a localização conhecida do sítio de ligação das benzodiazepinas na interface entre os domínios externos das subunidades α e γ. ● Esse sítio é um homólogo estrutural dos dois sítios agonistas do GABA nas interfaces entre as subunidades β e α. Em estudos de dose-resposta do GABA, as benzodiazepinas deslocam a curva de resposta para a esquerda, aumentando a potência aparente do GABA em até três vezes. ■ Trata-se de um efeito alostérico menor que o produzido por outros moduladores, como os barbitúricos ou outros anestésicos gerais. A eficácia limitada das benzodiazepinas é acompanhada de redução do potencial de superdosagem fatal. Entretanto, a margem de segurança diminui quando as benzodiazepinas são coadministradas com álcool ou outros sedativos/hipnóticos. Efeitos na Respiração Doses hipnóticas de benzodiazepínicos não têm efeitos sobre a respiração em indivíduos normais, mas deve-se ter especial cuidado no tratamento de crianças e de indivíduos com comprometimento da função hepática, como alcoólicos. Doses mais altas (pré-anestésica ou para endoscopia) deprimem levemente a ventilação alveolar e causam acidose respiratória como consequência do estímulo hipóxico; esses efeitos são maiores em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), o que pode resultar em hipóxia alveolar e/ ou narcose por CO2. Eles podem causar apneia durante a anestesia ou quando administrados com opióides. !Pacientes gravemente intoxicados por benzodiazepínicos requerem assistência respiratória apenas quando ingerirem outro fármaco depressor do SNC, mais comumente o etanol. Em contraste, doses hipnóticas de benzodiazepínicos podem piorar os distúrbios respiratórios relacionados ao sono, por afetarem de maneira adversa o controle sobre os músculos das vias respiratórias superiores, ou por diminuírem a resposta ventilatória ao CO2. § Este último efeito pode causar hipoventilação e hipoxemia em alguns pacientes com DPOC grave, embora os benzodiazepínicos possam, em algumas instâncias, melhorar o sono e a sua estrutura. !Em pacientes com apneia obstrutiva do sono (AOS), doses hipnóticas de benzodiazepínicos podem diminuir o tônus muscular das vias respiratórias superiores e exagerar o impacto dos episódios apneicos sobre a hipóxia alveolar, a hipertensão pulmonar e a carga ventricular cardíaca. Muitos clínicos consideram a presença de AOS como uma contraindicação ao uso de álcool ou de qualquer agente sedativo hipnótico, incluindo os benzodiazepínicos. !Deve-se também ter cautela com pacientes que roncam regularmente, pois a obstrução parcial das vias respiratórias pode converter-se, sob a influência desses fármacos, em uma AOS. Além disso, os benzodiazepínicos podem promover o surgimento de episódios de apneia durante o sono REM (associados a decréscimos na saturação de oxigênio) em pacientes que estão se recuperando de um infarto do miocárdio. Entretanto, não há descrição de qualquer impacto desses fármacos sobre a sobrevivência de pacientes com doença cardíaca. Efeitos no Sistema Cardiovascular Os efeitos cardiovasculares dos benzodiazepínicos não têm importância em indivíduos normais, exceto na intoxicação grave. Em doses pré-anestésicas, todos os benzodiazepínicos diminuem a pressão sanguínea e aumentam a frequência cardíaca. Com o midazolam, os efeitos parecem estar relacionados a uma diminuição da resistência periférica, mas com o diazepam eles são secundários a um decréscimo no trabalho ventricular esquerdo e no débito cardíaco. O diazepam aumenta o fluxo coronário, possivelmente porque provoca um crescimento das concentrações intersticiais de adenosina. O acúmulo desse metabólito cardiodepressor também pode explicar os efeitos inotrópicos negativos do fármaco. Em grandes doses, o midazolam diminui consideravelmente o fluxo sanguíneo e a assimilação de oxigênio do cérebro. Trato GI. Alguns gastroenterologistas julgam que os benzodiazepínicos são capazes de melhorar uma variedade de distúrbios gastrintestinais "relacionados com a ansiedade”. Eles protegem parcialmente contra as úlceras de estresse em ratos, e o diazepam diminui notavelmente a secreção gástrica noturna em seres humanos. Outros agentes são consideravelmente mais eficazes nos distúrbios ácido-pépticos. Absorção, destino e excreção As propriedades fisicoquímicas e farmacocinéticas