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Fármacos Hipnóticos, Sedativos e Ansiolíticos Parte I Ansiólise X Sedação X Hipnose Fazem parte de um efeito contínuo e crescente de depressão do Sistema Nervoso Central que podem ser induzidos pelo mesmo grupo de fármacos. Foi falado um pouco sobre esses efeitos nos anestesicos gerais e anestesia geral nada mais é do que um desses estagios de profundidade da depressão do SNC. O grafico abaixo ilustra bem quais são esses estagios e como eles se relacionam com o uso de doses crescentes de um fármaco ou de uma substancia com caracteristica depressoras do SNC. Então em baixas doses, ou na ausência do fármaco temos o funcionamento normal do SNC, conforme se aumenta a dose administrada aparece o primeiro efeito que seria o ansiolítico, uma diminuição do mal- estar relacionada a ansiedade. Subindo mais umpouco na curva, temos a desinibição paradoxal está relacionada a excitabilidade, euforia, perda de alguns mecanismos de freios comportamentais que está mais relacionado a uma maior sensibilidade dos neurônios gabaérgicos, ou seja, dos neuronios inibitorios do SNC a serem inibidos pela ação desses fármacos, tendo como consequencia uma desinibição das funções centrais. Aumentando ainda mais a dose do fármaco, chegamos na etapa do efeito sedativo, relacionado a uma sonolência, um inicio de estágio da perda da consciência e evolui para o efeito hipnótico que é a entrada no estado de sono. Esse efeito hipnotico com o aumento da dose pode evoluir para anestesia geral, como já foi comentado, então um estado ainda mais profundo da inibição das funções centrais. Mais acima temos o coma farmacológico, relacionada aquela fase do eletroencefalograma é onde temos praticamente o silenciamento das conexões sinápticas. E se continuando a progressão de dose se pode vir ao óbito por depressão respiratório, ou seja, depressão do sistema bulbar do controle dos sistemas respiratórios. Um exemplo muito claro é pensar nos efeitos de intoxicação por etanol. O etanol é a substancia com ação depressora do SNC mais utilizada da sociedade atual e é capaz de induzir todos os efeitos/ estágios do gráfico. Epidemiologia É um dos grupos de fármacos mais utilizados no mundo; De 5 a 10% da população mundial recebe a prescrição de hipnótico por ano; No Brasil 7,6% da população faz uso de medicamentos para dormir independente da prescrição médica já apontando um problema de sáude pública de banalização do uso desses fármacos; 16% das pessoas idosas fazem uso contínuo de hipnóticos e não necessariamente esses hipnoticos tem algum diagnostico de transtorno de sono porque a redução da quantidade de sono é uma caracteristica relacionada ao envelhecimento, caracteristica da idade. Então em muitos casos vamos observar a utilização desses fármacos não totalmente adequada desses medicamentos. Uso Utilizados principalmente em duas situações: Tratamento dos disturbios do sono Tratamento dos transtornos de ansiedade Sono É um processo ativo do sistema nervoso central caracterizado pela sucessão cíclica de diversas alterações psicofisiológicas no cérebro. Alterações de sincronia de disparos, alterações de disparos, alterações de velocidade, de frequencia de disparo dessas populações de neuronônios, alterações tambem na questão de balanços entre sistema neurotransmissores ( aqui voltamos a falar do balanço excitatorio e inibitorio, mas com papel importante de outros neurotransmissores como veremos), alterações na formação e perda de sinapses que são fenomenos que ocorrem durante o sono tambem. Então é um processo extremamente ativo. Aquela visão antiga que o sono seria para que houvesse um repouso do SNC, ela tá ultrapassada. Principais objetivos do sono: Conservação da energia pois há uma redução do metabolismo cerebral; Redução da temperatura corporal; Recuperação da sensibilidade a neurotransmissão levando a um funcionamento ótimo do SNC. Quais seriam as fases do ciclo do sono? Fase 1: sonolência, está relacionada a fase de pegar no sono, geralmente de curta duração, pega cerca de 4-5% do total de sono do indivíduo. E o eletroencefalograma dessa fase é parecido com o estado de vigilia, ou seja, se tem oscilação rápidas e de baixa amplitude mostrando que não existe muita sincronia nos disparos neuronais corticais, ou seja, o SNC está extremamente ativo ainda. Conforme evolui para fase 2 e 3, já observamos alterações no encefalograma, onde observamos um aumento da amplitude das ondas desse eletroencefalograma e uma diminuição mais visivel no estagio 3 que seria uma diminuição dessas oscilações, até chegar ao estagio 4, estagio de sono profundo, caracterizado pelas ondas lentas, ou seja, as ondas deltas que são caracteristicas de uma sincronia maior entre os disparos neuronais. Fase 2: sono leve, facil despertar, onde o padrão de frequencia cardíaca e respiratória já está diminuido. Geralmente, perfaz cerca de 45-55% do tempo de sono total (média); Fase 3 e 4: considerados os estágios de sono profundo, onde o despertar é mais difícil e caracterizados pelo aparecimento de ondas delta e uma diminuição ainda maior na frequencia cardiaca e respiratória e tambem um relaxamento muscular mais intenso. Fase 5: Sono REM ou sono MOR, é o sono do movimento rápido dos