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AN02FREV001/REV 4.0 30 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE FARMACOLOGIA DOS ANALGÉSICOS E ANTI- INFLAMATÓRIOS Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 31 CURSO DE FARMACOLOGIA DOS ANALGÉSICOS E ANTI- INFLAMATÓRIOS MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 32 MÓDULO II 3 ANALGÉSICOS NARCÓTICOS OU ANALGÉSICOS OPIOIDES O ópio, substância original desse grupo farmacológico, é extraído da papoula, nome popular do Papaver somniferum, uma das muitas espécies da família das Papaveráceas, que se caracteriza por apresentar folhas solitárias e frutos capsulados. O Papaver somniferum provavelmente evoluiu de uma espécie silvestre nativa da Ásia Menor, ou de uma espécie denominada Papaver setegirum, que crescia nas terras em torno do Mediterrâneo. Das várias espécies de papoula conhecidas, somente o Papaver somniferum e o Papaver bracteatum produzem ópio em quantidade significativa. Contudo, esta última é destituída de expressão comercial. O conhecimento do ópio remonta talvez à pré-história ou, pelo menos, aos períodos históricos muito distantes. Os opioides são agonistas dos receptores opioides. Estes existem em neurônios de algumas zonas do cérebro, espinhal medula e nos sistemas neuronais do intestino. FIGURA 9 - PAPAVER SOMNIFERUM FONTE: Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Papaver_somniferum_flowers.jpg>. Acesso em: 06 jun. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 33 3.1 RECEPTORES OPIOIDES Os receptores opioides são importantes na regulação normal da sensação da dor. A sua modulação é feita pelos opioides endógenos (fisiológicos), como as endorfinas e as encefalinas, que são neurotransmissores. Existem três tipos de receptores opioides: mu (), delta () e kappa (). Os receptores mu são os mais significativos na ação analgésica, mas os do subtipo delta e kappa partilham de algumas funções. Cada tipo de receptor é ligeiramente diferente do outro, e apesar de alguns opioides ativarem todos de forma indiscriminada, os que já foram desenvolvidos ativam apenas um subtipo. Os opioides endógenos são peptídeos (pequenas proteínas). Os fármacos opioides usados em terapia apesar de não serem proteínas têm conformações semelhantes em solução às dos opioides endógenos, ativando os receptores em substituição destes. TABELA 2 - EFEITOS FUNCIONAIS DOS PRINCIPAIS RECEPTORES OPIOIDES FONTE: Adaptado de Rang & Dale, 2004. AN02FREV001/REV 4.0 34 3.2 EFEITOS FARMACOLÓGICOS DOS OPIOIDES Os efeitos farmacológicos dos opioides podem ser úteis ou adversos, conforme a dose e situação. Cada fármaco pode produzir efeitos de intensidade diferente conforme a sua especificidade para uns ou outros receptores, e outras características. 3.2.1 Sistema Nervoso Central Analgesia: os opioides reduzem a dor em ambos os seus componentes, o sensitivo e o emocional. São eficazes na dor aguda e na dor crônica. Euforia e disforia: são necessárias maiores doses do que para causar analgesia. Em pacientes com dores crônicas não ocorre em geral este efeito. Consiste num sentimento de flutuar agradável e de bem-estar. A euforia pode degenerar ou ser substituída por disforia, um estado de ansiedade desagradável e mal-estar. Depressão respiratória: os opioides diminuem a atividade do centro neuronal que controla o ritmo e intensidade da respiração. Em altas doses, a respiração pode cessar por completo (mais comum causa de morte na overdose). Sedação: produzem estados de sonolência e confusão mental sem amnésia. Miose: consiste na contração da pupila do olho. Ao contrário de muitos outros fármacos sedativos que produzem midríase (dilatação da pupila), os opioides levam à miose, um importante sinal na identificação de overdoses de opioides. AN02FREV001/REV 4.0 35 FIGURA 10 - DILATAÇÃO DA PUPILA Fonte: Disponível em: <http://mini-manual-tas.blogspot.com.br/2008/11/observao-pupilar.html>. Acesso