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CONTROLE DE QUALIDADE E GESTÃO NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA PROFA. DRA. DANIELA CRISTINA DE MEDEIROS ARAÚJO Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-Reitoria Acadêmica Maria Albertina Ferreira do Nascimento Diretoria EAD: Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Camila Adão barbosa Camila Cristiane Moreschi Fernando Sachetti Bomfim Patrícia Garcia Costa Produção Audiovisual: Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Cristiane Alves © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande responsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conhecimento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivência no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mercado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................5 1. ENSAIOS SEMIQUANTITATIVOS .............................................................................................................................6 1.1 ENSAIOS LIMITES DE IMPUREZAS .......................................................................................................................6 1.1.1 ENSAIO LIMITE PARA CLORETOS .......................................................................................................................6 1.1.2 ENSAIO LIMITE PARA SULFATOS .......................................................................................................................6 1.1.3 ENSAIO LIMITE PARA FERRO ............................................................................................................................. 7 1.1.4 ENSAIO LIMITE PARA METAIS PESADOS (CHUMBO) ..................................................................................... 7 2. ENSAIOS QUANTITATIVOS ...................................................................................................................................... 7 2.1 DETERMINAÇÃO DA UMIDADE ............................................................................................................................. 7 2.1.1 PERDA POR DESSECAÇÃO ...................................................................................................................................8 ENSAIOS DE QUALIDADE DE MATÉRIAS- PRIMAS E DE FORMAS FARMACÊUTICAS SÓLIDAS PROFA. DRA. DANIELA CRISTINA DE MEDEIROS ARAÚJO ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: CONTROLE DE QUALIDADE E GESTÃO NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA 4WWW.UNINGA.BR 2.1.2 KARL FISHER ........................................................................................................................................................8 2.2 TEOR DE CINZAS SULFATADAS ............................................................................................................................8 3. ENSAIOS DE QUALIDADE PARA FORMAS FARMACÊUTICAS SÓLIDAS .............................................................8 3.1 DETERMINAÇÃO DO PESO MÉDIO .......................................................................................................................9 3.2 DETERMINAÇÃO DE RESISTÊNCIA MECÂNICA EM COMPRIMIDOS ............................................................. 12 3.2.1 DETERMINAÇÃO DA DUREZA ............................................................................................................................ 12 3.2.2 TESTE DE FRIABILIDADE .................................................................................................................................. 13 3.3 TESTE DE DESINTEGRAÇÃO ................................................................................................................................ 14 3.4 TESTE DE DISSOLUÇÃO ........................................................................................................................................ 16 3.5 UNIFORMIDADE DE DOSE UNITÁRIA ................................................................................................................. 18 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 21 5WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Os medicamentos são a tecnologia farmacêutica mais importante para a promoção da saúde e bem-estar. Não por menos, o mercado farmacêutico global movimentou US$ 768 bilhões na venda de medicamentos em 2016 e tem a projeção de crescer 6,5% ao ano até 2022. Na esteira deste cenário econômico favorável, é compulsório que estes produtos apresentem a qualidade, segurança e eficácia inerentes ao seu uso. Isso exige a formação de profissionais farmacêuticos diferenciados, que apresentem capacitação e conhecimentos suficientes sobre controle de qualidade e boas práticas de fabricação. Nesse contexto, os testes farmacopeicos da matéria-prima e do produto acabado, além dos testes realizados no controle em processo, são compulsórios para garantir a qualidade dos medicamentos produzidos. Ainda, quanto às análises de qualidade para matérias-primas farmacêuticas, impureza é qualquer componente presente na matéria-prima ou produto acabado diferente da substância(s) ativa(s), excipiente(s) ou outro aditivo adicionado intencionalmente à formulação (BRASIL, 2017). As impurezas podem ser divididas em inorgânicas (água, íons metálicos, cloretos, sulfatos e outros ânions) e orgânicas (produtos da degradação da substância ativa, contaminação ambiental, entre outros) (ANVISA, 2019). Ensaios de pureza são ensaios semiquantitativos ou quantitativos realizados com o objetivo de identificar ou quantificar impurezas presentes nas matérias-primas de uso farmacêutico. 6WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. ENSAIOS SEMIQUANTITATIVOS 1.1 Ensaios Limites de Impurezas Nenhum fármaco é totalmente puro, e durante o seu processo de obtenção é possível que ocorra impurezas inerentes ao processo. Como são substâncias para uso humano, as farmacopeias estabelecem limites máximos permitidos para estas impurezas. Quantificação maior de impurezas do que o limite permitido pode resultar em rejeição do fármaco para fabricação de formas farmacêuticas (ANVISA, 2019). As impurezas mais comuns são: ferro, cloretos, sulfato, metais pesados (como chumbo) e arsênio. Os limites são expressos como ppm ou mg/kg (mg em 1.000.000 mg). Assim, um fármaco em que é permitido um limite de cloreto de 20 ppm, ou seja, 20 mg/kg, significa que, em cada kg do fármaco podem existir, no máximo, 20 mg de cloretoscomo impureza (ANVISA, 2019). A Farmacopeia Brasileira (FB) determina que, acima de 1000 mg/kg, as impurezas sejam expressas em porcentagem. Assim, uma impureza que for expressa em 0,5% significa 0,5g para cada 100g (5g para cada 1000g) ou 5g para cada 1kg da amostra (ANVISA, 2019). Para determinar se a amostra contém impurezas acima do limite especificado, usamos os chamados ensaios limite, técnicas semiquantitativas e comparativas, descritas na Farmacopeia Brasileira e outros compêndios oficiais. 1.1.1 Ensaio limite para cloretos Este ensaio baseia-se na reação entre nitrato de prata e os cloretos existentes em uma solução padrão de cloretos (com teor conhecido) ou na solução contendo a amostra. A turvação obtida nas soluções é comparada. O ensaio processa-se em meio nítrico (ANVISA, 2019). A reação está descrita a seguir: 1.1.2 Ensaio limite para sulfatos Neste ensaio, a reação dos sulfatos presentes em uma solução padrão de sulfato (com teor conhecido) com cloreto de bário em meio clorídrico é comparada com a turvação obtida entre os mesmos reagentes e os sulfatos residuais do fármaco (ANVISA, 2019). A reação está descrita a seguir: 7WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.1.3 Ensaio limite para ferro A reação do ácido tioglicólico com sais de ferro III em meio alcalinizado com NH4OH dá origem ao tioglicolato ferroso, um composto de cor rosa avermelhado (púrpura) (ANVISA, 2019). A reação está descrita a seguir: 1.1.4 Ensaio limite para metais pesados (chumbo) Os metais pesados presentes como impurezas na matéria-prima reagem com a tiocetamida em meio alcalino, produzindo sulfeto de metal pesado. A turvação obtida nesta reação é comparada à obtida com o mesmo reagente frente a uma quantidade conhecida de metais pesados presentes na solução padrão comparativa de metais pesados (ANVISA, 2019). A reação está descrita a seguir: 2. ENSAIOS QUANTITATIVOS Estes ensaios visam determinar a quantidade de impurezas não específicas presentes na amostra. Entre os ensaios quantitativos estão os ensaios de umidade e de cinzas (ANVISA, 2019). 2.1 Determinação da Umidade O teor de água presente nas matérias-primas deve restringir-se ao mínimo, pois este composto favorece o crescimento de microrganismos e promove a degradação de determinadas substâncias. Os métodos utilizados para quantificar o teor de umidade podem ser divididos em método gravimétrico (perda por dessecação) e método volumétrico (Karl Fisher) (ANVISA, 2019). 8WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.1.1 Perda por dessecação Este ensaio não é seletivo para água. São quantificadas substâncias voláteis de qualquer natureza. Pode ser aplicado para matérias-primas em pó e para produtos acabados (sólidos) (ANVISA, 2019). Para determinar o teor de substâncias voláteis, a amostra é colocada em um pesa filtro previamente dessecado e mantida em estufa até peso constante. O cálculo da porcentagem de perda por dessecação é realizado comparando a massa inicial e a massa final da amostra, por meio da fórmula a seguir (ANVISA, 2019). % = massa inicial (g) – massa final (g) x 100 -------------------------------------------- Massa inicial (g) 2.1.2 Karl Fisher Este método é o mais utilizado. O ensaio é realizado em aparelho Karl Fisher, por titulação. Para preparação do reagente de Karl Fisher, deve-se misturar 125 g de iodo, 170 mL de piridina, 670 mL de metanol e 100 mL de dióxido de enxofre líquido. Após a preparação, 1 mL de reagente deve ser misturado com 5 mL de água. A titulação pode ser direta ou por retorno, e o ponto de viragem determinado por indicadores ou com potenciômetro (ANVISA, 2019). 2.2 Teor de Cinzas Sulfatadas Este teste visa determinar o resíduo de sólidos inorgânicos metálicos quando a amostra é submetida à incineração até carbonização, depois é calcinada em mufla e, a seguir, tratada com ácido sulfúrico e calcinada novamente. O teor de cinzas sulfatadas é calculado pela diferença entre a massa inicial e a final (ANVISA, 2019). 3. ENSAIOS DE QUALIDADE PARA FORMAS FARMACÊUTICAS SÓLIDAS Entre os testes físico-químicos farmacopeicos, temos: os aplicáveis a medicamentos sólidos, como o teste de determinação do peso médio, resistência mecânica, desintegração, teor, dissolução e uniformidade de doses unitárias; os aplicáveis a medicamentos e cosméticos semissólidos, como peso médio e viscosidade; e os aplicáveis a medicamentos e cosméticos líquidos, como o teste de uniformidade de dose unitária, volume, densidade e viscosidade. Nesta unidade, abordaremos os testes para formas farmacêuticas sólidas. 9WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.1 Determinação do Peso Médio O teste é aplicável a formas farmacêuticas sólidas acondicionadas em recipientes para dose unitária; formas farmacêuticas sólidas em dose unitária e as formas farmacêuticas sólidas e semissólidas acondicionadas em recipientes para doses múltiplas (ANVISA, 2019). As pesagens devem ser feitas em balanças (Figura 1) de sensibilidade adequadas, niveladas e calibradas periodicamente. Devem-se utilizar luvas e pinça durante o procedimento. Para comprimidos, pastilhas e supositórios, deve-se pesar individualmente cada unidade, conforme especificado, e calcular o peso médio. No caso de cápsulas (duras e moles), pós (estéreis, liofilizados, para injetáveis e para reconstituição), granulados e semissólidos devem-se calcular o peso do conteúdo. As quantidades a serem analisadas e os critérios de aceitação estão descritos na FB (Tabelas 1 e 2) (ANVISA, 2019). Figura 1 - Balança semianalítica. Fonte: Rstech (2020). 10WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Tabela 1 - Quantidades e critérios de avaliação da determinação de peso para formas farmacêuticas sólidas em dose unitária. Forma farmacêutica Quantidade a ser analisada Critérios Peso médio Limites de variação Comprimidos não revestidos ou revestidos com filme 20 unidades Até 2 unidades fora dos limites especificados em relação ao peso médio, porém nenhuma abaixo ou acima do dobro das porcentagens indicadas. 80mg ou menos Mais de 80mg e menos de 250mg 250mg ou mais ± 10,0% ± 7,5% ± 5,0% Drágeas 20 unidades Até 5 unidades fora dos limites especificados em relação ao peso médio, porém nenhuma abaixo ou acima do dobro das porcentagens indicadas. 25mg ou menos Mais de 25mg e até 150mg Mais de 150mg e menos que 300mg 300mg ou mais ± 15,0% ± 10,0% ± 7,5% ± 5,0% Cápsulas duras 20 unidades Determinar o peso médio do conteúdo. Até 2 unidades fora dos limites especificados em relação ao peso médio do conteúdo, porém nenhuma abaixo ou acima do dobro das porcentagens indicadas. Menos de 300mg 300mg ou mais ± 10,0% ± 7,5% Cápsulas moles Idem cápsulas duras Idem cápsulas duras Idem cap duras Idem cap duras Supositórios e óvulos Idem comprimidos Idem comprimidos Independente do peso médio ± 5,0% Pós estéreis, pós liofilizados e pós para injetáveis Idem cápsulas duras. Idem cápsulas duras Mais de 40mg Se o peso médio for de 40mg ou menos, submeter ao teste de uniformidade de doses unitárias. ± 10,0% Pós para reconstituição (uso oral) Idem pós estéreis Idem pós estéreis Menos de 300mg 300mg ou mais ± 10,0% ± 7,5% Fonte: Adaptado de Anvisa (2019). 11WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Tabela 2 - Quantidade e critérios de avaliação da determinação de peso para formas farmacêuticasem doses múltiplas. Forma farmacêutica Quantidade a ser analisada Critérios Peso declarado Porcentagem mínima em relação ao peso declarado Pós para reconstituição (uso oral e parenteral) 10 unidades Os valores individuais não podem diferir de ± 10,0% em relação ao peso médio. Granulados, pós, géis, cremes e pomadas 10 unidades Obs. Para realizar o teste é necessário conhecer a quantidade nominal do envase. O peso médio dos conteúdos não pode ser inferior ao peso declarado e o peso individual de nenhuma das unidades testadas pode ser inferior a porcentagem especificada em relação ao peso declarado. Caso não seja cumprida essa exigência, determinar o peso individual do conteúdo de 20 unidades adicionais. O peso médio do conteúdo das 30 unidades não pode ser inferior ao peso declarado, e o peso individual de não mais que uma unidade em 30 ser inferior a porcentagem indicada em relação ao peso declarado. Até 60g Acima de 60g e até 150g Acima de 150g 90,0% 92,5% 95,0% Fonte: Adaptado de Anvisa (2019). Na USP (United States Pharmacopeia) o teste de peso médio é descrito da mesma forma, porém o critério de aceitação para semissólidos é um pouco mais rígido. Após a determinação do peso do conteúdo das 10 unidades individualmente, o peso médio dos conteúdos não pode ser inferior ao peso declarado, e nenhuma das unidades testadas pode ser inferior à porcentagem especificada em relação ao peso declarado. Esta porcentagem especificada para produtos com peso declarado acima de 60 até 150 g (ou mL) é de 95% na USP, enquanto na FB é de 92,5%. Em ambas, devem-se checar mais 20 unidades adicionais, caso o produto não seja aprovado na primeira etapa (THE UNITED STATES PHARMACOPEIA, 2011). 12WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.2 Determinação de Resistência Mecânica em Comprimidos Os testes de resistência mecânica visam demonstrar a resistência dos comprimidos à ruptura provocada por quedas ou fricção. São divididos em teste de dureza e friabilidade (ANVISA, 2019). 3.2.1 Determinação da dureza O teste de dureza permite determinar a resistência do comprimido ao esmagamento ou à ruptura sob pressão radial. A dureza de um comprimido é proporcional à força de compressão e inversamente proporcional à sua porosidade (ANVISA, 2019). O teste consiste em submeter o comprimido à ação de um aparelho (Figura 2) que meça a força, aplicada diametralmente, necessária para quebrá-lo. A força é medida em newtons (N). Podem ser utilizados diferentes tipos de aparelhos (durômetros), os quais diferem basicamente quanto ao mecanismo empregado para exercer a pressão. A força pode ser exercida manualmente ou mecanicamente (ANVISA, 2019). O teste é realizado pesando-se 10 comprimidos individualmente. Cada comprimido é testado, individualmente, obedecendo sempre à mesma orientação (considerar a forma, presença de ranhura e gravação). Expressar o resultado como a média dos valores obtidos nas determinações. O resultado do teste é informativo (não é critério de exclusão), porém pode fornecer indicativo da biodisponibilidade deste produto (ANVISA, 2019). Figura 2 - Durômetro universal. Fonte: Pharma Test (2020). Na curva de efeito terapêutico demonstrada na Figura 3, vemos que um comprimido administrado por via oral precisa atingir a concentração plasmática necessária para promover o efeito terapêutico. Se o comprimido apresentar uma dureza elevada, o tempo de desintegração dele pode ser muito longo, levando a uma baixa biodisponibilidade e consequente subdosagem do medicamento (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013). 13WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 3 - Curva de efeito terapêutico de um comprimido administrado por via oral. Fonte: Blog Farmacêutico Digital (2020). 3.2.2 Teste de friabilidade O teste de friabilidade permite determinar a resistência dos comprimidos ao atrito ou abrasão, quando submetidos à ação mecânica de aparelhagem específica, sendo aplicável unicamente a comprimidos não revestidos. Este teste visa prever o atrito sofrido pelo comprimido durante a emblistagem e o transporte (ANVISA, 2019). O aparelho (friabilômetro) (Figura 4) consiste em um cilindro rotativo, com diâmetro e profundidade específicos, constituído de polímero sintético transparente, que gira em torno de seu eixo a uma velocidade de 25 ± 1 rotações por minuto. A cada volta do cilindro, os comprimidos são recolhidos e levados para cima por uma projeção curva que se estende do centro à parede do cilindro, e caem repetidamente. Uma das faces do cilindro é removível para a retirada dos comprimidos (ANVISA, 2019). Figura 4 - Friabilometro. Fonte: Labcenter (2020). 14WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O teste consiste em pesar com exatidão um número determinado de comprimidos, submetê-los à ação do aparelho e retirá-los depois de efetuadas 100 rotações. Após remover o pó, os comprimidos lascados e os quebrados, o restante é novamente pesado. A diferença entre o peso inicial e o final representa a friabilidade, medida em função da porcentagem de material perdido. São considerados aceitáveis os comprimidos com perda igual ou inferior a 1,5% do seu peso ou a porcentagem estabelecida na monografia. Para comprimidos com peso médio igual ou inferior a 0,65 g, utilizar 20 comprimidos. Para comprimidos com peso médio superior a 0,65 g, utilizar 10 comprimidos (ANVISA, 2019). Se o resultado for duvidoso ou se a perda for superior ao limite especificado, repetir o teste por mais duas vezes, considerando-se, na avaliação, o resultado médio das três determinações (ANVISA, 2019). 3.3 Teste de Desintegração Um outro teste utilizado no controle de qualidade de cápsulas e comprimidos é o teste de desintegração. Este teste permite verificar se a forma farmacêutica se desintegra dentro do limite de tempo especificado, quando seis unidades do lote são submetidas à ação de aparelhagem específica sob condições experimentais descritas (ANVISA, 2019). O teste se aplica a comprimidos (com e sem revestimento), drágeas, cápsulas duras e cápsulas moles. No caso de comprimidos mastigáveis, os critérios e condições de avaliação constarão na monografia individual. Não se aplica a pastilhas e comprimidos ou cápsulas de liberação controlada (prolongada) (ANVISA, 2019). O aparelho (desintegrador) (Figura 5) consiste em: um sistema de cestas, cada uma contendo seis tubos de vidro ou acrílico transparente, abertos em ambos os lados; um recipiente para o líquido de imersão (béquer com capacidade de 1L); termostato para manter o líquido a 37 ± 1oC; e mecanismo para movimentar verticalmente a cesta e os tubos no líquido de imersão com frequência constante. Em cada extremidade da cesta, é acoplado um disco de material transparente adequado, contendo seis orifícios nos quais são introduzidos os tubos. Na face externa do disco inferior, encontra-se uma tela de arame de aço inoxidável. As partes que constituem a cesta são montadas e mantidas unidas em um eixo metálico central. Quando indicado, deve ser adicionado em cada tudo da cesta um disco cilíndrico de material transparente adequado, contendo cinco orifícios (ANVISA, 2019). Figura 5 - Desintegrador. Fonte: Ethiktechnology (2020). 15WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para a realização do teste, uma unidade de cada produto é colocada em cada um dos seis tubos da cesta, é adicionado um disco a cada tubo, quando especificado, e o aparelho é acionado. Ao final do intervalo de tempo especificado, deve-se cessar o movimento dacesta e observar o material em cada um dos tubos. A quantidade, o líquido de imersão, tempo e critérios utilizados para cada forma farmacêutica estão especificados na FB e descritos na Tabela 3 (ANVISA, 2019). Para que o comprimido ou cápsula seja considerado completamente desintegrado, nenhum resíduo das unidades testadas deve permanecer na tela metálica do aparelho de desintegração, salvo fragmentos insolúveis de revestimento de comprimidos ou invólucros de cápsulas. Considera-se também como desintegradas as unidades que, durante o teste, se transformam em massa pastosa, desde que não apresentem núcleo palpável. Se o comprimido ou cápsula não se desintegrar devido à aderência aos discos, repetir o teste com outras seis unidades, omitindo os discos (ANVISA, 2019). Tabela 3 - Quantidade, líquido de imersão e critérios de avaliação para o teste de desintegração para comprimidos e cápsulas. Forma Farmacêutica Quantidade Líquido de imersão Limite de tempo Critérios Comprimidos não revestidos 6 unidades Água (37 ± 1oC) Utilizar os discos 30 minutos Todas as unidades devem estar completamente desintegradas Drágeas e comprimidos revestidos 6 unidades Água (37 ± 1oC) Se ao final do teste não estiverem completamente desintegrados testar outros 6cp, substituindo a água por ácido clorídrico 0,1M (37 ± 1oC). Utilizar os discos 30 min para cp revestidos 60 min para drágeas Todas as unidades devem estar completamente desintegradas Comprimidos ou cápsulas com revestimento entérico Obs. Não se aplica a cap não revestidas contendo preparação de lib entérica. 6 unidades 1º etapa: ácido clorídrico 0,1M (37 ± 1oC) Não utilizar os discos 2º etapa: tampão fosfato pH 6,8 (37 ± 1oC) Utilizar os discos. 1º etapa: 60min 2º etapa: 45min 1º etapa: Nenhuma unidade pode apresentar qualquer sinal de desintegração, rachadura ou amolecimento, que possibilite o extravasamento do seu conteúdo. 2º etapa: todas as unidades devem estar completamente desintegrados, podendo restar apenas fragmentos de revestimento insolúvel. Comprimidos sublinguais 6 unidades Água (37 ± 1oC) Não utilizar os discos 5 min Todas as unidades devem estar completamente desintegradas 16WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Comprimidos solúveis e comprimidos dispersíveis 6 unidades Água (entre 15oC e 25oC) Utilizar os discos 3 min Todas as unidades devem estar completamente desintegradas Cápsulas gelatinosas duras 6 unidades Água (37 ± 1oC) Não utilizar os discos 45 min Todas as unidades devem estar completamente desintegradas Cápsulas moles 6 unidades Água (37 ± 1oC) Utilizar os discos 30 min Todas as unidades devem estar completamente desintegradas Fonte: Adaptado de Anvisa (2019). Voltando a curva de efeito terapêutico demonstrada na Figura 3, se o comprimido apresentar um tempo de desintegração elevado, a biodisponibilidade do fármaco pode ser afetada, podendo o comprimido passar por todo o trato gastrointestinal (TGI) sem ser absorvido (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013). 3.4 Teste de Dissolução Ao encontro do que foi exposto até aqui, após a desintegração de um comprimido administrado por via, este precisa ser dissolvido nos fluidos do TGI para posterior absorção (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013). O teste de dissolução possibilita determinar a quantidade de substância ativa dissolvida no meio de dissolução quando o produto é submetido à ação de aparelhagem específica, sob condições experimentais descritas. Aplica-se a comprimidos, cápsulas e outros casos em que o teste seja requerido (ANVISA, 2019). O teste de dissolução consiste de um sistema de três componentes (Figura 6): as cubas onde é inserido o meio de dissolução, feitas de vidro boro silicato, plástico ou outro material inerte; hastes em aço inoxidável para prover agitação do meio, que podem ser na forma de cestas (Método 1) ou pás (Método 2); e motor para ajuste da velocidade de rotação da haste. As cubas são imersas em banho de água com temperatura controlada (37ºC ± 0,5ºC), que deve ser mantida durante a execução do teste (ANVISA, 2019). Figura 6 - Dissolutor. Fonte: DCtech Laboratory Technologies (2020). 17WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O método a ser utilizado, o meio de dissolução e a velocidade de agitação devem ser o especificado na monografia do produto. Em relação ao tempo de dissolução, quando um único tempo for especificado na monografia do produto, ele representa o tempo máximo dentro do qual deve ser dissolvida a quantidade mínima, em porcentagem, de substância ativa nela estabelecida. Quando mais de um tempo for especificado na monografia, devem ser tomadas alíquotas, adequadamente medidas, ao final de cada tempo indicado, para obtenção do perfil de dissolução do produto (ANVISA, 2019). A reposição ou não do volume de amostra retirado deve estar especificado na monografia. Após filtração e diluição (quando necessário) da alíquota, a quantificação do fármaco é efetuada mediante a técnica indicada na monografia do produto. Os valores obtidos são analisados e verifica-se se estão dentro dos critérios estabelecidos na FB. Para formas farmacêuticas de liberação imediata, o produto cumpre o teste se os resultados atenderem às exigências descritas na Tabela 4, salvo especificação em contrário na monografia individual. Repetir o teste com doses unitárias adicionais, conforme necessário, considerando os Critérios de aceitação (ANVISA, 2019). Tabela 4 - Critérios de aceitação para o teste de dissolução. Estágios Número de amostras testadas Critérios de aceitação E1 6 Cada unidade apresenta resultado maior ou igual a Q + 5% E2 6 Média de 12 unidades (E1 + E2) é igual ou maior que Q e nenhuma unidade apresenta resultado inferior a Q – 15% E3 12 Média de 24 unidades (E1+E2+E3) é igual ou maior que Q, não mais que 2 unidades apresentam resultados inferiores a Q – 15% e nenhuma unidade apresenta resultado inferior a Q – 25% Fonte: Adaptado de Anvisa (2019). Na Tabela 4, o termo Q corresponde à quantidade dissolvida de fármaco, especificada na monografia individual, expressa como porcentagem da quantidade declarada. Os valores 5%, 15% e 25% também representam porcentagens da quantidade declarada (ANVISA, 2019). Critérios especiais são descritos na FB para formas farmacêuticas de liberação prolongada e formas farmacêuticas de liberação retardada (ANVISA, 2019). Outrossim, se verificarmos a Figura 3 (gráfico do efeito terapêutico), conseguimos correlacionar a dissolução com a biodisponibilidade e posterior efeito terapêutico do fármaco. Após administração do comprimido por via oral, o mesmo precisa desintegrar e depois ser dissolvido para que então ocorra a absorção. Se o comprimido se dissolver abaixo dos limites especificados, teremos uma subdosagem do fármaco, não atingindo a faixa de efeito terapêutico (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013). 18WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.5 Uniformidade de Dose Unitária Um outro teste de grande importância no controle de qualidade de medicamentos é a uniformidade de dose unitária. Este teste permite avaliar a quantidade de componente ativo em unidades individuais do lote e verificar se esta quantidade é uniforme nas unidades testadas (ANVISA, 2019). A uniformidade das doses unitárias de formas farmacêuticas pode ser avaliada por dois métodos: Variação de peso e Uniformidade de Conteúdo. A aplicação de cada método, considerando a forma farmacêutica, dose e proporção do fármaco, é especificadas na Tabela 5. Exemplo: comprimidos não revestidos com dose maior ou igual a 25 mg e proporção de fármaco maior ou igual a 25%podem ser analisadas pelo método de variação de peso. O método de uniformidade de conteúdo pode ser utilizado em todos os casos (ANVISA, 2019). Tabela 5 - Aplicação do método de Uniformidade de Conteúdo (UC) ou de Variação de peso (VP). Forma Farmacêutica Tipo Subtipo Dose e proporção do fármaco ≥ 25 mg e ≥ 25% < 25 mg ou < 25% Comprimidos Não revestidos VP UC revestidos Filmes VP UC Outros UC UC Cápsulas Duras VP UC Moles Suspensões/emulsões/géis UC UC Soluções VP VP Sólidos acondicionados em recipientes para dose única Componente único VP VP Múltiplo componentes Solução liofilizada no recipiente final VP VP Outros UC UC Soluções acondicionadas em recipientes para dose única VP VP Outros UC UC Fonte: Adaptado da Anvisa (2019). O método de Uniformidade de Conteúdo para preparações em doses unitárias baseia-se no doseamento do conteúdo individual do componente ativo de um número de doses unitárias para determinar se o conteúdo individual está dentro dos limites especificados (ANVISA, 2019). Quando houver procedimento especial para o teste de uniformidade de conteúdo na monografia individual, fazer a correção dos resultados obtidos, quando necessário, utilizando o fator de correção (ANVISA, 2019). 19WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para determinar a uniformidade de doses unitárias pelo método de uniformidade de conteúdo, separar, no mínimo, 30 unidades do produto. Analisar, individualmente, 10 unidades conforme indicado na monografia individual para o doseamento, a menos que um procedimento especial para uniformidade de conteúdo seja descrito na monografia. Calcular o Valor de Aceitação (VA), segundo a equação a seguir (ANVISA, 2019). VA = (M-X) + ks Em que: M = valor de referência X = média dos conteúdos individuais k = constante de aceitabilidade s = desvio padrão da amostra Para determinar a uniformidade de doses unitárias pelo método de variação de peso separar, no mínimo, 30 unidades do produto. Pesar individualmente 10 unidades. No caso de cápsulas, pesar individualmente as cápsulas cheias, remover o conteúdo e pesar a cápsula vazia, obtendo o peso do conteúdo. O conteúdo de fármaco (%) por unidade é estimada comparando o peso de cada unidade com o valor do peso médio (obtido no teste de determinação do peso médio) e o teor do fármaco (obtido no teste de doseamento) (ANVISA, 2019). As quantidades individuais são, então, calculadas e expressas em porcentagem da quantidade declarada. Calcula-se, então, o Valor de Aceitação (VA) conforme descrito para o teste de uniformidade de conteúdo (ANVISA, 2019). O produto cumpre o teste de uniformidade de doses unitárias se o Valor de Aceitação calculado para as 10 primeiras unidades testadas não é maior que 15,0 (L1). Se o Valor de Aceitação for maior que 15,0, testar mais 20 unidades e calcular o Valor de Aceitação. O produto cumpre o teste se o Valor de Aceitação final calculado para as 30 unidades testadas não é maior que 15,0 e a quantidade de fármaco de nenhuma unidade individual é menor que (1 – L2 × 0,01) M ou maior que (1 + L2 × 0,01)M, sendo L2 igual a 25,0, a menos que indicado de maneira diferente na monografia do produto (ANVISA, 2019). O Capítulo 8.4 da Farmacopeia Brasileira 6ª edição (2019) trata da equivalência farmacêutica e bioequivalência de medicamentos. São abordados os testes de equivalência farmacêutica, biodisponibilidade e dissolução de medicamentos. A Equivalência Farmacêutica corresponde à comprovação de que dois medicamentos são equivalentes em relação aos resultados dos testes in vitro. Por definição, Equivalentes Farmacêuticos são medicamentos que contêm o mesmo fármaco, isso é, mesmo sal ou éster da mesma molécula terapeuticamente ativa, mesma forma farmacêutica e via de administração e são idênticos em relação à potência ou concentração (BRASIL, 2019, p. 784). 20WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Sousa e colaboradores (2020) realizaram um estudo de equivalência farmacêutica entre comprimidos de furosemida similares e genéricos. Os autores verificaram que todos os comprimidos testados (duas marcas de genéricos e duas marcas de similares) foram considerados equivalentes farmacêuticos ao medicamento. Este artigo está disponível em: http://revistas.cff.org.br/?journal=infarma&page=article&op=- view&path%5B%5D=2580. Acesso em: 12 jul. 2020. A professora Daniela Medeiros gravou um vídeo para o “Uningá em Foco” falando de medicamentos genéricos e similares e sobre os testes de controle de qualidade de formas farmacêuticas sólidas descritos nesta unidade. Este vídeo está disponível em https://www.youtube.com/ watch?v=ik_qZriZzeI&feature=youtu.be. Acesso em: 12 jul. 2020. O Capítulo 5 (métodos gerais) da Farmacopeia Brasileira 6ª edição (2019) traz a descrição dos métodos aplicados às formas farmacêuticas, dos quais alguns foram descritos nesta unidade. São abordados os testes de Determinação de Peso (5.1.1); Determinação de volume (5.1.2); Determinação de resistência mecânica em comprimidos (5.1.3); Teste de dureza (5.1.3.1); Teste de friabilidade (5.1.3.2); Teste de desintegração (5.1.4); Teste de dissolução (5.1.5); Uniformidade de doses unitárias (5.1.6); entre outros. 21WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, foram abordados os ensaios de qualidade para matérias-primas de uso farmacêutico e para formas farmacêuticas sólidas. Dentre as análises de qualidade para matérias- primas vimos: os ensaios semiquantitativos, como os de limites de impurezas; e os ensaios quantitativos, como determinação da umidade e teor de cinzas sulfatadas. Relacionados às análises de qualidade para medicamentos, foram abordados os testes para formas farmacêuticas sólidas, entre eles: determinação do peso, determinação da resistência mecânica em comprimidos, teste de desintegração, teste de dissolução e uniformidade de dose unitária. 2222WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................24 1. ENSAIOS DE QUALIDADE PARA FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS E SEMISSÓLIDAS............................25 1.1 AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS ORGANOLÉPTICAS ..................................................................................25 1.1.1 ASPECTO ...............................................................................................................................................................25 1.12 COR ........................................................................................................................................................................25 1.1.3 ODOR .....................................................................................................................................................................25 1.1.4 SABOR ...................................................................................................................................................................26 1.2 DETERMINAÇÃO DO PESO ...................................................................................................................................26 1.3 DETERMINAÇÃO DO VOLUME..............................................................................................................................26 1.4 DETERMINAÇÃO DO PH ........................................................................................................................................28 ENSAIOS DE QUALIDADE PARA FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS E SEMISSÓLIDAS E METODOLOGIASANALÍTICAS PROFA. DRA. DANIELA CRISTINA DE MEDEIROS ARAÚJO ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: CONTROLE DE QUALIDADE E GESTÃO NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA 23WWW.UNINGA.BR 1.5 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE ........................................................................................................................28 1.6 DETERMINAÇÃO DA VISCOSIDADE .....................................................................................................................29 2. ENSAIOS MICROBIOLÓGICOS DE QUALIDADE DE FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS E SEMISSÓLIDAS .......................................................................................................................................................... 