Buscar

Fármacos sedativos-hipnóticos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AGENTES SEDATIVOS HIPNÓTICOS 
Para ser efetivo, um fármaco sedativo (ansiolítico) deve reduzir a ansiedade e exercer um efeito 
calmante. O grau de depressão do sistema nervoso central (SNC) produzido por um sedativo deve ser 
o mínimo compatível com sua eficácia terapêutica. Um fármaco hipnótico deve produzir sonolência 
e estimular o início e a manutenção de um estado de sono. Os efeitos hipnóticos envolvem uma 
depressão mais pronunciada do SNC do que a sedação, o que pode ser obtido com muitos fármacos 
pertencentes a essa classe, simplesmente pelo aumento da dose. A depressão da função do SNC, 
graduada e dependente da dose, constitui uma característica da maioria dos fármacos sedativos-
hipnóticos. Entretanto, cada fármaco difere na relação entre a dose e o grau de depressão do SNC. 
 
A inclinação linear para o fármaco A é típica de muitos dos agentes sedativos-hipnóticos mais antigos, 
incluindo os barbitúricos e os álcoois. No caso dessas substâncias, um aumento da dose acima do 
necessário para produzir hipnose pode levar a um estado de anestesia geral. Em doses ainda mais 
altas, esses sedativos-hipnóticos podem deprimir os centros respiratório e vasomotor no bulbo, 
levando ao coma e à morte. Os desvios de uma relação de dose-resposta linear, conforme ilustrado 
para o fármaco B, exigem incrementos proporcionalmente maiores da dose para obter uma 
depressão do SNC mais profunda do que a hipnose. Esse parece ser o caso dos benzodiazepínicos e 
de alguns hipnóticos mais recentes que apresentam um mecanismo de ação semelhante. 
Farmacocinética: A lipossolubilidade desempenha uma importante função na determinação da taxa 
de penetração de determinado sedativo-hipnótico no SNC. Essa propriedade é responsável pelo 
rápido início dos efeitos do triazolam, do tiopental e dos hipnóticos mais recentes. Todos os 
sedativos-hipnóticos atravessam a barreira placentária durante a gravidez. Se forem administrados 
durante o período pré-parto, podem contribuir para a depressão das funções vitais do recém-nascido. 
Os agentes sedativos-hipnóticos também são detectáveis no leite materno e podem exercer efeitos 
depressores no lactente amamentado pela mãe. 
Biotransformação: a transformação metabólica em metabólitos mais hidrossolúveis é necessária para 
a depuração dos sedativos-hipnóticos do corpo, os sistemas enzimáticos hepáticos são de suma 
importância para este processo. 
1. Benzodiazepínicos – O metabolismo hepático é responsável pela depuração de todos os 
benzodiazepínicos. A maioria dos benzodiazepínicos sofre oxidação microssômica (reações de fase 
I), incluindo N-desalquilação e hidroxilação alifática catalisada por isozimas do citocromo P450, 
especialmente a CYP3A4. Subsequentemente, os metabólitos são conjugados (reações de fase II) 
para formar glicuronídeos, que são excretados na urina. Todavia, muitos metabólitos de fase I dos 
benzodiazepínicos são farmacologicamente ativos, alguns com meias-vidas longas. Por exemplo, o 
desmetildiazepam, cuja meia-vida de eliminação é de mais de 40 horas, é um metabólito ativo do 
clordiazepóxido, do diazepam, do prazepam e do clorazepato. 
 
2. Barbitúricos – Com exceção do fenobarbital, apenas uma quantidade insignificante dos 
barbitúricos é excretada em sua forma inalterada. As principais vias metabólicas envolvem a 
oxidação por enzimas hepáticas, formando álcoois, ácidos e cetonas, que aparecem na urina sob a 
forma de conjugados glicuronídeos. 
