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Farmacologia UFPE (2020.2) Antidiabétic� Introdução Diabetes Mellitus O diabetes é um grupo heterogêneo de síndromes caracterizadas por elevada glicemia atribuída à deficiência absoluta ou relativa de insulina. obs.: a insulina é um hormônio peptídico produzido pelo pâncreas, que tem um importante papel na regulação das atividades metabólicas do organismo, principalmente na homeostasia da glicose. A falta relativa ou absoluta de insulina, como visto no diabetes melito, pode causar grave hiperglicemia. Se não for tratada, pode resultar em retinopatia, nefropatia, neuropatia e complicações cardiovasculares. A administração de insulina ou outro fármaco hipoglicemiante pode reduzir a morbidade e a mortalidade associadas ao diabetes. A American Diabetes Association (ADA) reconhece quatro classificações clínicas do diabetes: diabetes melito tipo 1 (DM1, insulino-dependente), diabetes tipo 2 (DM2, não insulino-dependente), diabetes gestacional e diabetes devido a outras causas, como defeito genético ou medicações. Diabete mellito tipo 1 O DM1 atinge mais comumente crianças, adolescentes ou adultos jovens, mas algumas formas latentes podem ocorrer mais tardiamente. A doença é caracterizada por deficiência absoluta de insulina devido à destruição das células β. Essa destruição é resultado de processos autoimunes que podem ser iniciados por vírus ou outras toxinas ambientais. Sem células β funcionais, o pâncreas deixa de responder à glicose, e a pessoa com DM1 apresenta sintomas clássicos de deficiência de insulina (polidipsia, polifagia, poliúria e perda de massa corporal). Os diabéticos tipo 1 necessitam de insulina exógena para evitar a hiperglicemia grave e o estado catabólico de cetoacidose, ameaçador à sobrevivência. → Causas: em um período pós-absorção normal, a secreção constante das células β mantém níveis basais de insulina circulante baixos. Isso suprime a lipólise, a proteólise e a glicogenólise. Além disso, um pico de secreção de insulina ocorre dentro de 2 minutos da ingestão do alimento, em resposta ao aumento transitório dos níveis de glicose e aminoácidos circulantes. Isso dura por até 15 minutos e é seguido de secreção pós-prandial de insulina. Contudo, não possuindo células β funcionais, o diabético tipo 1 nunca consegue manter um nível de secreção basal de insulina e nem responder às variações de glicose circulantes. → Tratamento: a pessoa com DM1 depende da insulina exógena para controlar a hiperglicemia, evitar a cetoacidose e manter níveis aceitáveis de hemoglobina glicosilada (HbA1C). Então, o objetivo do tratamento com insulina no DM1 é manter a glicemia tão próxima do normal quanto possível e evitar grandes oscilações na glicose. Diabete mellito tipo 2 O DM2 corresponde a mais de 90% dos casos, sendo influenciado por fatores genéticos, idade, obesidade e resistência periférica à insulina, em vez de processos autoimunes. As alterações metabólicas são em geral mais leves do que as observadas no DM1, mas as consequências clínicas de longo prazo são similares. → Causas: a DM2 é caracterizada por falta de sensibilidade dos órgãos-alvo à insulina. No DM2, o pâncreas mantém alguma função das células β, mas a secreção de insulina é insuficiente para manter a homeostasia da glicose diante da crescente resistência à insulina. A quantidade de células β pode diminuir gradualmente no DM2. Em contraste com os pacientes com DM1, os com DM2 com frequência são obesos, ou seja, a obesidade contribui para a resistência à insulina. Vinícius Bandeira | @viniciusbdentista (2021) Farmacologia UFPE (2020.2) → Tratamento: O objetivo no tratamento do DM2 é manter a glicemia dentro dos limites normais e evitar o desenvolvimento das complicações de longo prazo. Redução da massa corpórea, exercícios físicos e modificação da dieta diminuem a resistência à insulina e corrigem a hiperglicemia em alguns pacientes com DM2. No entanto, a maioria dos pacientes precisa de intervenção farmacológica com hipoglicemiantes orais. Enquanto a doença evolui, a função das células β diminui, e o tratamento com insulina passa a ser necessário para alcançar níveis glicêmicos satisfatórios. Análogos da insulina Insulina: o que é? É um hormônio polipeptídico que consiste em duas cadeias peptídicas unidas por pontes dissulfeto. Ela é sintetizada como um precursor (pró- -insulina) que sofre hidrólise proteolítica para formar insulina e peptídeo C, ambos secretados pelas células β do pâncreas. A secreção é mais comumente iniciada pelo aumento da glicemia. A glicose é captada pelo transportador de glicose nas células β do pâncreas, onde é fosforilada pela glicocinase, que atua como um sensor de glicose. Os produtos do