olhos, a pessoa ta deolho fechado, mas consegue ver o movimento rápido do globo ocular. No eletroencefalograma é obsrervado uma mudança do padrão para uma padrão muito semelhante ao que acontece no estágio de vigilia, perde a sincronia na frequencia de disparo caracterstica do sono profundo e volta a uma frequenca de disparo mais desordenada mostrando que o SNC está bastante ativo durante esse estagio. É considerado a fase do sonhos, sonhos vividos que parecem experiencias reais e perfaz cerca de 20-25% do tempo total de sono. Durante uma noite de sono, o individuo vai cilcar durante essas fases, saindo da fase 1 de sonolencia, passando pelo estágio 2, 3 e 4, do 4 ele pode avançar para o 2 e entrar em sono REM e do sono REM pode cair rapidamente para o estagio 4. O que se observa é uma caracteristica em que o paciente tem de 4 a 5 ciclos entre sono REM e sono profundo por noite e que nas primeiras horas de sono é que se concentra essas etapas de sono profundo, enquanto o sono REM acontece durante todo esse periodo de sono mais pro final, mais proximo de despertar, parece oscilar mais entre sono REM e estagio 2 do que necessariamente chegar nas etapas de sono profundo. As funções de cada etapa não é bem conhecida, sabe-se a fase do sono profundo é importante para a questão da redução da temperatura corporal, redução do metabolismo cerebral e que o sono REM é considerado importante para formação, consolidação de memórias, mas outros grupos de pesquisa defendem que seria o sono profundo o mais importante para consolidação de memórias. Neutransmissores Neutransmissores envolvidos na manutenção do estágio de vigilia (alerta). Salientar os papeis das monoaminas: Serotonina - o principal nucleo serotoninérgicos no sistemas nervoso central é o núcleo dorsal da RAF – tá envoolvida na manutenção da vigília); Noradrenalina – os corpos neuronais estão localizados no lócus cerúleos. Dopamina- papel importante na substancia cinzenta periaquedutal para manutenção do estado de vígilia. Todos esses neuronios monoaminérgicos vão se projetar para regiões corticais tendo uma função na manutenção da vigilia. Por exemplo, substancias consideradas psicoestimulantes, que estimulam as funções do sistema nervoso central tem como efeitos principais o aumento da neurotransmissão noradrenérgica e dopaminérgica no cérebro. Esses nucleos são de localização principamente mesoencefálicas e alguns no tronco cerebral. Um quarto neurotransmissor importanteé a histamina, distribuição mais restrita, corposs dos neuronios histaminérgicos se encontram apenas no nucleo tuberomamilar do hipotálamo, mas a histamina tem um papel fundamental no controle do ciclo do sono-vigilia, então ativação, o aumento da frequencia de disparo desses neuronios está relacionada com amanutenção da vigilia, tanto que se lembrarmos de alguma substancia com ação antihistaminica, a gente lembra que a principal reação adversa desses fármacos é a sedação, só ilustra a imprtancia da histamina para manutenção da vigilia. Além das monoaminas, temos a acetilcolina (ACH), os núcleos colinérgicos que estão relacionados com a manutenção da vigilia, na regulação do ciclo sono- vigilia, estão localizados principalmente no tronco- cerebral, principalmente tegumento laterodorsal e o tegumento pedúnculo pontino, ricos em corpos de neuronio colinérgicos, que se projetam para regioes corticais fazendo essa manutenção. Além disso, temos um pequeno grupo de neuronios no hipotálamo, mais especificamente na area lateral e no hipotalamo posterior que são responsaveis pela sintese e liberação de um mediador, neuromodulador (não pode ser classificado como um neurotransmissor classico) que é a orexina, ou hipocortina, ou hipocretina. Possui como função principal modular a resposta das monoaminas, então tem função indireta na manutenção do sono-vigilia, mas cada vez mais importante e explorada no desenvolvimento de fármacos para regulação desse ciclo. Quando se vai para o estagio de sono não REM, estágio de sono leve e estagio de sono profundo, se tem uma tendência, predominancia dos mecanismos inibitórios no sistema nervoso central. Ou seja, principalemente GABA. Então temos nucleos gabaergicos em diversas regiões do cérebro, seja no mesencelo, seja no tronco encefalico que terão essa função de silenciar todos os sistemas de neurotransmissores responsáveis pela manutenção do estado de vigilia. Não necessariamente silenciar, mas diminuir muito a ativação desses sistemas neurotransmissores ( dopamina, serotonina, noradrenalina, acetilcolina e histamina). Então o aumento do tonus gabaergico que vai levando a uma entrada crescente nos estagios de sono mais profundo. No sono REM: Apesar de no encefalograma observar um perfil de oscilações centrais muito semelhante ao estágio de vigilia, o perfil neuroquimico é muito diferente. O sono REM está caracterizado por uma extensa estimulação da neurotransmissão colinérgica central, tanto que a ACH é considerada o neurotransmissor dos sonhos, tanto que existe um aumento que é ainda maior, da neurotransmissão colinérgica, do que comparadas ao seu estado de ativação durante a vigilia. Então a ACH tem esse papel de manutenção do sono REM, mas como já comentado as funções do sono REM não estão bem esclarecidas. Resumindo: Vigilia: interação extremamente complexa entre muitos neurotransmissores, principalmente monoaminas, destaque para o papel da noradrenalina, dopamina, histamina e serotonina. Estagio de sono leve e profundo: há um desbalanço para mecanismo inibitorios, mecanismos gabaergicos. Sono REM: papel importante da acetilcolina E os fármacos que vamos estudar vão de certa forma modular a interconversão entre esses estágios. Transtornos do Sono-Vigília – DSM 5- Alterações na qualidade de sono são comuns, mas a partir do momento que elas passam a interferir na qualidade de vida e na produtividade de forma significativa, podem caracterizar os chamados transtornos do sono, ou transtornos do ciclo sono- vigilia. De acordo com o manual de diagnóstico e estatístico de transtornos mentais numéro 5, versão mais recente: Os transtornos de quantidade de sono: transtornos de insonia que estão relacionados a uma diminuição na quantidade de sono, ou hipersonia, que é um aumento da quantidade de sono. Os transtornos da qualidade de sono. Narcolepsia: transtorno relacionado a individuos que pega no sono repentinamente, são acometidos ao longo do dia, necessidade urgente e incontrolável e pegam no sono. Tem geralmente sonos rapidos e depois retornam a sua atividade. Transtornos do sono relacionados com a respiração: principal deles apneia. Transtornos do Ritmo Circadiano: é quando existe um descompasso entre a produção hormonal relacionada com a manutenção do ciclo circadiano e as necessidade do individuo de se manter acordado. Então afeta a qualidade de sona, mas com uma relação mais hormonal por trás disso. Parassonias: mudanças rápidas dos diferentes estagios/ fases, ou alterações que ocorrem na transição entre um estagio e outro de sono, como por exemplo os transtornos de pesadelos, o sonambulismo, entre outros. Transtorno de Insonia Queixa de insatisfação com a quantidade e/ou qualidade do sono pelo menos três noites na semana por no mínimo três meses. 1/3 da população mundial apresenta sintomas de insônia -> 6-10% sofrem de transtorno de insônia. Prevalência maior em mulheres (1,5 X) Dificuldades de iniciar o sono (insônia inicial) Dificuldades de manter o sono ( insônia intermediária) Despertar precoce (insônia final) -> Sono não restaurador De acordo com as caracteristicas de insonia de cada indivíduo, vão ser utilizadas como critérios para definição do tratamento farmacológico de acordo com as caracteristicas dos farmacos utilizados. Fármacos utilizados: Fármacos GABAérgicos: potencializam a neurotransmissão gabaérgica no SNC e, dessa forma, facilitar o inicio, a entrada nas fases de sono e a manutenção desse sono. Ex: Barbitúricos, Benzodiazepínicos, “Z” drugs. Fármacos que atuam no Sistema Melatonina- Orexina: efeito mais especifico do ciclo sono- vigilia, mais relacionado com a sua interface com o ciclo circadiano. Ex: Suvorexant, Ramelteona Outros: fármacos que não se enquadram em nenhuma dessas categorias Parte II Fármacos GABAérgicos: O GABA é o principal neurotransmissor inibitório do SNC e é amplamente distribuído no cérebro. Uma vez que o GABA é sintetizado no citosol das células neuronais, ele será vesiculado e com a chegada do potencial de ação, há a liberação com neurotransmissor. Na sinapse, o GABA interage com um dos seus três subtipos de receptores, sendo dois deles receptores ionotropicos (GABA-a e GABA-c) que são canais iônicos permeáveis a cloreto, e também temos o receptor GABA-b que é um receptor metabotropico acoplados a proteína Gi. Independente de qual for o receptor em que o GABA se ligue, sempre ocorrerá uma ação inibitória, levando a hiperpolarização celular. Na fenda sináptica, o GABA é captado para dentro da célula pela GAT-1 e degradado pela GABA-T. O principal local de ação dos fármacos sedativos para mediar a potencialização da neurotransmissão GABAérgica é sobre os receptores GABA-a que é formado por cinco subunidades proteicas, sendo duas subunidades alfa, duas beta e uma coringa (pode ser de diversos tipos). O primeiro grande subtipo de receptor GABA-a é aquele que possui a subunidade alfa1. O sitio de ligação do GABA fica na interface entre a subunidade alfa e a subunidade beta. Além disso, há outro sítio de ligação importante nesses receptores: o sítio de ligação para benzodiazepínicos, localizado na interface entre uma subunidade alfa e uma subunidade coringa, que costuma ser a gama2. Localização dos receptores: A primeira classe de fármacos sedativos tem uma maior importância histórica do que de uso clínico, que é a classe dos barbitúricos. Os barbitúricos atuam no receptor GABA-a e um dos mecanismos de atuação é a modulação alostérica positiva do receptor, ou seja, ele por si só não abrirá o canal iônico, porém ele irá interagir com esse canal iônico e aumentará a afinidade do neurotransmissor pelo receptor, fazendo com que aja uma potencialização no influxode cloreto, aumentando a hiperpolarização. Os barbitúricos também aumentam o tempo de duração da abertura do canal para cloreto. Em altas doses, esses fármacos perdem sua seletividade e passam a atuar por mecanismos adicionais, ou seja, interagir com outras proteínas no SNC. A primeira alteração é que eles deixam de atuar seletivamente como modulador alostérico e passam a