3. Hipnóticos mais recentes – Após a administração oral da formulação padrão, o zolpidem alcança 
níveis plasmáticos máximos em 1 a 3 horas. Dispõe-se também de formulações do zolpidem em 
aerossolsublingual e oral. O zolpidem é rapidamente metabolizado a metabólitos inativos por meio 
de oxidação e hidroxilação pela CYP3A4 hepática. A meia-vida de eliminação do fármaco é maior nas 
mulheres e aumenta significativamente no idoso. 
Excreção: Os metabólitos hidrossolúveis dos sedativos-hipnóticos, que são formados, em sua maior 
parte, pela conjugação de metabólitos de fase II, são excretados principalmente pelo rim. Na maioria 
dos casos, as alterações da função renal não exercem efeito pronunciado sobre a eliminação dos 
fármacos originais. O fenobarbital é excretado até certo grau de modo inalterado na urina, e a sua 
taxa de eliminação pode ser significativamente aumentada pela alcalinização da urina. Isso se deve, 
em parte, a um aumento da ionização em pH alcalino, visto que o fenobarbital é um ácido fraco, com 
pKa de 7,4. 
Fatores que afetam a biodisposição: Em pacientes muito idosos e naqueles com doença hepática 
grave, a meia-vida de eliminação desses fármacos com frequência está aumentada de modo 
significativo. Nesses casos, a administração de múltiplas doses normais desses sedativos-hipnóticos 
pode resultar em efeitos excessivos sobre o SNC. A atividade das enzimas hepáticas envolvidas no 
metabolismo de fármacos pode estar aumentada em pacientes expostos por longo período a certos 
sedativos-hipnóticos mais antigos. Os barbitúricos (particularmente o fenobarbital) e o 
meprobamato têm mais tendência a causar esse efeito, podendo resultar em aumento de seu 
próprio metabolismo hepático, bem como no de outros fármacos. Por outro lado, os 
benzodiazepínicos e os hipnóticos mais recentes não alteram a atividade das enzimas hepáticas 
envolvidas no metabolismo de fármacos com uso contínuo 
Farmacodinâmica dos benzodiazepínicos, barbitúricos e hipnóticos mais recentes 
Os benzodiazepínicos, os barbitúricos, o zolpidem, a zaleplona, a eszopiclona e muitos outros 
fármacos ligam-se a componentes moleculares do receptor GABAa presente nas membranas 
neuronais do SNC. Esse receptor, que atua como canal iônico de cloreto, é ativado pelo 
neurotransmissor inibitório GABA. 
O receptor GABAa possui uma estrutura pentamérica organizada a partir de cinco subunidades 
(apresentando, cada uma delas, quatro domínios que atravessam a membrana) selecionadas a partir 
de múltiplas classes polipeptídicas (a, b, g(gama), d(delta), e, p, r, etc). Uma isoforma importante do 
receptor GABAa, que é encontrada em muitas regiões do cérebro, consiste em duas subunidades a1, 
duas subunidades b2 e uma subunidade g2. Nessa isoforma, os dois sítios de ligação do GABA estão 
localizados entre as subunidades a1 e b2 adjacentes, e a bolsa de ligação para os benzodiazepínicos 
(o sítio de BZ do receptor de GABAA) situa-se entre uma subunidade a1 e a subunidade g2. Todavia, 
os receptores GABAa em diferentes áreas do SNC consistem em várias combinações das subunidades 
essenciais, e os benzodiazepínicos ligam-se a muitos desses receptores, incluindo isoformas que 
contêm subunidades a2, a3 e a5. Os barbitúricos ligam-se também a múltiplas isoformas do receptor 
de GABAA, porém em sítios diferentes daqueles com os quais os benzodiazepínicos interagem. Ao 
contrário dos benzodiazepínicos, o zolpidem, a zaleplona e a eszopiclona ligam-se mais 
seletivamente, visto que esses fármacos só interagem com isoformas do receptor de GABAa que 
contêm subunidades a1. A heterogeneidade dos receptores de GABAa pode constituir a base 
molecular para as ações farmacológicas variadas dos benzodiazepínicos e de fármacos relacionados. 