metabolismo da glicose entram na cadeia respiratória mitocondrial e geram trifosfato de adenosina (ATP). O aumento dos níveis de ATP causa um bloqueio nos canais de K+ , levando à despolarização de membrana e ao influxo de Ca2+. O aumento do Ca2+ intracelular causa exocitose pulsátil de insulina. ● Mecanismo de ação: a insulina exógena é administrada para substituir a falta de secreção de insulina no DM1 ou para suplementar a secreção insuficiente de insulina no DM2. ● Farmacocinética e destino: a insulina humana é produzida por técnica de DNA recombinante usando cepas especiais de Escherichia coli ou fungos alterados geneticamente para conter o gene da insulina humana. As preparações de insulina variam primariamente no início e na duração de ação. Por exemplo, insulina lispro, asparte e glulisina têm início de ação mais rápido e duração de ação mais curta do que a insulina regular, pois elas não se aglutinam nem formam complexos. Como a insulina é um polipeptídeo, ela é degradada no trato gastrointestinal (TGI) se for administrada por via oral. Por conta disso, ela é administrada por injeções subcutâneas (SC). No entanto, em uma emergência hiperglicêmica, a insulina regular é injetada por via intravenosa [IV]. Ademais, outro método de administração usado é o de infusão SC contínua de insulina (também denominado bomba de insulina), que pode ser mais conveniente para alguns pacientes, eliminando as múltiplas injeções diárias. A bomba é programada para entregar uma quantidade basal de insulina. Além disso, ela permite ao paciente administrar um bolus de insulina para cobrir a ingestão de carboidratos da hora da refeição e compensar a glicemia elevada. ● Reações adversas: Hipoglicemia é a reação adversa mais comum e grave à insulina. Outras reações adversas incluem aumento de massa corporal, reações no local da injeção e lipodistrofia. A lipodistrofia pode ser minimizada pela rotação do local de aplicação. Os diabéticos com insuficiência renal podem precisar de redução da dose de insulina. Preparações de Insulina e Tratamento As preparações de insulina são classificadas como de ação rápida, curta, intermediária e longa. ● Preparações de insulina rápida e curta: Quatro preparações estão nesta categoria: insulina regular, insulina lispro, insulina asparte e insulina glulisina. A insulina regular é uma insulina zinco cristalina solúvel e de curta ação. Já as insulinas lispro, asparte e glulisina são classificadas como insulinas de ação rápida. Em geral, insulinas de ação rápida e curta são usadas em conjunto com uma insulina basal de ação mais longa que provê controle para a glicemia de jejum. A insulina regular deve ser injetada por via SC 30 minutos antes da refeição, ao passo que as insulinas de ação rápida são administradas 15 minutos antes ou de 15 a 20 minutos depois de iniciar a refeição. ● Preparações de insulina de ação intermediária: insulina neutra com protamina Hagedorn (NPH) é uma insulina de ação intermediária formada pela adição de zinco e protamina à insulina regular. Essa combinação com protamina forma um complexo que é menos solúvel, resultando em retardo na absorção e ação prolongada. A insulina NPH é usada para controle basal (jejum) nos diabetes tipos 1 e 2 e, em geral, é dada junto com a insulina de ação rápida ou curta para controle na hora da refeição. obs.: a insulina NPH deve serdada somente por via SC ● Preparações de insulina de ação prolongada: Tem início mais lento do que a insulina NPH e um efeito hipoglicêmico achatado e prolongado, sem pico. A insulina glargina e a insulina detemir são usadas para controle basal e devem ser administradas somente por via SC. Nenhuma insulina de longa ação deve ser misturada na mesma seringa com outras Vinícius Bandeira | @viniciusbdentista (2021) Farmacologia UFPE (2020.2) insulinas, pois isso pode alterar o perfil farmacodinâmico. Associação de insulinas Várias associações de insulinas humanas pré-misturadas estão disponíveis, como 70% insulina NPH mais 30% insulina regular ou 50% de cada uma dessas. O uso das associações pré-misturadas diminui o número de injeções diárias, mas torna mais difícil ajustar os componentes individuais do regime de insulina. Análogo sintético da amilina A amilina é um hormônio que é cossecretado com a insulina pelas células β após a alimentação. Ela retarda o esvaziamento gástrico, reduz a secreção pós-prandial de glucagon e aumenta a saciedade. Pranlintida é um análogo sintético da amilina indicado como auxiliar da insulina na hora da refeição em pacientes com diabetes tipos 1 e 2. Ela é administrada em injeção SC imediatamente antes das refeições. Quando a pranlintida é iniciada, a dose de insulina da hora da refeição deve ser reduzida em 