Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MIELOMA MÚLTIPLO ➢ Na imagem as setas apontam para plasmócitos tumorais ➢ O Mieloma Múltiplo (MM) é a neoplasia resultante da proliferação, progressiva e incontrolada de plasmócitos (células B diferenciadas). ➢ É uma neoplasia de células plasmáticas. ➢ Doença que continua sendo incurável; ➢ Pacientes mais novos podem ter mieloma, mas a prevalência é maior em idosos. PLASMÓCITOS MALIGNOS ➢ Presença de mais de um núcleo, tamanhos variados, presença de nucléolos. Relação N/C aumentada, mas também é possível relação N/C diminuída. ➢ Plasmócitos malignos são células predominante nesse tipo de câncer ➢ Plasmócitos com diversos tamanhos e diversas formas ➢ Pode haver plasmócitos com formatos aberrantes, pois é uma célula que sofreu mutação FLAMING CELLS • Células com coloração diferenciada no citoplasma. Referem-se à presença de Ig A. • Flaming cells porque parece células em chamas CÉLULAS DE MOTT • Plasmócitos com imunoglobulina no seu interior. • Célula em formato de mórula INCIDÊNCIA DE MM ➢ Envelhecimento da população aumentou a incidência do mieloma múltiplo ➢ Anemia intensa, lesão óssea são sinais e sintomas do mieloma. ➢ O MM corresponde a 13% de todas as neoplasias hematológicas. ➢ Contabilizou-se 130,000 novos casos de mieloma múltiplo em 2017. ➢ Doença sub-diagnosticada, normalmente diagnosticada já num estado avançado. → Na maioria dos casos, o paciente procura um hematologista tardiamente, pois os sintomas relacionados a dores, faz com que o paciente busque primeiramente ortopedistas, ao imaginar que possa ser um problema ósseo. ➢ De acordo com a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE), 29% dos pacientes levam 1 ano para receber o diagnóstico de Mieloma Múltiplo, 44% tiveram dificuldades para receber o diagnóstico, 20% tiveram o diagnóstico inconclusivo e 37% passaram por vários médicos para enfim serem diagnosticados em 2018. ➢ Doença de diagnóstico tardio, dificultando o tratamento. PATOGÊNESE ➢ O MM está associado a rearranjos que envolvem o locus do IgH e vários proto-oncogenes. - O mieloma está associado a rearranjos que envolvem locus da imunoglobulina -Ao invés da ocorrer produção de imunoglobulinas funcionais, vai produzir imunoglobulinas anormais por causa do rearranjo. ➢ Translocações envolvendo o locus da cadeia pesada da Ig no cromossomo 14q32. ➢ Deleções no cromossomo 17p que envolve o locus supressor de tumor TP53 (associados a pior prognóstico) ➢ Mutações que envolvem a via NF-kB (mantêm a sobrevivência dos plasmócitos). ➢ O mieloma é molecularmente heterogêneo ➢ Paciente ficará mais suscetível a infecções. ➢ Cadeia funcionante e não funcionante analisada. ➢ Devido ao baixo peso molecular, cadeias leves livres são excretadas na urina, onde são denominadas proteínas de Bence Jones ➢ Comumente, plasmócitos malignos secretam tanto imunoglobulinas completas quanto cadeias leves livres, produzindo desse modo proteínas M e proteínas de Bence Jones. ➢ Uma célula quando se torna tumoral, ela faz de tudo para sobreviver. ➢ Plasmócito produz imunoglobulina. -No plasmócito anormal ele abrirá mão da maquinaria interna para sobreviver. Ele ativa vias, para não morrer de estresse proteotóxico. EVENTOS GENÉTICOS • Ocorre alterações no gene, como uma deleção, numa região importante, onde haverá perda da capacidade de supressão tumoral. EVENTOS EPIGENÉTICOS • Com relação a função: -Haverá perda da função de um gene, devido a mutação. -Proto-oncogene quando sofre mutação vira oncogene, ou seja, ganhou uma função. EVENTOS BIOLÓGICOS • O microambiente que essas células se encontram favorece a progressão tumoral. • As células tumorais têm proliferação exacerbada, migram para outros locais, resistem a drogas e a apoptose. • Plasmócito tumoral fica na medula óssea. • Células do mieloma trabalham em conjunto com o microambiente tumoral • No remodelamento ósseo: osteoclastos e osteoblastos -O paciente tem lesão óssea porque as células do mieloma ativam osteoclastos. -Terá lesão óssea e hipercalcemia. -Pacientes vão