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Criança com Distúrbio Respiratório Variações da anatomia e da fisiologia em pediatria: Os distúrbios respiratórios geralmente afetam as vias respiratórias superiores e inferiores, embora algumas acometam predominantemente uma ou outra. A disfunção respiratória em crianças tende a ser mais grave do que em adultos. Várias diferenças no sistema respiratório da criança explicam a maior gravidade dessas doenças na infância, em comparação com a vida adulta. Nariz: Os recém-nascidos respiram obrigatoriamente pelo nariz até pelo menos a 4a semana de vida. Os recém-nascidos respiram pela boca apenas quando choram. O muco das vias respiratórias superiores funciona como agente de limpeza, mas os recém-nascidos produzem pouquíssimo muco e isto os torna mais suscetíveisàs infecções. Os lactentes não conseguem abrir automaticamente a boca para respirar quando o nariz está obstruído. Os lactentes nascem com os seios maxilarese etmoidais abertos. As narinas devem estar desobstruídas para que a respiração ocorra normalmente durante a amamentação. Os seios frontais (mais comumente associados a infecção sinusal) e esfenoidais desenvolvem-se entre as idades de 6 e 8 anos, razão pela qual as crianças são menos sujeitas a desenvolver infecções sinusais do que os adultos. Garganta: Em relação com a orofaringe, a língua do lactente é maior que a de um adulto. O deslocamento posterior da língua pode causar rapidamente obstrução grave das vias respiratórias. Na faixa etária de 5 a 7 anos, as crianças tendem a ter hipertrofia dos tecidos amigdalares e adenoides, mesmo que não haja uma doença. Isso pode contribuir para aumento da incidência de obstrução das vias respiratórias. Traqueia: O diâmetro interno das vias respiratórias da criança é menor que o do adulto. A traqueia do lactente mede cerca de 4 mm de largura, em comparação com 20 mm do adulto. Quando há edema, muco ou broncospasmo, a possibilidade de o ar passar é acentua�damente reduzida. Uma redução pequena no diâmetro das vias respiratórias da criança pode aumentar significativamente a resistência ao fluxo do ar e aumentar o esforço respiratório. Nos adolescentes e nos adultos, a laringe é cilíndrica e tem largura praticamente uniforme. Nos lactentes e nas crianças com menos de 10 anos, a cartilagem cricóidea não está totalmente desenvolvida e provoca estreitamento da laringe. Por essa razão, a laringe das crianças é afunilada. Nas crianças a laringe e a glote estão localizadas em um nível mais alto do pescoço, e isto aumenta as chances de aspiração de materiais estranhos para dentro das vias respiratórias inferiores. As vias respiratórias da criança são extremamente complacentes, e isto as torna muito suscetíveis a colapso dinâmico quando há obstrução. Os músculos que sustentam as vias respiratórias são menos funcionastes que os dos adultos. As crianças têm uma quantidade maior de tecidos moles em torno da traqueia, e a mucosa que reveste as vias respiratórias está fixada menos firmemente em comparação com a dos adultos. Isso aumenta o risco de edema e obstrução das vias respiratórias. Estruturas respiratórias inferiores: A bifurcação da traqueia ocorre na altura da terceira vértebra torácica nas crianças, em comparação com a sexta vértebra torácica nos adultos. Essa diferença contribui para aumentar o risco de aspiração. Os brônquios e os bronquíolos das crianças também são mais estreitos que os dos adultos, e isto aumenta seu risco de obstrução, causada por bronquiolite ou asma, ou é devida à aspiração de um corpo estranho para dentro das vias respiratórias inferiores. Os alvéolos desenvolvem-se em torno da 24a semana de gestação. Depois do nascimento, o crescimento dos alvéolos continua até os 3 meses de vida e, em seguida, prossegue até que a criança complete 7 a 8 anos, quando então os alvéolos alcançam os números encontrados nos adultos (cerca de 300 milhões). As quantidades menores de alvéolos, principalmente nos lactentes prematuros e/ou muito pequenos, colocam as crianças sob risco mais alto de hipoxemiae retenção de dióxido de carbono. Parede torácica: As paredes torácicas dos lactentes são extremamente complacentes (flexíveis) e não conseguem suportar adequadamente os pulmões. A capacidade residual funcional pode ser acentuadamente