 
Neurofarmacologia: O GABA (ácido g-aminobutírico) é um importante neurotransmissor inibitório 
do SNC. Os benzodiazepínicos potencializam a inibição GABAérgica em todos os níveis do neuroeixo, 
incluindo a medula espinal, o hipotálamo, o hipocampo, a substância negra, o córtex cerebelar e o 
córtex cerebral. Os benzodiazepínicos parecem aumentar a eficiência da inibição sináptica 
GABAérgica. Eles não substituem o GABA, mas parecem potencializar seus efeitos de modo 
alostérico, sem ativar diretamente os receptores de GABAa ou abrir os canais de cloreto associados. 
O aumento da condutância dos íons cloreto, induzido pela interação dos benzodiazepínicos com o 
GABA, assume a forma de um aumento da frequência de eventosde abertura dos canais. 
Os barbitúricos também facilitam as ações do GABA em múltiplos locais do SNC; todavia, 
diferentemente dos benzodiazepínicos, parecem aumentar a duração de abertura dos canais de 
cloreto regulados pelo GABA. Em altas concentrações, os barbitúricos também podem ser 
GABAmiméticos, ativando diretamente os canais de cloreto. Os barbitúricos são menos seletivos do 
que os benzodiazepínicos nas suas ações, visto que também deprimem as ações do neurotransmissor 
excitatório, o ácido glutâmico, por meio de sua ligação ao receptor de AMPA. Os barbitúricos também 
exercem efeitos sobre as membranas não sinápticas, paralelamente a seus efeitos sobre a 
neurotransmissão do GABA e do glutamato. Essa multiplicidade de locais de ação dos barbitúricos 
pode constituir a base de sua capacidade de induzir anestesia cirúrgica completa e de seus efeitos 
depressores centrais mais pronunciados (que resultam em sua baixa margem de segurança), em 
comparação com os benzodiazepínicos e os hipnóticos mais recentes. 
C. Ligantes dos sítios de ligação dos benzodiazepínicos 
Foram relatados três tipos de interações ligante-receptor de benzodiazepínicos. (1) Os agonistas 
facilitam as ações do GABA, e isso ocorre em múltiplos sítios de ligação de BZ no caso dos 
benzodiazepínicos. Conforme assinalado anteriormente, os não benzodiazepínicos zolpidem, 
zaleplona e eszopiclona são agonistas seletivos nos sítios de BZ que contêm uma subunidade a1. (2) 
Os antagonistas são exemplificados pelo derivado benzodiazepínico sintético, o flumazenil, que 
bloqueia as ações dos benzodiazepínicos, da eszopiclona, da zaleplona e do zolpidem, mas não 
antagoniza as ações dos barbitúricos, do meprobamato ou do etanol. (3) Os agonistas inversos 
atuam como moduladores alostéricos negativos da função do receptor de GABA. Sua interação com 
sítios de BZ no receptor GABAa pode produzir ansiedade e convulsões, uma ação que foi demonstrada 
para vários compostos, particularmente as b-carbolinas, como a n-butil-b-carbolina-3-carboxilato (b-
CCB). Além de suas ações diretas, essas moléculas podem bloquear os efeitos dos benzodiazepínicos. 
 EFEITOS ORGÂNICOS 
1) Sedação: Os benzodiazepínicos, os barbitúricos e a maioria dos fármacos sedativos-hipnóticos mais 
antigos exercem efeitos calmantes, com redução concomitante da ansiedade em doses 
relativamente baixas. Todavia, na maioria dos casos, as ações ansiolíticas dos sedativos-hipnóticos são 
acompanhadas de alguns efeitos depressores sobre as funções psicomotoras e cognitivas. A 
desinibição de comportamento previamente suprimido pode estar mais relacionada com os efeitos 
de desinibição comportamental dos sedativos-hipnóticos, incluindo euforia, comprometimento do 
discernimento e perda do autocontrole, que podem ocorrer com doses na faixa daquelas usadas para 
o tratamento da ansiedade. Os benzodiazepínicos também exercem efeitos amnésicos anterógrados 
dependentes da dose (incapacidade de lembrar eventos que ocorrem durante a duração da ação do 
fármaco). 