dos benzodiazepínicos afetam grandemente a sua utilidade clínica. Todos eles têm altos coeficientes de distribuição lipídeo-água na sua forma não ionizada; entretanto, a lipofilia varia 50 vezes mais conforme a polaridade e a eletronegatividade de vários substituintes. Todos os benzodiazepínicos são completamente absorvidos, com exceção do clorazepato; este fármaco é rapidamente descarboxilado no suco gástrico nordazepam, que em seguida é completamente absorvido. Os fármacos que agem sobre os receptores de benzodiazepínicos podem ser divididos em quatro categorias com base em suas meias-vidas de eliminação: 1. Benzodiazepínicos de ação ultrarrápida; 2. Agentes de ação curta (meias-vidas de menos de 6 h), incluindo o triazolam e os não benzodiazepínicos zolpidem (meia-vida de aproximadamente 2 h) e zopiclona (meia-vida de 5-6 h); 3. Agentes de ação intermediária (meias-vidas de 6-24 h), incluindo o estazolam e o temazepam; 4. Agentes de longa ação (meias-vidas de mais de 24 h), incluindo o flurazepam, diazepam e quazepam; O flurazepam em si tem uma meia-vida curta (aproximadamente 2-3 h), mas um metabólito ativo principal, N-des-alqui-flurazepam, tem vida longa (meia-vida de 47-100 h), o que complica a classificação dos benzodiazepínicos individualmente. Os benzodiazepínicos e seus metabólitos ativos ligam-se às proteínas plasmáticas. A extensão da ligação correlaciona-se fortemente com a solubilidade em lipídeos e varia de cerca 70% para o alprazolam a quase 99% para o diazepam. A concentração no liquido cerebroespinal é aproximadamente igual a do fármaco livre no plasma. Há uma rápida captação dos benzodiazepinicos para o interior do cérebro e de outros órgãos altamente perfundidos após a administração intravenosa (ou a administração oral de um composto rapidamente absorvido); essa rápida captação é seguida por uma fase de redistribuição para o interior dos tecidos menos bem perfundidos, especialmente os músculose a gordura. A redistribuição é mais rápida para fármacos com solubilidade mais alta em lipídeos. Nos regimes usados para a sedação noturna, a taxa de redistribuição pode ter às vezes uma influência maior que a taxa de biotransformação sobre a duração dos efeitos sobre o SNC. As cinéticas de redistribuição do diazepam e de outros benzodiazepínicos lipofílicos tomam-se mais complexas pela existência de circulação êntero-hepática. Os volumes de distribuição dos benzodiazepínicos são grandes e em muitos casos maiores nos pacientes idosos. Esses fármacos cruzam a barreira placentária e são secretados pelo leite materno. Os benzodiazepínicos são extensamente metabolizados pelas CYP hepáticas, particularmente CYPs 3A4 e 2C19. Alguns, como o oxazepam, são diretamente conjugados e não são metabolizados por essas enzimas. !Eritromicina, claritromicina, ritonavir, itraconazol, cetoconazol, nefazodona e suco de pomelo são inibidores da CYP3A4 e podem afetar o metabolismo dos benzodiazepinicos. Como os metabólitos ativos de alguns benzodiazepínicos são biotransformados mais lentamente que os compostos originais, a duração da ação de muitos benzodiazepinicos tem pouca relação com a meia-vida de eliminação do fármaco precursor administrado, como observado anteriormente para o flurazepam. De forma oposta, a taxa de biotransformação de agentes inativados pela reação inicial é um importante determinante da duração da sua ação; eles incluem o oxazepam, o lorazepam, o temazepam, o triazolam e o midazolam. O metabolismo dos benzodiazepínicos ocorre em três estágios principais. 1. Para os benzodiazepínicos com um substituinte na posição 1 (ou 2) do anel diazepínico, a fase inicial e mais rápida do metabolismo envolve a modificação e/ou a remoção do substituinte. Com exceção do triazolam, alprazolam, estazolam e midazolam, que contêm ou um anel triazol ou imidazol fusionado, os produtos finais são compostos N-desalquilados biologicamente ativos. Um desses compostos, o nordazepam, é um importante metabólito, comum à biotransformação do diazepam, clorazepato e prazepam; É também formado a partir do demoxepam, um importante metabólito do clordiazepóxido. 