reduzida quando o esforço respiratório diminui. Essa falta de sustentação pulmonar também torna o volume circulante dos lactentes e dos infantes totalmente dependente dos movimentos do diafragma. Se a mobilidade do diafragma estiver alterada (como ocorre em estados de hiperventilada, como a asma), os músculos intercostais não conseguem elevar a parede torácica e a respiração fica ainda mais difícil. Taxa metabólica e necessidade de oxigênio: As crianças têm taxa metabólica significativamente mais alta que a dos adultos. A frequência respiratória em repouso é mais alta e a necessidade de oxigênio é maior. O consumo de oxigênio do adulto é de 3 a 4 l/min, enquanto um lactente consome 6 a 8 l/min. Em qualquer condição que acarrete dificuldade respiratória, os lactentes e as crianças desenvolvem hipoxemia mais rapidamente que os adultos. Três distúrbios ambulatoriais mais passíveis de intervenção: Asma pediátrica, Pneumonia Influenza evitáveis por vacinas. Os distúrbios infecciosos agudos incluem: Resfriados comuns. Sinusite. Influenza. Faringite. Amigdalite. Laringite. Síndromes do crupe. Infecção pelo vírus sincicial respiratório (VSR). Pneumonia e bronquite. Resfriado comum: O resfriado comum também é conhecido como infecção viral das vias respiratórias superiores (IVVRS) ou nasofaringite. Os resfriados podem ser causados por diferentes vírus, inclusive rinovírus, parainfluenza, VSR, enterovíruse adenovírus (National Institute of Allergy and Infectious Diseases, 2004). Os resfriados são mais frequentes no inverno, afetam crianças de todas as idades e têm incidência maior entre crianças que frequentam a creche e a pré-escola. É comum que uma criança tenha 6 a 9 resfriados por ano. O tabagismo passivo aumenta o risco de pegar resfriados. A regressão espontânea ocorre depois de cerca de 7 a 10 dias, mas as complicações potenciais incluem infecções bacterianas secundárias das orelhas, da garganta, dos seios paranasais ou dos pulmões. A abordagem terapêutica do resfriado comum consiste basicamente em medidas sintomáticas. A congestão nasal pode ser aliviada por umidificação e utilização de gotas ou aerossol nasal de soro fisiológico, seguida de aspiração. Os anti-histamínicos estão contraindicados porque ressecam mais as secreções. Existem medicamentos (isolados ou combinados) vendidos sem prescrição para tratar resfriados comuns. Essas preparações não foram aprovadas para reduzir a duração ou a gravidade do resfriado, mas podem oferecer alívio sintomático em alguns casos. Avaliação de enfermagem: A criança pode ter congestão ou secreção nasal. Em geral, essa secreção é fina e aquosa nas fases iniciais, mas pode tornar-se mais espessa e colorida. A cor da secreção nasal não é um indicador confiável de infecção viral ou bacteriana. A criança pode ficar rouca e queixar- se de dor de garganta. Em geral, a tosse produz pouquíssimo escarro. Também podem ocorrer febre, fadiga, lacrimejamento e perda do apetite. Em geral, os sinais e os sintomas são piores nos primeiros dias e depois diminuem com a evolução da doença. Avalie se há fatores de risco como frequência à creche ou à pré-escola. Inspecione a criança para detectar edema e vasodilatação da mucosa. O diagnóstico é baseado nas manifestações clínicas, porque não existem exames laboratoriais ou diagnósticos específicos. Intervenções de enfermagem: As intervenções de enfermagem para a criança que tem um resfriado comum consistem em promover seuconforto, fornece instruções à família e evitar disseminação da infecção. Sinusite: Em geral, o termo sinusite (também conhecida como rinossinusite) refere-se à infecção bacteriana dos seios paranasais. A doença pode ser aguda ou crônica e a abordagem terapêutica varia com a duração. Nos pré-escolares, os seios maxilares e etmoidais são os principais focos de infecção. Depois da idade de 10 anos, os seios frontais são acometidos com maior frequência. O edema da mucosa, a redução do transporte ciliar e o espessamento das secreções nasais contribuem para invasão bacteriana do nariz. As complicações incluem celulite orbitária e infecções intracranianas, inclusive empiemas subdurais. Em geral, a persistência dos sinais e sintomas por menos de 30 dias indica sinusite aguda, enquanto os sintomas que persistem mais de 4 a 6 semanas geralmente