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Ventilaçã� Pulmona� Pressões que causam o movimento do ar para dentro e para fora dos pulmões ⤷ Pressão pleural É a pressão exercida pelo líquido no espaço entre a pleura parietal e visceral. Essa pressão é expressa fisiologicamente em valores negativos e isso acontece devido a sucção desse líquido através dos canais linfáticos que causam uma tração entre a superfície visceral da pleura pulmonar e a superfície parietal da pleura da cavidade torácica. No início da inspiração, a pressão pleural é de -5 centímetros de água, que é o valor necessário para manter os pulmões abertos em repouso. Em seguida, durante a inspiração, essa pressão atinge cerca de -7,5 centímetros de água, isso acontece devido a expansão da caixa torácica e dos pulmões, associada a alteração no gradiente de pressão para possibilitar a entrada de ar. Na expiração, ocorre o processo inverso e a pressão pleural retorna ao valor inicial de -0,5 centímetros. Inspiração Expiração Pressão pleural inicial -5 cmH2O -7,5 cmH2O Pressão pleural final -7,5 cmH2O -5 cmH2O ⤷ Pressão alveolar É a pressão exercida pelo ar dentro dos alvéolos. Nesse caso, para possibilitar a entrada de ar nos pulmões, essa pressão deve ser menor que a pressão atmosférica, referida como 0cmH2O nas vias aéreas. No início da inspiração, a pressão alveolar é de 0cmH2O, isto porque a glote está aberta e não há fluxo de ar nas vias aéreas respiratórias, igualando a pressão alveolar a pressão atmosférica. Entretanto, com a entrada de ar durante a inspiração a pressão alveolar cai para -1cmH2O, permitindo a entrada de cerca de 0,5 litros de ar num tempo de 2 segundos. Já, durante a expiração a pressão sobe, chegando a 1cmH2O, eliminando 0,5 litros de água num período de 2 a 3 segundos. Inspiração Expiração Pressão alveolar inicial -1cmH2O 1cmH2O Pressão alveolar final 1cmH2O -1cmH2O Pressão Atmosférica 0cmH2O 0cmH2O ⤷ Pressão Transpulmonar É definida como a diferença entre a pressão alveolar e a pressão pleural, referindo-se às forças elásticas que estão atuando com o objetivo de retrair e colapsar o pulmão. Pressão alveolar - Pressão pleural = Pressão transpulmonar Complacência Pulmonar A complacência é definida como a capacidade que o pulmão tem de se expandir, sendo quantificada através do grau de extensão do pulmão por unidade de aumento da pressão transpulmonar, sendo estimado um valor total de 200 mililitros de ar por centímetro de pressão de água transpulmonar. Nesse sentido, existem forças que fazem com que os pulmões retornem ao seu tamanho inicial, provenientes do próprio tecido muscular através das fibras de elastina e colágeno inseridas no parênquima pulmonar e das forças elásticas causadas pela atração das moléculas de água que revestem a superfície interna dos alvéolos (tensão superficial - que é constantemente reduzida pela presença de surfactante, isto devido a sua composição, em especial os fosfolipídios.). Volumes e Capacidades Pulmonares A ventilação pulmonar pode ser estudada por meio do registro do movimento do volume de ar para dentro e para fora dos pulmões através da espirometria, sendo expressa em volumes e capacidades. Os volumes representam, quando somados, a quantidade máxima que os pulmões podem se expandir. ⤷ Volume Corrente (VC) Representa um valor de 500ml a ser inspirado ou expirado durante uma respiração normal. ⤷ Volume de Reserva Inspiratório (VRI) É representado pela quantidade de ar inspirado extra, além do que já foi inspirado no volume corrente, quantificando cerca de 3.000ml de ar. ⤷ Volume de Reserva Expiratório (VRE) É a quantidade máxima de ar que pode ser expirado após uma expiração normal de 500ml, sendo representado por um valor de 1.100ml. ⤷ Volume Residual Representado pelo volume de ar que fica nos pulmões após uma expiração forçada, sendo quantificado em 1.200ml. A capacidade pulmonar pode ser definida como a combinação de dois ou mais volumes. ⤷ Capacidade Inspiratória (CI) É expressa pela combinação do volume corrente com o volume de reserva inspiratório, resultando em 3.500ml de ar. ⤷ Capacidade Residual Funcional (CRF) Representado pela soma do valor do volume de reserva expiratório ao volume residual, que é a quantidade