em: 06 jun. 2013. Supressão da tosse: pequenas doses de opioides, ou formas fracas chegam para produzir este efeito supressor, que é decorrente da depressão do centro neuronal da tosse no cérebro. Náuseas: podem produzir náuseas e vômitos se ativarem os centros quimiorreceptores do cérebro. Trato gastrointestinal: também existem receptores opioides em alguns neurônios dos sistemas nervosos autônomos do intestino (plexo de Auerbach e plexo de Meissner). Obstipação: os opioides provocam a diminuição da motilidade intestinal, que leva a maior absorção de água e fezes duras. Constrição biliar: provocam espasmos nas vias biliares. Outros: podem provocar hipotensão, prurido, imunossupressão, broncoconstrição. AN02FREV001/REV 4.0 36 3.3 USOS CLÍNICOS DOS OPIOIDES Dores crônicas: os opioides são a primeira escolha no tratamento da dor crônica pós-operativa, no cancro e outras situações. É frequente ser dado ao paciente o controle de uma bomba, ativada por um botão, que injeta opioide de acordo com o seu desejo. Existe geralmente um mecanismo que previne a injeção de doses elevadas (que podem provocar danos graves), mas na grande maioria dos casos o controle pelo doente reduz a ansiedade e as doses acabam até por serem mais baixas. Nos doentes com dores não existe efeito eufórico, mas há efeito sedativo, portanto o paciente limita-se a carregar no botão quando sente dores, mas de forma a evitar o efeito de sonolência. O mais usado é a morfina. Dores agudas intensas: em trauma, dor de cabeça (cefaleia), ou no parto. Não se devem usar nas cólicas biliares (litíase biliar ou pedra na vesícula) porque provocam espasmos que podem aumentar ainda mais a dor. Se a dor é de origem inflamatória são preferíveis os anti-inflamatórios não esteroides, ou opioides fracos como o tramadol, que também são analgésicos eficazes nessas situações. Anestesia: em razão de suas propriedades sedativas, são por vezes usados na preparação antes da inalação de anestésicos gasosos mais potentes. Supressão da tosse: alguns opioides fracos, como a codeína, são por vezes incluídos em preparações antitussigenas. Há risco de acumulação das secreções com infecção. Dispneia aguda, principalmente de causa cardíaca: os opioides, particularmente a morfina, são eficazes contra esta condição de emergência. Julga-se que o efeito é em razão da ansiedade com regularização da respiração e menor esforço cardíaco. Diarreia: como produzem redução da motilidade intestinal são eficazes contra a diarreia. Não devem ser usados na diarreia em virtude de infecções. AN02FREV001/REV 4.0 37 3.4 USO DOS OPIOIDES ENQUANTO DROGA DE ABUSO Os opioides apresentam duas características que os tornam drogas de abuso particularmente perigosas: produzem euforia e bem-estar, mas a sua ação necessita de doses cada vez maiores para se manter no mesmo nível - fenômeno de tolerância. O opioide de abuso mais utilizado hoje é a heroína, um derivado da morfina com praticamente os mesmos efeitos, mas com maior solubilidade aquosa (o que facilita o seu consumo). É consumida pela injeção intravenosa com agulha. Esta forma de consumo leva a uma rápida subida das concentrações sanguíneas, e resulta numa ação inicial muito mais forte de satisfaçãointensa, seguida de um plateau de ação mais moderada e cada vez mais fraca. A tolerância dos opioides leva o consumidor recreativo a consumir doses cada vez maiores. Estas provocam alterações bioquímicas temporárias ou permanentes no cérebro. Julga-se que a produção ou sensibilidade às endorfinas e encefalinas, opioides naturais no ser humano, é reduzida, e o indivíduo passa a necessitar de doses de opioides exógenos cada vez maiores apenas para se sentir normal. Quase todos os efeitos do opioide manifestam tolerância, logo um consumidor de altas doses injeta quantidades de heroína que seriam mortais para um não consumidor em razão da paragem respiratória. O consumo de