2) Hipnose: Os efeitos gerais dos benzodiazepínicos e dos sedativos-hipnóticos mais antigos sobre os 
padrões do sono normal são os seguintes: (1) a latência até o início do sono é reduzida (tempo até 
adormecer); (2) a duração do estágio 2 do sono NREM (movimento ocular não rápido) aumenta; (3) 
a duração do sono REM (movimento ocular rápido) diminui; e (4) a duração do sono de ondas lentas 
NREM do estágio 4 é reduzida. Todos os hipnóticos mais recentes diminuem a latência até o sono 
persistente. O zolpidem diminui o sono REM, porém exerce efeito mínimo sobre o sono de ondas 
lentas. A zaleplona diminui a latência até o início do sono, com pouco efeito sobre a duração total 
do sono, o sono NREM ou o sono REM. A eszopiclona aumenta o tempo total de sono, principalmente 
por meio de aumento do estágio 2 do sono NREM, e, em doses baixas, tem pouco efeito sobre os 
padrões do sono. 
Pode-se detectar um padrão semelhante de “rebote do sono REM” após a interrupção abrupta do 
tratamento com sedativos-hipnóticos mais antigos, particularmente quando fármacos com curta 
duração de ação (p. ex., triazolam) são usados em altas doses. Ocorre insônia de rebote com o 
zolpidem e a zaleplona se esses fármacos forem administrados em doses mais altas. 
3) Anestesia: Entre os barbitúricos, o tiopental e o metoexital são muito lipossolúveis, penetrando 
rapidamente no tecido cerebral após administração intravenosa, uma característica que favorece seu 
uso para indução da anestesia. A rápida redistribuição tecidual (mas não a rápida eliminação) 
responde pela curta duração de ação desses fármacos, o que constitui uma característica útil na 
recuperação da anestesia. Os benzodiazepínicos – incluindo o diazepam, o lorazepam e o midazolam 
– são usados por via intravenosa na anestesia, frequentemente em associação com outros agentes. 
Os benzodiazepínicos, quando administrados em altas doses como adjuvantes de anestésicos gerais, 
podem contribuir para uma depressão respiratória pós-anestésica persistente. É provável que isso se 
deva as suas meias-vidas relativamente longas e com a formação de metabólitos ativos. Entretanto, 
essas ações depressoras dos benzodiazepínicos são geralmente reversíveis com flumazenil. 
4) Efeitos anticonvulsivantes: Os sedativos-hipnóticos são, em sua maioria, capazes de inibir o 
desenvolvimento e a propagação da atividade elétrica epileptiforme no SNC. Existe alguma 
seletividade, visto que alguns membros do grupo podem exercer efeitos anticonvulsivantes, sem 
causar acentuada depressão do SNC. Vários benzodiazepínicos – incluindo o clonazepam, o 
nitrazepam, o lorazepam e o diazepam – são seletivos o suficiente para serem clinicamente úteis no 
tratamento das convulsões. Entre os barbitúricos, o fenobarbital e o metarbital (convertido em 
fenobarbital no corpo) mostram-se efetivos no tratamento das crises tônico-clônicas generalizadas, 
embora não sejam os fármacos de primeira escolha. O clonazepam e o fenobarbital são 
anticonvulsivantes sem causar sedação severa. 
5) Relaxamento muscular: Alguns sedativos-hipnóticos, em particular membros dos grupos dos 
carbamatos (p. ex., meprobamato) e dos benzodiazepínicos, exercem efeitos inibitórios sobre os 
reflexos polissinápticos e sobre a transmissão internuncial e, em altas doses, também podem 
deprimir a transmissão na junção neuromuscular esquelética. 