2. A segunda fase do metabolismo envolve a hidroxilação na posição três e também habitualmente resulta em um derivado ativo. Essas reações têm taxas habitualmente muito mais lentas que as do primeiro estágio (meias-vidas> 40-50 h) de tal modo que não ocorre um apreciável acúmulo de produtos hidroxilados com substituintes intactos na posição um. Há duas importantes exceções a esta regra: (1) pequenas quantidades de temazepina acumulam-se durante a administração crônica de diazepam; e (2) após a substituição do enxofre pelo oxigênio no quazepam, a maior parte do 2-oxoquazepam resultante é lentamente hidroxilado na posição três, sem remoção do grupo N-alquil. Entretanto, apenas pequenas quantidades do derivado 3-hidroxila se acumulam durante a administração crônica de quazepam, pois esse composto é conjugado a uma taxa extraordinariamente rápida. Em contraste, o N-desalquilflurazepam formado pela via metabólica "menor" acumula-se durante a administração de quazepam e contribui significativamente para o efeito clínico global. 3. A terceira das principais fases do metabolismo é a conjugação dos compostos 3-hidroxila, principalmente com o ácido glicurônico; as meias-vidas dessas reações são em geral de 6-12 h e os produtos são invariavelmente inativos. Usos terapêuticos A maior parte dos benzodiazepínicos pode ser usada de forma intercambiável. Por exemplo, o diazepam pode ser usado para a abstinência alcoólica, e a maior parte dos benzodiazepínicos age como hipnóticos. Em geral, os usos terapêuticos de um dado benzodiazepínico dependem da sua meia-vida e podem não se ajustar às indicações aprovadas pelo FDA. Os benzodiazepínicos úteis como anticonvulsivantes têm meia-vida longa e a entrada rápida no cérebro é necessária para a eficácia no tratamento do estado epiléptico. Uma meia-vida de eliminação curta é desejável para os hipnóticos, embora isso traga a desvantagem de maior propensão ao uso abusivo e de maior gravidade da abstinência após a interrupção do fármaco. Os agentes usados contra a ansiedade, em contraste, devem ter meia-vida longa, a despeito da desvantagem trazida pelo risco de déficits neuropsicológicos causados pelo seu acúmulo. Efeitos adversos No momento em que a concentração plasmática atinge o pico, é previsível que doses hipnóticas de benzodiazepínicos causem graus variáveis de delírio, lassidão, aumento dos tempos de reação, falta de coordenação motora, comprometimento das funções mentais e motoras, confusão e amnésia anterógrada. A cognição parece ser menos afetada que o desempenho motor. Todos esses efeitos podem comprometer grandemente a capacidade de conduzir veículos e outras habilidades psicomotoras, especialmente quando combinados aos efeitos do etanol. Quando o fármaco é dado na hora de dormir, a persistência desses resultados durante as horas que se seguem ao despertar é considerada um efeito adverso. Esses efeitos residuais, relacionados com a dose, podem ter caráter insidioso, porque a maior parte dos indivíduos subestima o grau de seu comprometimento. Pode ocorrer também sonolência diurna residual, mesmo que um tratamento farmacológico bem-sucedido possa reduzir a sonolência diurna resultante da insônia crônica (Dement, 1991). A intensidade e a incidência de toxicidade para o SNC geralmente aumentam com a idade; estão ao mesmo tempo envolvidos fatores farmacocinéticos e farmacodinâmicos (Monane, 1992). Outros efeitos colaterais relativamente comuns dos benzodiazepínicos são fraqueza, dor de cabeça, visão borrada, vertigem, náuseas e vômitos, desconforto epigástrico e diarreia; são muito mais raras as dores articulares, torácicas e a incontinência. Às vezes, os benzodiazepínicos anticonvulsivantes na verdade aumentam a frequência de convulsões em pacientes com epilepsia. Efeitos psicológicos adversos Os benzodiazepínicos podem causar efeitos paradoxais. O flurazepam aumenta ocasionalmente a incidência de pesadelos - especialmente durante a primeira semana de uso - e às vezes causa tagarelice, ansiedade, irritabilidade, taquicardia e sudorese. A ocorrência de amnésia, euforia, inquietação, alucinações, sonambulismo, falar ao dormir, outros comportamentos complexos e comportamento hipomaníaco já foi descrita durante o uso de vários benzodiazepínicos. A estimulação de um comportamento bizarro e desinibido já foi notada em alguns usuários, ao passo que em outros podem ocorrer hostilidade e raiva; essas reações são às vezes coletivamente chamadas de reações de desinibição ou de descontrole. O uso