heroína leva à dependência física e psicológica. A dependência física é um desenvolvimento inevitável e universal no consumidor de heroína. É fisiologicamente impossível de evitar com o consumo regular. A cessação do consumo leva à síndrome de abstinência: caracterizada por tremores; ereção dos pelos ("pele de galinha"); suores abundantes; respiração rápida; temperatura elevada; ansiedade; hostilidade; vômitos e diarreia. Um sinal importante é a midríase (dilatação da pupila do olho). Esses sinais só desaparecem com a administração de um opioide, geralmente de forma instantânea. É apenas possível para o consumidor crônico parar de consumir opioides evitando a dependência física se houver consumo cada vez de doses apenas um pouco menores do fármaco, sem nunca aumentar a quantidade. AN02FREV001/REV 4.0 38 A dependência psicológica é subjetiva e resultado da memória do prazer sentido em administrações passadas. Caracteriza-se por um desejo forte, por vezes violento, de consumir a droga. FIGURA 11 - CLASSIFICAÇÃO DOS OPIOIDES FONTE: Adaptado de Rang & Dale, 2004. Morfina: o mais usado dos opioides, particularmente na dor crônica. Codeína, dextrometorfano: opioides fracos usados como supressores da tosse, ou em dores moderadas. Metadona: usada no tratamento de toxicodependentes, porque a síndrome da privação é mais branda. Petidina: usada na dor aguda. Buprenorfina: agonista parcial, maior meia-vida que a morfina. Fentanil: alta potência. Tramadol: não é opioide primariamente, mas sim facilitador da transmissão por serotonina. É agonista opioide mu fraco, usado em dores agudas e crônicas moderadas. AN02FREV001/REV 4.0 39 3.5 ANTAGONISTAS OPIOIDES São fármacos que têm efeitos de bloquear os receptores opioides, impedindo opioides endógenos ou administrados de atuar. A naloxona é usada em casos de overdose para evitar depressão respiratória fatal. Usada também para verificar dependência de opioides. FIGURA 12 - ANTAGONISTA OPIOIDE FONTE: Disponível em: http://www.ff.up.pt/toxicologia/monografias/ano0910/naloxona/naloxona_ficheiros/page0007.htm. Acesso em: 06 jun. 2013. 3.6 EFEITOS ADVERSOS A) Prurido É o efeito colateral mais comum. Ocorre em aproximadamente 60% quando da administração peridural ou intratecal por migração cefálica no líquido cefalorraquidiano (LCR) e interação nos receptores opioides do núcleo trigeminal, podendo ou não ser dose-dependente. Embora de causa incerta, parece não estar AN02FREV001/REV 4.0 40 relacionado com a liberação periférica de histamina, mas com a ativação central de um itch-center (centro do prurido) na medula ou de receptores no núcleo trigeminal ou raízes nervosas em virtude da migração cefálica do opioide. O uso de fentanil associado ou não a um anestésico local parece estar associado a uma menor incidência de prurido quando comparado à morfina. Em obstetrícia há maior incidência por interação com estrógeno. Os pruridos ocorrem principalmente na face, pescoço e tórax superior, com início em algumas horas pós- injeção. Uma variedade de agentes tem sido utilizada para prevenir e tratar o prurido. O tratamento pode ser feito com naloxona, um antagonista efetivo, nalbufina, droperidol. O uso de anti-histamínico pode ser efetivo por efeito sedativo. Relativamente fácil de ser tratado, não é considerado importante em relação ao benefício alcançado com o uso do opioide. B) Retenção urinária De incidência muito variável, pode estar por volta de 70 a 80%, é mais observada em homens jovens. Sua ocorrência não é dose-dependente ou relacionada com a absorção sistêmica. O mecanismo envolve receptores opioides na medula espinhal sacral, com inibição do sistema nervoso parassimpático (SNP) e relaxamento do músculo detrusor, consequentemente aumentando a capacidade da bexiga. A retenção urinária associada à morfina tem início em 15 minutos e pode durar até 16 horas, sendo reversível com naloxona; deve-se ressaltar o risco de