agir como agonista do receptor, ou seja, ele abre o receptor. Além disso, também ocorre o antagonismo não-competitivo de receptor AMPA e NMDA, potencializando ainda mais a ação depressora e ocorre também a interação com outros canais iônicos. São fármacos com a janela terapêutica bastante estreita que aumenta após ocorrer à tolerância do fármaco em tratamento de longo prazo. Farmacocinética dos barbitúricos: rápida absorção por via oral e lenta eliminação que depende de metabolismo hepático. São bastante lipofílicos, fazendo com que permeiem a BHE facilmente e tem potencial de acúmulo no tecido adiposo. E também são potentes indutores enzimáticos. As principais reações adversas observadas são quebra da pressão arterial, laringoespasmos e diminuição do ritmo respiratório no momento administração por via intravenosa. E quando administrado oralmente ocorre: sedação (efeito esperado), tontura, confusão mental, prejuízo motor e insônia rebote. Um problema que se tem com esses fármacos GABAérgicos, que é de grande importância, é o desenvolvimento de tolerância e dependência. As condutas na sobredosagem causam uma depressão intensa do SNC, podendo diminuir a respiração ou aumenta-la de modo superficial e também gera a queda de pressão arterial. As interações medicamentosas com barbitúricos são muitas e as principais são com outros depressores do SNC, onde pode ocorrer um efeito sinérgico entre eles. E, por serem indutores do citocromo P, podem acelerar a eliminação de diversos fármacos. Não podem ser utilizados durante a gravidez e lactação. Os representantes da classe que ainda são utilizados clinicamente são a fenobarbital, tiopental (indicado para anestésico geral) e a primidona. Os benzodiazepínicos que substituíram o uso dos barbitúricos nos tratamentos de insônia e ansiedade. Esse nome é oriundo da sua estrutura química básica que apresenta um anel benzênico ligado a um anel de sete membros que possui ligações com átomos de nitrogênio. Os efeitos depressores no SNC são: ansiolítico rápido, sedativo/hipnótico, anticonvulsivante, relaxante muscular e amnésia anterógrada. Assim como os barbitúricos, os benzodiazepínicos também são moduladores alostéricos positivos de receptores GABA-a e também aumenta a frequência de abertura do canal de cloreto na presença de GABA. Como todos os fármacos atuam no mesmo sítio de ligação, a diferença de um análogo a outro está na farmacocinética. De forma geral, todos são moléculas bastante lipofílicas, são rapidamente absorvidas pelo TGI e alcançam rapidamente o SNC. Devido a sua lipofilia, os fármacos possuem uma alta ligação com proteínas plasmáticas. O que mudará majoritariamente é a questão da biotransformação desses fármacos. Todos sofrem biotransformação hepática e seu efeito farmacológico está relacionado, principalmente, a esses metabolitos. Mais metabolitos ativos/maior tempo de meia vida dos metabolitos = maior duração de efeito. Os fármacos com uma pequena meia vida apresentam uma farmacocinética mais adequada para hipnóticos. Já fármacos que apresentam uma meia vida maior são os mais recomendados para o uso em transtorno de ansiedade, pois há uma ação continua do fármaco ao longo do dia. As principais reações adversas são: sedação, tontura, confusão mental, amnésia anterógrada, náuseas e prejuízo do desempenho motor. Assim como os barbitúricos, também há a chance de tolerância e dependência. Os casos de sobredosagem são raros e para o tratamento desses casos se utiliza o flumazenil, que é um antagonista de efeitos provocados por benzodiazepínicos. Ocorre interação medicamentosa com outros depressores do SNC. E fármacos com grupamentos azoicos em sua estrutura atuam inibindo a metabolização de benzodiazepínicos. A interação com o ácido valpróico, anticonvulsivante, gera episódio psicótico e a interação com a fisostigmina pode antagonizar parcialmente o efeito dos benzodiazepínicos. Também não podem ser utilizados em uso de gravidez e lactação. Benzodiazepínicos x barbitúricos: Vantagens dos benzodiazepínicos: maior índice terapêutico, maior segurança na sobredosagem, não provocam indução enzimática, menor incidência de tolerância e menor propensão ao abuso. Parte 3- Tratamento farmacológico do transtorno de insônia A terceira e ultima classe de fármacos que atuam como hipnóticos e sedativos na modulação da neurotransmissão gabaérgica são as “Z drugs” ou fármacos da família Z. Eles são considerados como hipnóticos não-benzodiazepinicos, devido a ausência do núcleo benzodiazepínico na estrutura. No entanto, eles também se ligam ao receptor benzodiazepínico, sendo moduladores alostéricos positivos do receptor Gaba A. Qual a diferença? Enquanto os BZD (Diazepam e clonazepam) se ligam ao receptor benzodiazepínico, que é composto pelas subunidades alfa1, alfa 2, alfa 3 e alfa 5, os fármacos da família Z são mais seletivos, se ligam apenas aos receptores Gaba A compostos pela subunidade alfa 1. Isso faz com que tenham efeitos sedativos e hipnóticos, mas não tenham efeitos ansiolíticos, já que a diminuição da ansiedade está relacionada com receptores Gaba A alfa 2. Esses fármacos são utilizados para os transtornos de insônia e não transtorno de ansiedade, limitando o uso terapêutico. Principal indicação: insônia inicial (pegar