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Essa síndrome tem uma outra definição é anovulação crônica hiperandrogênica, que seria o nome mais adequado, porque indica o que está acontecendo do ponto de vista clínico. Se essa paciente tem uma anovulação crônica, essa paciente será infértil. Das causas de infertilidade, é uma das mais comuns (30 – 40% dos casos de infertilidade na mulher). A mulher apresentará uma oligomenorreia (ciclos com intervalos maior do que 35 dias) associado a um hiperandrogenismo (aumento da pelificação e acne). Está relacionado à uma retroalimentação inadequada no eixo HHO. • CAUSAS OVARIANAS: • Síndrome do ovário policístico • Hiperplasia da teca e do estroma → teoria das duas células (o colesterol entrava na célula da teca e era transformado em androgênios, portanto, se tem uma hiperplasia das células da teca, tem um hiperandrogenismo) • HAIR-AN → hiperandrogenismo, insulinoresistencia e acantose nigricans. • Neoplasias ovarianas produtoras de androgênios • DURANTE A GRAVIDEZ: • Cistos luteinicos da teca • Luteoma da gravidez Os dois são cistos funcionais que produzem androgênios durante a gravidez. Se ocorrer isso a gestante estiver gerando um bebê do sexo feminino, pode ocorrer um grau de ambiguidade sexual, dependendo da fase de desenvolvimento da genitália externa. • CAUSAS SUPRA-RENAIS: • Hiperplasia suprarrenal congênita: Na suprarrenal, o colesterol entra e forma 3 classes de hormônios (corticoesteroides, mineralocorticoides e esteroides sexuais androgênicos). No caso da HSRC tem uma deficiência enzimática (congênita) em que o colesterol não consegue formar cortisol (a enzima 21-hidroxilase), o que faz com que se acumule um produto intermediário entre o colesterol e o cortisol (17- hidroxiprogesterona). A falta do cortisol faz com que o ACTH aumente, para tentar aumentar a produção do cortisol, o que causa uma hiperplasia da glândula. Quando não forma cortisol, o metabolismo se desvia para a formação das outras classes de hormônios (mineralocorticoides e esteroides sexuais). Quando acumula mineralocorticoides pode ter distúrbios hidroeletrolíticos, e quando acumula esteroides sexuais, apresenta hiperandrogenismo. Pode ocorrer na gestação, em que o bebê vai nascer com ambiguidade genital, e com distúrbios hidroeletrolíticos, é uma forma clássica. É o principal diagnóstico diferencial com a SOP. • Síndrome de Cushing • Hiperprolactinemia • CAUSAS IATROGÊNICAS: • Metiltestosterona: Durante a menopausa, muitas mulheres podem apresentar distúrbios da libido e serem medicadas com testosterona por VO ou transdérmica para melhorar sua resposta sexual, o que pode causar distúrbios androgênicos. • Danazol: Já foi usado em tratamento para endometriose. • HIRSUTISMO IDIOPÁTICO: É quando não se descobre a causa, está ligada a uma hiperatividade da 5-alfa- redutase, o que aumentaria a produção de di-hidrotestosterona. • HIPOTIROIDISMO • ACROMEGALIA Conjunto de alterações morfofuncionais dos ovários com repercussões no ciclo menstrual (oligomenorreicos) e na capacidade reprodutiva da mulher. Alteração morfológica: o ovário fica cheio de cistos Alteração funcional: alteração no hiperandrogenismo • NICHD – 1990: Se tiver hiperandrogenismo clínico OU laboratorial associado a um distúrbio menstrual, na exclusão de outras doenças, garante o diagnóstico. Não levam em conta se o ovário vai ou não se apresentar com cistos. • ROTTERDAM CONSENSUS – 2003: É o que mais se aplica. Presença de pelo menos 2/3 critérios. 1. Oli/anovulação 2. Sinais clínicos ou laboratoriais de hiperandrogenismo 3. Ovário aumentado de volume ao USG (volume maior que 10 cm ou mais de 12 folículos) Exclusão de outras doenças. • ANDROGEN EXCESS AND PCOS SOCIETY – 2006: • Hiperandrogenismo • Disfunção ovariana • Exclusão de outras doenças. ✓ 23% de aspecto policístico dos ovários ao USG sem anovulação ou hiperandrogenismo → portanto, mulheres normais podem ter aspecto policístico no ovário. ✓ 75% das mulheres com anovulação crônica (alteração do ciclo menstrual + hiperandrogenismo) apresentam ovário policístico. ✓ Espessamento da albugínea ✓ Múltiplos pequenos folículos atrésicos subcapsulares ✓ Hiperplasia da teca e do estroma Pensava-se que o espessamento da albugínea levava a uma dificuldade para romper, por isso que a pessoa não