reversão do efeito analgésico do opioide. C) Depressão respiratória O uso de doses apropriadas de opioides no neuroeixo não está relacionado com altas incidências de depressão respiratória quando comparado ao uso de opioides sistêmicos dose-dependente e gira em torno de 0,1-0,9%; a incidência de infusão peridural contínua parece não ser maior que o seu uso sistêmico. Sobre uso contínuo peridural de opioide hidrofílico, principalmente em UTI em pacientes monitorizados, amplos estudos têm demonstrado relativa segurança. AN02FREV001/REV 4.0 41 O mais temido dos efeitos colaterais pode ocorrer em minutos ou horas. É classificado em depressão precoce, que ocorre até duas horas pós-injeção, geralmente por fentanil/sufentanil, em razão da absorção sistêmica; e em depressão tardia, observada depois de duas horas pós-injeção, por migração cefálica no LCR e interação nos receptores opioides da medula ventral. Classicamente, com morfina ocorre depressão em seis a 12 horas pós- injeção, até 24 horas pós. O uso concomitante de sedação com opioide EV e tosse durante a injeção aumentam o risco. Já em obstetrícia, o risco é menor graças ao aumento da ventilação por ação da progesterona. O risco é maior nas disfunções respiratórias, na insuficiência renal, se forem associados aos benzodiazepínicos, aumento da dose, idade avançada, uso concomitante de opioides sistêmicos, cirurgias prolongadas, presença de comorbidades e cirurgia torácica. O sinal clínico mais confiável desta complicação é a diminuição do nível de consciência, pois o paciente pode manter frequência respiratória normal com diminuição de PO2 e aumento de PCO2. O tratamento indicado consiste em oferta de oxigênio. O uso de naloxona profilática é controverso, uma vez que ainda não há subsídios que provem sua ação protetora. O tratamento é efetivo com dose de 0,1- 0,4 mg endovenoso. Contudo, a duração clínica de ação é relativamente pequena quando comparada com a duração do efeito na depressão respiratória e a necessidade de uma infusão contínua de 0,5-5 ug/kg/h pode ser necessária. D) Náuseas e vômitos Ocorre em aproximadamente 20-50% dos pacientes com administração de dose única de opioide e pode chegar a 45-80% em pacientes recebendo infusão contínua de opioide. Dados clínicos e experimentais sugerem que a incidência de náuseas e vômitos é dose-dependente. Uso de fentanil associado a anestésicos locais em infusão peridural contínua está relacionado com menor incidência de náuseas e vômitos quando comparado ao uso da morfina. Uma série de agentes tem sido utilizada com sucesso para tratar as náuseas e vômitos induzidos pelo uso de opioides no neuroeixo e incluem naloxona, droperidol, metoclopramida, dexametasona, escopolamina e ondansetrona. AN02FREV001/REV 4.0 42 E) Sedação É dose-dependente, ocorre mais comumente com sufentanil. Associados à sedação descrevem-se ainda casos de psicose paranoide, catatonia, alucinações; reversíveis com naloxona. F) Outras ações no SNC É raro observarmos rigidez muscular por opioide neuraxial, porém podem ser vistas mioclonias maisfrequentemente. Doses clínicas, mesmo altas, não levam à convulsão. A excitação do SNC ocorre pela migração do opioide via LCR para receptores não opioides em tronco cerebral/gânglio da base, com inibição da glicina ou GABA. G) Reatividade viral Há ligação entre pacientes obstétricos com uso de morfina peridural e herpes simples labial com reativação 2-5 dias após a anestesia peridural. A manifestação ocorre em mesmo local da infecção primária, principalmente em áreas da face inervadas pelo nervo trigêmeo. O mecanismo envolve a migração cefálica do opioide em LCR com interação com nervo trigêmeo. H) Outros efeitos colaterais A absorção sistêmica dos opioides administrados no neuroeixo pode estar associada à diminuição do esvaziamento gástrico e da temperatura (por inibir tremor), miose, nistagmo e vertigem, efeitos estes reversíveis