sugerem sinusite crônica. A sinusite é tratada com antibióticos, que devem ser administrados por no mínimo 10 dias. As recomendações recentes da American Academy of Pediatrics estabelecem que os antibióticos devem ser mantidos por 7 dias depois que a criança estiver assintomática, a fim de assegurar a erradicação da infecção (AAP, 2001). Naturalmente, a sinusite crônica deve ser tratada por períodos mais longos que os casos agudos Avaliação de enfermagem: A apresentação clínica mais comum da sinusite consiste em sinais e sintomas persistentes de resfriado. Em vez de melhorar depois de 7 a 10 dias, a secreção nasal persiste. Investigue a história de saúde para detectar: Tosse, Febre, Halitose (mau hálito) em pré- escolares ou escolares, Dor facial, que pode ocorrer ou não; não é um indicador confiável da doença, Edema palpebral (se houver acometimento dos seios etmoidais), Irritabilidade, Perda do apetite Sintomas de resfriado grave que não melhoram com o tempotambém podem indicar sinusite (Leung & Kellner, 2004). Investigue a existência de fatores de risco como história de resfriados repetidos ou pólipos nasais. Durante o exame físico, observe se há edema palpebral, secreção nasal e halitose. Inspecione a garganta para detectar indícios de secreção retronasal. Examine a mucosa nasal para ver se está edemaciada. Palpe os seios paranasais e verifique se há dor à compressão suave. Intervenções de enfermagem: Gotas ou aerossol nasal de soro fisiológico, umidificação com vapor frio e ingestão oral adequada de líquidos são recomendadas para as crianças que têm sinusite. Instrua as famílias quanto à importância de concluírem todo o ciclo de tratamento antibiótico para erradicar a causa da infecção. Além disso, diga aos pais que a utilização de descongestionantes, anti histamínicos e corticoides intranasais não se mostrou benéfica no tratamento da sinusite. A aplicação de aerossol nasal ou lavagens com soro fisiológico podem facilitar a drenagem. Influenza: A infecção pelos vírus da influenza ocorre principalmente no inverno. A “gripe” é transmitida por inalação de gotículas ou por contato com aerossóis em partículas minúsculas. As crianças infectadas disseminam o vírus por 1 a 2 dias antes do início dos sintomas. Os vírus da influenza acometem principalmente o epitélio das vias respiratórias superiores, mas também podem causar doença sistêmica. As infecções bacterianas do aparelho respiratório costumam ocorrer como complicações da influenza, principalmente pneumonia pneumocócica (AAP, 2002). Avaliação de enfermagem: As crianças que frequentam a creche ou a escola estão mais sujeitas à infecção pelos vírus influenzado que as que permanecem rotineiramente em casa. Verifique se há fatores de risco para doença grave, inclusive doença cardíaca ou pulmonar (p. ex., asma) crônica, diabetes, doença renal crônica ou imunodeficiência, ou se as crianças que têm câncer estão fazendo quimioterapia. As crianças em idade escolar e os adolescentes vivenciam a doença de modo semelhante ao dos adultos. Febre de início súbito, rubor facial, calafrios, cefaleia, mialgia e mal-estar acompanham-se de tosse e coriza. Cerca de metade dos pacientes infectados têm ressecamento ou dor de garganta. Sinais e sintomas oculares como fotofobia, lacrimejamento, ardência e dor ocular são comuns. Os lactentes e os pré-escolares apresentam sinais e sintomas semelhantes aos das outras doenças respiratórias. É comum haver febre acima de 39,5°C. Os lactentes podem estar ligeiramente toxêmicos e irritáveis e apresentar tosse, coriza e faringite. Também pode haver sibilação, porque os vírus da influenza também podem causar bronquiolite. Erupção cutânea e diarreia também podem ocorrer. Intervenções de enfermagem: As intervenções de enfermagem para a criança com influenza consistem basicamente em medidas de suporte. O tratamento sintomático da tosse e da febre e a manutenção da hidratação são as principais medidas. O cloridrato de amantadina e outros agentes antivirais mais modernos podem reduzir os sintomas associados à influenza, contanto que o uso seja iniciado nas primeiras 24 a 48 h da doença. Faringite: A inflamação da mucosa da garganta (faringe) é conhecida como faringite. A inflamação da garganta pode acompanhar-se de congestão nasal e geralmente tem etiologia