6) Efeitos sobre a respiração e a função cardiovascular: mesmo em doses terapêuticas, os sedativos-
hipnóticos podem produzir depressão respiratória significativa em pacientes com doença pulmonar. 
Os efeitos sobre a respiração estão relacionados com a dose, e a depressão do centro respiratório 
medular constitui a causa habitual de morte por superdosagem de sedativos-hipnóticos. Em doses 
que produzem hipnose, não se observa qualquer efeito significativo sobre o sistema cardiovascular 
de pacientes saudáveis. Entretanto, nos estados de hipovolemia, na insuficiência cardíaca e em 
outras doenças que comprometem a função cardiovascular, os agentes sedativos-hipnóticos, quando 
administrados em doses normais, podem causar depressão cardiovascular, provavelmente em 
consequência de suas ações sobre os centros vasomotores medulares. Em doses tóxicas, tanto a 
contratilidade do miocárdio como o tônus vascular podem ser deprimidos por efeitos centrais e 
periféricos, possivelmente por meio de facilitação das ações da adenosina, resultando em colapso 
circulatório. 
Tolerância: dependência psicológica e fisiológica 
A tolerância – isto é, a diminuição da responsividade a determinado fármaco após exposição repetida 
– constitui uma característica comum do uso dos sedativos-hipnóticos. Pode levar à necessidade de 
aumentar a dose necessária para manter uma melhora sintomática ou para promover o sono. 
RAMELTEONA 
A ramelteona, um novo agente hipnótico especificamente prescrito para pacientes que têm 
dificuldade de dormir,é um agonista dos receptores de melatonina MT1 e MT2, localizados nos 
núcleos supraquiasmáticos do cérebro. A tasimelteona é semelhante e foi aprovada para o distúrbio 
de sono-vigília sem padrão de 24 horas. Esses fármacos não têm nenhum efeito direto sobre a 
neurotransmissão GABAérgica no SNC. O fármaco não deve ser administrado em associação com 
inibidores da CYP1A2 (p. ex., ciprofloxacino, fluvoxamina, tacrina, zileutona) ou da CYP2C9 (p. ex., 
fluconazol). O uso concomitante com o antidepressivo fluvoxamina aumenta a concentração 
plasmática máxima da ramelteona em mais de 50 vezes. A ramelteona deve ser usada com cautela 
em pacientes com disfunção hepática. Os efeitos adversos da ramelteona consistem em tontura, 
sonolência, fadiga e alterações endócrinas. 
BUSPIRONA 
A buspirona alivia a ansiedade sem causar efeitos sedativos, hipnóticos ou eufóricos pronunciados . 
Ao contrário dos benzodiazepínicos, o fármaco não tem propriedades anticonvulsivantes ou 
miorrelaxantes. A buspirona não interage diretamente com os sistemas GABAérgicos. O fármaco 
pode exercer seus efeitos ansiolíticos ao atuar como agonista parcial nos receptores 5-HT1a 
(serotonina) cerebrais; todavia, possui também afinidade pelos receptores dopamínicos D2 cerebrais. 
Os pacientes tratados com buspirona não apresentam ansiedade de rebote, nem sinais de 
abstinência com a interrupção abrupta do fármaco. 
A buspirona não é efetiva no bloqueio da síndrome de abstinência aguda resultante da suspensão 
abrupta do uso de benzodiazepínicos ou de outros agentes sedativos-hipnóticos. O fármaco tem 
tendência mínima ao abuso. Em acentuado contraste com os benzodiazepínicos, os efeitos ansiolíticos 
da buspirona podem levar 3 a 4 semanas para se estabelecerem (assim, NÃO são indicados como 
anestésicos pré-cirúrgicos) tornando o fármaco inapropriado para o tratamento dos estados de 
ansiedade aguda. O fármaco é usado nos estados de ansiedade generalizada, porém é menos efetivo 
nos transtornos de pânico. 