de ar que permanece no pulmão ao final da expiração normal, quantificando 2.300ml ⤷ Capacidade Vital (CV) É a combinação de três volumes pulmonares, sendo eles o volume corrente, o volume de reserva inspiratório e o volume de reserva expiratório, representando a quantidade máxima de ar que a pessoa pode expelir dos pulmões, após primeiro enchê-los à sua extensão máxima e então expirar, também à sua extensão máxima, quantificando cerca de 4.600 ml. ⤷ Capacidade Pulmonar Total (CPT) É o volume máximo a que os pulmões podem ser expandidos com o maior esforço resultando em 5.800 ml, que representa a soma entre a capacidade vital mais o volume residual. Ventilação Minuto A ventilação minuto é quantidade de ar que entra e sai das vias respiratórias em um minuto, sendo expressa pelo produto do volume corrente pela frequência respiratória, resultando, em média, em um valor de 6L/min Volume Corrente (VC) Frequência Respiratória (FR) Ventilação Minuto 500ml 12rpm 6L/min Ventilação Alveolar A ventilação alveolar representa a velocidade/intensidade que o ar inspirado alcança as áreas de troca gasosas, ou seja, os bronquíolos respiratórios, os ductos alveolares, os sacos alveolares e os alvéolos. A parte do ar que não alcança esses segmentos, preenche apenas a parte condutora do sistema respiratório, sendo considerado como espaço morto anatômico, ocupando um espaço de 150ml, é o primeiro ar a ser expirado dos pulmões, causando uma pequena desvantagem aos gases expiratórios das áreas mais inferiores. Existe ainda o espaço morto fisiológico que é a soma do espaço morto alveolar - espaço em que alguns alvéolos podem ser não funcionantes ou parcialmente funcionantes por causa da ausência ou redução do fluxo sanguíneo pelos capilares pulmonares adjacentes, ao espaço morto fisiológico. Mecânic� d� Ventilaçã� Pulmona�: Músculos que atuam na expansão e na contração pulmonar ⤷ Motor primário: · Diafragma ⤷ Músculos da inspiração: · Intercostais externos · Esternocleidomastoideo · Serráteis anteriores · Escalenos ⤷ Músculos da expiração: · Intercostais internos · Reto abdominal O principal músculo da respiração é o diafragma, atuando tanto na inspiração quanto na expiração, através de movimentos de subida e descida, promovendo alterações no espaço da cavidade torácica, aumentando e diminuindo o diâmetro do local. Durante a contração diafragmática, ocorre uma tração das estruturas inferiores dos pulmões para baixo, aumentando o tamanho da caixa torácica, promovendo a entrada de ar nos pulmões. Nesse sentido, durante a inspiração há gasto energético, sendo considerado um movimento ativo. Em seguida, durante o relaxamento do diafragma, ele retorna a sua posição, diminuindo o espaço da cavidade torácica. Isto ocorre com o auxílio da retração elástica dos pulmões e da própria caixa torácica, junto a estruturas abdominais que comprimem os pulmões expelindo o ar. Por conta disso, a expiração é considerada um movimento passivo. Origem Parte esternal: Face posterior do processo (apófise) xifóide Parte costal: Superfícies internas das cartilagens costais inferiores e costelas 7-12 Parte lombar: Ligamentos arqueados medial e lateral (arcos lombocostais), corpos vertebrais L1-L3 (e discos intervertebrais), ligamento longitudinal anterior. Inserção Tendão central do diafragma Inervação Nervos frênicos (C3-C5) (Inervação sensitiva periférica através do 6.º ao 11.º nervos intercostais) Ação Muscular Deprime as cartilagens costais Além da ação muscular do diafragma, outro método para a expansão pulmonar é a elevação da caixa torácica, aumentando o diâmetro anteroposterior através da projeção anterior das costelase do esterno. Os músculos que atuam nesta expansão são os músculos inspiratórios. Entre eles os intercostais externos, como motor principal do movimento, sendo auxiliado pela musculatura acessória que inclui o esternocleidomastoideo, o escaleno e o serrátil anterior, objetivando principalmente a elevação das costelas. Intercostais internos Origem Borda inferior das costelas Inserção Borda superior da costela imediatamente abaixo Inervação Nervos intercostais Ação Muscular Elevam as costelas durante a inspiração forçada; sustenta os espaços intercostais e a caixa torácica