viral. As infecções bacterianas da faringe ocorrem mais comumente sem sinais e sintomas nasais. Em geral, a faringite viral é autolimitada e não requer outro tratamento além do alívio dos sintomas. Avaliação de enfermagem: O início da doença geralmente é muito abrupto. A história pode incluir febre, dor de garganta e dificuldade de deglutir, cefaleia e dor abdominal, que são queixas muito comuns. Investigue se houve episódios recentes de faringite viral ou estreptocócica na família, na creche ou na escola. Inspecione a faringe e as amígdalas, que podem apresentar graus variáveis de inflamação. Algumas crianças podem ter exsudatos, mas isto não é diagnóstico de infecção bacteriana. Observe se há petéquias no palato. Inspecione a língua para ver se há aspecto semelhante ao do morango. Palpe para detectar crescimento e hipersensibilidade dos linfonodos cervicais anteriores Intervenções de enfermagem As intervenções de enfermagem para a criança que tem faringite consistem basicamente em promoverseu conforto e dar instruções à família. Amigdalite: A inflamação das amígdalas ocorre comumente com faringite e, por esta razão, também pode ter etiologia viral ou bacteriana. As infecções virais requerem apenas tratamento sintomático. O tratamento da amigdalite bacteriana é o mesmo da faringite bacteriana. A tonsilectomia (ressecção cirúrgica das amígdalas palatinas) pode ser indicada para a criança que tem amigdalite estreptocócica recidivante, hipertrofia maciça das amígdalas, ou por outros motivos. Quando as adenoides hipertrofiadas obstruem a respiração, pode estar indicada a adenoidectomia (ressecção cirúrgica das adenoides). Avaliação de enfermagem: Observe se a criança tem febre ou se há história de episódios febris. Verifique se há relato de faringites ou amigdalitesrepetidas. Observe se a voz da criança está abafada ou rouca. Inspecione a faringe para detectar eritema e crescimento das amígdalas. À medida que as amígdalas aumentam, a criança pode apresentar dificuldade de respirar e de engolir. Quando as amígdalas alcançam a linha média (“amígdalas que se beijam”, ou 4+ de tamanho), as vias respiratórias podem ficar obstruídas. Além disso, quando as adenoides estão aumentadas, as narinas posteriores ficam obstruídas. A criança pode respirar pela boca e roncar. Intervenções de enfermagem A amigdalite tratada clinicamente requer as mesmas intervenções de enfermagem preconizadas para a faringite. Crupe: As crianças de 3 meses a 3 anos de idade são acometidas mais frequentemente pelo crupe, embora esta doença possaocorrer em qualquer idade. O crupe também é conhecido como laringotraqueobronquite, porque a inflamação e o edema da laringe, da traqueia e dos brônquios ocorrem em consequência de infecção viral. A inflamação e o edema obstruem as vias respiratórias e causam os sintomas. Também pode haver produção aumentada de muco, que contribui para a obstrução das vias respiratórias. O estreitamento da região subglótica da traqueia causa estridor inspiratório audível. O edema da laringe causa rouquidão. A inflamação da laringe e da traqueia provoca a tosse de tonalidade áspera característica do crupe. Os sintomas são mais comuns à noite e o crupe geralmente é autolimitado (emgeral, dura cerca de 3 a 5 dias). Em geral, o crupe começa repentinamente à noite e os sintomas desaparecem ao amanhecer. As complicações do crupe são raras, mas podem incluir agravamento da angústia respiratória, hipóxia ou superinfecção bacteriana (p. ex., traquete bacteriana). Em geral, o crupe é tratado ambulatoriamente e apenas 1 a 2% dos pacientes precisam ser hospitalizados. Os corticoides (geralmente em dose única) são usados para reduzir a inflamação, enquanto a epinefrina racêmica em aerossol produz o efeito alfa-adrenérgico de vasoconstrição da mucosa, ajudando a reduzir o edema. Avaliação de enfermagem: Determine a idade da criança; as crianças de 3 meses a 3 anos são mais suscetíveis de apresentar crupe viral (laringotraqueobronquite). A história pode revelar tosse que começou à noite (apresentação clínica mais comum) e que tem tonalidade áspera (ou som de tinido). A temperatura pode estar normal ou ligeiramente elevada. Faça a ausculta para detectar estridor inspiratório e observe se há retraçõessupraesternais. Ausculte os pulmões para avaliar se