desses agentes ocasionalmente também é acompanhado de paranoia, depressão e ideação suicida. Essas reações paradoxais ou de desinibição são raras e parecem estar relacionadas com a dose. O uso crônico de benzodiazepínicos traz o risco de desenvolver dependência e uso abusivo. Uma leve dependência pode desenvolver-se em muitos pacientes que tomaram doses terapêuticas de benzodiazepínicos de forma regular por períodos prolongados. Os sintomas de abstinência podem incluir a intensificação temporária dos problemas que originalmente levaram ao uso (p. ex., insônia e ansiedade). Disforia, irritabilidade, suores, sonhos desagradáveis, tremores, anorexia, síncopes e tonturas também podem ocorrer, especialmente quando a abstinência de benzodiazepínicos ocorre subitamente Por esse motivo é prudente reduzir gradualmente as doses, quando o tratamento está para ser interrompido. Interações Medicamentosas O etanol aumenta a taxa de absorção dos benzodiazepínicos e a depressão do SNC a eles associada. A combinação de valproato com benzodiazepínicos pode causar episódios psicóticos. NÃO-BENZODIAZEPíNICOS: Os hipnóticos nessa classe são comumente chamados de "compostos Z". Eles incluem zolpidem, zaleplona, zopiclona e eszopiclona, que é um enantiômero S( +) da zopiclona. Embora os compostos Z não sejam estruturalmente relacionadosum ao outro e aos benzodiazepínicos, seu efeito terapêutico como hipnóticos é devido aos efeitos agonistas no local benzodiazepínico do receptor GABAA. Em comparação com os benzodiazepínicos, os compostos Z são menos eficazes como anticonvulsivantes ou relaxantes musculares, o que pode estar relacionado a sua relativa seletividade para receptores GABAA que contêm a subunidade a1. Durante a última década, os compostos Z substituíram amplamente os benzodiazepínicos no tratamento da insônia. Os compostos Z foram inicialmente promovidos como tendo menos potencial para dependência e para uso abusivo do que os benzodiazepínicos tradicionais. Entretanto, com base na experiência clínica após a comercialização com zopiclona e zolpidem, pode-se esperar tolerância e dependência física durante o uso prolongado de compostos Z, especialmente com doses mais altas. A zaleplona e o zolpidem são eficazes em aliviar a insônia motivada pela incapacidade de conciliar o sono. Ambos já foram aprovados pelo FDA para uso contínuo por até 7-10 dias. Têm eficácia hipnótica prolongada, sem ocorrência de insônia de rebote na interrupção súbita (Mitler, 2000, Walsh e cols., 2000). Têm graus similares de eficácia. O zolpidem tem uma meia-vida de cerca de 2 h, suficiente para cobrir a maior parte de um período típico de 8 h de sono e é atualmente aprovado apenas para uso ao deitar. A zaleplona tem meia-vida mais curta, de cerca de 1 hora, o que oferece a possibilidade de dose segura mais tarde à noite, até 4 h antes da hora prevista para levantar. Como resultado, a zaleplona é aprovada para uso imediato ao deitar ou quando o paciente tem dificuldade de conciliar o sono após essa hora. Em decorrência de sua curta meia-vida, ela não se mostrou diferente do placebo em mensurações da duração do sono e do número de despertares. A zaleplona e o zolpidem podem diferir em efeitos colaterais residuais; a administração do zolpidem muito tarde à noite já se associou à sedação matutina, ao retardo dos tempos de reação e à amnésia anterógrada, situação em que a zaleplona não difere do placebo. Zaleplona. A zaleplona é um não benzodiazepínico da classe das pirazolpirimidinas. A zaleplona se conecta preferencialmente ao local de ligação dos benzodiazepínicos sobre os receptores GABAA que contêm subunidades a1. Ela é rapidamente absorvida e alcança concentrações plasmáticas de pico em cerca de 1 hora. Sua biodisponibilidade é de aproximadamente 30%, por causa do metabolismo pré-sistêmico. Tem um volume de distribuição de aproximadamente 1,4 L/kg e , uma ligação às proteínas plasmáticas de aproximadamente 60%. E metabolizada em grande parte por aldeído oxidase e em menor extensão pela CYP3A4. Seus metabólitos oxidativos são convertidos em glicuronídeos e eliminados na urina. Menos de 1% da zaleplona é excretada de forma inalterada na urina. Nenhum dos seus metabólitos é farmacologicamente ativo. A zaleplona (habitualmente administrada em doses de 5, 1 O e 20 mg) tem