Esternocleidomastoideo Origem Cabeça esternal: manúbrio do esterno Cabeça clavicular: porção média da clavícula Inserção Processo mastóide do osso temporal e na linha nucal superior do osso occipital. Inervação Nervo acessório (nervo craniano XI) e ramos diretos do plexo cervical (C1-C2) Ação Muscular Contração unilateral: Flexão lateral da cabeça, rotação da cabeça para o lado oposto Contração bilateral: elevação da cabeça, flexão do pescoço em direção ao tórax Outros: auxiliar na inspiração. Escalenos Origem Anterior: tubérculo anterior das apófises transversas de C3 a C6 Média: tubérculo posterior das apófises transversas de C3 a C7 Inferior: tubérculo posterior das apófises transversas de C5 a C7 Inserção Anterior: primeira costela (tubérculo anterior) Média: primeira costela posteriormente ao músculo escaleno anterior Inferior: segunda costela Inervação Anterior: nervos espinais cervicais de C4 a C6 Média: ramos anteriores dos nervos espinais cervicais Inferior: ramos anteriores dos nervos espinais cervicais C6 e C7 Ação Muscular Anterior: elevação da 1ª costela e inclinação do pescoço (inspiração forçada) Média: flexão lateral do pescoço e elevação da 1ª costela na inspiração forçada Inferior: flexão lateral do pescoço e elevação da 2ª costela na inspiração forçada Serrátil Anterior Origem Costelas (primeira à nona) Inserção Borda medial da escápula Inervação Nervo torácico longo Ação Muscular Movimentação e estabilização da escápula; elevação do braço acima de 90 graus; músculo inspiratório acessório Durante a respiração vigorosa, na expiração, a caixa torácica é puxada para baixo pelo reto abdominal, que realiza o movimento através da tração das costelas inferiores, comprimindo ao mesmo tempo o conteúdo abdominal para cima contra o diafragma e o intercostal interno, que deprime as costela. Reto Abdominal Origem Púbis Inserção 5ª a 7ª cartilagens costais e apófise xifóide Inervação Nervos intercostais Ação Muscular Flexão do tronco, estabilização da coluna vertebral, compressão da parede abdominal, aumento da pressão intra-abdominal e respiração Intercostais Internos Origem Sulcos costais das costelas Inserção Margem superior da costela imediatamente inferior Inervação Nervos intercostais Ação Muscular Rebaixar as costelas durante a expiração forçada Suportar os espaços intercostais da caixa torácica Circulaçã� Pulmona� O pulmão possui dois tipos de circulação pulmonar. A primeira circulação é responsável pela nutrição dos tecidos pulmonares, tendo como canal principal a artéria brônquica, sendo caracterizada por uma alta pressão e um fluxo baixo. A segunda é responsável pela hematose, sendo o principal canal a artéria pulmonar, caracterizando-se inversamente a primeira, ou seja, de baixa pressão e alto fluxo. Pressões no sistema circulatório pulmonar. ⤷ Pressão na artéria pulmonar Sístole Diástole Pressão na artéria pulmonar 25 mmHg 8 mmHg Pressão no ventrículo direito 25 mmHg < 8 mmHg Durante a sístole a pressão na artéria pulmonar é igual a pressão no ventrículo direito, alterando-se durante o fechamento da válvula pulmonar, onde a pressão no ventrículo cai rapidamente e a da artéria, apesar de cair, diminui em um processo mais lento, sendo estimado um valor aproximado de 8mmHg. Calcula-se a pressão média da artéria pulmonar num valor de 15mmHg. ⤷ Pressão no capilar pulmonar Média Pressão capilar pulmonar 7 mmHg ⤷ Pressão no átrio esquerdo e Pressão venosa pulmonar Média Pressão atrial esquerda 2 mmHg Volume sanguíneo dos pulmões O volume sanguíneo dos pulmões é de cerca de 450ml, alojando 70ml desse valor nos capilares sanguíneos. Por conta disso, os pulmões podem servir de reservatório de sangue, seja em condições fisiológicas ou não. Durante a distribuição desse volume, os vasos pulmonares se dilatam com o aumento da pressão e se estreitam com a diminuição da pressão, sendo distribuído para os segmentos pulmonares onde os alvéolos estejam melhor oxigenados. Quando a concentração de oxigênio nesses alvéolos caem abaixo do normal, os vasos mais próximos se contraem e isso acontece devido a liberação de uma substância vasoconstritora com objetivo de distribuir o fluxo sanguíneo para onde ele for mais eficiente. Por efeito da pressão hidrostática, há