no sono). São fármacos com curta duração de ação, com tempo de meia vida curto (em torno de 3 horas) e não geram metabólitos ativos. Ou seja, são eficazes na indução do sono, mas o paciente pode despertar durante a noite. Como os fármacos são eliminados rapidamente, isso limita o uso em pacientes com insônia intermediaria ou final. São fármacos mais seguros para idosos e gestantes, uma vez que a incidência de tonturas e quedas é menor. Inicialmente, essa classe de fármacos era vendida como uma classe revolucionaria e que não desenvolvia tolerância. No entanto, já se sabe que gera tolerância e dependência, principalmente o Zolpidem. A única questão que está em aberto é sobre o potencial de abuso, pois aparentemente, os fármacos aparentam ter potencial de abuso menor, em comparação com os benzodiazepínicos. Seus efeitos são antagonizados por flumazenil (em caso de superdosagem). Uma vez que eles atuam via neurotransmissão gabaérgica, segue a ressalva que esses fármacos não podem ser utilizados junto com álcool. Prototipo da classe: zolpidem. Tem tempo de meia vida de 2,5h e tem como recomendação o uso único ao deitar. Induz o paciente rapidamente ao sono e não se recomenda que caso o paciente acorde no meio da noite e utilize novamente a medicação. Caso isso acontece, ocorrerá sedação residual, então ele vai acordar sonolento. A duração de tratamento recomendada é em torno de 7 a 10 dias, mas hoje em dia já se utiliza durante o período de 12 meses. A tolerância se desenvolve de forma mais lenta, em relação aos benzodiazepínicos, se for utilizado em doses baixas. Já foi demonstrado que os efeitos hipnóticos permanecem após 1 semana de interrupção do tratamento, isso faz com que diminua a incidência de insônia de rebote, então é mais fácil fazer o desmame do paciente. Importante: mulheres metabolizam o zolpidem mais lentamente, portanto se recomenta o uso de menores doses. RAMS: sonolência, tontura, cefaleia, náusea, diarreia, amnesia e pesadelos. Para suplantar a limitação do uso de zolpidem em pacientes cominsônia final ou intermediária, já que não tem dificuldade de pegar no sono, mas que acordam muito durante a noite, foram desenvolvidas formulações de liberação controlada de zolpidem. Esses comprimidos são utilizados para o tratamento da insônia de inicio e para manutenção do sono. Também tem formulações de uso sublingual, para prolongar o uso do zolpidem e atender essa população em especifico. No caso dessas formulações, não se preconiza que se repita a utilização do fármaco, caso o paciente acorde no meio da noite, já que certamente ocorrerá a sedação residual no dia seguinte. Segundo representante da classe: zaleplona; É um fármaco com meia vida extremamente curta, com tempo de meia vida de 1 hora. É a única que pode ser repetida, caso o paciente acorde no meio da noite, sem risco de sedação residual no dia seguinte. A duração de tratamento recomendada é de cerca de 7 a 10 dias. RAMS: sedação, tonturas, fotofobia, paresestsias, cefaleia e ataxia. Zopiclona e eszopiclona (Isomero da zopiclona): é o hipnótico mais prescrito nos estado unidos. Eles tem um perfil farmacodinâmico diferente, se ligam aos receptores gaba A alfa 1 e alfa 2, o que já confere efeito ansiolítico moderado para a substancia e é a única que tem aprovação para uso de longo duração (ao longo de 12 meses). Tem tempo de meia vida de 5,3 horas e utilizada para insônia inicial e tem ação mais adequada para pacientes com dificuldade na manutenção do sono. RAMS: sabor desagradável na boca, boca seca, sedação, tonturas, náuseas e cefaleia. Eficácia terapêutica entre os benzodiazepínicos e os fármacos da família Z: Todos eles são igualmente eficazes para indução do sono, atuando na redução da fase 1 do sono (sonolência inicial), fazendo com que o paciente pegue no sono mais rapidamente. No entanto, eles mudam nos efeitos induzidos sobre a arquitetura do sono. Os BZDS levam a alterações que aumentam a fase 2 do sono (sono leve), acompanhado na diminuição na fase de sono profundo (fase 4) e fase do sono REM (movimentos rápidos dos olhos). Essa alteração na arquitetura normal do sono foi considerada como uma desvantagem na utilização dos fármacos, fazendo com que eles induzissem o sono com maior duração, no entanto, menos restaurador. Esses fatores variam muito de individuo para indivíduo. Já o zolpidem, zaleplona, zopiclona e eszopiclona têm como característica a menor influencia na arquitetura do sono, já que eles aumentam a duração de todas as fases do sono, tanto da fase 2, como da 3 e 4, principalmente. Durante muitos anos, isso foi vendido como uma vantagem desses fármacos frente aos benzodiazepínicos. Também não influenciam no sono REM. Esses fatores também variam entre os pacientes. Fármacos que atuam no sistema melatonina-orexina: Ramelteona e Suvorexant. Esses fármacos vão atuar na modulação do ritmo circadiano. Esse ritmo está relacionado a regulação do ciclo sono-vigilia, de acordo com o grau de iluminação (luz solar ao longo do dia). Ao longo do dia, ocorre aumento da concentração de cortisol (glicocorticoide produzido pelo córtex da suprarrenal), levando ao estado de vigília e ao despertar. Enquanto com a redução da iluminação, teria redução gradual nas concentrações de