50%, para evitar o risco de hipoglicemia grave. Outros efeitos adversos incluem náuseas, anorexia e êmese. A pranlintida não pode ser misturada na mesma seringa com insulina e deve ser evitada em pacientes com gastroparesia diabética (esvaziamento gástrico retardado), hipersensibilidade ao cresol ou inconsciência hipoglicêmica. Incretinomiméticos Os hormônios incretina são responsáveis por 60 a 70% da secreção pós-prandial de insulina. A exenatida e a liraglutida são incretinomiméticos injetáveis usados no tratamento de pacientes com DM2. Eles fazem com que a glicose administrada por via oral induza uma maior secreção de insulina, o qual é fortemente reduzido no DM2. ● Mecanismos de ação: por conta disso, os incretinomiméticos são análogos do GLP-1 e exercem sua atividade atuando como agonistas de receptores de GLP-1. Esses fármacos melhoram a secreção de insulina dependente de glicose, retardam o esvaziamento gástrico, diminuem a ingestão de alimento aumentando a saciedade diminuem a secreção pós-prandial de glucagon e promovem a proliferação de células β. Consequentemente, diminuem o ganho de massa corporal, a hiperglicemia pós-prandial e os níveis de HbA1C. ● Farmacocinética: sendo polipeptídeos, exenatida e liraglutida precisam ser administradas por via SC. A liraglutida é extensamente ligada às proteínas e tem longa meia-vida, permitindo dosificação diária única sem relação com as refeições. Já a exenatida é eliminada principalmente por filtração glomerular e tem meia-vida muito mais curta. Devido à sua duração de ação mais curta, a exenatida precisa ser injetada duas vezes ao dia dentro de 60 minutos antes do desjejum e do jantar. ● Efeitos adversos: os principais efeitos adversos dos incretinomiméticos são náuseas, êmese, diarreia e constipação. Exenatida e liraglutida foram associadas com pancreatite. Hipoglicemiantes Orais Os hipoglicemiantes de uso oral são úteis no tratamento de pacientes que têm DM2 que não é controlado com a dieta. Eles podem ser classificados em: Sulfonilureias São classificados como secretagogos de insulina, pois promovem a liberação de insulina das células β do pâncreas. As sulfonilureias de uso corrente são as de segunda geração: glibenclamida, glipizida e glimepirida. ● Mecanismos de ação: o principal mecanismo de ação inclui a estimulação da liberação de insulina das células β do pâncreas. As sulfonilureias bloqueiam canais de K+ sensíveis ao ATP, resultando em despolarização, influxo de Ca2+ e exocitose de insulina. Além disso, as sulfonilureias podem diminuir a produção de glicose pelo fígado e aumentar a sensibilidade periférica à insulina. ● Farmacocinética e destino: administradas por via oral, as sulfonilureias ligam-se às proteínas séricas, são biotransformadas pelo fígado e são excretadas pelo fígado e pelos rins. ● Efeitos adversos: aumento de massa corporal, hiperinsulinemia e hipoglicemia. Glinidas Essa classe de fármacos inclui a repaglinida e a nateglinida. As glinidas são consideradas também secretagogas de insulina. ● Mecanismos de ação: assim como as sulfonilureias, as glinidas estimulam a secreção de insulina. Elas se fixam em local diferente na célula β, fechando canais de K+ sensíveis a ATP, iniciando uma série de reações que resultam na liberação de insulina. Todavia, em contraste com as sulfonilureias, as glinidas têm ação de início rápido e duração mais curta. Elas são particularmente eficazes na liberação precoce de insulina que ocorre depois da refeição e, assim, são classificadas como reguladores glicêmicos pós-prandiais. ● Farmacocinética e destino: as glinidas devem ser tomadas antes da refeição e são bem absorvidas após administração oral. ● Efeitos adversos: embora as glinidas possam causar hipoglicemia e aumento de massa corporal, a incidência é menor do que com as sulfonilureias. Vinícius Bandeira | @viniciusbdentista (2021) Farmacologia UFPE (2020.2) Biguanidas A metformina, a única biguanida, é classificada como um sensibilizador à insulina. Ela aumenta a captação e o uso de glicose pelos tecidos- -alvo, diminuindo, assim, a resistência à insulina. Diferentemente das sulfonilureias, a metformina não promove a secreção de insulina. Assim, hiperinsulinemia não é um problema, e o risco de hipoglicemia é muito menor do que com sulfonilureias. ● Mecanismos de ação: o principal mecanismo de ação da metformina é a redução da gliconeogênese hepática. Ela retarda a absorção intestinal de açúcar e melhora a sua captação e uso periférico. A metformina pode ser usada isoladamente ou em associação com outros fármacos de uso oral ou insulina. Pode ocorrer hipoglicemia quando a metformina é usada em combinação com insulina ou secretagogos de insulina, de modo que é preciso ajustar