uma diferença na pressão arterial pulmonar em diferentes regiões do pulmão, sendo quantificada em 23mmHg. A pressão arterial pulmonar na porção mais superior do pulmão da pessoa em pé é aproximadamente 15mmHg menor do que a pressão da artéria pulmonar no nível do coração, interferindo diretamente no fluxo sanguíneo, que apresenta-se em pouca quantidade quando comparado ao fluxo da porção inferior que se apresenta cinco vezes maior, onde possui uma pressão arterial pulmonar de aproximadamente 8mmHg maior. E é por conta disso que o pulmão se apresenta em três zonas. Zonas de fluxo sanguíneo pulmonar A mecânica de fluxo de sangue nas zonas de fluxo sanguíneo dos pulmões é influenciada por duas pressões, a pressão arterial dos capilares pulmonares que realizam a distensão do vaso e a pressão do ar alveolar que comprime as paredes dos vasos. Assim, quando a pressão do ar alveolar for maior que a pressão arterial dos capilares pulmonar, o fluxo de sangue será interrompido, caracterizando a primeira zona, onde há ausência constante de fluxo sanguíneo, durante todas as partes do fluxo sanguíneo. Na segunda zona, o fluxo sanguíneo é intermitente, devido ao aumento da pressão arterial do capilar pulmonar durante a sístole, tornando-se maior do que a pressão do ar no alvéolo, ocorrendo o inverso durante a diástole. A terceira zona possui um fluxo sanguíneo contínuo, o que quer dizer que a pressão arterial do capilar pulmonar permanece maior que a pressão do ar alveolar durante todo o ciclo cardíaco. Fisiologicamente, os pulmões possuem apenas as zonas 2 e 3, onde a segunda zona é encontrada nos ápices pulmonares, apresentando pressão aproximada a 15mmHg menor do que a pressão no nível do coração. Logo, a pressão sistólica apical nos capilares pulmonares é de somente 10mmHg (25 mmHg, no nível cardíaco menos 15 mmHg de diferença da pressão hidrostática), sendo superior a pressão alveolar zero. Entretanto, durante a diástole, a pressão arterial diastólica nos capilares é de 8mmHg, sendo insuficiente para manter o fluxo sanguíneo contra os 15 mmHg do gradiente de pressão hidrostática. Nas regiões inferiores dos pulmões, apresenta-se a terceira zona onde a pressão arterial dos capilares pulmonares durante a sístole e a diástole permanecem superiores à pressão do ar alveolar zero. Além disso, quando o indivíduo está deitado, nenhuma parte do pulmão está a mais de alguns centímetros acima do nível do coração, sendo assim o fluxo sanguíneo no indivíduo normal é totalmente zona 3, incluindo os ápices pulmonares. Dinâmica capilar pulmonar A parede alveolar é formada por diversos capilares intimamente próximos, o que ocasiona um fluxo laminar ao invés do sangue fluir por cada capilar individualmente, isso acontece numa velocidade de aproximadamente 0,8 segundo quando o débito cardíaco é normal, podendo chegar a 0,3 segundos quando aumentado. ⤷ Dinâmica da troca de líquidos As forças que envolvem o movimento do líquidocapilar, sofrem influência da Lei de Fick (da difusão), envolvendo a pressão do capilar pulmonar, a pressão do líquido intersticial do pulmão e a pressão coloidosmótica do líquido intersticial pulmonar. Forças que tendem a causar influxo de líquido oriundo dos capilares e na direção do interstício pulmonar mmHg Pressão do capilar pulmonar 7 Pressão coloidosmótica do líquido intersticial 14 Pressão negativa do líquido intersticial 8 TOTAL DE FORÇAS PARA FORA 29 Forças que tendem a causar a absorção de líquido pelos capilares mmHg Pressão coloidosmótica do plasma 28 TOTAL DE FORÇAS PARA DENTRO 28 Observa-se que as forças direcionadas para fora são maiores do que as forças direcionadas para dentro, resultando em uma pressão de filtração média, que a diferença entre as duas forças, ou seja 1mmHg. Princípi�� físic�� da� troca� gas�sa� Física da difusão gasosa e das pressões parciais dos gases A difusão efetiva de um gás ocorre através do gradiente de concentração, onde as moléculas se movem de uma área de pressão parcial alta para outra de pressão parcial baixa. Isto acontece por que a intensidade de difusão em cada uma das duas direções são proporcionalmente diferentes, ou seja, por serem mais numerosas, a probabilidade é estatisticamente maior de se moverem