30 2.1 CONTAGEM DO NÚMERO TOTAL DE MICRORGANISMOS MESÓFILOS ..........................................................30 2.2 PESQUISA DE MICRORGANISMOS PATOGÊNICOS ..........................................................................................30 2.3 METODOLOGIAS ANALÍTICAS ............................................................................................................................. 31 2.4 MÉTODOS QUÍMICOS ........................................................................................................................................... 31 3. MÉTODOS CROMATOGRÁFICOS ...........................................................................................................................32 3.1 CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA .........................................................................................................32 3.2 CROMATOGRAFIA LÍQUIDA EM COLUNA ...........................................................................................................33 3.2.1 CROMATOGRAFIA EM COLUNA POR ADSORÇÃO ...........................................................................................34 3.2.2 CROMATOGRAFIA EM COLUNA POR PARTIÇÃO ............................................................................................34 3.2.3 CROMATOGRAFIA EM COLUNA POR TROCA IÔNICA ....................................................................................34 3.3 CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA .............................................................................................35 4. MÉTODOS ESPECTROFOTOMÉTRICOS ................................................................................................................36 4.1 ULTRAVIOLETA/VISÍVEL (UV/VIS) ......................................................................................................................36 4.2 INFRAVERMELHO (IV) .........................................................................................................................................36 5. MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS ........................................................................................................................37 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................40 24WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Até aqui, descrevemos alguns testes utilizados principalmente para formas farmacêuticas sólidas, embora peso médio e uniformidade de dose unitária sejam aplicáveis a semissólidos e líquidos, respectivamente. Agora, iremos descrever alguns testes utilizados no controle de qualidade de líquidos e semissólidos, tanto para medicamentos quanto para cosméticos. Também, iremos apresentar as principais metodologias analíticas utilizadas para fármacos e medicamentos. Entre os ensaios físico-químicos para formas farmacêuticas líquidas e semissólidas podemos destacar: características organolépticas, análise da cor, determinação do peso, determinação do volume e da densidade, avaliação da viscosidade e determinação do pH. Testes microbiológicos também são realizados para avaliar a qualidade de preparações líquidas e semissólidas, entre eles, a contagem do número total de microrganismos mesofílicos e a pesquisa de microrganismos patogênicos. 25WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. ENSAIOS DE QUALIDADE PARA FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS E SEMISSÓLIDAS 1.1 Avaliação das Características Organolépticas Os ensaios organolépticos são procedimentos utilizados para avaliar as características de um produto, detectáveis pelos órgãos dos sentidos: aspecto, cor, odor, sabor e tato. Fornecem parâmetros que permitem avaliar de imediato o estado da amostra em estudo por meio de análises comparativas, com o objetivo de verificar alterações como separação de fases, precipitação e turvação, possibilitando o reconhecimento primário do produto. Deve-se utilizar uma amostra de referência (padrão) mantida em condições ambientais controladas, para evitar modificações nas propriedades organolépticas. Para a execução dos ensaios organolépticos, devem ser consideradas a forma física e as características de cada produto (ANVISA, 2004). 1.1.1 Aspecto É realizada a análise visual do produto com intuito de verificar alterações macroscópicas, comparando com a amostra de referência. Nesta análise, podem ser observadas alterações como turvação, separação de fases, precipitação etc. Após avaliação comparativa, a amostra tem que estar em conformidade com a amostra de referência pré-estabelecida (ANVISA, 2008). 1.12 Cor A análise colorimétrica (análise da cor) pode ser realizada visualmente, comparando a cor da amostra com a cor do padrão, ou utilizando equipamentos (análise fotoelétrica e análise espectrofotométrica) (ANVISA, 2008). Pode-se utilizar luz “branca” natural ou artificial ou câmaras especiais com fontes de luz em diferentes comprimentos de onda (ANVISA, 2008). Na colorimetria fotoelétrica, utiliza-se uma célula fotoelétrica como detector. Os equipamentos utilizados são chamados de colorímetros ou fotômetros de filtro, e a análise é realizada pela passagem da luz branca por filtros. Normalmente, são empregados intervalos estreitos de comprimento de onda (ANVISA, 2008). A colorimetria espectrofotométrica utiliza uma fonte de radiação em vários comprimentos de onda na região do visível (380 a 780 nm). O aparelho utilizado e chamado espectrofotômetro. Esta análise será detalhada no item 3 (métodos espectrofotométricos) desta unidade (ANVISA, 2008). 1.1.3 Odor Esta análise é realizada pelo olfato, comparando o odor da amostra com o odor do padrão de referência. Ambos (padrão e amostra) devem estar acondicionados em embalagem constituída do mesmo material. Após avaliação comparativa, a amostra pode ser classificada como: sem alteração; levemente modificada; modificada ou intensamente modificada (ANVISA, 2004). 26WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.1.4 Sabor Esta análise é realizada pelo paladar, comparando o sabor da amostra com o do padrão. Após avaliação comparativa, a amostra pode ser classificada como: sem alteração; levemente modificada; modificada ou intensamente modificada (ANVISA, 2004). Esta análise é comumente realizada para produtos alimentícios. Não costuma ser utilizada para produtos cosméticos e farmacêuticos. 1.2 Determinação do Peso Este teste é aplicável a formas farmacêuticas sólidas, como foi visto na unidade anterior, e também para formas farmacêuticas semissólidas como cremes, géis, pomadas e pastas (ANVISA, 2019). Para realização deste teste em produtos semissólidos, deve-se pesar individualmente dez unidades do produto, remover o conteúdo e lavar os recipientes com solvente adequado. Secar e pesar novamente a embalagem vazia. Calcular o peso do conteúdo pela diferença entre a embalagem cheia e a embalagem vazia.Determinar o peso médio do conteúdo, que não deve ser inferior ao peso declarado. O peso individual do conteúdo das amostras testadas não deverá ser inferior à porcentagem descrita na Tabela 2 da Unidade 1 (ANVISA, 2019). 1.3 Determinação do Volume O teste de determinação de volume é aplicado a formas farmacêuticas líquidas em recipientes para dose única e recipientes para doses múltiplas (ANVISA, 2019). Para líquidos em recipientes de dose única, exceto injetáveis, verter o conteúdo de dez unidades, individualmente, em provetas secas e calibradas, com capacidade máxima de 2,5 vezes o volume a ser medido. Deixar escoar o líquido por cinco minutos e verificar o volume. Calcular o volume médio das unidades testadas, que não pode ser inferior ao volume declarado. Além disso, nenhuma das unidades testadas deverá ser inferior a 95,0% ou superior a 110,0% do valor declarado (ANVISA, 2019). Para formas farmacêuticas líquidas injetáveis em recipientes de dose única, remover o conteúdo de cada unidade testada com auxílio de uma seringa e agulha. Transferir o conteúdo para uma proveta seca e calibrada ou para um béquer seco e tarado, sendo neste último caso o volume calculado pelo peso do líquido, em gramas, dividido por sua densidade. O volume de cada recipiente testado não deve ser inferior ao volume declarado. A quantidade de recipientes que será testada depende do valor declarado do produto (ANVISA, 2019). Para líquidos em recipientes para doses múltiplas, exceto injetáveis, deve-se pesar 10 recipientes, individualmente, com as suas respectivas tampas. Remover o conteúdo e reservar para determinação da densidade de massa. Lavar os recipientes e as tampas, secar e pesar novamente. A diferença entre o peso do frasco cheio e do frasco vazio corresponde ao peso do conteúdo. Determinar o volume correspondente pela fórmula (ANVISA, 2019): V = m/p Sendo, m = peso do conteúdo (g) p = densidade de massa do produto (g/mL) (determinado conforme descrito no item 1.5 determinação da densidade) 27WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A partir desses valores, calcular o volume médio das unidades testadas, que não deve ser inferior ao volume declarado. Além disso, nenhuma das unidades testadas pode ter volume inferior a 95,0% do volume declarado (ANVISA, 2019). Para injetáveis acondicionados em recipientes de doses múltiplas, testar uma unidade, utilizando o número de seringas e agulhas equivalente ao número de doses descritas no rótulo. O teste deve ser realizado da mesma forma que foi descrita para injetáveis em dose unitária. O volume dispensado por cada seringa não deve ser inferior ao volume declarado para cada dose (ANVISA, 2019). Para injetáveis de grande volume, testar duas unidades transferindo o conteúdo de cada recipiente para provetas secas e calibradas, com capacidade que não exceda 2,5 vezes o volume a ser medido. O volume de cada recipiente não deve ser inferior à quantidade declarada (ANVISA, 2019). É importante lembrar que os recipientes de formulações injetáveis são preenchidos com um pequeno excesso de volume, de acordo com as características de cada produto, para permitir a administração do volume declarado no rótulo. A Tabela 1 traz os excessos de volume recomendados para líquidos injetáveis (ANVISA, 2019). Tabela 1 - Excessos de volume recomendados para injetáveis. Volume declarado (mL) Excesso mínimo de volume recomendado Móveis (mL) Viscosos (mL) 0,5 0,10 0,12 1,0 0,10 0,15 2,0 0,15 0,25 3,0 0,20 0,35 4,0 0,25 0,45 5,0 0,30 0,50 10,0 0,50 0,70 20,0 0,60 0,90 30,0 0,80 1,20 50,0 ou mais 2% 3% Fonte: Adaptado de Anvisa (2019). 28WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.4 Determinação do pH A determinação do pH também é utilizada no controle de qualidade de líquidos e semissólidos. O pH corresponde à atividade do íon hidrogênio em uma solução, sendo que, quanto maior o valor do pH tanto menor a concentração de hidrogênio (ANVISA, 2019). A determinação do pH é realizada por potenciometria, pela diferença de potencial entre dois elétrodos imersos na solução a ser analisada. Um dos elétrodos é o de referência e o outro é o de medida (sensível aos íons hidrogênio presentes na amostra) (ANVISA, 2019). O valor de pH representa convencionalmente a acidez ou a alcalinidade de uma solução. A escala de pH vai de 1 (ácido) a 14 (alcalino), sendo que o valor 7 é considerado pH neutro. O equipamento utilizado para aferição do pH de uma amostra é chamado pHmetro (Figura 1) (ANVISA, 2019). Figura 1 - Phmetro digital. Fonte: CheeseLab (2020). 1.5 Determinação da Densidade A densidade absoluta é uma propriedade física de cada substância, calculada pela relação entre a massa desta substância e o seu volume. A densidade relativa de uma substância é a relação entre a massa de determinado volume de uma amostra e a massa do mesmo volume de água (ANVISA, 2019). A determinação da densidade relativa de líquidos e semissólidos pode ser realizada utilizando picnômetro, densímetro ou balança hidrostática (ANVISA, 2019). Para determinação da densidade relativa utilizando picnômetro deve-se pesar o picnômetro limpo e seco (M0), completar o seu volume com água, secar o excesso e pesar novamente (M1). Depois encher o picnômetro limpo e seco com a amostra e pesar (M2) (ANVISA, 2019). A densidade relativa é calculada utilizando-se a seguinte fórmula: d= (M2-M0)/ (M1-M0) Em que: M0 = massa do picnômetro vazio (g) M1 = massa do picnômetro com água (g) M2 = massa do picnômetro com a amostra (g) 29WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Os picnômetros de vidro (Figura 2) são utilizados para líquidos e os de metal para semissólidos (ANVISA, 2019). Para determinação da densidade em soluções alcoólicas deve-se transferir a amostra para uma proveta e ajustar a temperatura de acordo com a especificação do densímetro (Alcoômetro Gay-Lussac). A seguir, introduzir o densímetro na amostra e verificar a leitura na escala do densímetro (ANVISA, 2019). Figura 2 - Picnômetro de vidro. Fonte: Direct Industry (2020). 1.6 Determinação da Viscosidade A viscosidade é uma característica dos líquidos e semissólidos, relacionada à resistência da amostra ao escoamento. Com a avaliação da viscosidade, podemos determinar se o produto apresenta fluidez e consistência adequada para o uso pretendido. A viscosidade está diretamente relacionada à temperatura da amostra, sendo que com o aumento da temperatura ocorre redução da viscosidade (ANVISA, 2019). O ensaio para determinação da viscosidade normalmente baseia-se no tempo de escoamento de líquidos através de capilares (exemplo viscosímetro de Ostwald), na determinação do tempo de queda livre de esferas em tubos contendo o líquido (exemplo Hoppler) ou na velocidade de rotação de hastes metálicas imersas no líquido (exemplo Brookfield – Figura 3). É importante salientar que em todos os ensaios citados a especificação da temperatura é essencial, pois influencia diretamente no resultado (ANVISA, 2019). 30WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 3 - Viscosímetro de Brookfield. Fonte: Medição Soluções Metrológicas Integradas (2020). 2. ENSAIOS MICROBIOLÓGICOS DE QUALIDADE DE FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS E SEMISSÓLIDAS 2.1 Contagem do Número Total de Microrganismos Mesófilos Esse teste é realizado pela contagem total de microrganismos que apresentem crescimento visível em Ágar caseína-soja a 32,5 ºC ± 2,5 ºC (em até 5 dias) e em Ágar Sabouraud-dextrose a 22,5 ºC ± 2,5 ºC (em até 7 dias). Não é aplicado para produtos que contêm microrganismosviáveis como componente ativo (ANVISA, 2019). Os limites preconizados pela Farmacopeia Brasileira para produtos farmacêuticos aquosos de uso oral são 102 UFC/g ou mL para bactérias aeróbias e 101 UFC/g ou mL para fungos (ANVISA, 2019). A determinação pode ser efetuada pelo método de contagem em placa, filtração por membrana, ou pelo método dos tubos múltiplos. A escolha do método é realizada avaliando a quantidade esperada de microrganismos e a natureza do produto (ANVISA, 2019). 2.2 Pesquisa de Microrganismos Patogênicos Este teste consiste na verificação da presença ou ausência de microrganismos específicos em meios seletivos. Por se tratar de microrganismo patogênicos, os produtos são aprovados neste teste se não houver crescimento de colônias ou se as provas microbianas forem negativas (ANVISA, 2019). 31WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.3 Metodologias Analíticas As metodologias analíticas descritas na Farmacopeia Brasileira podem ser divididas em métodos químicos, métodos cromatográficos e métodos espectrométricos (ANVISA, 2019). Os métodos químicos são utilizados principalmente para doseamento, identificação e determinação de pureza. Os métodos cromatográficos são utilizados para separação de analitos, produtos de degradação, isômeros e compostos relacionados. Quando associados a detectores apropriados são usados para quantificação. Já os métodos espectrofotométricos e espectrométricos podem ser usados para análises qualitativas e quantitativas de fármacos e produtos acabados. Além destes, temos também as chamadas técnicas hifenadas que associam dois ou mais métodos buscando otimizar análises e resultados (ANVISA, 2019). 2.4 Métodos Químicos Os métodos clássicos de identificação de funções ou determinados grupos químicos presentes em fármacos consistem em reações que resultam em formação de precipitado, produto colorido, desprendimento de gás, descoramento do reagente utilizado ou outro fenômeno facilmente perceptível. Os métodos químicos mais utilizados no controle de qualidade de fármacos e medicamentos são a titulação e a determinação de metais pesados. Além desses, na Farmacopeia Brasileira são descritos vários ensaios que utilizam métodos químicos, como ensaios limite para cloretos, sulfatos, ferro, cálcio, magnésio etc. Alguns desses estão descritos no item Ensaios limite de impurezas da Unidade I (ANVISA, 2019). A volumetria consiste em um processo de análise quantitativa relacionada à adição gradativa de certo volume de uma substância (cuja concentração é conhecida) sobre outra (o objeto da análise) até que a reação se complete. Um exemplo desse método volumétrico é a titulação. A titulação é bastante utilizada nas monografias de fármacos, para doseamento e ensaios de pureza (ANVISA, 2019). Exemplo: titulação de solução de ácido benzoico Titular com hidróxido de sódio 0,1 M SV, utilizando vermelho de fenol SI até formação de coloração violeta, correspondente ao ponto final da titulação. Cada mL de hidróxido de sódio 0,1 M SV equivale a 12,212 mg de C7H6O2 (ANVISA, 2019). O ensaio limite para determinação de metais consiste na formação de partículas sólidas dos sulfetos de metais pesados, em suspensão, e posterior comparação visual da intensidade da cor nas preparações amostra e padrão em tubo de Nessler. O ensaio é semiquantitativo e possibilita inferir se a amostra passa ou não no teste, representando o somatório da concentração dos elementos contaminantes na amostra (ANVISA, 2019). O grande problema dos métodos químicos é serem pouco específicos, sendo preteridos em relação a outros métodos (ANVISA, 2019). 32WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3. MÉTODOS CROMATOGRÁFICOS A cromatografia é um processo físico-químico utilizado para a separação dos componentes de uma mistura, realizada por meio da distribuição dos componentes em duas fases que estão em contato íntimo: fase estacionária (FE) e fase móvel (FM). Durante a passagem da fase móvel sobre a fase estacionária, os componentes da mistura são distribuídos pelas duas fases, sendo as substâncias retidas de forma seletiva pela fase estacionária, resultando em migrações diferenciais (COLLINS; BRAGA; BONATO, 2006). Entre os métodos cromatográficos podemos destacar a cromatografia em camada delgada, cromatografia líquida em coluna e cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). 