cortisol, enquanto ocorre aumento do nível plasmático de melatonina (hormônio do sono). O aumento da melatonina está relacionado com o aumento do sono, no período escuro. Como exatamente que esse nível hormonal ocorre a nível de SNC? Durante a fase clara do dia, as células da retina são estimuladas pela luz solar e através de um mecanismo polisináptico, ocorre a ativação do núcleo supraquiasmático. Esse núcleo tem duas funções principais na regulação do ciclo sono-vigilia. O primeiro é inibir a síntese e a liberação de melatonina, que ocorre na glândula pineal, reduzindo os níveis circulantes do hormonio. A segunda função é a estimulação dos neurônios orexinérgicos hipotalâmicos, que tem papel importante na modulação do ciclo da vigília. Eles estimulam os neurônios monoaminérgicos (dopaminérgico, serotoninérgicos, noradrenérgicos ou histaminérgicos), levando o aumento do nível desses neurotransmissores, principalmente no tálamo e no córtex, o que vai levar a promoção do estado de vigília. Com a redução da intensidade luminosa, a claridade não terá efeito no núcleo supraquiasmático, isso vai desinibir a produção de melatonina na glândula pineal, aumentando os níveis de melatonina na circulação sanguínea e no SNC. Isso é um mecanismo do tipo bola de neve, já que a melatonina será liberada no núcleo supraquiasmático, inibindo ainda mais a sua ação, que vai desinibir ainda mais as células da pineal, aumentando ainda mais a produção de melatonina, culminando no aumento dos níveis circulantes do hormônio. A inibição do núcleo supraquiasmático, induzida pela melatonina, vai fazer com que ele deixe de estimular os neurônios orexinérgicos hipotalâmicos e isso vai contribuir para a redução do tônus monoaminérgico observado durante o sono, tendo entrada no estagio do sono. Os fármacos discutidos abaixo vao interagir no circuito sono-vigilia, relacionado ao ciclo circadiano. Melatonina: utilizada como suplemento alimentar no EUA. O uso não é regulamentando. É um agonista dos receptores melatoninérgicos MT1 e MT2 (são receptores metabotrópicos acoplados a proteína G). Uma metanalise recente mostrou que o principal efeito benéfico da melatonina está na diminuição da latência para a indução do sono. Porém, ela não tem efeito significativo em outros parâmetros do sono. No Brasil a recomendação é que não se utilize a melatonina para o transtorno de insônia., mas se vislumbra a possibilidade de utilizar em idosos com dificuldades para iniciar o sono, já que é uma característica da idade a redução dos níveis de melatonina circulantes. FÁRMACOS APROVADOS: - Ramelteona: é um agonista semissintéticos de receptores melatonina, que parece ter ação mais seletiva para o núcleo supraquiasmático, induzindo o controle do ciclo sono-vigilia, via receptores melatoninérgicos no núcleo supraquiasmático. Ela é indicada para o tratamento da insonina inicial, já que tem tempo de meia vida de 1,5 hora e deve ser utilizada 30 minutos antes de deitar. Não é uma substancia controlada e só é vendida com prescrição médica. Até o momento, não existem relatos de sedação residual, insônia rebote, amnesia e potencia de abuso. Os estudos clínicos somente tiveram 6 meses de tratamento, portanto não se sabe se com tratamentos mais longos ocorrerá tolerância. RAMs: tontura, fadiga e interação com inibidores de CYP 450. Suvorexant: é comercializado nos EUA e no Japão. Não aprovado pela Anvisa. Atua como antagonista não seletivo de receptores de orexina, inibindo os efeitos da orexina na promoção da vigília e na secreção de melatonina. É indicado para insônia inicial, intermediaria e final. Tem tempo de meia vida adequado para indução e manutenção do sono, por isso não se recomenda a repetição da dose no meio da noite. Tem como característica aumento da duração total do sono, aumentando as fases de sono REM e não REM. Até o momento não se sabe as reais consequências dessas alterações na arquitetura normal do sono. RAMs: Sedação residual de até 7 horas após o despertar. Tem relatos de sonolência repentina (10% dos usuários) e dores de cabeça (7%). O FDA notificou sobre parassonias (pesadelos intensos e sonambulia) e pensamentos suicidas. O uso do sudorexant não é indicado para pacientes com transtorno do humor (depressão e ansiedade). A tolerância e indícios de potencial de abuso ainda não foram observados (como são fármacos recentes ainda não foram detectados esses efeitos). Outros fármacos para o tratamento da insônia: Anticonvulsivantes: são utilizadospara o tratamento da insônia acompanhada por epilepsia. EX: Gabapentina, pregabalina e tiagabina. Antidepressivos: são utilizados os fármacos com alta indução de sedação. Essa sedação está associada ao bloqueio de receptores de histamina (H1) no SNC. Destaque: mirtazapina e doxepina. Antipsicoticos: Utilizados em caso de insônia associada a psicose. Ex: Olanzapina e quetiapina Anti-histaminicos: tem uso off-label popular. EX; Difenidramina (Dramin), HIdroxizina e Prometazina. Recomendação dos fármacos com maior evidencia clinica para o tratamento do transtorno de insônia: A conclusão geral do estudo é que existem poucos estudos com qualidade que avaliem a eficácia dos fármacos para o tratamento dos transtornos de insônia a longo prazo. Apesar do nível de evidencia