A meia-vida de eliminação da buspirona é de 2 a 4 horas, e a presença de disfunção hepática pode 
diminuir a sua depuração. A rifampicina, um indutor do citocromo P450, diminui a meia-vida da 
buspirona, ao passo que os inibidores da CYP3A4 (p. ex., eritromicina, cetoconazol, suco de pomelo 
[toranja ou grapefruit], nefazodona) podem aumentar acentuadamente os níveis plasmáticos do 
fármaco. A buspirona provoca menos comprometimento psicomotor do que os benzodiazepínicos e 
não afeta a capacidade de dirigir veículos. O fármaco não potencializa os efeitos dos agentes 
sedativos-hipnóticos convencionais, do etanol ou dos antidepressivos tricíclicos, e os pacientes idosos 
não parecem ser mais sensíveis às suas ações. Podem ocorrer dor torácica inespecífica, taquicardia, 
palpitações, tontura, nervosismo, zumbido, desconforto gastrintestinal e parestesias, bem como 
constrição pupilar dependente da dose. A pressão arterial pode ser significativamente elevada em 
pacientes recebendo inibidores da monoaminoxidase (MAO). 
ANTAGONISTAS DOS BENZODIAZEPÍNICOS: FLUMAZENIL 
O flumazenil é um dos vários derivados 1,4-benzodiazepínicos com alta afinidade pelo sítio de ligação 
de benzodiazepínicos do receptor de GABAa, que atuam como antagonista competitivos. O 
flumazenil bloqueia muitas das ações dos benzodiazepínicos, do zolpidem, da zaleplona e da 
eszopiclona, porém não antagoniza os efeitos de outros sedativos-hipnóticos, do etanol, dos opioides 
ou dos anestésicos gerais sobre o SNC. O flumazenil é usado para reversão dos efeitos depressores 
da superdosagem de benzodiazepínicos sobre o SNC, bem como para acelerar a recuperação após o 
uso desses fármacos em procedimentos anestésicos e diagnósticos. Quando administrado por via 
intravenosa, o flumazenil atua rapidamente, porém apresenta meia-vida curta (0,7 a 1,3 hora), 
devido à sua rápida depuração hepática. Como todos os benzodiazepínicos têm uma duração de 
ação mais longa que a do flumazenil, é comum haver recidiva da sedação, exigindo a administração 
repetida do antagonista. Os efeitos colaterais do flumazenil incluem agitação, confusão, tontura e 
náuseas. O flumazenil pode causar síndrome de abstinência grave precipitada em pacientes que 
desenvolveram dependência fisiológica de benzodiazepínicos. Em pacientes que tomaram 
benzodiazepínicos com antidepressivos tricíclicos, podem ocorrer convulsões e arritmias cardíacas 
após a administração de flumazenil. 
Antagonistas do receptor de orexina: fármacos que propiciam o sono 
A orexina A e B são peptídeos encontrados nos neurônios hipotalâmicos que estão envolvidos no 
estado de vigília; seus níveis aumentam durante o dia e diminuem à noite. A perda dos neurônios de 
orexina está associada à narcolepsia, um distúrbio caracterizado por sonolência diurna e cataplexia. 
Estudos em animais mostram que os antagonistas dos receptores de orexina possuem efeitos que 
propiciam o sono. Isso levou ao desenvolvimento de uma nova classe de fármacos hipnóticos, os 
antagonistas da orexina, que incluem os fármacos almorexanto e suvorexanto, sendo este último 
aprovado recentemente pela FDA. 
 
USOS CLÍNICOS 
1) Ansiedade situacional: uso de sedativos-hipnóticos em curto prazo pode ser apropriado para o 
tratamento dessa forma de ansiedade e de alguns estados de ansiedade associados a doenças. De 
modo semelhante, o uso de um sedativo-hipnótico como pré-medicação antes de uma cirurgia ou de 
algum procedimento médico desagradável é apropriado. 