sido estudada em ensaios clínicos envolvendo pacientes com insônia crônica ou transitória (Dooley e Plosker, 2000), concentrando-se nos seus efeitos em diminuir a latência do sono. Indivíduos com insônia crônica ou transitória tratados com zaleplona experimentaram períodos mais curtos de latência do sono do que indivíduos tratados com placebo. Zolpidem. Efeito agonista sobre GABAA. O zolpidem é um fármaco sedativo-hipnótico não benzodiazepínico. É classificado como um imidazopiridina. Ao contrário dos benzodiazepínicos, em humanos normais o zolpidem tem pouco efeito sobre os estágios do sono. Ele é tão eficaz quanto os benzodiazepínicos em diminuir a latência do sono e em prolongar o tempo de sono total em pacientes com insônia. Após a sua interrupção, os efeitos benéficos sobre o sono persistem, segundo relatos, por até uma semana (Herrmann e cols., 1993), mas também já se descreveu insônia de rebote leve, na primeira noite. Apenas raramente e sob circunstâncias pouco habituais surgem tolerância e dependência fisica. De fato, a melhora do tempo de sono induzida pelo zolpidem nos indivíduos com insônia crônica manteve-se durante até 6 meses de tratamento sem sinais de abstinência ou rebote após a sua interrupção (Kummer e cols., 1993). No entanto, para insônia, ele é aprovado apenas para tratamentos de curta duração. Em doses terapêuticas (5-10 mg), a produção de sedação diurna residual ou amnésia não é frequente, sendo também baixa a incidência de outros efeitos adversos (p. ex., queixas gastrintestinais ou tonturas). Tal como ocorre com os benzodiazepínicos, a overdose de zolpidem não produz depressão respiratória grave, a menos que outros agentes (p. ex., etanol) também sejam ingeridos (Garnier e cols., 1994). Doses hipnóticas aumentam a hipoxia e a hipercapnia dos pacientes com apneia obstrutiva do sono. O zolpidem é prontamente absorvido a partir do trato gastrintestinal; o metabolismo hepático de primeira passagem resulta em uma biodisponibilidade oral de cerca de 70%, mas este valor é mais baixo quando o fármaco é ingerido com alimentos, por causa da absorção mais lenta e do aumento do fluxo sanguíneo hepático. É eliminado quase que inteiramente por conversão a produtos inativos no fígado, em grande parte por oxidação dos grupos metila existentes sobre os anéis fenila e imidazopiridina aos correspondentes ácidos carboxílicos. Sua meia-vida plasmática é de aproximadamente 2 h em indivíduos com função e fluxo sanguíneo hepático normais. Esse valor pode elevar-se duas vezes ou mais nos indivíduos com cirrose e também tende a ser maior em indivíduos idosos; o ajuste das doses é com frequência necessário em ambas as categorias de pacientes. Embora pouco ou nenhum zolpidem inalterado seja encontrado na urina, a eliminação é mais lenta em pacientes com insuficiência renal crônica, em grande parte devido a um aumento no seu volume aparente de distribuição. Eszopiclona - A eszopiclona é o enantiômero S(+) ativo da zopiclona. A eszopiclona é usada para tratamento prolongado de insônia e para a manutenção do sono. É prescrita para pacientes que têm dificuldades para donnh, assim como para aqueles que têm dificuldade de permanecer donnindo e está disponível em comprimidos de 1, 2 ou 3 mg. Todos os estudos crônicos conduzidos até o momento constataram que a eszopiclona reduziu a latência para início do sono. Não foi observada nenhuma tolerância, nem sinais de abstinência grave, como convulsões ou insônia de rebote, notadas com a descontinuação do fármaco. Entretanto, Abstinência branda que consiste em sonhos anormais, ansiedade, náuseas e mal-estar estomacal podem ocorrer (taxa igual ou inferior a 2%). Um efeito adverso menor da eszopiclona foi paladar amargo. A eszopiclona é absorvida rapidamente após administração oral, com uma biodisponibilidade de aproximadamente 80% e apresenta ampla distribuição em todo o corpo. É 50-60% ligada às proteínas plasmáticas e tem uma meia-vida de aproximadamente 6 h. , E metabolizada por CYP 3A4 e 2E 1. Acredita-se que a eszopiclona exerça seus efeitos promotores do sono através de seu aumento da função do receptor de GABA A no local de ligação benzodiazepínico. Barbitúric� Os barbitúricos deprimem reversivelmente a atividade de todos os tecidos excitáveis. O SNC é extraordinariamente sensível, mas