com uso de naloxona. Foi associada também oligúria/retenção de líquidos, levando ao edema periférico, em razão da liberação do hormônio antidiurético (ADH) por migração cefálica dos opioides no LCR. Morfina no espaço peridural foi associada à ocorrência de ereção sustentada e dificuldade ejaculatória. AN02FREV001/REV 4.0 43 FIGURA 13 - EFEITOS ADVERSOS DOS ANALGÉSICOS OPIOIDES FONTE: Yagiela; Neidle; Dowd, 2000. AN02FREV001/REV 4.0 44 3.7 CARACTERÍSTICAS DE ALGUNS DERIVADOS OPIOIDES 3.7.1 Cloridrato de tramadol O tramadol é um analgésico opioide de ação central. É um agonista puro não seletivo dos receptores opioides (mu, delta e kappa) com uma afinidade maior pelo receptor µ (mu). Outros mecanismos que contribuem para o efeito analgésico de tramadol são a inibição da recaptação neuronal de noradrenalina e o aumento da liberação de serotonina. O tramadol tem um efeito antitussígeno. Em contraste com a morfina, de uma maneira geral, doses analgésicas de tramadol não apresentam efeito depressor sobre sistema respiratório. A motilidade gastrointestinal também não é afetada. Os efeitos no sistema cardiovascular tendem a ser leves. Foi relatado que a potência de tramadol é 1/10 a 1/6 da potência da morfina. 3.7.1.1 Propriedades farmacocinéticas Mais de 90% de tramadol é absorvido após administração oral. A biodisponibilidade absoluta é em média 70%, independente da ingestão concomitante com alimentos. Após administração intramuscular em humanos, tramadol é rápida e completamente absorvido: o pico médio de concentração sérica (Cmáx) é atingido após 45 minutos, e a biodisponibilidade é de quase 100%. O tramadol atravessa as barreiras, placentária e hematoencefálica. Pequenas quantidades de tramadol e do derivado O-desmetil são encontradas no leite materno (0,1 e 0,02, da dose aplicada respectivamente). A meia-vida de eliminação (t1/2) é de aproximadamente seis horas, independentemente da via de administração. Em pacientes acima de 75 anos de idade, a meia-vida de eliminação pode ser prolongada por um fator de aproximadamente 1,4. AN02FREV001/REV 4.0 45 3.7.1.2 Contraindicações do tramadol O tramadol (cloridrato de tramadol) é contraindicado em pacientes que apresentam hipersensibilidade a tramadol ou a qualquer componente da fórmula; nas intoxicações agudas por álcool, hipnóticos, analgésicos, opioides e outros psicotrópicos; em pacientes em tratamento com inibidores da MAO, ou pacientes que foram tratados com esses fármacos nos últimos 14 dias. Não deve ser utilizado em epilepsia não controlada adequadamente com tratamento. 3.7.1.3 Posologia e administração Para se obter efeito ótimo, a posologia deve ser individualizada, ajustada à intensidade da dor e sensibilidade individual do paciente. O esquema posológico recomendado serve como regra geral. Deve ser selecionada a menor dose analgésica eficaz. O tratamento da dor crônica exige um esquema fixo de dosagem. As doses usuais diárias recomendadas a seguir preenchem as necessidades da maioria dos pacientes, embora existam casos que necessitem de doses mais elevadas. 3.7.1.4 Posologia em adultos e jovens com mais de 16 anos Cápsulas de 50 mg; Solução oral 100 mg/mL: cerca de 20 gotas (50 mg); Solução injetável (50 mg/mL): por via intravenosa o conteúdo de uma ampola por injeção lenta (1 mL, ou seja, 50 mg de cloridrato de tramadol, por minuto) ou em solução por gotejamento; por via intramuscular o conteúdo de uma ampola; AN02FREV001/REV 4.0 46 Formulação Retard comprimidos revestidos 100 mg: 1 comprimido de liberação lenta (100 mg), duas vezes ao dia, de preferência pela manhã e à noite. Tramadol pode ser administrado com ou sem alimentos. O tramadol em cápsulas e comprimidos revestidos não deve ser mastigado ou partido. Eles devem ser engolidos inteiros com quantidades adequadas de líquidos. Se após administração de dose única de 50 mg de tramadol (equivalente a uma cápsula, 20 gotas de solução oral