ovulava. Por isso, começaram a fazer uma ressecção em cunha desse ovário. Assim, as pacientes começaram a melhorar, retornar o ciclo menstrual. Contudo, na verdade, só resolvia o problema, porque quando retirava uma parte do ovário, os folículos diminuíam o ambiente hiperandrogênico. ✓ 4 a 10% das mulheres em idade reprodutiva; ✓ Uma das causas mais comuns de infertilidade; ✓ 30 a 40% das pacientes com infertilidade; ✓ 90% das pacientes com ciclos irregulares. Poligênica e multifatorial ✓ Genética ✓ Hipotálamo-hipófise ✓ Ovários (problema na enzima de aromatização) ✓ Supra-renais ✓ Insulino-resistência (principal) ✓ Obesidade O fator etiopatogênico mais importante é a insulino-resistencia. 50 a 70% das mulheres com SOP tem IR. 10 a 25% da população geral têm IR (indica que é bastante comum na população). • CAUSAS: • Origem hereditária • Insulina atua nos receptores de insulina, nos receptores de IGF-1 ou receptores híbridos (contém a combinação das subunidades alfa e beta nos receptores de insulina e IGF-1) • HIPERINSULINEMIA: • ↑ produção de andrógenos ovarianos • ↑ IGF-1 e IGF2 no fígado • ↓ SHBG e IGFBP-1: ação mais ampla da testosterona livre e IGF-1 • Insulina e IGFs agem nos ovários aumentando a atividade da 17- hidroxilase (a 17-hidroxilase aumenta os androgênios) • ↑ atividade da 17-hidroxilase: ↑ androstenediona, testosterona e seu precursor 17-OH progesterona. SHBG é uma globulina transportadora dos androgênios sexuais, se essa globulina diminui, a fração livre dos androgênios aumenta. IGFBP é uma globulina que transporta o fator de crescimento, quando diminuída, leva a um aumento da IGF livre. EXEMPLO PRÁTICO DISSO: Tomar pílula anticoncepcional oral reduz acne e oleosidade. Isso porque as pílulas aumentam o SHBG, assim, a fração livre dos androgênicos diminui. A insulina aumentada, vi agir também aumentando a produção de androgênios na célula da teca. Também vai agir à nível hepático reduzindo a síntese dos transportadores de androgênios e do fator de crescimento (SHBG e IGBP-1), o que vai promover um aumento de androgênios livres. SECREÇÃO INAPROPRIADA DE GONADOTROFINAS Produção excessiva de LH e ↓ produção de FSH (não se sabe o motivo). O LH, na célula da teca, promove a transformação de colesterol em androgênios. Se ele está aumentado, aumenta a produção de androgênios. Se o FSH diminui, vai diminuir a aromatização. Dessa forma, vai ter um acúmulo de androgênios. Essa mulher passa a ter uma produção constate de LH (alta) e uma produção tônica/constante e baixo de FSH. Não ovulam porque não tem o pico de LH. ✓ ↑LH estimula a síntese de andrógenos ovarianos (células da teca) ✓ células dos ovários das mulheres com SOP são mais eficientes em converter os precursores de andrógenos ✓ em testosterona que células normais. ↑atividade das enzimas do citocromo P450c-17(17hidroxilase e 17,20 liase). Durante o desenvolvimento puberal, o primeiro que aparece na mulher é o broto mamário (telarca), posteriormente os pelos pubianos e axilares (pubarca). Quando entra na puberdade começa a ter um funcionando dos ovários e da suprarrenal. O ovário leva à telarca, e a suprarrenal à pubarca. Telarca → pubarca → estirão de crescimento Portanto, o certo é queo ovário comece a funcionar antes. Mas em algumas meninas, a suprarrenal pode começar antes, o que leva a uma pubarca antes da telarca. Pode ser encontrado em até 25% dos casos. • Clínico • Laboratorial • Ultrassonográfico ✓ Hiperandrogenismo (70%) ✓ Oligomenorreia ou amenorreia (80%) ✓ Infertilidade ✓ Obesidade (35 a 60%) ✓ Síndrome HAIR-AN (50 a 75%) ✓ Hiperplasia e câncer endometrial RR=3 → como ela não ovula, o endométrio está somente sob o estímulo de estrogênio, sem progesterona ✓ Câncer de mama RR=3 ✓ Dislipidemias ✓ Doença cardiovascular RR=7,4 ✓ Diabetes mellitus ✓ Abortamentos → ovula mal ✓ Pré-eclampsia e diabetes gestacional ✓ 65% a 85% dos casos ✓ Oligomenorréia (ciclos com mais de 35 dias) ✓ Amenorréia (3 ou mais ciclos consecutivos ou 6 meses sem menstruar) ✓ 15% a 40% eumenorreicas principalmente pelos critérios de Rotterdam → pode ter ciclos normais mas ter ovário policístico e hiperandrogenismo. Score para calcular o hirsutismo. Dá uma pontuação para cada grau de hirsutismo que for encontrado. É importante para acompanhar o grau de evolução de acordo com o