3.1 Cromatografia em Camada Delgada Na cromatografia em camada delgada (CCD), a separação dos compostos ocorre pela migração diferencial destes sobre uma fase estacionária: sílica, alumina, celulose ou poliamida; fixada em um suporte plano. A fase móvel, composta por um solvente ou mistura de solventes, é colocada no interior de uma cuba cromatográfica, normalmente de vidro, permanecendo vedada. A placa cromatográfica é depositada verticalmente no interior da cuba contendo a fase móvel (ANVISA, 2019). Após o desenvolvimento da cromatografia e a evaporação dos solventes, passa-se ao método de revelação das manchas. Os métodos de revelação empregados podem ser físicos (exemplo: luz ultraviloleta nos comprimentos de 254 nm a 366 nm) ou químicos, com utilização de reagentes cromógenos (exemplo: cloreto férrico). Há uma ampla lista de reveladores apropriados para cada grupo de compostos (ANVISA, 2019). Com a revelação da cromatoplaca, verifica-se a distância percorrida por cada amostra e calcula-se o fator de retenção (Rf). Para este fim, mede-se a distância atingida por cada mancha a partir da origem e a distância percorrida pela fase móvel. O valor de Rf (Rf = distância atingida pela mancha a partir da origem/ distância percorrida pelo solvente desde a origem) é um parâmetro que pode ser utilizado para a sua identificação da substância, por exemplo, aplicando na mesma placa, uma substância padrão e comparando do Rf do padrão com o Rf obtido para a amostra (ANVISA, 2019). 33WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 4 - Cromatografia em Camada Delgada (CCD). Fonte: Casa das Ciências (2020). 3.2 Cromatografia Líquida em Coluna A cromatografia em coluna é um método de separação que pode ser utilizado para a obtenção de substâncias com pureza elevada. A cromatografia líquida em coluna pode ser dividida em: por adsorção (líquido-sólido), por partição (líquido-líquido) ou por troca iônica (ANVISA, 2019). Os equipamentos (Figura 5) utilizados consistem em um tubo cilíndrico, normalmente de vidro, de comprimento e diâmetros variáveis, com a extremidade superior cilíndrica tamponada por uma rolha e inferior afilada, terminando em uma torneira que permite o controle da vazão dos sistemas de eluição utilizados (ANVISA, 2019). Figura 5 - Cromatografia em coluna. Fonte: Toda Matéria (2020). 34WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.2.1 Cromatografia em coluna por adsorção Na cromatografia em coluna por adsorção, a separação dos componentes de uma mistura ocorre por afinidade destes pela fase estacionária (sólida), sendo as substâncias retidas de forma seletiva. Nesse sistema, o preparo da coluna inicia-se colocando um chumaço de algodão ou lã de vidro na parte inferior, próximo à torneira, a fim de impedir a passagem do material adsorvente e a entrada de ar. Preencher então a coluna com esse material (exemplo: sílica) previamente suspenso na fase móvel, deixando que assente gradualmente. Após toda a fase estacionária estar dentro da coluna, passar 2 ou 3 vezes o volume da fase móvel para acertar o enchimento. O preenchimento da coluna deve ser feito da maneira uniforme para garantir maior eficiênciada separação. O ar retido entre as partículas da fase estacionária forma canais prejudicando a eluição da amostra (ANVISA, 2019). Com a torneira da coluna fechada, aplicar a amostra previamente solubilizada em uma pequena quantidade de solvente no topo da coluna, cuidando para que não formem buracos na fase estacionária. Adicionar uma pequena quantidade fase móvel e abrir a torneira para começar a eluição. Adicionar mais fase móvel, recolhendo frações em tempo ou volume pré-determinado e examinando cada fração por método adequado. A eficiência da separação pode ser aferida por CCD de cada fração recolhida ao longo da corrida cromatográfica. As substâncias presentes nas frações recolhidas podem ser identificadas por vários métodos e com a evaporação do solvente pode-se obter a substância isolada (purificada) (ANVISA, 2019). 3.2.2 Cromatografia em coluna por partição Na cromatografia em coluna por partição, a fase móvel e a fase estacionária são líquidas, sendo o líquido da fase estacionária adsorvido em um suporte sólido (normalmente areia de sílica purificada). Os líquidos que compõem a fase móvel e a fase estacionária devem ser imiscíveis, e as substâncias a serem separadas são repartidas entre os dois líquidos (ANVISA, 2019). Uma solução da amostra é preparada e inserida no sistema cromatográfico misturada a um pequeno volume da fase móvel no topo da coluna; ou em um pequeno volume da fase fixa misturada com o suporte sólido e transferida para a coluna formando uma camada transversal sobre o material adsorvente. A eluição e o desenvolvimento ocorrem por meio da “corrida” do solvente circulante (ANVISA, 2019). 3.2.3 Cromatografia em coluna por troca iônica A cromatografia em coluna por troca iônica utiliza como fase estacionária uma resina de troca iônica. A troca de íons ocorre entre os íons presentes na solução e os íons do polímero (celulose modificada ou suporte de sílica-gel). A escolha da resina dependerá do pH no qual deverá ocorrer a troca iônica e da natureza dos íons (ânions ou cátions) a serem trocados (ANVISA, 2019). Para realização desta técnica deve-se misturar a resina de troca iônica com água e deixar em repouso por 24 horas. Após este período, a mistura deve ser vertida na coluna e tratando-se de resina aniônica, convertê-la em básica. Em caso de resina catiônica, deverá ser convertida para a forma ácida. O desenvolvimento da coluna de troca iônica ocorre de modo semelhante ao descrito para cromatografia de adsorção (ANVISA, 2019). 35WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.3 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência A cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) é composta por uma fase móvel líquida e uma fase estacionária sólida, esta última contida em uma coluna cilíndrica. A separação dos componentes de uma mistura ocorre pela distribuição entre as duas fases do sistema. Dependendo do tipo de fase estacionária utilizada, a separação é obtida por partição, troca iônica, adsorção, interações estereoquímicas ou exclusão por tamanho (ANVISA, 2019). O equipamento é chamado de cromatógrafo líquido de alta eficiência (Figura 6) e consiste em uma coluna cromatográfica, reservatórios contendo a fase móvel, bomba, injetor, detector, software, e integrador ou registrador (ANVISA, 2019). A amostra dissolvida é injetada no sistema cromatográfico e a separação dos componentes ocorre por distribuição entre as fases móvel estacionária (ANVISA, 2019) Sistemas que consistem de fases estacionárias polares e fases móveis apolares são definidos como cromatografia em fase normal, enquanto o oposto, fases móveis polares e fases estacionárias apolares, são denominados de cromatografia em fase reversa. A afinidade de uma substância pela fase estacionária e, consequentemente, seu tempo de retenção na coluna, é controlado pela polaridade da fase móvel (ANVISA, 2019, p. 143). Os sinais analíticos das substâncias presentes na amostra são identificados com auxílio de detectores apropriados, que aumentam consideravelmente a sensibilidade e a seletividade na análise das substâncias de interesse, tais como, os espectrofotométricos (UV/Vis), detector de índice de refração, detectores fluorimétricos, detectores potenciométricos ou eletroquímicos, detectores de espectrometria de massas e detectores de condutividade (ANVISA, 2019). Figura 6 - Esquema de um cromatógrafo líquido de alta eficiência. Fonte: Freitag Laboratórios (2020). 36WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 4. MÉTODOS ESPECTROFOTOMÉTRICOS A espectrofotometria de absorção pode ser utilizada para quantificação e/ou identificação de compostos. Estas técnicas estão fundamentadas na absorção da energia eletromagnética por moléculas, dependendo da estrutura e concentração dessas moléculas. A espectrofotometria de absorção pode ser ultravioleta, visível ou infravermelho, dependendo do intervalo de frequência da radiação eletromagnética aplicada (ANVISA, 2019). A radiação eletromagnética se propaga por ondas ou fluxo de partículas (fótons), apresentando regiões de comprimento de onda característicos. O comprimento de onda normalmente é expresso em micrometros (µm) ou nanômetros (nm). Para o infravermelho é comum a radiação eletromagnética ser expressa em número de onda (cm-1). A Tabela 2 mostra alguns comprimentos de onda de interesse na análise espectrofotométrica (ANVISA, 2019). Tabela 2 - Comprimento de onda de interesse para a espectrofotometria. Região Comprimento de onda Ultravioleta (UV) 100 – 380 nm Visível (VIS) 380 – 780 nm Infravermelho próximo (NIR) 780 – 2500 nm (13300 – 4000 cm-1) Infravermelho médio (MIR) 4 – 25 µm (2500 – 400 cm-1) Infravermelho distante 25 – 300 µm (400 – 33 cm-1) Fonte: Adaptado de Anvisa (2019). 