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Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 1 EXAME FÍSICO Pescoço e Coluna cervical Do ponto de vista neurológico incluem-se os seguintes exames: Carótidas: palpação e ausculta de ambas as carótidas, separadamente, comparando-se a amplitude e averiguando se há frêmito e/ou sopro. O exame é feito com suavidade ao longo da borda interna do músculo esternocleidomastóideo, e tem por objetivo surpreender a existência de estenose ou oclusão da artéria, condições que determinam distúrbios isquêmicos cerebrais Região supra clavicular: a ausculta desta região apresenta a mesma importância que a das carótidas, isto porque é neste ponto que a artéria vertebral tem origem na subclávia. Movimentos da cabeça: pede-se ao paciente que execute movimentos de extensão, flexão, rotação e lateralização da cabeça. Havendo dificuldade ou limitação, isso deve ser assinalado, com a respectiva graduação. Eventual dificuldade ou limitação pode estar relacionada com doenças osteoarticulares, musculares, meningites, radiculopatias e hemorragia subaracnóidea. Rigidez da nuca: o examinador coloca uma das mãos na região occipital do paciente em decúbito dorsal e, suavemente, tenta fletir a cabeça dele (Figura 20.1). Se o movimento for fácil e amplo, não há rigidez de nuca, ou seja, a nuca é livre. Caso contrário, fala-se em resistência, defesa ou simplesmente rigidez da nuca. Esta última situação é frequentemente encontrada na meningite e na hemorragia subaracnóidea. Exame Neurológico Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 2 Figura 20.1 A e B. Pesquisa de rigidez de nuca. Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 3 PROVA DE BRUDZINSKI: o examinador repousa uma das mãos sobre o tórax do paciente em decúbito dorsal e membros estendidos e, com a outra, colocada na região occipital, executa uma flexão forcada da cabeça. A prova é positiva quando o paciente flete os membros inferiores, havendo casos nos quais se observam flexão dos joelhos e expressão fisionômica de sensação dolorosa. Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 4 Transição craniovertebral: trata-se de uma região que oferece grande importância em determinadas situações clínicas. Deve-se observar especialmente se existe o chamado “pescoço curto”, o qual pode denunciar deformidades ósseas, como redução numérica das vértebras cervicais, platibasia e impressão basilar, nitidamente visíveis ao exame radiológico. Esta deformidade existe, com alguma frequência, nos originários da região Nordeste do país, mas, nesses casos, nem sempre apresenta significado patológico. Coluna lombosacra Avaliam os seguintes parâmetros: Movimentos: solicita-se ao paciente que execute movimentos de flexão, extensão, rotação e lateralização da coluna, e observa-se a eventual existência de limitação na amplitude dos movimentos e em que grau. As causas são as mesmas citadas para a coluna cervical. Provas de estiramento de raiz nervosa: PROVA DE LASÈGUE: com o paciente em decúbito dorsal e os membros inferiores estendidos, o examinador faz a elevação de um membro inferior estendido. A prova é positiva quando o paciente reclama de dor na face posterior do membro examinado, logo no início da prova (cerca de 30° de elevação). Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 5 PROVA DE KERNIG: consiste na extensão da perna, estando a coxa fletida em ângulo reto sobre a bacia e a perna sobre a coxa. Considera-se a prova positiva quando o paciente sente dor ao longo do trajeto do nervo ciático e tenta impedir o movimento. Outra manobra de Kernig é elevar ambos os MMII ao mesmo tempo; positiva se desencadear dor e flexão nos joelhos (Figura 20.2). Essas provas são utilizadas para o diagnóstico da meningite, da hemorragia subaracnóidea e da radiculopatia ciática. Figura 20.2 Pesquisa do sinal de Kernig. Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 6 Marcha ou equilíbrio dinâmico Cada pessoa tem um modo próprio de andar, ato extremamente variável, individualizado pelas suas características físicas, mentais e culturais. Observando-se a maneira pela qual o paciente se locomove, é possível, em algumas afecções neurológicas, suspeitar-se ou fazer-se o diagnóstico sindrômico. A todo e qualquer distúrbio da marcha dá-se o nome de disbasia, a qual pode ser uni ou bilateral, e os tipos mais representativos são os seguintes: Marcha helicópode, ceifante ou hemiplégica: ao andar, o paciente mantém o membro superior fletido em 90° no cotovelo e em adução e a mão fechada em leve pronação. O membro inferior do mesmo lado é espástico, e o joelho não flexiona. Por essa razão, a perna