o murmúrio vesicular está normal. Intervenções de enfermagem. Se a criança estiver sendo tratada em casa, instrua os pais quanto aos sinais e aos sintomas de angústia respiratória e diga-lhes para buscar atendimento se a condição respiratória da criança piorar. Ensine aos pais como expor a criança ao ar umidificado (por meio de um umidificador com vapor frio ou no banheiro com vapor aquecido). Embora não tenha sido comprovada clinicamente, a utilização do ar umidificado é recomendada há muito tempo para aliviar os episódios de tosse e é considerada útil, embora sem comprovação. Bronquite: Inflamação da traqueia e dos brônquios principais, geralmente associada a uma IVRS. A bronquite geralmente é viral, embora o Mycoplasma pneumonia também seja um agente etiológico importante em crianças com mais de 6 anos de idade. Em geral, a recuperação ocorre em 5 a 10 dias. A abordagem terapêutica consiste basicamente em medidas de suporte. A administração de expectorante e hidratação adequada são medidas importantes. Bronquite: Avaliação de enfermagem. A doença pode começar como se fosse uma IVRS branda. A criança tem febre seguida de tosse seca e entrecortada, que pode tornar-se produtiva nas crianças capazes de expectorar. A tosse pode acordar a criança durante a noite. A ausculta dos pulmões pode detectar estertores bolhosos, e a respiração não é dificultada. Radiografias do tórax podem mostrar hiperinflação alveolar difusa e acentuação das tramas perihilares. Intervenções de enfermagem: As intervenções de enfermagem têm como objetivo prestar cuidados de suporte. Diga aos pais que os expectorantes ajudam a soltar as secreções e que os antipiréticos ajudam a reduzir a febre e aumentar o conforto da criança. Estimule a hidratação adequada. Desestimule a utilização de supressores da tosse, porque é importante que o escarro acumulado seja expectorado. Intervenções de enfermagem: A infecção pelo VSR geralmente é autolimitada e os diagnósticos, as metas e as intervenções de enfermagem para a criança que tem bronquiolite consistem basicamente em medidas de suporte. As crianças com doença menos grave podem necessitar apenas de antipiréticos, hidratação adequada e observação atenta. Os pais ou os cuidadores devem ser instruídos a atentar para sinais de agravamento e devem entender a importância de buscar atendimento imediato caso as condições da criança piorem. A internação hospitalar é necessária para crianças com doença mais grave, e as crianças internadas por bronquiolite associada ao VSR devem ser mantidas em observação rigorosa. Pneumonia: Inflamação do parênquima pulmonar causada por vírus, bactérias, micoplasmas ou fungos. A pneumonia também pode ser causada por aspiração de corpos estranhos para as vias respiratórias inferiores (pneumonia de aspiração). Os vírus são as causas mais comuns de pneumonia entre os lactentes, mas são os agentes etiológicos menos frequentes nos pré-escolares. A pneumonia viral geralmente é mais bem tolerada pelas crianças de todas as idades. As crianças com pneumonia bacteriana têm maior tendência a demonstrar aspecto toxêmico mas em geral há recuperação rápida se o tratamento antibiótico for iniciado imediatamente. Obtenha uma descrição da doença atual e da queixa principal. Verifique como começaram e progrediram os sintomas. Os sinais e os sintomas comumente relatados durante a obtenção da história de saúde incluem: Antecedente de IVRS, Febre, Tosse (determine o tipo e se é produtiva ou não), Acentuação do esforço respiratório, Em lactentes: história de letargia, redução da ingestão alimentar, vômitos ou diarreia, Em pré-escolares e escolares: calafrios, cefaleia, dispneia, dor torácica ou abdominal e náuseas ou vômitos. Investigue a história da doença atual e a história patológica pregressa para detectar fatores de risco reconhecidamente associados às pneumonias mais graves, inclusive: Prematuridade, Desnutrição, Tabagismo passivo, Baixa condição socioeconômica, Frequência a creche, Doença cardiopulmonar, imunológica ou neurológica associada. Intervenções de enfermagem: Os diagnósticos, as metas e as intervenções de enfermagem para a criança com pneumonia consistem basicamente em proporcionar suporte e instruções quanto à doença e ao tratamento. A profilaxia da infecção pneumocócica também é