2) Os benzodiazepínicos continuam sendo usados no tratamento dos estados de ansiedade aguda e 
para o rápido controle dos ataques de pânico. São também utilizados, embora menos comumente, 
no tratamento de longo prazo do transtorno de ansiedade generalizada e dos transtornos de pânico. 
3) O alprazolam tem sido usado no tratamento da síndrome do pânico e da agorafobia e parece ser 
mais seletivo nessas afecções do que outros benzodiazepínicos. A escolha dos benzodiazepínicos para 
o tratamento da ansiedade baseia-se em vários princípios farmacológicos bem definidos: (1) rápido 
início de ação; (2) índice terapêutico relativamente alto, além da disponibilidade do flumazenil para o 
tratamento da superdosagem; (3) baixo risco de interações medicamentosas com base na indução das 
enzimas hepáticas; e (4) efeitos mínimos sobre as funções cardiovasculares ou autônomas. 
As desvantagens dos benzodiazepínicos incluem o risco de dependência, depressão das funções do 
SNC e efeitos amnésicos. Além disso, os benzodiazepínicos exercem depressão aditiva do SNC quando 
administrados com outras substâncias, incluindo o etanol. O paciente deve ser avisado sobre essa 
possibilidade, a fim de evitar o comprometimento no desempenho de qualquer tarefa que exija 
atividade mental e coordenação motora. No tratamento do transtorno de ansiedade generalizado e 
de certas fobias, os antidepressivos mais recentes, incluindo os inibidores seletivos da recaptação de 
serotonina (ISRS) e os inibidores da recaptação de serotonina-norepinefrina (IRSN), atualmente são 
considerados fármacos de primeira escolha. Entretanto, esses agentes apresentam início de ação 
lento e, portanto, eficácia limitada nos estados de ansiedade aguda. 
Os sedativos-hipnóticos devem ser usados com cautela, de modo a minimizar os efeitos colaterais. 
Deve-se prescrever uma dose que não comprometa a atividade mental ou as funções motoras durante 
as horas de vigília. As prescrições devem ser feitas por curtos períodos, visto que existe pouca 
justificativa para um tratamento de longo prazo (2 meses ou mais). 
TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS DO SONO 
Os benzodiazepínicos podem causar uma diminuição dependente da dose do sono REM e do sono 
de ondas lentas, embora em menor grau do que os barbitúricos. Os hipnóticos mais recentes, 
zolpidem, zaleplona e eszopiclona, têm menos tendência do que os benzodiazepínicos a modificar os 
padrões do sono. O fármaco selecionado deveproporcionar um sono de início bastante rápido 
(diminuição da latência até o sono) e de duração suficiente, com efeitos de “ressaca” mínimos, como 
sonolência, disforia e depressão mental ou motora no dia seguinte. 
A sedação diurna é mais comum com os benzodiazepínicos que apresentam taxas lentas de 
eliminação (p. ex., lorazepam) e com aqueles que sofrem biotransformação em metabólitos ativos 
(p. ex., flurazepam, quazepam). Se os benzodiazepínicos forem usados à noite, pode ocorrer 
tolerância, podendo levar a aumentos da dose pelo paciente para produzir o efeito desejado. Ocorre 
certo grau de amnésia anterógrada com todos os benzodiazepínicos usados como hipnóticos. 
A eszopiclona, a zaleplona e o zolpidem possuem eficácia semelhante à dos benzodiazepínicos 
hipnóticos no tratamento dos distúrbios do sono. As características clínicas favoráveis do zolpidem e 
dos outros hipnóticos mais recentes incluem rápido início da atividade e depressão psicomotora 
modesta no dia seguinte, com poucos efeitos amnésicos. Nas doses recomendadas, a zaleplona e a 
eszopiclona (apesar de sua meia-vida relativamente longa) parecem causar menos amnésia ou 
sonolência no dia seguinte do que o zolpidem ou os benzodiazepínicos. 