aleatoriamente para a área de baixa pressão do que as moléculas que tentam ir na direção oposta. A pressão é diretamente proporcional à concentração das moléculas de gás. Para obter a pressão parcial de um gás é necessário multiplicar a sua concentração pela pressão total. Assim, a quantidade de O2 no ar seco, que é de 20,93%, deve ser multiplicada pela pressão barométrica, que é de 760 mmHg. Logo, 20,93/100 X 760 = 159 mmHg. A pressão dos gases, na superfície, quando dissolvidos em água ou tecidos, se comportam da mesma maneira que o gás na fase gasosa, não havendo diferença no cálculo de pressão parcial. Entretanto, o coeficiente de solubilidade dos gases influencia diretamente no valor, devido a sua capacidade de atrair ou repelir moléculas. Quando as moléculas são atraídas, muito mais delas podem ser dissolvidas sem gerar excesso de pressão parcial dentro da solução, que é o que acontece com a molécula de CO2, que dissolve 20 vezes mais que a de O2. Por outro lado, no caso das que são repelidas, a pressão parcial elevada se desenvolverá com menos moléculas dissolvidas. Assim, a pressão parcial é igual à concentração de gás dissolvido sobre o coeficiente de solubilidade. (Lei de Henry) Coeficiente de solubilidade Oxigênio 0,024 Dióxido de Carbono 0,57 Monóxido de Carbono 0,018 Nitrogênio 0,012 Hélio 0,008 Quando o ar é inalado pelas vias aéreas superiores, é aquecido e umedecido através da evaporação de moléculas de água, que exerce uma pressão parcial de 47 mmHg, denominada pressão de vapor de água (PH2O), que depende inteiramente da temperatura da água, assim, quanto maior a temperatura, maior a atividade cinética das moléculas e, portanto, maior a probabilidade de as moléculas de água escaparem da superfície da água para a fase gasosa. Dessa forma, para calcular a Po2, é necessário apresentar o valor da diferença entre a pressão barométrica e a pressão de vapor de água. 760 - 47 = 713 mmHg Assim, a Po2 inspirada é de: 20,93/100 X 713 = 149 mmHg Além da diferença de pressão, diversos outros fatores afetam a difusão gasosa em líquido. ⤷ A solubilidade do gás no líquido; ⤷ A área de corte transversal do líquido; ⤷ A distância pela qual o gás precisa se difundir; ⤷ O peso molecular do gás; ⤷ A temperatura do líquido; A difusão dos gases pelos tecidos é quase igual a difusão dos gases na água, limitando-se principalmente pelo movimento dos gases nos tecidos e a intensidade com que os gases conseguem se difundir pela água tecidual em vez de através das membranas celulares. Concentração de oxigênio e pressão parcial nos alvéolos O controle da concentração de oxigênio e pressão parcial nos alvéolos é feito através da intensidade de absorção de oxigênio pelo sangue e pela intensidade de novo oxigênio nos pulmões através da ventilação. De forma contínua, há absorção do oxigênio pelo sangue, assim como a entrada de oxigênio nos alvéolos. Dessa forma, quanto mais rápido o oxigênio for absorvido, menor sua concentração nos alvéolos, por outro lado, quanto mais rápido o oxigênio é respirado pelos alvéolos, vindo da atmosfera, maior fica a sua concentração. A Po2 alveolar apresenta valor normal de 104 mmHg e valor máximo de 149 mmHg. Dessa maneira, mesmo que haja um aumento acentuado na ventilação alveolar, a Po2 alveolar não excede 149 mmHg. Concentração de carbono e pressão parcial de CO2 nos alvéolos Há um processo contínuo de formação e excreção de dióxido de carbono através da ventilação. Assim, quanto mais CO2 é excretado, menor é sua concentração nos alvéolos e quanto mais CO2 é formado, maior a sua concentração. Em síntese, a pressão parcial de CO2 (PCO2) normal é de 40 mmHg, aumentando diretamente na proporção da excreção de dióxido de carbono e diminuindo na proporção inversa da ventilação alveolar. Difusão de gases através da membrana respiratória A troca de gases entre o ar alveolar e o sangue pulmonar se dá através das membranas de todas as porções terminais do pulmão, que apresenta diferentes camadas. A primeira camada é formada pelo líquido que reveste o alvéolo que contém surfactante, reduzindo a tensão superficial. A segunda é a do epitélio alveolar, que é composto por células epiteliais finas. Em seguida, encontra-se a terceira camada que