clinica ser considerada fraca, a conclusão foi: Para o tratamento de insônia intermediaria: suvorexant, eszopiclona, zolpidem (forma de liberação controlada), temazepam e doxepina (anti depressivo tricíclico). Insonia inicial: eszopiclona, zaleplona, zolpidem, ramelteona e temazepam. Parte IV- uso dos fármacos no tratamento dos transtornos de ansiedade A ansiedade é uma emoção básica essencial que prepara nosso organismo para lidar com situações de risco. Tem um papel fisiológico importante no que tange o aumento do estado de vigília, aumento da atenção para que esteja preparado para lidar com os obstáculos do dia a dia. O proplema é quando esta se apresenta de maneira exacerbada. Ela se caracteriza por dois tipos de manifestações: 1. Sintomas psíquicos -Angústia (aperto no peito, preocupação demasiada com situações futuras) -Preocupação -Distúrbios do sono -Diminuição do apetite -Diminuição da libido 2. Sintomas autonômicos que está relacionada a crise que desencadeiam a ativação desse sistema -Taquicardia -Falta de ar (aumento da frequência cardíaca) -Tremores, sudorese -Hipersecreção gástrica (relacionada a ativação vagal, desenvolvimento de ulceras gástricas -Urgência para micção A principal região do cérebro que é responsável pelo controle no nível de ansiedade do individuo é a amigdala, que é uma das principais regiões do sistema límbico (relacionado ao controle das emoções, alterações de humor). A amigdala é dividida em duas porções: basolateral(BLA) e a amigdala central(CeA). A amigdala basolateral receberá os imputes tanto do córtex sensorial, quanto do tálamo de uma situação de risco, uma situação ansiogenica levando uma ativação dessa região. A super ativação da BLA ativa a CeA que estará relacionada com a ativação dos mecanismo que irão induzir os efeitos autonômicos relacionados a crise de ansiedade. CeA interage com estruturas no tronco cerebral(levando a ativação autonômica do sistema nervoso simpático- aumento da frequência cardíaca, alteração da frequência respiratória, estimulo vagal desencadeando ulceras peptídicas) e no hipotálamo( levando a ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal que irá induzir aumento da liberação de cortisol na corrente sanguínea sendo um resposta de estresse agudo. Além da amigdala central se tem o núcleo basal da estria terminal (BNST) que esta em comunicação com a BLA e a antecipação de uma situação potencialmente ansiogenica irá levar a ativação dessa região que também irão gerar as respostas autonômicas de reação ao estresse relacionada a ansiedade. A BLA irá se comunicar também com o córtex pré central (que entra a questão da consciência e de como lidar com a ansiedade, avaliação do risco) e com regiões mesoencefálicas relacionadas comportamento direcionados para lidar com a situação e toda parte emocional envolvida). BLA é considera o centro regulador de toda a resposta de ansiedade e da regulação de algumas respostas ao medo no SNC Em indivíduos que são acometidos pelo transtorno de ansiedade tem uma hiperativação da amigdala. Estudos de neuro imagem demonstram maior perfusão sanguínea na BLA de indivíduos com transtorno de ansiedade (TA), demonstrando que essa hiperativação da amigdala leva a desregulação do circuito cerebral e que envolve o sistema nervo autônomo e neuro-endocrino levando um estado de ansiedade constate, permanentes e até mesmo de crises. TA são transtornos psiquiátricos de alta prevalência Estados Unidos – prevalência para a vida toda 10,3% Brasil – prevalência para a vida toda 9,3%, sendo o pais da América latina com maior incidência do transtorno de ansiedade. Incidência maior em mulheres (1,5 x). DSM-V Transtorno de Ansiedade de Separação - sofrimento intenso frente a separação com pessoas com as quais eram conectadas Mutismo seletivo- Dificuldade de se expressar em público Fobias especificas- claustrofobia, aracnofobia Transtorno de Ansiedade Social- relacionados a dificuldade de exposição em público(diagnostico voltado para indivíduos adultos) Transtorno do Pânico- relacionado com as crises com sensação eminente de morte Agorafobia- quando o individuo passa a se isolar socialmente para evitar se expor ao motivo da ansiedade . Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)- Se mantem em níveis de ansiedade por um período longo de tempo (mínimo de 6 meses) Os Transtorno de Estresse Pós-Traumático e Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) antigamente estavam no TA, mas atualmente foram retiradas. Tratamento dos Transtornos de Ansiedade Antes de se iniciar a intervenção farmacológica deve- se: 1.Descartar a ocorrência de ansiedade secundária a outra manifestação clínica (síndrome do cólon irritável, hipertireoidismo, entre outros). 2.Descartar a ocorrência de ansiedade causada por outros medicamentos podendo estar relacionada a tratamentos longos com glicocorticoides, uso de contraceptivos hormonais. 