importante. Tuberculose: Doença altamente contagiosa causada por inalação de gotículas respiratórias contaminadas por Mycobacterium tuberculosis ou Mycobacterium bovis. Em geral, as crianças contraem a doença de um familiar com quem vivem em contato direto. As crianças das raças não brancas e as crianças com doenças crônicas ou desnutrição são mais suscetíveis de contrair infecção. Depois da exposição a um indivíduo infectado, o período de incubação é de 2 a 10 semanas. Embora a tuberculose pulmonar seja a forma mais comum da doença, as crianças também podem ter infecções de outros órgãos do corpo, inclusive o trato gastrintestinal ou o sistema nervoso central. Avaliação de enfermagem: A triagem rotineira para infecção por tuberculose não é recomendada para os grupos de baixo risco, mas as crianças consideradas de alto risco de contrair esta doença devem fazer a triagem. As manifestações clínicas da tuberculose variam muito entre as crianças. As crianças podem estar assintomáticas ou apresentar diversos tipos de sinais e sintomas, inclusive febre, mal-estar, emagrecimento, anorexia, dor e sensação de aperto no tórax e, raramente, hemoptise. A criança pode ou não ter tosse, que geralmente piora progressivamente em várias semanas ou meses. À medida que a tuberculose avança, a frequência respiratória aumenta e o pulmão do lado afetado não se expande completamente. O exame físico pode detectar macicez à percussão e também redução do murmúrio vesicular e estertores. A febre é persistente e a criança pode ter palidez, anemia, fraqueza e emagrecimento. Intervenções de enfermagem: A internação hospitalar de crianças com tuberculose é necessáriaapenas para os casos mais graves. As intervenções de enfermagem têm como objetivo prestar cuidados de suporte e estimular a adesão ao tratamento prescrito. A maioria dos cuidados de enfermagem para as crianças com tuberculose é prestada em clínicas ambulatoriais, escolas ou serviços de saúde pública. As medidas de suporte incluem assegurar nutrição e repouso adequados, aumentar o conforto da criança (p. ex., reduzir a febre), evitar exposição a outras doenças infecciosas e evitar reinfecção. Epistaxe: Sangramento nasal - ocorre mais comumente em crianças que ainda não atingiram a adolescência. Na maioria dos casos, o sangramento da mucosa nasal origina-se da região anterior do septo. A epistaxe pode ser recidivante e idiopática (sem causa definida). A maioria dos casos é benigna, mas nas crianças com distúrbios hemorrágicos ou doenças hematológicas a epistaxe deve ser investigada mais detalhadamente e tratada de acordo. Avaliação de enfermagem: Investigue a história de saúde da criança para detectar fatores desencadeantes como inflamação local, ressecamento da mucosa ou traumatismo localizado (em geral, por coçar o nariz). Examine a cavidade nasal para verificar se há sangue. Intervenções de enfermagem: A presença de sangue às vezes assusta as crianças e os pais. A enfermeira e os pais devem ficar calmos. A criança deve sentar-se e inclinar a cabeça para a frente (a inclinação da cabeça para trás pode facilitar aspiração de sangue). Aplique pressão contínua na parte anterior do nariz pinçando-a com dois dedos. Estimule a criança a respirar pela boca durante essa fase do tratamento. Também pode ser útil aplicar gelo ou um pano gelado na ponte nasal. Em geral, o sangramento cessa dentro de 10 a 15 min. Aplique vaselina ou um gel hidrossolúvel na mucosa nasal com um aplicador com ponta de algodão para umedecera mucosa e evitar recidiva. Síndrome de Angustia Respiratória Aguda: A síndrome de angústia respiratória aguda (SARA) ocorre depois de uma lesão primária como sepse, pneumonia viral, inalação de fumaça ou semiafoga mento. O início agudo da angústia respiratória e da hipoxemia ocorre nas primeiras 72 h da lesão primária em lactentes e crianças com pulmões previamente normais. A membrana alvéolo capilar torna-se permeável e há acúmulo de edema pulmonar. A formação de membrana hialina nas superfícies alveolares e a produção reduzida do surfactante aumentam a rigidez pulmonar. O edema da mucosa e os restos celulares acumulados provocam atelectasia. A difusão dos gases fica bastante dificultada. A SARA pode progredir para insuficiência respiratória e morte, embora algumas crianças se recuperem completamente