OUTROS USOS CLÍNICOS 
Para obter efeitos sedativos e possíveis efeitos amnésicos durante procedimentos clínicos ou 
cirúrgicos, como endoscopia e broncoscopia – bem como para pré-medicação antes da anestesia –, 
preferem-se as formulações orais de fármacos de ação mais curta. Os fármacos de ação longa, como 
o clordiazepóxido, o diazepam e, em menor grau, o fenobarbital, são administrados em doses 
progressivamente decrescentes a pacientes durante a abstinência da dependência fisiológica de 
etanol ou de outros sedativos-hipnóticos. O lorazepam por via parenteral é usado para suprimir os 
sintomas do delirium tremens. 
 
O meprobamato e os benzodiazepínicos vêm sendo usados com frequência como relaxantes 
musculares centrais. O diazepam exerce efeitos relaxantes úteis na espasticidade do músculo 
esquelético de origem central. 
EFEITOS TÓXICOS DOS SEDATIVOS-HIPNÓTICOS 
Muitos dos efeitos adversos comuns dos sedativos-hipnóticos resultam da depressão do SNC 
relacionada com a dose. A administração de doses relativamente baixas pode produzir sonolência, 
comprometimento do discernimento (desinibição do comportamento) e diminuição das habilidades 
motoras, algumas vezes com impacto significativo sobre a capacidade de dirigir veículos, o 
desempenho no trabalho e as relações pessoal. 
Os benzodiazepínicos podem causar amnésia anterógrada significativa relacionada com a dose, 
podendo também comprometer de modo significativo a capacidade de aprender novas informações, 
particularmente as que envolvem processos cognitivos que exigem esforço, ao mesmo tempo que 
preservam a lembrança da informação previamente aprendida. Esse efeito é usado para 
procedimentos clínicos desconfortáveis, como a endoscopia, visto que o paciente é capaz de 
cooperar durante o procedimento, porém com amnésia quanto ao evento posteriormente. O uso 
criminoso de benzodiazepínicos em casos de estupro baseia-se nos seus efeitos amnésicos 
dependentes da dose. 
A causa reversível mais comum de estados confusionais nos indivíduos idosos consiste no uso 
excessivo de sedativos-hipnóticos. Os idosos são mais sensíveis aos efeitos sedativos-hipnóticos, por 
isso a dose deve ser reduzida. O aumento da sensibilidade também é comum em pacientes com 
doença cardiovascular, doença respiratória ou comprometimento hepático, bem como em pacientes 
idosos. 
Os benzodiazepínicos são considerados fármacos mais seguros em casos de superdosagem, visto 
que apresentam curvas de dose-resposta menos inclinada, ou seja, precisam de maior dose para 
atingir efeito comatoso. O alprazolam é significativamente mais tóxico em superdosagem do que 
outros benzodiazepínicos. 
Por aumentarem a síntese de porfirinas, os barbitúricos estão absolutamente contraindicados para 
pacientes com história de porfiria intermitente aguda, porfiria variegada, coproporfiria hereditária 
ou porfiria sintomática. 
ALTERAÇÕES NA RESPOSTA FARMACOLÓGICA: Com o uso crônico de sedativos-hipnóticos, 
particularmente se as doses forem aumentadas, pode surgir um estado de dependência fisiológica. 
A abstinência de um sedativo-hipnótico pode ter manifestações graves e potencialmente fatais. Os 
sintomas de abstinência variam desde inquietação, ansiedade, fraqueza e hipotensão ortostática até 
reflexos hiperativos e convulsões generalizadas. 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: As mais comuns que envolvem os sedativos-hipnóticos consistem 
em interações com outros agentes depressores do SNC, resultando em efeitos aditivos. É possível 
prever os efeitos aditivos com o uso concomitante de bebidas alcoólicas, analgésicos opioides, 
anticonvulsivantes e fenotiazinas. Menos evidente, porém igualmente importante, é o aumento da 
depressão do SNC observado com o uso de uma variedade de anti-histamínicos, agentes anti-
hipertensivos e fármacos antidepressivos da classe dos tricíclicos.

Outros materiais