4.1 Ultravioleta/Visível (UV/Vis) A absorção de luz por uma substância na região do ultravioleta/visível, depende da estrutura eletrônica da molécula. Através da incidência de energia sobre a amostra, obtém-se um espectro que origina um gráfico de absorbância ou transmitância versus comprimento de onda (ou frequência). A intensidade dos picos pode ser alterada dependendo da concentração da substância. Esta análise pode ser utilizada para identificação e doseamento de substâncias (ANVISA, 2004, p. 38). A absorção na região ultravioleta ocorre no comprimento de onda entre 100 nm e 380 nm, enquanto a absorção na região visível ocorre entre 380 nm e 780 nm. (ANVISA, 2019) 4.2 Infravermelho (IV) A espectrofotometria no infravermelho (IV) é uma técnica utilizada em grande escala para identificação de compostos, sendo um método sensível e rápido, permitindo detectar sua identidade por comparação com substâncias químicas padronizadas. Em contraste com os poucos picos observados na região do UV/ Vis, o espectro na região do infravermelho fornece várias bandas de absorção gerando um conjunto de informações sobre a estrutura química da substância analisada (ANVISA, 2004, p. 38). 37WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Esta análise pode ser utilizada para identificação e quantificação de substâncias, identificação de formas amorfas e cristalinas, entre outros. A absorção na região do infravermelho ocorre entre 780 nm e 2500 nm (ANVISA, 2019). Figura 7 - Espectrofotômetro UV-VIS. Fonte: Analítica (2020). 5. MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS A espectrometria de massas é uma técnica analítica que visa identificar moléculas de interesse pela verificação da sua massa e caracterização da estrutura química (SILVERSTEIN; WEBSTER, 2000). Essa técnica consiste na ionização da molécula em campo magnético, por feixe de elétrons, causando fragmentação da sua estrutura. Com esta ionização os fragmentosadquirem carga e são detectados por laca metálica sensível ao íon (coletor de íons). A detecção gera um sinal que aparece no espectro de massas na forma de pico (SILVERSTEIN; WEBSTER, 2000). Na técnica de ionização por impacto de elétrons, comumente a mais usada, um espectrômetro de massas bombardeia moléculas na fase vapor com um feixe de elétrons de alta energia e registra o resultado do impacto dos elétrons como um espectro de íons separados na base da razão massa/carga (m/z) (SILVERSTEIN; WEBSTER, 2000). Na técnica de ionização por eletrospray, a amostra pode ser líquida ou sólida e é injetada no sistema na forma de spray. O feixe de elétrons atravessa o spray e ioniza as moléculas. A vantagem é que é possível controlar a energia de ionização gerando maior número de íons moleculares (SILVERSTEIN; WEBSTER, 2000). Os espectrômetros de massas (Figura 8) utilizados para elucidação de estruturas podem ser classificados segundo o método de separação dos íons em: (SILVERSTEIN; WEBSTER, 2000). ─ Deflexão em campo magnético ─ Espectrômetro de massas de quadrupolo ─ Tempo de voo ─ MS/MS (espectrômetro de massas em sequência) 38WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA No método de deflexão em campo magnético, a amostra (na forma de gás) entra na câmara de ionização onde é bombardeada por um feixe de elétrons. Os íons positivos produzidos atravessam a fenda de aceleração e entram no tubo analisador, um tubo de metal, curvo, mantido sob vácuo com o coletor de íons no final. Um campo magnético age sobre todo o sistema, levando a uma maior ou menor movimentação dependendo da relação m/z do íon. O espectro de massas gerado auxilia na identificação do composto. O pico com maior razão massa/carga costuma ser o pico do íon molecular (molécula sem um elétron) (SILVERSTEIN; WEBSTER, 2000). No espectrômetro de massas de quadrupolo os íons são direcionados para passar entre 4 barras de metal. As barras capturam os íons e liberam de acordo com a razão massa/carga, de forma sequencial. A separação ocorre por padrão de oscilação (SILVERSTEIN; WEBSTER, 2000). Para obter uma maior fragmentação é possível adicionar uma câmara de colisão e mais um quadrupolo. Este sistema é chamado de espectrômetro de massas em sequência (MS/ MS). A câmara de colisão serve para colidir com os íons com gás (argônio), fragmentando-os (SILVERSTEIN; WEBSTER, 2000). No espectrômetro de massas de tempo de voo (TOF) a amostra é colocada em um tubo e é medido o tempo de voo dentro deste tubo, que será diferente dependendo da razão m/z. A diferença de potencial dentro do tubo faz com que os íons migrem até colidirem com o analisador, que transforma em um sinal elétrico que é amplificado e os dados são tratados (SILVERSTEIN; WEBSTER, 2000). Figura 8 - Espectrômetro de massa. Fonte: Wikipedia (2020). Schorro e colaboradores (2020) realizaram um estudo da influência de diferentes ativos em formulações de produtos dermocosméticos com fator de proteção solar. Os autores avaliaram as características físico-químicas de formulações semissólidas de fotoprotetores produzidos em farmácia magistral e verificaram que o fator de proteção solar era menor que o descrito nos rótulos dos produtos. Este artigo está disponível em: http://www.brazilianjournals.com/index.php/ BRJD/article/view/10409. Acesso em: 13 jul. 2020. 39WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A lei no 9.787, de 10 de fevereiro de 1999, intitulada “Lei dos Genéricos” “dispõe sobre a vigilância sanitária, estabelece o medicamento genérico, dispõe sobre a utilização de nomes genéricos em produtos farmacêuticos e dá outras providências”. Criada com o objetivo de ampliar o acesso da população a tratamentos seguros, eficazes e mais baratos, esta lei mudou o panorama da indústria farmacêutica e aumentou a concorrência no mercado de medicamentos. Os genéricos são, em média, 35% mais baratos que os medicamentos de referência, proporcionando uma economia no gasto com medicamentos pelos consumidores brasileiros. Os medicamentos genéricos foram implantados no Brasil em 1999, enquanto que em 2003 publicou-se uma regulamentação técnica específica para o registro de similares e outra para a adequação do registro de medicamentos similares que já eram comercializados no país. Os medicamentos similares que estavam no mercado haviam sido registrados segundo normas que permitiam seu registro sanitário por meio do conceito de similaridade a um medicamento anteriormente registrado, sem a necessidade de apresentação, por ocasião do registro, dos resultados de ensaios in vitro ou in vivo relacionados à comprovação da eficácia e segurança. As novas regulamentações para medicamentos similares publicadas em 2003 destinaram-se ao estabelecimento da isonomia de critérios para registro e renovação de registro de medicamentos não inovadores (genéricos e similares), tendo como base os preceitos da garantia da qualidade, eficácia e segurança (BRASIL, 2019, p. 783). O vídeo técnico: “Viscosidade” demonstra a análise de viscosidade utilizando o viscosímetro de orifício e o viscosímetro rotacional. Este vídeo está disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=sYjghwPXeiM. Acesso em: 13 jul. 2020. O Capítulo 5 (métodos gerais) da Farmacopeia Brasileira 6ª edição (2019) traz a descrição dos métodos aplicados às formas farmacêuticas, dos quais alguns foram descritos nesta unidade. São abordados os testes de Determinação de Peso (5.1.1); Determinação de volume (5.1.2); Teste de gotejamento (5.1.8); Determinação da densidade de massa e densidade relativa (5.2.5); Determinação da viscosidade (5.2.7); entre outros. 40WWW.UNINGA.BR CO NT RO LE D E QU AL ID AD E E GE ST ÃO N A IN DÚ ST RI A FA RM AC ÊU TI CA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Na primeira parte desta unidade, foram abordados os principais ensaios de qualidade para formas farmacêuticas líquidas e semissólidas. Vimos a avaliação das características organolépticas, determinação de peso, determinação do volume e ensaios microbiológicos. Na segunda parte desta unidade, foram abordadas algumas metodologias analíticas. Abordamos os principais métodos químicos, métodos cromatográficos, métodos espectrofotométricos e métodos espectrométricos. 4141WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 03 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................43 1. FATORES QUE AFETAM A ESTABILIDADE .............................................................................................................44 2. ESTUDOS DE ESTABILIDADE .................................................................................................................................45 2.1 TESTE DE DEGRADAÇÃO FORÇADA .............................................................................................................................. 47 2.2 PRAZO DE VALIDADE ............................................................................................................................................47 3. VALIDAÇÃO DE MÉTODOS ANALÍTICOS ...............................................................................................................48 4. PARÂMETROS A SEREM AVALIADOS NA VALIDAÇÃO DE UMA METODOLOGIA .............................................48 4.1 SELETIVIDADE ........................................................................................................................................................48 4.2 LINEARIDADE ........................................................................................................................................................49 4.3 LIMITE DE DETECÇÃO
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