tem de se arrastar pelo chão, descrevendo um semicírculo quando o paciente troca o passo. Este modo de caminhar lembra o movimento de uma foice em ação, daí o nome de marcha Ceifante. Ocorre nos pacientes que apresentam hemiplegia, cuja causa mais comum é acidente vascular cerebral. Marcha anserina ou de pato: para caminhar, o paciente acentua a lordose lombar e inclina o tronco ora para a direita ora para a esquerda, lembrando o andar de um pato. É observada em doenças musculares e traduz uma diminuição da força dos músculo pélvicos e das coxas. Marcha parkinsoniana: o doente anda como um bloco, enrijecido, sem o movimento automático dos braços. A cabeça permanece inclinada para frente e os passos são miúdos e rápidos, dando a impressão de que o doente “corre atrás do seu centro de gravidade” e que irá sofrer uma queda para frente. Ocorre na síndrome parkinsoniana Marcha cerebelar ou marcha do ébrio: ao caminhar, o doente ziguezagueia como uma pessoa embriagada. Este tipo de marcha traduz incoordenação de movimentos em decorrência de lesões do cerebelo. Marcha tabética: para se locomover, o paciente mantém o olhar fixo no chão; os membros inferiores são levantados abrupta e explosivamente e, ao serem recolocados no chão, os calcanhares tocam o solo de modo intenso. Com os olhos fechados, a marcha piora acentuadamente ou se torna impossível. Indica perda da sensibilidade proprioceptiva por lesão do cordão posterior da medula. Um exemplo é a tabes dorsalis (neurolues) Marcha de pequenos passos: caracterizada por passos muito curtos, e, ao caminhar, o paciente arrasta os pês como se estivesse “patinando”. Ocorre na paralisia Pseudobulbar e em doenças extrapiramidais. As vezes, os Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 7 pacientes não conseguem sair do lugar (“freezing”). Idosos também podem apresentar marcha de pequenos passos. Marcha vestibular: o paciente com lesão vestibular (labirinto) apresenta lateropulsão quando anda; é como se fosse empurrado para o lado quando tenta se mover em linha reta. Se o paciente é solicitado a ir de frente e voltar de costas, com os olhos fechados, em um ambiente amplo, ele descreverá uma figura semelhante a uma estrela, daí ser denominada também marcha em estrela Marcha Escarvante: quando o doente tem paralisia do movimento de flexão dorsal do pé, ao tentar caminhar toca com a ponta do pé́ o solo e tropeça. Para evitar isso, levanta acentuadamente o membro inferior, lembrando o “passo de ganso” dos soldados prussianos. Marcha em tesoura ou espástica: os dois membros inferiores enrijecidos e espásticos permanecem semifletidos, os pés se arrastam, e as pernas se cruzam uma na frente da outra quando o paciente tenta caminhar. O movimento das pernas lembra uma tesoura em ação. Este tipo de marcha é bastante frequente nas formas espásticas da paralisia cerebral Marcha claudicante: ao caminhar, o paciente “manca” para um dos lados. Ocorre na insuficiência arterial periférica e em lesões do aparelho locomotor. Marcha do idoso: nos idosos a marcha pode apresentar-se alentecida, com passos curtos e diminuição dos movimentos associados de membros superiores. Alterações no equilíbrio, coordenação, sensibilidade e forca muscular aumentam os riscosde queda, podendo levar a diversas complicações. Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 8 Equilíbrio Estático Após o estudo da marcha, solicita-se ao paciente que continue na posição vertical, com os pês juntos, olhando para a frente. Nesta postura, deve permanecer alguns segundos. Em seguida, pede-se a ele que feche as pálpebras durante alguns segundos. Esse procedimento denomina-se PROVA DE ROMBERG. No individuo livre de qualquer acometimento, nada se observa, ou apenas ligeiras oscilações do corpo são notadas (prova de Romberg negativa). Na vigência de determinadas alterações neurológicas, ao cerrar as pálpebras, o paciente apresenta oscilações do corpo, com desequilíbrio e forte tendência à queda (prova de Romberg positiva). A tendência à queda pode ser: • Para qualquer lado e imediatamente após interromper a visão, indicando lesão das vias de sensibilidade proprioceptiva consciente • Sempre para o mesmo lado após transcorrer pequeno período de latência, traduzindo lesão do aparelho vestibular. A prova de Romberg é positiva (Figura 20.3) nas labirintopatias, na tabes dorsalis, na degeneração combinada da medula e na polineuropatia periférica. Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 9 Em algumas ocasiões, sobretudo nas lesões cerebelares, o paciente não consegue permanecer de pé́ (astasia) ou o faz com dificuldade (distasia), alargando, então, sua base de sustentação pelo afastamento dos pés para compensar a falta de equilíbrio. Tais manifestações não se modificam quando se interrompe o controle visual (prova de Romberg negativa). Motricidade voluntária Os atos motores são de três tipos: 1. voluntário, 2. involuntário 3. reflexo. O primeiro, mais recentemente adquirido na escala animal, em virtude de lei ontogenética, atua sobre os demais no sentido de inibição, controle e moderação. O sistema motor voluntário que comanda os movimentos dos vários segmentos do corpo é representado pelos neurônios centrais ou superiores que se situam no córtex frontal, precisamente no giro pré-central, cujos axônios formam a via ou fascículo corticoespinal, também chamado piramidal, terminando em sinapse nos vários níveis do tronco encefálico e medulares com os segundos neurônios motores; estes são chamados periféricos ou inferiores e se localizam no núcleo dos nervos do tronco cerebral e nas colunas ventrais da medula. Seus axônios, que alcançam a periferia, formam as raízes e os nervos, terminam nos músculos. Os neurônios motores – superior e inferior – e suas vias estão representados na Figura 20.4. Figura 20.4 Representação esquemática da via motora descendente, desde sua origem no córtex motor até as sinapses de seus axônios com os neurônios da coluna cinzenta anterior da medula (feixe corticoespinal) e com os núcleos motores dos nervos cranianos no tronco encefálico (feixe corticonuclear). No córtex pode-se observar também a representação topográfica dos movimentos do corpo, de acordo com sua importância no homem, que constitui a clássica figura do “homúnculo” de Penfield e Rasmussen. Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 10 Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 11 A motricidade voluntaria é estudada por meio de duas técnicas, uma para a análise da motricidade espontânea e outra para a avaliação da forca muscular. 1. Motricidade espontânea – Solicita-se ao paciente que execute uma serie de movimentos, especialmente dos membros, tais como abrir e fechar a mão, estender e fletir o antebraço, abduzir e elevar o braço, fletir a coxa, fletir e estender a perna e o pé. Durante a execução desses movimentos, observa-se se eles são realizados em toda a sua amplitude. Não sendo, cumpre avaliar o grau e a sede da limitação; afastadas as condições locais extraneurológicas (abscesso, anquilose, retração tendinosa), as causas de redução ou abolição do movimento voluntário são representadas por lesão dos neurônios motores e/ou de suas vias (sistema piramidal, colunas ventrais da medula e nervos). 2. Forca muscular - O paciente procura fazer os mesmos movimentos referidos no exame da motricidade espontânea, só́ que, neste momento, com oposição aplicada pelo examinador. Essas manobras são mostradas nas Figuras 20.5, 20.6 e 20.7. Rotineiramente, não havendo indícios de doença que justifiquem exame específico de determinados segmentos, este é o realizado de modo global. Nos casos de discreta ou duvidosa deficiência motora dos membros realizam-se as denominadas “provas deficitárias”, representadas pelas PROVAS DE BARRÉ, MINGAZZINI e dos braços estendidos (Figura 20.7). Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 12 Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 13 Tônus muscular O tônus pode ser considerado como o estado de tensão constante a que estão submetidos os músculo, tanto em repouso (tônus de postura), como em movimento (tônus de ação). O exame do tônus é efetuado com o paciente deitado e em completo relaxamento muscular, obedecendo-se à seguinte técnica: Inspeção: verifica-se se há ou nao achatamento das massas musculares de encontro ao plano do leito. É mais evidente nas coxas e só́ apresenta valor significativo quando há acentuada diminuição do tônus Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 14 Palpação das massas musculares: averígua-se o grau de consistência muscular, a qual se mostra aumentada nas lesões motoras centrais e diminuída nas periféricas Movimentos passivos: imprimem-se movimentos naturais de flexão e extensão nos membros e se observam: Passividade: se há resistência (tônus aumentado) ou se a passividade está aquém do normal (tônus diminuído). Extensibilidade: se existe ou não exagero no grau de extensibilidade da fibra muscular. Assim, na flexão da perna sobre a coxa, sugere-se diminuição do tônus quando o calcanhar toca a região glútea de modo fácil. A diminuição do tônus (hipotonia) ou o seu aumento (hipertonia) devem ser registrados com as respectivas graduação e sede. Exemplos de achados de exame: moderada hipotonia nos membros inferiores e acentuada hipertonia