os efeitos diretos sobre os tecidos excitáveis periféricos são fracos mesmo quando são administrados em concentrações anestésicas. Entretanto, déficits sérios da função cardiovascular e de outras funções periféricas ocorrem na intoxicação aguda por barbitúricos. SNC - Mecanismo de ação Os barbitúricos agem por todo o SNC; doses não anestésicas suprimem preferencialmente as respostas polissinápticas. A facilitação é reduzida e a inibição habitualmente se intensifica. O local de inibição é ora pós-sináptico, como nas células piramidais cerebelares e corticais, no núcleo cuneado, substância negra e neurônios de retransmissão talâmicos, ou pré-sinápticos, como na medula espinal. A intensificação da inibição ocorre primariamente nas sinapsesonde a neurotransmissão é mediada pela ação do GABA sobre os receptores GABAA. ● Assim como os benzodiazepínicos, os barbitúricos intensificam a ligação do GABA com os receptores GABAA de modo dependente de cloreto e sensível a picrotoxina; no entanto, os barbitúricos promovem (em vez de reduzir) a ligação dos benzodiazepínicos; ● Os barbitúricos potencializam as correntes de cloreto induzidas por GABA, prolongando os períodos durante os quais ocorrem os surtos de abertura do canal, em vez de aumentar a frequência desses surtos, tal como fazem os benzodiazepínicos. ● Apenas as subunidades a e beta (e não y) são necessárias para a ação dos barbitúricos; ● Aumentos induzidos por barbitúricos na condutância de cloreto não são afetados pela supressão dos resíduos de tirosina e treonina na subunidade ~ que governa a sensibilidade dos receptores GABAA à ativação por agonistas Concentrações subanestésicas de barbitúricos também podem reduzir as despolarizações induzidas por glutamato ; apenas os subtipos AMPA de receptores de glutamato sensíveis ao ácido caínico (Figura 14-1 O) ou ácido quisquálico parecem afetados. Em concentrações mais altas que produzem anestesia, o pentobarbital suprime o disparo neuronial repetitivo de alta frequência, aparentemente como resultado da inibição da função de canais de Na+ sensíveis à tetrodotoxina dependentes de voltagem (Figura 11-4); nesse caso, entretanto, ambos os estereoisômeros são quase igualmente eficazes (Frenkel e cols., 1990). Em concentrações ainda mais altas, as condutâncias de K+ dependentes de voltagem são reduzidas. Consideradas em conjunto, as descobertas de que os barbitúricos ativam os receptores inibitórios GABA A e inibem os receptores excitatórias AMPA podem explicar os seus efeitos depressores sobre o SNC. Os barbitúricos podem produzir todos os graus de depressão do SNC, variando desde leve sedação até anestesia geral. Seu uso para anestesia geral é discutido no Capítulo 19. Determinados barbitúricos, particularmente aqueles contendo um substituinte 5-fenila (p. ex., o fenobarbital e o mefobarbital), têm atividade anticonvulsivante seletiva (Capítulo 21). A sua ação contra a ansiedade é inferior à dos benzodiazepínicos. Exceto pela atividade anticonvulsivante do fenobarbital e seus congêneres, os barbitúricos possuem baixo grau de seletividade e pequeno índice terapêutico. Assim, não é possível obter um efeito desejado sem evidências de depressão geral do SNC. A percepção e a reação à dor são relativamente poupadas até quase o momento da inconsciência e, em pequenas doses, os barbitúricos aumentam as reações aos estímulos dolorosos. Por essa razão não se pode confiar neles para produzir sedação ou sono na presença de dor, ainda que moderada. Efeitos sobre os estágios do sono. Doses hipnóticas de barbitúricos aumentam o tempo de sono total e alteram os estágios do sono de modo dependente da dose. Tal como os benzodiazepínicos, eles diminuem a latência do sono, o número de despertares e as durações do sono REM e de ondas lentas. Com a repetição da administração notuma, ocorre em poucos dias alguma tolerância aos efeitos sobre o sono, e o efeito sobre o tempo de sono total pode reduzir-se em até 50% após 2 semanas de uso. A interrupção leva a aumentos de rebote em todos os parâmetros para os quais se descreve uma redução pelos barbitúricos Tolerância. Pode ocorrer tolerância farmacodinâmica (funcional) e farmacocinética aos barbitúricos. A primeira contribui mais para a diminuição dos efeitos do que a última. Com a administração crônica de doses