ou uma ampola de 50 mg) o alívio da dor não for alcançado dentro de 30-60 minutos, uma segunda dose única de 50 mg pode ser administrada. Em caso de dor grave, se a necessidade for maior, uma dose maior (100 mg de tramadol) pode ser considerada para dose inicial, a critério médico. Dependendo da intensidade da dor, o efeito dura de quatro a oito horas. Normalmente, não se deve exceder doses de 400 mg/dia (correspondente a oito cápsulas de 50 mg, 20 gotas x oito vezes, oito ampolas de 50 mg, quatro ampolas de 100 mg ou quatro comprimidos de Tramal® Retard 100 mg). Entretanto, no tratamento da dor grave proveniente de tumor e na dor pós- operatória grave, podem ser necessárias doses mais elevadas, sempre a critério médico. Para o tratamento da dor aguda pós-operatória, doses ainda maiores podem ser necessárias para a analgesia pretendida no período imediatamente pós- operatório. Geralmente, as necessidades após 24 horas não são maiores que a administração normal. 3.7.1.5 Uso em pacientes com insuficiência renal e/ou hepática Na dor aguda, o tramadol (solução oral, solução injetável e cápsulas) é administrado apenas uma vez, ou em pequeno número de vezes. Portanto, não é necessário ajuste de dose. O tramadol não deve ser administrado aos pacientes AN02FREV001/REV 4.0 47 com insuficiência renal ou hepática grave. Em casos menos graves, deve-se considerar o prolongamento dos intervalos entre as doses. 3.7.1.6 Uso em idosos Na dor aguda, o tramadol é administrado apenas uma vez ou em pequeno número de vezes. Portanto, não é necessário ajuste de dose. Na dor crônica, normalmente não é necessário um ajuste da dosagem em pacientes idosos (até 75 anos) sem manifestação clínica hepática ou insuficiência renal. Em pacientes idosos (acima de 75 anos) a eliminação pode ser prolongada. Portanto, se necessário, o intervalo da dose deve ser aumentado de acordo com as necessidades do paciente. 3.7.2 Codeína e associações A codeína é frequentemente associada a outros analgésicos não opioides, como o paracetamol (Tylex) ou a AINES, como o diclofenaco (Codaten). 3.7.2.1 TYLEX®: composição Os comprimidos de 7,5 mg e 30 mg contêm: paracetamol 500 mg; fosfato de codeína 7,5 mg e 30 mg respectivamente. AN02FREV001/REV 4.0 48 3.7.2.2 Posologia e administração A dose deve ser ajustada de acordo com a intensidade da dor e a resposta do paciente. De modo geral, de acordo com o processo doloroso, recomenda-se: Tylex 7,5 mg: um comprimido a cada quatro horas. Tylex 30 mg: um comprimido a cada quatro horas. Nas dores de grau mais intenso (como por exemplo, as decorrentes de determinados pós-operatórios, traumatismos graves, neoplasias) recomendam-se dois comprimidos a cada quatro horas. 3.7.2.3 Efeitos da superdosagem de codeína 3.7.2.3.1 Intoxicação letal A intoxicaçãopor codeína ocorre quando se administra juntamente com outros princípios ativos analgésicos, anti-histamínicos, sedativos, estimulantes ou como componente em preparações antitússicas. Por isso, os sintomas são, em alguns casos, de difícil identificação. Os sintomas iniciais da overdose são frio, pele molhada, o rash cutâneo, confusão mental, hipotensão, bradicardia, fraqueza e miose. Depois, surgem sintomas como perda de consciência (podendo chegar ao coma), pupilas em forma de cabeça de alfinete, respiração fraca e lenta, cianose, pulso fraco, hipotensão grave, espasmos gastrointestinais e biliares. Mais raramente pode causar edema pulmonar, espasmos, contrações musculares e convulsões (principalmente em crianças). O principal e mais perigoso efeito é a depressão respiratória. A morte por falência respiratória pode ocorrer passadas duas a quatro horas após a ingestão oral de codeína. AN02FREV001/REV 4.0 49 3.7.2.3.2 Intoxicação crônica A codeína não é muito usada como substância abusiva, contudo causa alguma dependência. Quando em caso de intoxicação crônica, os sintomas clínicos nem sempre são evidentes. Quando existem, são principalmente pupilas em forma de cabeça de alfinete e alterações rápidas de humor. Os sintomas de abstinência são: câimbras, alterações gastrointestinais (vômitos, diarreia ou constipação), suores, febre, calafrios, aumento da respiração, insônia, tremores, midríase, lacrimejamento e mialgia. 