dos membros direitos. Coordenação Na execução dos movimentos, por mais simples que sejam, entram em jogo mecanismos reguladores de sua direção, velocidade e medida adequadas, que os tornam econômicos, precisos e harmônicos. Não basta, portanto, que exista força suficiente para a execução do movimento, é necessário que haja coordenação na atividade motora. Coordenação adequada traduz o bom funcionamento de pelo menos dois setores do sistema nervoso: o cerebelo (centro coordenador) e a sensibilidade proprioceptiva. À sensibilidade proprioceptiva cabe informar continuamente ao centro coordenador as modificações de posição dos vários segmentos corporais. A perda de coordenação é denominada ataxia, a qual pode ser de três tipos: cerebelar, sensitiva e mista. Cumpre referir que nas lesões da sensibilidade proprioceptiva o paciente utiliza a visão para fiscalizar os movimentos incoordenados. Cerradas as pálpebras, acentua-se a ataxia. Tal fato não ocorre nas lesões cerebelares. Faz-se o exame da coordenação por meio de numerosas provas, mas bastam as que se seguem. Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 15 Prova indicador-nariz: Com o membro superior estendido lateralmente, o paciente é solicitado a tocar a ponta do nariz com o indicador. Repete-se a prova algumas vezes, primeiro com os olhos abertos, depois, fechados. O paciente deve estar preferencialmente de pé ou sentado (Figura 20.9). Prova calcanhar-joelho: Na posição de decúbito dorsal, o paciente é solicitado a tocar o joelho com o calcanhar do membro a ser examinado (Figura 20.9). A prova deve ser realizada várias vezes, de início com os olhos abertos, depois, fechados. Nos casos de discutível alteração, “sensibiliza-se” a prova mediante odeslizamento do calcanhar pela crista tibial, após tocar o joelho. Diz-se que há dismetria (distúrbio na medida do movimento) quando o paciente não consegue alcançar com precisão o alvo, errando para mais ou para menos. Prova dos movimentos alternados. Determina-se ao paciente que realize movimentos rápidos e alternados, tais como abrir e fechar a mão, movimento de supinacão e pronação, extensão e flexão dos pés. Denomina-se diadococinesia estes movimentos. A capacidade de realizá-los é chamada eudiadococinesia. Sua dificuldade é designada disdiadococinesia, e a incapacidade de realizá-los recebe o nome de adiadococinesia. O registro das alterações encontradas é feito anotando-se a sede e o grau de ataxia. Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 16 A velocidade e a coordenação dos movimentos declinam com a idade avançada. Desse modo, atividades da vida diária (vestir-se, levantar-se-se de uma cadeira, por exemplo) podem requerer 30 a 40% mais tempo em idosos. Reflexos De modo genérico, pode-se afirmar que toda ação corresponde uma reação. Assim é o reflexo, ou seja, trata-se de uma resposta do organismo a um estímulo de qualquer natureza. A reação pode ser motora ou secretora, na dependência da modalidade do estímulo e do órgão estimulado. Para nosso estudo, são interessantes os reflexos motores, cuja base anatomofuncional é o arco reflexo, representado esquematicamente na Figura 20.10 e que é constituído pelos seguintes elementos: • Via aferente: receptor e fibras sensitivas do nervo • Centro reflexógeno: substância cinzenta do sistema nervoso • Via eferente: fibras motoras do nervo • Órgão efetor: músculo. 1. Reflexos exteroceptivos ou superficiais Nestes reflexos o estímulo é feito na pele ou na mucosa por meio de um estilete rombo. Alguns reflexos mucosos serão vistos quando forem estudados os nervos cranianos. Os reflexos cutâneos habitualmente examinados são os descritos a seguir. Reflexo cutaneoplantar. Com o paciente em decúbito dorsal, com os membros inferiores estendidos, o examinador estimula superficialmente a Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 17 região plantar, próxima à borda lateral e no sentido posteroinferior, fazendo um leve semicírculo na parte mais anterior (Figura 20.11). Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 18 A resposta normal é representada pela flexão dos dedos. A abolição deste reflexo ocorre quando há interrupção do arco reflexo e, algumas vezes, na fase inicial da lesão da via piramidal. A inversão da resposta normal, ou seja, a extensão do hálux (os demais podem ou não apresentar abertura em forma de leque), constitui o SINAL DE BABINSKI, um dos mais importantes elementos semiológicos do sistema nervoso (Figura 20.12). Este sinal indica lesão da via piramidal ou corticoespinal. Figura 20.12 Sinal de Babinski. Reflexos cutaneoabdominais. Ainda com o paciente em decúbito dorsal, mantendo a parede abdominal em completo relaxamento, o examinador estimula o abdome no sentido da linha mediana em três níveis: superior, médio e inferior. Resposta normal é a contração dos músculos abdominais, que determina um leve deslocamento da cicatriz umbilical para o lado estimulado. Podem estar abolidos quando houver interrupção do arco reflexo, na lesão da via piramidal e, às vezes, mesmo na ausência de alterações do sistema nervoso (obesidade, pessoas idosas, multíparas). Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 19 Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 20 Sensibilidade Os estímulos que atuam sobre os órgãos receptores da superfície corporal ou na profundidade do corpo, sejam eles de qualquer natureza, são conduzidos por sistemas especiais (vias aferentes ou aferências sensitivas) até o sistema nervoso central. O estudo semiológico da sensibilidade diz respeito aos receptores, às vias condutoras e aos centros localizados no encéfalo. Essas vias sensitivas estão em estreita e contínua ligação com as vias motoras, configurando em seu conjunto o arco reflexo que representa a unidade anatomofuncional do sistema nervoso. De modo geral, as fibras mais calibrosas transmitem as sensações relacionadas com a vibração, com as modificações posturais e com o tato discriminativo. As fibras mais finas estão encarregadas da transmissão das sensações de frio, de calor, de dor e de tato grosseiro. Entre as inúmeras classificações da sensibilidade, a mais utilizada, em virtude de sua simplicidade clínica, é apresentada na Figura 20.16. Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 21 A sensibilidade subjetiva compreende as queixas sensitivas que o paciente relata durante a anamnese, ou seja, a dor e as parestesias (dormência, formigamento). A sensibilidade objetiva, a rigor, não deixa de ser subjetiva, uma vez que depende da resposta do paciente aos estímulos percebidos. É dita objetiva apenas porque, neste caso, está presente um estímulo aplicado pelo examinador. A sensibilidade especial corresponde aos sensórios e será estudada na seção relativa aos nervos cranianos. A investigação da sensibilidade demanda, antes de tudo, muita paciência, metodização e uso de material adequado. Por ser função do mais alto significado em propedêutica neurológica, é necessário alertar o estudante para algumas condições que induzem a erro e prejudicam o exame, como: baixo nível cultural do paciente, transtornos psíquicos, alteração da consciência, cansaço, impaciência do examinador, material e ambiente inadequados. Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 22 Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 23 Nervos cranianos Nervo oculomotor (III), nervo troclear (IV) e nervo abducente (VI) Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 24 Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 25 Existem duas alterações pupilares, classicamente conhecidas, que são o sinal de ARGYLL-ROBERTSON e a SÍNDROME DE CLAUDE BERNARDHORNER. O sinal de ArgyllRobertson consiste basicamente em miose bilateral, abolição do reflexo fotomotor e presença do reflexo de acomodação. Foi tido por muito tempo como patognomônico da sífilis nervosa. Na verdade, sabe- se, atualmente, que ele pode depender de várias outras causas. A lesão responsável pelo sinal de ArgyllRobertson situa-se na região periaquedutal, no mesencéfalo. A síndrome de Claude BernardHorner é caracterizada por miose, enoftalmia e diminuição da fenda palpebral. Decorre de lesão do simpático cervical (traumatismo, tumor do ápice pulmonar, pós-cirurgia cervical). As pupilas tornam-se progressivamente menores com a idade e são menos reativas à luz e à acomodação, diminuindo a quantidade de luz que alcança a retina. Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 26 Nervo vestibulococlear (VII) Este nervo é constituído por duas raízes: a coclear, incumbida da audição, e a vestibular, responsável pelo equilíbrio. O nervo VIII é objeto de investigação da neurootologia, a quem compete seu exame, por requerer aparelhagem especializada. No exame neurológico de rotina fazse apenas uma exploração mais ou menos simplificada das duas raízes deste nervo. Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 27 Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 28 Nervo hipoglosso (XII) Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 29 Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 30 Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 31 Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 32 Larissa Irigoyen Exame neurológico julho/21 33
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