ou tenham doença pulmonar residual. Avaliação de enfermagem: Taquicardia e taquipneia ocorrem nas primeiras horas da doença. Em seguida, há acentuação significativa do esforço respiratório com batimento nasal e retrações. Ausculte os sons respiratórios, que podem ser normais ou consistir em estertores agudos dispersos por todos os campos pulmonares. As crianças entram em hipoxia e as radiografias do tórax podem mostrar infiltrados bilaterais. Intervenções de enfermagem: As intervenções de enfermagem para a criança com SARA consistem basicamente em medidas de suporte e são realizadas na unidade de terapia intensiva. Monitore rigorosamente as condições respiratórias e cardiovasculares. Medidas para aumentar o conforto, como higiene e mudança de posição e também controle da dor e da ansiedade, manutenção do estado nutricional e prevenção de infecções, também são intervenções cruciais de enfermagem. Rinite Alérgica: Distúrbio crônico comum na infância e que acomete até 40% das crianças. A rinite alérgica perene persiste ao longo de todo o ano e está associada a ambientes fechados. Os alergênios comumente implicados na rinite alérgica perene são ácaros da poeira, pelos de animais domésticos, antígenos das baratas e mofo. A rinite alérgica sazonal é causada por aumento dos níveis de alergênios no ar ambiente fora de casa. Em geral, esse distúrbio é causado por alguns tipos de pólen, plantas, sementes, fungos e mofo. Asma: Doença inflamatória das vias respiratórias que se caracteriza por hiper reatividade, edema e produção de muco pelas vias respiratórias. A obstrução das vias respiratórias causada pela asma pode ser revertida em parte ou totalmente. A gravidade varia de períodos longos de controle com exacerbações agudas esparsas em algumas crianças, ou persistência diária dos sintomas em outros casos. A asma é a doença crônica mais comum da infância. A incidência e a gravidade da asma estão aumentando e isto pode ser atribuído à urbanização crescente, ao aumento da poluição do ar e ao diagnóstico mais preciso A gravidade varia dos sintomas associados apenas a atividades vigorosas (broncospasmo induzido por esforço) aos sintomas diários que interferem na qualidade de vida. As crianças asmáticas também são mais suscetíveis de desenvolver infecções respiratórias viraise bacterianas graves. Os objetivos atuais do tratamento clínico são evitar os fatores desencadeantes da asma e reduzir ou controlar os episódios de inflamação. Em geral, a profilaxia a longo prazo consiste em usar corticoides inalatórios. Podem ser usados bronco dilatadores no tratamento agudo da bronco constrição ou no tratamento crônico para evitar broncospasmo. O broncospasmo induzido por esforço físico pode ocorrer em qualquer criança asmática, ou ser o único sintoma das crianças com asma intermitente. Avaliação de enfermagem: História de saúde: Obtenha uma descrição da doença atual e da queixa principal. Os sinais e os sintomas comumente relatados durante a obtenção da história de saúde podem incluir:Tosse, principalmente à noite: tipo entrecortado que inicialmente é seca mas torna-se produtiva com escarro espumoso; Dificuldade de respirar: falta de ar, sensação de aperto ou dor no peito, dispneia ao esforço; Sibilação. Investigue a história da doença atual e a história patológica pregressa da criança para detectar fatores de risco como: História de rinite alérgica ou dermatite atópica, História familiar de atopia (asma, rinite alérgica, dermatite atópica), Episódios repetidos diagnosticados como sibilação, bronquiolite ou bronquite, Alergias conhecidas, Resposta sazonal aos pólens do ambiente, Exposição à fumaça de tabaco (passiva ou ativa), Pobreza. Exame físico: O exame físico da criança asmática inclui inspeção, ausculta e percussão. Inspeção: Observe o aspecto geral e a coloração da pele e das mucosas da criança. Durante as exacerbações, a pele da criança pode continuar rosada, mas, à medida que seu estado piora, pode surgir cianose. O esforço respiratório é variável. Algumas crianças apresentam retrações suaves, enquanto outras demonstram utilização significativa dos músculos acessórios e, por fim, começam a balançar a cabeça para trás quando não recebem tratamento eficaz. A criança pode parecer ansiosa e amedrontada, ou letárgica e irritável. Também