muito para ortopedistas ao invés de ir a hematologistas, pois eles possuem dores ósseas, e quando vão em um hematologista, a doença já está numa avançada. CLASSIFICAÇÃO DE RISCO • RPMI8226: linhagem mais branda do mieloma múltiplo. Tem os dois alelos. • U266: Linhagem mais agressiva. Vai haver deleção do 17p Deleção do 17p favorece pior prognóstico. PATOGÊNESE ➢ Na célula normal: Plasmócitos normais produz imunoglobulinas funcionais ➢ No paciente com mieloma múltiplo: Células tumorais infiltram no osso e produzem altas quantidades de imunoglobulinas anormais conhecida como componente monoclonal, também referida como proteína M ou paraproteína ➢ Componente monoclonal: Produzido por uma única linhagem de células. ➢ Quando plasmócitos produzem imunoglobulina defeituosa, ela é filtrada no rim e liberada na urina, sendo assim, essa proteína pode ser detectada na urina. ➢ Essas substâncias podem ser detectadas no sangue ou na urina, a partir de testes que incluem a eletroforese e imunofixação de proteínas séricas e urinárias, além da detecção de cadeias leves livres no soro ou urina. ➢ No gráfico: Pico de proteína que antes não tinha (multiple myeloma) CADEIAS LEVES LIVRES ➢ Se o rim filtra muito essa proteína, com o passar do tempo ele vai parar de funcionar adequadamente. -Quando o mieloma progride, as células começam a progredir, haverá mais cadeias leves do que pesadas. Quanto mais produção de cadeia leve, mais célula tumoral. ➢ Quanto mais altas as cadeias leves livres, mais agressiva é a doença. ➢ O teste da cadeia leve livre do soro é um melhor preditor de resultado do que a quantidade de proteína M no sangue. ➢ O indivíduo pode ter uma lesão de órgão terminal, ou seja, comprometimento de órgão renal porque imunoglobulinas afetadas estão sendo filtradas pelo rim. ➢ O acometimento renal (nefrose do mieloma) está associado a acúmulos de proteínas nos túbulos contorcidos distais e nos ductos coletores, consistindo principalmente em proteínas de Bence Jones e quantidade variada de imunoglobulinas completas. ➢ O MM é caracterizada por lesão de órgão terminal - comprometimento renal, hipercalcemia, lesões ósseas líticas e anemia. ➢ Vai ter lesão óssea: O osso da pessoa é frágil e ela terá anemia. A medula óssea estará cheia de plasmócito tumoral suprimindo a formação de células normais, ou seja, vai acabar diminuindo a produção de eritrócitos, plaquetas, etc. - Aumento do percentual de plasmócitos tumorais na medula óssea suprimindo a série eritrocitária, resultando em anemia. Característico do MM: ▪ C - Cálcio elevado ▪ R - Complicações renais ▪ A - Anemia ▪ B- Lesões ósseas (Bone lesions) ➢ A proliferação e sobrevivência de células do mieloma dependem de várias citocinas, destacando-se a IL-6: Fator importante para crescimento dos plasmócitos. ➢ O crescimento das células de MM também está relacionado à presença de um microambiente tumoral (células do estroma da medula óssea). ➢ Microambiente tumoral: Interleucina 6 estimula células do mieloma, ou seja, o plasmócito. -Plasmócito se liga no adipócito que está na medula óssea e controla osteoclastos. -Ativação do RANKL ligante e ativação de osteoclastos. - RANKL ligante estimula osteoclastos -Osteoclastos tiram cálcio do osso - É um trabalho em conjunto -Ativação de osteoclastos e inativação de osteoblastos, fará com que o osso fique frágil, por isso que o paciente terá lesão óssea. ➢ MM e lesões ósseas: A base da patogênese da doença óssea relacionada ao mieloma é o desacoplamento do processo de remodelaçãoóssea. -A interação entre as células do mieloma e o microambiente ósseo, leva à ativação dos osteoclastos e à supressão dos osteoblastos, resultando em perda óssea. VIAS QUE PROMOVEM SOBREVIVÊNCIA DE PLASMÓCITOS TUMORAIS -Os plasmócitos tumorais produzem quantidades elevadas de imunoglobulinas anormais, também conhecidas como componente monoclonal, que, se não metabolizadas pela maquinaria celular, podem ocasionar estresse proteotóxico e consequente morte celular. - Vão tentar sobreviver ativando vias VIA UBIQUITINA-PROTEASSOMA -Será uma via muito funcionante. -Produz muita proteína e funciona a favor da doença. -Vias metabólicas irão contribuir para que as células neoplásicas se adaptem ao estresse causado pela sobrecarga de imunoglobulinas no retículo endoplasmático. -Plasmócito produz muita imunoglobulina e o reticulo endoplasmático trabalha fazendo empacotamento. Reticulo endoplasmático vai crescer. - É a principal via de remoção e degradação de proteínas malformadas. -Medicações que são produzidas, atuam nessa via. -Bortezomib: Molécula produzida inibe proteassoma por estresse proteotóxico - Primeira droga da classe de inibidores de proteassoma utilizada no tratamento do mieloma. - Exibe atividade antitumoral e citotoxidade in vitro e in vivo. - Bloqueio da via NFkB, prevenindo a degradação do IkB. RESPOSTA À PROTEÍNA NÃO-ENOVELADA (UPR) - Células de MM são dependentes da via UPR. Atua restaurando o equilíbrio entre a produção de proteínas e a capacidade de enovelamento no RE. -As proteínas precisam estar bem enoveladas. -Essa via vai auxiliar no enovelamento das proteínas, vai equilibrar. -Por ser uma célula alterada, produz muita proteína e vai ativar vias para auxiliar a eliminar o excesso de proteínas por causa do estresse. -Ativa via para favorecer a sobrevivência. -Tem outra medicação que vai bloquear essa via. - Essas vias ativadas são importantes, porque é um dos mecanismos de evasão da morte celular. AUTOFAGIA -Quando a célula percebe que não consegue sobreviver, acaba fazendo fagocitose de algumas organelas/proteínas internas, vai degradar por autofagia. - Atua na degradação de proteínas/agregados (dependentes e independentes de ubiquitina) - É induzida pela HSP70 e UPR - Crosstalk com o proteassoma - Tem papel citoprotetor prevenindo apoptose. HEAT SHOCK PROTEINS -Via das chaperonas. -Tem atuação em vários cânceres Principais funções: homeostase proteica, modulação de vias de sinalização, regulação da resposta imune, desenvolvimento e diferenciação celular. No câncer: -Efeito citoprotetor -Protege também contra o estresse proteotóxico, evitando a morte celular. - Interagem com diversas vias de sinalização relacionadas com o câncer ➢ HSP70 -Tem papel integrador na regulação/manutenção da homeostase proteica. -Participa da regulação do ciclo celular, apoptose e diferenciação. -Atua como co-chaperona da HSP90. -Fator de mau prognóstico (vantagem seletiva para sobrevivência das células tumorais). - Caso haja bloqueio da via do HSP90 pode causar muitos efeitos colaterais, devido a isso, atualmente se utiliza drogas-alvo dirigidas somente para célula tumoral fazendo com que haja menos efeitos colaterais para o paciente, essa seria a via do HSP70 MGUS (GAMOPATIA MONOCLONAL DE SIGNIFICADO INDETERMINADO) ➢ Situação pré-maligna ➢ A grande maioria dos pacientes com mieloma partem de um estágio assintomático (pré- maligno), denominado MGUS (Gamopatia monoclonal de significado indeterminado). ➢ Paciente terá um percentual pequeno de imunoglobulinas anormais, mas pode virar mieloma ➢ Não apresenta anemia, nem lesão óssea ➢ Normalmente esse paciente não é “tratado”, é acompanhado, para que não haja progressão para o MM. ➢ Paciente já tem aumento das proteínas em mais de 30 g, e já tem presença de células tumorais. -Vai ter mieloma propriamente dito quando tiver o conjunto: lesões ósseas, anemia, aumento das células tumorais. ➢ Pode haver progressão e se chegar em uma situação muito aguda, pode virar uma leucemia. DIAGNÓSTICO -Atualmente, o teste de quantificação de cadeias leves livres no soro é considerado um marcador de MM ativo se a razão entre cadeias leves livres envolvida/não-envolvida, juntamente com células plasmáticas clonais da medula óssea ≥60% e presença de mais de uma lesão focal em exames de ressonância magnética com pelo menos 5mm de diâmetro. MANEJO DA DOENÇA -O estádio da doença, diferenças na biologia da célula tumoral e fatores relacionados ao sistema imune do próprio paciente devem ser considerados no planejamento terapêutico de qualquer tipo de câncer. Assim, o tratamento do