gradualmente crescentes, a tolerância farmacodinâmica continua a se desenvolver durante um período de semanas a meses, dependendo do esquema de doses, ao passo que a farmacocinética alcança seu pico em um período de uns poucos dias a 1 semana. A tolerância aos efeitos sobre o humor, a sedação e a hipnose ocorre mais prontamente e é maior que a tolerância aos efeitos anticonvulsivantes e letais; assim, à medida que ela aumenta, o índice terapêutico diminui. A tolerância farmacodinâmica aos barbitúricos confere tolerância cruzada a todos os fármacos depressores do SNC, inclusive o etanol. Estruturas nervosas periféricas. Os barbitúricos deprimem seletivamente a transmissão nos gânglios autônomos e reduzem a excitação nicotinica pelos ésteres de colina. Esse efeito pode responder, pelo menos em parte, pela queda da pressão arterial produzida pelos oxibarbitúricos intravenosos e pela intoxicação grave por barbitúricos. Nas junções neuromusculares esqueléticas, os efeitos bloqueadores da tubocurarina e do decametônio são igualmente intensificados durante a anestesia com barbitúricos. Essas ações provavelmente resultam da capacidade dos barbitúricos de inibir, em concentrações hipnóticas e anestésicas, a passagem de corrente através dos receptores colinérgicos nicotinicos. Vários mecanismos distintos parecem envolvidos e há pouca evidência de estereosseletividade. Respiração. Os barbitúricos deprimem igualmente o impulso respiratório e os mecanismos responsáveis pelo caráter rítmico da respiração. Os barbitúricos deprimem apenas levemente os reflexos protetores, até que o grau de intoxicação seja suficiente para produzir grave depressão respiratória. Tosse, espirros, soluços e laringospasmo podem ocorrer quando se empregam barbitúricos como anestésicos intravenosos. De fato, o laringospasmo é uma das principais complicações da anestesia com barbitúricos. Sistema cardiovascular. Quando administrados por via oral em doses sedativas ou hipnóticas, os barbitúricos não produzem efeitos cardiovasculares significativos e declarados, exceto por uma leve diminuição da pressão arterial e da frequência cardíaca, tal como ocorre no sono normal. Observam-se com frequência outras alterações cardiovasculares quando o tiopental e outros tiobarbitúricos intravenosos são administrados após medicação pré-anestésica convencional, incluindo redução do fluxo sanguíneo renal e cerebral, com notável queda na pressão do LCS. Embora as arritmias cardíacas sejam observadas apenas infrequentemente, a anestesia intravenosa com barbitúricos pode aumentar a incidência de arritmias ventriculares, especialmente quando a epinefrina ou o halotano estão também presentes. As concentrações anestésicas de barbitúricos têm efeitos eletrofisiológicos diretos sobre o coração: além de deprimir os canais de Na+, eles reduzem a função de pelo menos dois tipos de canais de K+ (Nattel e cols., 1990; Pancrazio e cols., 1993). Entretanto, a depressão direta da contratilidade cardíaca ocorre apenas quando são administradas doses várias vezes superiores às necessárias para anestesiar, o que provavelmente contribui para a depressão cardiovascular que acompanha o envenenamento agudo por barbitúrico. Fígado - Agudamente, os barbitúricos se combinam a várias enzimas do CYP e inibem a biotransformação de um número de outros fármacos e substratos endógenos, como os esteroides; outros substratos podem inibir reciprocamente as biotransformações dos barbitúricos. Podem ocorrer interações medicamentosas mesmo quando as outras substâncias e os barbitúricos são oxidados por diferentes sistemas enzimáticos microssomais. Absorção, destino e excreção Para uso sedativo-hipnótico, os barbitúricos são habitualmente administrados por via oral. Essas doses têm absorção rápida e provavelmente completa. O início da ação varia de 10-60 min, dependendo do agente e da formulação, e sofre retardo pela presença de alimentos no estômago. A via intravenosa habitualmente é reservada para o tratamento do estado epiléptico (fenobarbital sódico) ou para a indução e/ou manutenção de anestesia geral (p. ex., tiopental ou metoexital). Os barbitúricos distribuem-se amplamente e cruzam prontamente a placenta. Os altamente lipossolúveis, liderados pelos que são usados para induzir anestesia, sofrem redistribuição após a