pode haver sibilos audíveis. As crianças com asma grave e persistente podem ter tórax em barril e, em geral, apresentam acentuação branda do esforço respiratório. Ausculta e percussão: Os campos pulmonares devem ser avaliados cuidadosamente. A sibilação é a marca característica da obstrução das vias respiratórias e pode variar de acordo com o campo pulmonar. Também pode ser detectado murmúrio vesicular rude. Avalie a adequação da ventilação. Em presença de obstrução respiratória grave, a circulação do ar pode ser tão difícil que os sibilos não são detectáveis à ausculta. A percussão pode demonstrar hiper-resonância. Intervenções de enfermagem: As intervenções iniciais de enfermagem para a criança que apresenta exacerbação aguda da asma têm como objetivo desobstruiras vias respiratórias e recuperar o padrão respiratório eficaz, além de promover oxigenação e ventilação adequadas. Fibrose Cística: Doença autossômica recessiva. Atualmente, o American College of Obstetrics and Gynecology recomenda a triagem para fibrose cística a todas as famílias que buscam atendimento pré-concepcional ou pré-natal. Avaliação de enfermagem: História de saúde: Os sinais e os sintomas comumente relatados durante a obtenção da história de saúde das crianças ainda sem diagnóstico podem incluir: Paladar salgado na pele da criança (resultante do excesso de cloreto perdido pela transpiração), Íleo meconial ou eliminação tardia ou difícil das fezes meconiais no período neonatal, Dor abdominal ou dificuldade de evacuar (os lactentes ou os infantes podem ter obstrução intestinal ou intussuscepção por ocasião do diagnóstico), Fezes volumosas e gordurosas, Baixo ganho ponderal e déficit de crescimento, apesar do apetite normal, Tosse crônica ou recidivante e/ou infecções repetidas das vias respiratórias superiores ou inferiores. As crianças com diagnóstico já confirmado de fibrose cística geralmente são internadas em hospital por causa das exacerbações pulmonares ou de outras complicações da doença. A história de saúde deve incluir perguntas relativas aos seguintes aspectos: Função respiratória: a criança tem tosse, expectoração ou acentuação do esforço respiratório? Apetite e ganho ponderal, Tolerância ao esforço, Necessidade maior de usar medicamentos pulmonares ou pancreáticos, Presença de febre, Presença de dor óssea, Quaisquer outras alterações do estado físico ou do tratamento farmacológico. Exame físico: O exame físico inclui inspeção, ausculta, percussão e palpação. Inspeção: Observe o aspecto geral e a coloração da criança. Examine as vias nasais para detectar pólipos. Observe a frequência respiratória, o esforço respiratório, a utilização dos músculos acessórios, a posição mais confortável, a frequência e a gravidade da tosse e a qualidade e a quantidade do escarro produzido. A criança que tem fibrose cística geralmente apresenta tórax em barril (diâmetro anteroposterior praticamente igual ao transversal). Também pode haver baqueteamento dos leitos ungueais. Observe se há prolapso retal. A criança parece pequena ou magra para sua idade? A criança pode ter abdome protuberante e extremidades finas, com quantidades reduzidas de tecidos adiposos subcutâneos. Verifique se há edema (sinal de insuficiência cardíaca ou hepática), distensão das veias do pescoço ou acentuação do batimentoprecordial (sinais de cor pulmonale). Exame físico: Ausculta: A ausculta pode detectar vários sons respiratórios adventícios. Pode haver estertores finos ou bolhosos e sibilos localizados ou difusos. Com a obstrução progressiva das vias respiratórias, o murmúrio vesicular pode ser reduzido. Também pode ser detectada taquicardia. Observe a existência de galope (que pode estar associado ao cor pulmonares) e a qualidade dos ruídos peristálticos. Percussão: A percussão dos pulmões geralmente detecta hiper-ressonância secundária à retenção do ar. As excursões diafragmáticas podem estar reduzidas. A percussão do abdome pode detectar macicez sobre o fígado aumentado ou uma massa causada pela obstrução intestinal. Palpação: A palpação pode constatar assimetria das excursões torácicas em consequência da atelectasia. O frêmito toracovocal pode estar reduzido nas áreas de atelectasia. Observe se há hipersensibilidade na região do fígado (pode ser um sinal precoce de cor pulmonale)