3.Realizar o correto diagnóstico do transtorno Os antidepressivos são considerados de primeira linha no tratamento da ansiedade. Buspirona Esta possui um mecanismo de ação pouco seletivo: agonista parcial de receptores 5-HT1A, antagonista D2- like e antagonista α2 adrenérgico. Acredita-se que a principal via seja via receptores 5-HT1A que resultaria no aumento dos níveis de serotonina na amigdala basolateral e este levaria o controle da hiperativação da amigdala que está ocorrendo relacionada aos sintomas de ansiedade. Eficaz apenas no tratamento do transtorno de ansiedade generalizada (TAG) Farmacocinética: importante efeito de primeira passagem (BD oral 4%), reduzido pela ingestão com alimentos. Todavia ela gera um metabolito ativo e será este que terá ação via receptor alfa 2 adrenérgicos sendo um metabólico que contribui para a eficácia terapêutica da Buspirona, já que aumento nos níveis de noradrenalina na amigdala basolateral também está presente estando relacionada ao quadro de hiperatividade da amigdala que ocorre. Reações Adversas: tonturas, taquicardia, nervosismo, cefaléia e náuseas no início do tratamento que parece reduzir com a evolução do tratamento. Seu uso não está associado a tolerância e dependência farmacológica o que é uma vantagem frente aos benzodiazepínicos Segura em sobredosagem não existe relato de intoxicação. Risco de síndrome serotoninérgica com inibidores da MAO Tandospirona análogo estrutural da Bulspirona: análogo mais seletivo para receptores 5-HT1A (Japão e China). Não apresenta vantagem terapêutica frente a Buspirona. No gráfico abaixo se vê os três principais fármacos utilizados no tratamento do transtorno de ansiedade. O que se observa é que tanto os antidepressivos quanto a Buspirona possuem mecanismo de ação monoaminergico levando a um aumento dos níveis de serotonina na BLA que parece ser o principal efeito para o controle de sintomas de ansiedade dos pacientes. Todavia os níveis elevados de serotonina estão relacionadosa um agravamento dos sintomas iniciais. Então o excesso de serotonina nas primeiras semanas de tratamento que são induzidas tanto pelos antidepressivos quanto pela Buspirona pode levar a uma tentativa de suicídio a uma crise de pânico exagerada. Porem com o tratamento prolongado cerca de 3-4 semanas do inicio do tratamento se começa a observa os efeitos ansiolíticos e a redução da gravidade da ansiedade em pacientes tratados tanto com antidepressivos quanto com a Buspirona. Já os Benzodiazepínicos possuem mecanismo de ação GABAergico. Se a amigdala está hiperativa a utilização de um benzodiazepínico se potencializa as ações do GABA na BLA que consequentemente gera um efeito ansiolítico rápido. Não percebe uma latência do periodo de ção e nem piora do quadro incial com os Benzodiazepínicos. Assim, essa é a grande vantagem que determina seu uso no tratamento do TA até hoje no manejo de indivíduos que estão com uma alta gravidade e necessitam de uma intervenção farmacológica rápida sendo muito comum em individuo em tratamento do transtorno do pânico. A principal estratégia farmacêutica seria iniciar o tratamento com um antidepressivo ou Buspirona concomitante ao uso do Benzodiazepinico realizando esse tratamento por cerca de 4 semanas e então retira o Benzodiazepinico . Pois após as 4 semanas inicias já passou o período de plasticidade neuronal para que os antidepressivos e a Buspirona saiam da fase de agravamento inicial dos sintomas de ansiedade e passem para o efeito ansiolítico já sendo seguro a retirada dos benzodiazepínicos. Todavia a retirada não pode ser abrupta, pois o paciente pode ter uma exacerbação do quadro com essa retirada, o desmame tem que ser gradual e planejado. Assim, manem o paciente somente com antidepressivo com Buspirona e monitora a eficácia da abordagem. Tratamento do TAG Os antidepressivos são indicados com os de primeira linha para todos os tratamentos de ansiedade. O uso de benzodiazepínicos são indicados somente quando tiver efeito agudo Somente depois de um período de um ano sem reincidência que se pensa na retirada do medicamento Tratamento Transtorno do Pânico É o principal caso que tem a utilização dos Benzodiazepínicos. Quando o paciente não responde bem com antidepressivo precisa-se manter junto com benzodiazepínico e essa manutenção pode-se manter por no mínimo 24 meses. Tratamneto Transtorno de Ansiedade Social Uso da terapia nos pacientes que não responderam com tratamento de antidepressivos Tratamento outros transtornos Não se recomenda mais uso de benzodiazepínicos nem da Buspirona Fitomedicamentos No Brasil o maior número de medicamentos fitoterápicos registrados atualmente tem como indicação terapêutica ou o tratamento da ansiedade ou insônia. Esses medicamentos tem se tornado populares pela utilização da população no geral. Pra modulação de sintomas leves de insônia ou ansiedade talvez esse produtos sejam adequados, mas quando se está ligando com transtorno as evidencias clinicas para sua utilização desse fitomedicamentos ainda são limitadas. Na tabela temos as analises pela utilização de Camomila,Gincobiloba, Kava, Passiflora Incarnata, Valeriana spp. Dos cinco fitomedicamentos só existe evidencia em grau adequado da kava no tratamento do transtorno de ansiedade. Todos os outros tipos de preparação inclusive da Valeriana que tem muitos registros no Brasil tem uma evidencia muito fraca para utilização no tratamento em um transtorno. Tanto a Passiflora, quanto a Valeriana tem efeitos subjetivos na qualidade do sono do que nos parâmetros eletroencefalográficos.
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