injeção intravenosa. A captação pelos tecidos menos vasculares, especialmente os músculos e a gordura, leva a um declínio da concentração de barbitúrico noplasma e no cérebro. Com o tiopental e o metoexital, o resultado é que os pacientes despertem em 5-15 min após a injeção de doses anestésicas habituais. A eliminação metabólica dos barbitúricos é mais rápida em pessoas jovens do que em idosos e lactentes, e as meias-vidas aumentam durante a gestação, em parte por causa da expansão do volume de distribuição. A doença hepática crônica, especialmente a cirrose, aumenta frequentemente a meia-vida dos barbitúricos biotransformáveis. A administração repetida, especialmente de fenobarbital, diminui a meia-vida dos barbitúricos metabolizados, em consequência da indução de enzimas microssomais Efeitos adversos A sonolência pode durar apenas umas poucas horas após uma dose hipnótica de barbitúricos, mas a depressão residual do SNC é às vezes evidente no dia seguinte; alterações sutis do humor podem ser demonstráveis, bem como o comprometimento do julgamento e das habilidades motoras finas. Os efeitos residuais também tomam a forma de vertigens, náuseas, vômitos ou diarreia, ou às vezes podem manifestar-se como franca excitação. O usuário pode despertar levemente intoxicado e sentir -se eufórico e energético; mais tarde, à medida que as demandas das atividades diurnas desafiam as faculdades possivelmente comprometidas, o usuário pode exibir irritabilidade e mau humor. Excitação paradoxal. Em algumas pessoas, os barbitúricos produzem excitação em vez de depressão e o paciente pode parecer embriagado. Esse tipo de idiossincrasia é relativamente comum entre pacientes geriátricos e debilitados e ocorre mais frequentemente com o fenobarbital e com os N-metilbarbitúricos. Os barbitúricos podem causar inquietação, excitação e até mesmo delírio quando ministrados na presença de dor e podem piorar a percepção da dor. Hipersensibilidade Ocorrem reações alérgicas, especialmente em pessoas com asma, urticária, angioedema ou condições similares. Interações medicamentosas Os barbitúricos combinam-se com outros depressores do SNC causando depressão grave; o etanol é o mais frequente agressor, sendo também comuns as interações com anti-histamínicos de primeira geração. A isoniazida, o metilfenidato e os inibidores da monoaminoxidase também aumentam os efeitos depressores sobre o SNC. Os barbitúricos inibem por competição o metabolismo de certos outros fármacos; entretanto, o maior número de interações medicamentosas resulta da indução das enzimas do CYP hepáticas e da aceleração da eliminação de muitos fármacos e substâncias endógenas. O metabolismo das vitaminas D e K se acelera, o que pode comprometer a mineralização óssea e diminuir a absorção de Ca2+ em pacientes que tomam fenobarbital e responder pelos defeitos de coagulação descritos em neonatos cujas mães tenham tomado fenobarbital. A indução de enzimas hepáticas aumenta o metabolismo de hormônios esteróides endógenos, o que pode causar distúrbios endócrinos e falha dos contraceptivos orais, podendo resultar em gestação indesejada. Os barbitúricos também induzem a geração hepática de metabólitos tóxicos dos clorocarbônicos (clorofórmio, tricloroetileno, tetracloreto de carbono) e promovem, consequentemente, a peroxidação dos lipídeos, o que facilita a necrose periportal do fígado causada por esses agentes. Outros efeitos adversos. Como aumentam a síntese de porfirina, os barbitúricos são absolutamente contraindicados em pacientes com porfiria intermitente aguda ou porfiria variegada. Em doses hipnóticas, são pequenos os efeitos dos barbitúricos sobre o controle da respiração; entretanto, na presença de insuficiência pulmonar, pode ocorrer depressão respiratória grave, e por este motivo são contraindicados. A injeção intravenosa rápida de um barbitúrico pode causar um colapso cardiovascular antes que venha a anestesia, de modo que os sinais de profundidade da anestesia originados do SNC podem não alertar adequadamente sobre a iminente toxicidade. A pressão arterial pode cair para níveis de choque; mesmo a injeção intravenosa lenta de barbitúricos com frequência produz apneia e às vezes > 8 laringoespasmo, tosse e outras dificuldades respiratórias.
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