a dosagem. ● Farmacocinética e destino: a metformina é bem absorvida por via oral, não se liga a proteínas séricas e não é biotransformada. A excreção é pela urina. ● Efeitos adversos: são principalmente gastrintestinais (GI). A metformina é contraindicada na disfunção renal devido ao risco de acidose lática. Ela deve ser suspensa em casos de infarto agudo do miocárdio, agravamento de insuficiência cardíaca, sepse ou outro distúrbio que possa causar insuficiência renal aguda. Tiazolidinadonas São também sensibilizadoras à insulina. Os dois membros dessa classe disponíveis atualmente são pioglitazona e rosiglitazona. Embora seja necessária insulina para sua ação, as TZDs não promovem sua liberação das células β pancreáticas; assim, não há risco de hiperinsulinemia. ● Mecanismos de ação: As TZDs diminuem a resistência à insulina, atuando como agonistas para o receptor γ ativado por proliferador peroxissoma (PPARγ), um receptor hormonal nuclear ● Farmacocinética e destino: Pioglitazona e rosiglitazona são bem absorvidas após administração por via oral e são extensamente ligadas à albumina sérica. Ambas sofrem extensa biotransformação por diferentes isoenzimas CYP450; Alguns metabólitos da pioglitazona têm atividade. A eliminação renal da pioglitazona é negligenciável; a maior parte do fármaco ativo e dos metabólitos é excretada na bile e eliminada com as fezes. Os metabólitos da rosiglitazona são excretados primariamente na urina. ● Efeitos adversos: pode ocorrer aumento de massa corporal, porque as TZDs podem aumentar a gordura subcutânea e causar retenção de líquidos. Inibidores da α-glicosidase Acarbose e miglitol são fármacos desta classe usados por via oral no tratamento do DM2. ● Mecanismo de ação: as enzimas α-glicosidases hidrolisam carboidratos em glicose e outros açúcares simples que podem ser absorvidos. Sendo assim, a acarbose e miglitol inibem reversivelmente a α-glucosidase. Ingeridos no inícioda refeição, esses fármacos retardam a digestão de carboidratos, resultando em níveis mais baixos de glicose pós-prandial. Como eles não estimulam a liberação de insulina nem aumentam a sensibilidade à insulina, esses fármacos não causam hipoglicemia quando usados em monoterapia. ● Farmacocinética e destino: ela é biotransformada primariamente pelas bactérias intestinais, e alguns dos seus metabólitos são absorvidos e excretados na urina. O miglitol é muito bem absorvido, mas não tem efeitos sistêmicos. ● Efeitos adversos: os principais efeitos adversos são flatulência, diarreia e cólicas intestinais. Inibidores da dipeptidilpeptidase-4 Alogliptina, linagliptina, saxagliptina e sitagliptina são inibidores da dipeptidilpeptidase-4 (DPP-4) ativos por via oral usados para o tratamento do DM2. ● Mecanismo de ação: inibem a enzima DPP-4, que é responsável pela inativação dos hormônios incretina, como o GLP-1. O prolongamento da atividade dos hormônios incretina aumenta a liberação de insulina em resposta às refeições e a redução na secreção imprópria de glucagon. ● Farmacocinética e destino: os inibidores da DPP-4 são bem absorvidos após administração por via oral. Os alimentos não afetam a extensão da absorção. ● Efeitos adversos: os efeitos adversos mais comuns são nasofaringite e cefaleia. Embora infrequente, a pancreatite ocorreu com todos os inibidores da DPP-4. Inibidores do cotransportador 2 sódio-glicose Canagliflozina e dapagliflozina são fármacos desta categoria utilizados no tratamento do DM2 ● Mecanismo de ação: : O cotransportador 2 sódio-glicose (SGLT2) é responsável por reabsorver a glicose filtrada no lúmen tubular dos rins. Ao inibir o SGLT2, estes fármacos diminuem a reabsorção de glicose, aumentam a sua excreção urinária e diminuem a glicemia. A inibição do SGLT2 também diminui a reabsorção do sódio e causa diurese osmótica. Por isso, os inibidores do SGLT2 podem reduzir a pressão arterial. Contudo, não são indicados no tratamento da hipertensão. ● Farmacocinética e destino: os dois fármacos são biotransformados principalmente por glicuronidação a metabólitos inativos. Ainda que a via primária de excreção da canagliflozina seja as fezes, cerca de um terço é eliminado por via renal. Vinícius Bandeira | @viniciusbdentista (2021) Farmacologia UFPE (2020.2) ● Efeitos adversos: Os efeitos adversos mais comuns dos inibidores do SGLT2 são infecções genitais de mulheres por fungos, infecções do trato urinário e frequência urinária. Também ocorreu hipotensão, particularmente em pacientes idosos ou sob tratamento com diuréticos Referência WHALEN, K.; FINKEL, R.; ÁMAVEÇOÇ, T. A. Farmacologia ilustrada, 6a Ed. Porto Alegre, 2016. Vinícius Bandeira | @viniciusbdentista (2021)
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