3.7.2.4 Condutas na sobredosagem de codeína Em caso de sobredosagem, é necessário proceder a ventilação artificial; a administração, por via intravenosa, de fluidos e vasopressores; a monitorização contínua dos gases sanguíneos, do pH, da respiração, da pressão sanguínea e da consciência. O paciente deve ser mantido aquecido. Caso o paciente esteja completamente consciente, pode considerar-se a lavagem gástrica, isto se ainda não tiverem passado mais de duas horas. Também se pode administrar carvão ativado para reduzir a absorção da codeína. A diálise não é indicada. Como antídoto existe o naloxona, um antagonista opioide competitivo. É administrado por via intravenosa, em doses sucessivas desde 0,4 até 2 mg, até que seja obtida uma resposta. AN02FREV001/REV 4.0 50 3.7.2.5 Precauções para o uso de codeína Nos casos de trauma craniano ou outras lesões intracranianas, ou quando há um aumento prévio da pressão intracraniana, os efeitos da depressão respiratória característicos dos narcóticos podem ser intensificados. Os analgésicos do tipo narcótico podem provocar efeitos colaterais que chegam a mascarar o quadro clínico decorrente de traumas cranianos. A administração deste produto assim como de outros analgésicos narcóticos pode mascarar o diagnóstico ou a evolução clínica de pacientes com quadros de abdômen agudo. Tylex deve ser administrado com cautela em pacientes idosos ou debilitados, e em pacientes portadores de insuficiência hepática ou renal, doença de Addison ou hipertrofia prostática. Uso na gravidez e lactação: o emprego de Tylex® não é recomendado durante a gravidez e lactação, uma vez que a segurança de seu uso por mulheres grávidas e lactantes ainda não foi estabelecida. 3.7.2.6 Interações medicamentosas O emprego concomitante de Tylex® com outros depressores do sistema nervoso central (por exemplo: outros analgésicos narcóticos, tranquilizantes, sedativos, hipnóticos e álcool) poderá provocar um efeito depressivo potencializado ou aditivo. Nestes casos, a dose de uma ou ambas as drogas deverá ser reduzida. O uso de antidepressivos inibidores da MAO ou antidepressivos tricíclicos com preparações de codeína pode provocar aumento do efeito antidepressivo ou da codeína. Anticolinérgicos e codeína, quando usados concomitantemente, podem produzir íleo paralítico. Uso pediátrico: a segurança e a eficácia da administração de Tylex® em crianças abaixo de três anos de idade ainda não foi estabelecida, portanto, seu uso não é recomendado. AN02FREV001/REV 4.0 51 3.7.2.7 Reações adversas Os efeitos colaterais mais frequentemente observados incluem tontura, sedação, náusea e vômito. Também pode ocorrer em raros casos: euforia, disforia, constipação e prurido. Alguns desses efeitos colaterais podem ser aliviados se o paciente permanecer deitado. 3.7.2.8 Indicações Tylex® 7,5 mg é indicado para o alívio de dores de intensidade leve, como as que acompanham os estados gripais e pequenos ferimentos ou contusões. Tylex® 30 mg é indicado para alívio de dores de grau moderado a intenso, como as decorrentes de traumatismos (entorses, luxações, contusões, distensões, fraturas), pós-operatório, pós-extração dentária, neuralgia, lombalgia, dores de origem articular e condições similares. AN02FREV001/REV 4.0 52 4 TRATAMENTO DE DOR OROFACIAL Como pode ser o tratamento da dor dentária aguda? As medicações mais utilizadas para o tratamento da dor dentária aguda são os anestésicos locais, os AINEs convencionais, os coxibs e os opioides. Os anestésicos locais são comumente utilizados para propiciar controle da dor durante procedimentos odontológicos. Os