é representada pela membrana basal epitelial e a quarta, que diz respeito ao espaço intersticial delgado entre o epitélio alveolar e a membrana capilar. A quinta e a sexta camada são constituídas, respectivamente, da membrana basal capilar que, em muitos locais, se funde com a membrana basal do epitélio alveolar e a membrana endotelial capilar. Dessa forma, existem fatores que podem aumentar ou afetar a difusão gasosa através da membrana respiratória como a espessura da membrana, a área superficial da membrana, o coeficiente de difusão do gás na substância da membrana e a diferença de pressão parcial do gás entre os dois lados da membrana. Efeito da proporção ventilação-perfusão na concentração de gás alveolar A relação V/Q é caracterizada pela diferença entre a ventilação e o fluxo sanguíneo dos capilares alveolares em cada alvéolo. Quando o V/Q é igual a zero não há ventilação alveolar, fazendo com que o ar nos alvéolos entrem em equilíbrio com o sangue venoso, onde a PO2 é de 40 mmHg e a PCO2 é de 45 mmHg. Quando o V/Q é igual a infinito não há fluxo sanguíneo capilar para transportar oxigênio e eliminar o dióxido de carbono, fazendo com que o ar alveolar fique quase igual ao ar inspirado umidificado, onde não se perde O2 e não se ganha CO2, portanto a PO2 é de 149 mmHg e a PCO2 de 0 mmHg. E por fim, quando o V/Q é normal há tanto ventilação quanto fluxo sanguíneo na capilaridade alveolar normal, onde a troca de O2 e CO2 é quase ideal, estabelecendo a PO2 em 104 mmHg e a PCO2 em de 40 mmHg. Transpo�t� d� O2 � CO2 n� sangu� � n�� líquid�� teciduai� O oxigênio do ar alveolar se difunde para os capilares pulmonares através da diferença de PO2 entre eles. Enquanto isso, nos outros tecidos do corpo a PO2 é menor do que a PO2 dos capilares pulmonares, fazendo com que o O2 se difunda para as células adjacentes. Em seguida, com a metabolização do O2, há formação de CO2 aumentando a PCO2 nos tecidos, tornando-a maior do que a dos capilares teciduais, sucedendo a difusão do gás em direção aos alvéolos, onde PCO2 é menor que a PCO2 do capilar pulmonar. ⤷ Difusão de oxigênio A PO2 alveolar é de 104 mmHg e a PO2 do sangue venoso que entra no capilar pulmonar é de 40 mmHg, essa diferença, de 64 mmHg, acontece devido a difusão do O2 que ocorre nos tecidos periféricos. Quando esse sangue passa por menos ⅓ doscapilares pulmonares a PO2 sanguínea aumenta consideravelmente, chegando a igualar-se a PO2 alveolar. No sangue arterial, cerca de 98% do sangue que chega ao átrio esquerdo é proveniente dos pulmões, estando bem oxigenados e com uma PO2 de 104 mmHg, os outros 2% representa a zona de derivação que chega através da aorta, mantendo sua PO2 de 40 mmHg. Quando eles se combinam há uma mistura venosa de sangue, diminuindo a pressão para 95 mmHg, que é bombeado para a aorta. Ao chegar nos tecidos periféricos, encontra-se, no líquido intersticial, uma pressão de 40 mmHg. Assim, devido à diferença de pressão, o O2 se difunde dos capilares para os tecidos, tornando a PO2 capilar igual a Po2 do interstício, que agora segue em direção às veias sistêmicas. A partir dos capilares periféricos o O2 é difundido para o interior das células, que possuem uma PO2 com média de 23 mmHg, utilizando cerca de 1 mmHg a 3 mmHg de O2 em seus processos químicos, formando o CO2 e aumentando a PCO2 intracelular, fazendo com que o CO2 seja transportado para os capilares teciduais até os alvéolos, onde será expirado. ⤷ Difusão de dióxido de carbono O meio intracelular possui um PCO2 de 46 mmHg e o interstício de 45 mmHg, uma diferença de 1 mmHg, que possibilita a difusão do gás que segue em direção ao sangue arterial. O sangue arterial apresenta uma PCO2 de 40 mmHg, transportando o CO2 para o sangue venoso de PCO2 de 45 mmHg, levando a um equilíbrio com os capilares teciduais. Em seguida, o sangue que entra nos capilares a uma pressão de 45 mmHg, transporta o CO2 para os alvéolos por meio da diferença de pressão de 5 mmHg, onde a PCO2 é de 40 mmHg. ⤷ Hemoglobina Enquanto 3% do O2 é transportado dissolvido no plasma, 97% é transportado através da ligação química entre o O2 e a hemoglobina nas hemácias. Quando a PO2 é alta, há um grande número de O2 ligado à hemoglobina e quando a PO2 é baixa, o