MM deve ser individualizado, priorizando características clínicas e moleculares do paciente, visto que a evolução da doença é extremamente heterogênea. - É importante conhecer biologia da célula tumoral. -No geral na oncologia se busca muito um tratamento individualizado, uma medicina personalizada. PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS -Dores ósseas - Anemia (60% dos pacientes) - Insuficiência renal (20% dos pacientes) - Doença mais comum em pacientes acima de 60 anos de idade QUADRO CLÍNICO Proteinúria de Bence Jones = cadeias leves excretadas são tóxicas para as células epiteliais tubulares renais. Crânio fica esburacado. DIAGNÓSTICO CLÍNICO-PATOLÓGICO: Achados radiológicos e laboratoriais. Exame da medula óssea (exame definitivo). Acompanhado de anemia normo-normocrômica, trombocitopenia e leucopenia moderada. TRATAMENTO ➢ Uso de drogas imunomoduladoras: talidomida e seus análogos (incluindo a lenalidomida. ➢ Inibidores do proteassoma como o bortezomibe (droga de alto custo ainda não disponível para a maioria dos pacientes no Sistema Único de Saúde brasileiro, mas amplamente utilizado na saúde complementar) ➢ Esteróides sintéticos (como a prednisona e a dexametasona), ➢ Agentes alquilantes (como o melfalano e a ciclofosfamida) ➢ Transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas, sempre que possível. ➢ O tratamento padrão para o mieloma é amplamente dependente da aptidão do paciente e do estado de saúde subjacente. ➢ MM é ainda considerado uma doença de evolução crônica e incurável, devido ao desenvolvimento de resistência a drogas, em parte relacionada ao microambiente da medula óssea, com sobrevida que varia de três a seis anos, dependendo do estádio e das características genético-moleculares da doença. PROGNÓSTICO -É bastante variável -A sobrevida média é de 4 a 7 anos. -MM não tem cura. -Pacientes com múltiplas lesões ósseas, se não tratados, raramente sobrevivem 1 ano. -As translocações associadas com evolução ruim (MM agressivo): deleção do 13q, deleções do 17p e a t (4;14) CASO CLÍNICO MM Mulher de 81 anos apresenta fadiga e foi diagnosticada com anemia. Ela tinha baixos níveis de neutrófilos, tinha plaquetas baixas, anemia intensa e, depois, constatou-se presença de proteína monoclonal no soro e na urina após 6 meses do diagnóstico de anemia. Nas radiografias, descobriu-se que ela apresentava doença óssea avançada e lesões líticas, e ainda elevação da creatinina. A paciente apresentava cerca de 60% de plasmócitos na medula óssea e a alteração cromossômica: translocação t(4;14) e elevação de beta-2 microglobulina: 6,2 mcg/mL. De acordo com a classificação, isso a tornaria seu estágio 3. A albumina era de 3,8 g / dL. QUESTÕES 1. Por que a paciente apresenta anemia intensa? Devido ao percentual de plasmócitos tumoral na medula óssea que acaba suprimindo a produção de outras séries sanguíneas. 2. O tipo de alteração cromossômica que a paciente apresenta é de baixo ou altorisco? Explique. Risco intermediário. Porque altera proto- oncogenes, mas não tem alteração de p53. Caso houve alteração do p53 seria de alto risco. 3. A paciente apresentava lesões ósseas. Relacione esse fato ao mieloma múltiplo. Estimula reabsorção óssea ativando osteoclastos, fazendo com que o osso fique frágil. 4. Por que a paciente apresentou creatinina elevada? Creatinina mede função renal. Está elevada porque a função do rim está prejudicada, já que a imunoglobulina defeituosa é filtrada pelo rim. 5. O que indica a dosagem de beta 2- microglobulina? São os plasmócitos que produzem essa proteína. Essa dosagem indica a carga tumoral relacionada. Uma vez que os plasmócitos produzem, é utilizado essa dosagem para acompanhar o paciente. 6. Quais indícios levam ao diagnóstico de Mieloma múltiplo de acordo com o quadro clínico da paciente? Plaqueta baixa, anemia, lesão óssea, idade (fator importante), creatinina elevada, alteração cromossômica que é a translocação, elevação de beta-2-microglobulina e o fato de o paciente ter 60% de plasmócitos tumoral na medula.
Compartilhar