anestésicos locais de longa duração de ação, tais como a etidocaína e a bupivacaína, podem também ser utilizados para retardar o início da dor após cirurgia. Os analgésicos opioides diferem dos analgésicos não opioides, tais como a aspirina, os AINEs convencionais e os coxibs, em muitos aspectos. Os analgésicos opioides, em alguns casos, propiciam um grau mais alto de alívio da dor quando ela é mais intensa; os opioides, entretanto, ao contrário dos AINEs convencionais e dos coxibs, não possuem propriedades redutoras da febre (antipiréticas). Os opioides podem também produzir tolerância e/ou dependência física e também não possuem propriedades anti- inflamatórias, em adição as suas propriedades analgésicas, o que é uma vantagem dos AINEs convencionais e dos coxibs. Os AINEs são mais eficazes no tratamento da dor após procedimento quando administrados imediatamente antes ou imediatamente após a realização deste procedimento; isso previne a síntese de prostaglandinas associada ao trauma tecidual. O uso tardio de AINEs propicia analgesia e inibe a subsequente formação de prostaglandinas, mas não influencia os efeitos das prostaglandinas que já se formaram. Além disso, uma vez que os AINEs convencionais inibem as plaquetas por meio da inibição da COX-1 (a única forma de COX contida nas plaquetas), há muito tempo existem preocupações sobre o seu potencial de causar sangramento excessivo durante a cirurgia. Os coxibs não afetam a função plaquetária e, portanto, constituem uma opção razoável para a analgesia perioperatória. É importante observar que as respostas dos pacientes aos AINEs específicos variam. A ausência de resposta a um determinado AINE não impede o uso bem-sucedido de outro. A dor dentária leve a moderada pode ser tratada com os AINEs convencionais (incluindo a aspirina), os coxibs ou o paracetamol. Os AINEs convencionais administrados isoladamente podem proporcionar alívio adequado da dor cuja intensidade seja de leve a AN02FREV001/REV 4.0 53 moderada, como aquela associada aos procedimentos odontológicos. A dor que não responde aos AINEs convencionais ou aos coxibs isoladamente deve ser tratada com uma combinação de um AINE convencional, coxib ou acetaminofeno (paracetamol) com um analgésico opioide, tal como a codeína. Mesmo quando são insuficientes isoladamente para controlar a dor, os AINEs convencionais e os coxibs podem reduzir a dose de opioide necessária para alcançar alívio. A dor intensa ou persistente pode ser tratada com uma combinação de um AINE convencional ou um coxib e um opioide mais potente, tal como a morfina. Ao selecionar um esquema analgésico,os dentistas estimam o grau de dor esperado após um procedimento específico e consideram suas experiências clínicas anteriores; entretanto, é importante avaliar a eficácia do esquema prescrito, uma vez que as respostas dos pacientes variam. As experiências e as respostas prévias do paciente ao tratamento analgésico podem também constituir uma grande ajuda para a seleção de medicações específicas. Em geral, a administração de analgésicos antes da cirurgia odontológica deve ser feita em esquema regular, pelo menos inicialmente, pois assim podem ser alcançadas concentrações plasmáticas mais estáveis do agente, com menos exacerbação da dor. Uma vez estabelecida a dor, os receptores e as vias de dor podem ficar sensibilizados e a dor pode evoluir. A prevenção da dor pode ser alcançada frequentemente com doses mais baixas da medicação do que as requeridas para o alívio da dor. Posteriormente, no transcorrer do tratamento, à medida que a necessidade de analgesia declina, as medicações podem ser administradas de acordo com a necessidade. AN02FREV001/REV 4.0 54 4.1 ESQUEMAS PROPOSTOS PARA O TRATAMENTO DA DOR OROFACIAL FIGURA 14 – ESQUEMA PARA O TRATAMENTO DA DOR OROFACIAL FONTE: Arquivo Pessoal do Autor. FIM DO MÓDULO II
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