O2 é liberado das ligações com a hemoglobina. O aumento progressivo das ligações de O2 e hemoglobina representa a curva de dissociação oxigênio-hemoglobina, caracterizando o percentual de saturação de hemoglobina. Assim, quando o sangue deixa os pulmões, a saturação média é aferida em cerca de 97%, enquanto no sangue venoso, 75%. Há cerca de 15 gramas de hemoglobina em cada 100ml de sangue, podendo ligar-se a 1,34 ml de O2, o que indica que a combinação máxima de O2 com a hemoglobina é de 20 ml de O2 (15 x 1,34 = 20,1). Ao fluir para os tecidos o O2 é liberado, reduzindo a combinação com a hemoglobina a um valor de 14,4 ml de O2. Assim, cerca de 5 ml de O2 são transportados dos pulmões para os tecidos a cada 100 ml de sangue. ⤷ Efeito "Tampão" da hemoglobina na PO2 tecidual Uma das funções da hemoglobina, além de transportar o O2 é manter a estabilidade da pressão do O2 nos tecidos. Dessa forma, o papel da hemoglobina é garantir que haja uma diferença de pressão para que o oxigênio possa ser transportado aos tecidos, reduzindo a PO2 dos capilares até 40 mmHg e impedindo o aumento da PO2 tecidual a valores acima de 40 mmHg. Entretanto, existem fatores que podem interferir na curva de dissociação oxigênio-hemoglobina. ➝ Variações do pH O valor normal do pH é de 7,4. Quando esse valor é reduzido para 7,2 o sangue fica ligeiramente ácido, deslocando a curva de dissociação da hemoglobina cerca de 15% para direita e quando esse valor aumenta, para 7,6 por exemplo, a curva desloca-se para esquerda de maneira semelhante. ➝ Maior concentração de dióxido de carbono Desloca a curva para direita e para baixo, causando efeito significativo de intensificar a liberação de O2 para os tecidos e a oxigenação do sangue nos pulmões. Enquanto nos pulmões, ocorre o efeito oposto, sendo a curva deslocada para a esquerda, onde o CO2 difunde-se do sangue para os alvéolos reduzindo a PCO2 sanguínea. ➝ Aumento da temperatura corporal O aumento da temperatura pode a liberação de O2 para para os tecidos, desviando a curva para a direita. ➝ Aumento do 2,3-bifosfoglicerato (BPG) O BPG é composto fosfatídico metabolicamente importante presente no sangue em diferentes concentrações, sob diferentes condições metabólicas. Quando há um quadro de hipóxia, as concentrações de BPG aumentam consideravelmente, deslocando a curva para direita, fazendo com que o oxigênio seja liberado para os tecidos em pressão de oxigênio tecidual 10 mmHg maior do que seria sem tal aumento no BPG. ⤷ Transporte de O2 dissolvido no sangue Na PO2 arterial normal, a cada 100ml de sangue há uma quantidade de 0,29 ml de O2 dissolvidos no plasma, assim, quando a PO2 cai até o valor normal após transportar O2 para os tecidos, a quantidade de O2 dissolvido é de 0,12 ml de O2. Dessa maneira, 0,17 ml de O2 dissolvido no plasma é transportado para os tecidos. ⤷ Transporte de CO2 dissolvido no sangue A quantidade de dióxido de carbono dissolvido no sangue a 45 mmHg é cerca de 2,7 mL/dL (2,7 volumes percentuais). A quantidade dissolvida a 40 mmHg é aproximadamente 2,4 mL, ou diferença de 0,3 mL. Portanto, apenas cerca de 0,3 mililitro de dióxido de carbono é transportado na forma dissolvida por cada 100 mL de fluxo sanguíneo. ⤷ Transporte de CO2 na forma de íon bicarbonato ➝ Efeito da anidrase carbônica O dióxido de carbono dissolvido no sangue reage com a água formando ácido carbônico com auxílio da enzima denominada anidrase carbônica, que acelera a velocidade da reação. Em seguida, o ácido carbônico se dissocia em íons hidrogênio e íons bicarbonato (H+e HC03) que liga-se à hemoglobina e se difunde das hemácias para o plasma, respectivamente. A combinação reversível do dióxido de carbono com a água nas hemácias, sob a influência da anidrase carbônica, é responsável por cerca de 70% do dióxido de carbono transportado dos tecidos para os pulmões. Assim, esse meio de transporte do dióxido de carbono é o mais importante. Além do mais, o ácido carbônico reduz o pH sanguíneo. O sangue arterial tem pH em torno de 7,41 e à medida que o sangue ganha dióxido de carbono, nos capilares dos tecidos, o pH cai para o valor venoso em torno de 7,37. O inverso se dá quando o dióxido de carbono é liberado do sangue nos pulmões, com o pH subindo para o valor arterial de 7,41. ➝ Carbaminoemoglobina O dióxido de carbono reage diretamente com radicais amina da molécula de hemoglobina, formando o composto carbaminoemoglobina (CO.,Hgb) sendo liberado nos alvéolos, onde a PCO2 é menor do que nos capilares pulmonares. Cerca de 30% do CO2 transportado é através da carbaminoemoglobina, sendo 1,5ml de CO2 a cada 100ml de sangue. Por conta disso, há a existência da curva de dissociação de CO2. Nesse sentido, há o efeito haldane, que através da ligação do oxigênio com a hemoglobina, o dióxido de carbono do sangue é deslocado, isso acontece em razão da combinação do oxigênio com a hemoglobina, nos pulmões, faz com que a hemoglobina passe a atuar como ácido mais forte, o que desloca o dióxido de carbono do sangue para os alvéolos. Regulaçã� d� Respiraçã� O centro respiratório está localizado na ponte e bilateralmente no bulbo, sendo dividido em três grupos. ⤷ Respiratório dorsal: responsável pela inspiração, localização na porção dorsal do bulbo. Aqui, o sinal nervoso é transmitido para os músculos inspiratórios, principalmente para o diafragma, onde a inspiração se inicia com elevação constante durante 2 segundos, e em seguida, o sinal é interrompido abruptamente pelos próximos 3 segundos, o que desativa a excitação do diafragma e permite a retração elástica dos pulmões e da parede torácica, posteriormente, o sinal reinicia-se em outro ciclo. ⤷ Respiratório ventral: encarregado da expiração, localiza-se na parte ventrolateral do bulbo. Esses neurônios permanecem inativos durante a respiração normal e tranquila, sendo importantes na provisão de sinais expiratórios vigorosos para os músculos abdominais, durante a expiração muito intensa. Além disso, alguns dessesneurônios podem provocar a inspiração. ⤷ Centro pneumotáxico: responsável pelo controle da frequência respiratória e da amplitude respiratória, estando localizado na parte dorsal superior da ponte. O controle da FR é dado pela interrupção da inspiração, controlando a duração da fase de expansão do ciclo pulmonar. Quando esse sinal é intenso a inspiração dura cerca de 0,5 segundos e quando ele é mais fraco, pode durar até 5 segundos ou mais. É dessa forma que através de um efeito secundário, a FR é controlada, já que a inspiração também reduz a expiração e o ciclo total de cada movimento respiratório, assim, um sinal pneumotáxico intenso aumenta a FR e um sinal débil, diminui. Além disso, o núcleo do trato solitário (NTS), que corresponde a terminações sensoriais dos nervos vago e glossofaríngeo, desempenham papéis no controle respiratório através de sinais sensoriais enviados por quimiorreceptores periféricos, barorreceptores e outros tipos de receptores no pulmão. A exemplo disso, através do nervo vago, receptores de estiramentos que localizam-se em porções musculares das paredes dos brônquios e bronquíolos encaminham respostas de feedback quando há uma insuflação excessiva dos pulmões que interrompe a inspiração e aumenta a FR, é o reflexo de Hering-Breuer Controle Químico da Respiração ⤷ Controle químico direto da atividade do centro respiratório pelo CO2 e pelos íons hidrogênio A área sensível pelas alterações da PCO2 sanguínea e das concentrações de íons de hidrogênio é denominada área quimiossensível. A excitação dos neurônios dessa área ocorre, de maneira primária, pelos íons hidrogênio e de maneira secundária pelo CO2. Assim, quando há uma elevação da PCO2 a ventilação alveolar aumenta e em decorrência do aumento dos íons hidrogênio, o pH diminui. ⤷ Controle químico da atividade do centro respiratório pelo O2 Em condições especiais de dano tecidual por falta de oxigênio, o corpo tem mecanismo específico de controle respiratório, localizado nos quimiorreceptores periféricos, externamente ao centro respiratório do cérebro, esse mecanismo entra em ação quando ocorre queda intensa do oxigênio sanguíneo, principalmente com a PO2 abaixo de 70 mmHg. Outros fatores que influenciam a respiração ⤷ Exercício físico; ⤷ Controle voluntário da respiração; ⤷ Efeito de receptores irritativos as vias aéreas; ⤷ Função dos "Receptores J” pulmonares; ⤷ Edema cerebral deprime o centro respiratório.
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