tratamento (se teve melhora clínica ou não com o avançar do tratamento). Score até 8 → normal Socre > 8 → hirsutismo Algumas vezes ocorre um quadro de hirsutismo acentuado, esse quadro é acentuado é chamado de virilização. ✓ Hirsutismo acentuado ✓ Calvice padrão masculino ✓ Aprofundamento da voz ✓ Hipertrofia muscular ✓ Aumento do clitóris ✓ Hipoplasia mamaria Sempre que estiver diante dessa situação, deve-se pensar em tumor de ovário ou da suprarrenal. Não é obrigatoriamente pelo ovário policístico, e vai diminuindo com a idade. • RISCO DEFINIDO: • Diabetes Mellitus • Dislipidemia • Hiperplasia ou câncer de endométrio (ação estrogênica continua sobre o endométrio sem oposição progestagênica) • RISCO AUMENTADO: • HAS • Cardiovascular • Diabete gestacional • Câncer de ovário ✓ Tireoideopatias ✓ Hiperprolactinemia ✓ Hiperplasia adrenal congênita forma não clássica ✓ Tumores de ovário ✓ Tumores de adrenal ✓ Síndrome de Cushing ✓ Hirsutismo idiopático • TSH (para excluir hipotireoidismo) • Prolactina (para excluir hiperprolactinemia) • Testosterona total (as vezes pode estar normal, mas a fração livre está aumentada) • SDHEA > 700 ug/dL (30 a 70% das hirsutas) → é quase exclusivamente de produção adrenal (para descartar causa adrenal) • 17-hidroxi progesterona (para descartar hiperplasia suprarrenal congênita) • USG para descartar tumor ovariano • LH/FSH > 2 (40 a 60%, mais comum em magras) • Teste do ACTH OBS: paciente com hirsutismo dosa-se a testosterona (mesmo que a clínica esteja óbvia), porque quando a testosterona estiver muito alta, pode indicar tumor. Fácies de lua cheia, estrias abdominais púrpuras, gordura de distribuição central, perda de força mm proximais, hematomas, giba ✓ Cortisol livre na urina de 24 horas ✓ Teste de supressão com dexametasona Exames para ver se a causa é por insulino- resistência, porque mesmo sendo a maioria dos casos, pode não ser. • Glicose/insulina < 4,5 → índice HOMA, indica se a paciente tem ou não insulino-resistência • Insulina de jejum > 15 mcU/ml (depende do índice de massa corpórea) • TOTG (2/2 anos) • HOMA IR • Perfil lipídico (2/2 anos) • SHBG (androgênios e insulina) Exemplo: Paciente com glicose 80 e insulina 20. Não é diabética, mas apresenta insulino- resistência, porque: 80/20 = 4 4 < 4,5 (índice HOMA). • FATORES DE RISCO: • Peso ao nascimento (> 4 kg) • Adrenarca prematura (antes da telarca) • Precocidade sexual atípica (pelos antes da telarca) • Obesidade com ancantosis nigricans • QUEIXAS DAS PACIENTES: • Disfunções menstruais • Hiperandrogenismo • Infertilidade • Obesidade • Prevenção do câncer endometrial • Risco de DM tipo 2 • Risco de doença cardiovascular O tratamento vai visar o principal foco do problema. • DISFUNÇÃO MENSTRUAL: • Anticoncepcionais hormonais • Progestagênios (10 dias todo mês - espera menstruar, e após 15º dia, dar 10 dias de progesterona) • Metformina → corrige a insulinemia • HIPERANDROGENISMO: • Anticoncepcionais hormonais (pílulas anti- androgenicas) • Progestagênios (para bloquear o LH) • Antiandrogenicos (acetato de ciproterona, espironolactona, finasterida, flutamida, cimetidina) • Metformina • Tratamento cosmético • INFERTILIDADE: • Indutores da ovulação (o mais utilizado é o citrato de clomifeno) • Pode associar à metformina • Gonadotrofinas (FSH e LH) → mas é perigoso • Eletrocauterização do estroma ovariano (para diminuir o ambiente androgênico) • OBESIDADE: • Dieta • Exercício físico • Drogas antiobesidade • A obesidade leva a um hiperestrogenismo, porque a célula adiposa tem aromatose. • Mudanças de hábitos: É importante porque 50% são obesas. Redução de 5% do peso corpóreo já é importante para que essa mulher retorne a ovular. • Aumenta a SHBG • Aumenta • Orientação dietética • Exercícios • Tratamento cosmético • Psicoterapia ✓ Dermatologista ✓ Nutricionista ✓ Eletricista ✓ Endocrinologista ✓ Ginecologista Mulher de menstrua regularmente e apresenta um hiperandrogenismo brando. Preocupar-se mesmo assim com a dislipidemia e diabetes (dosar colesterol e glicemia a cada 2 anos). Para bloquear o LH. O ovário é o local de produção de andrógenos (mas não é necessariamente a causa). • CONTRACEPTIVOS HORMONAIS ORAIS: Para bloquear a produção androgênica dos ovários → pílula (para bloquear o eixo HHO, aumentar os níveis de SHGG). Para inibir a 5-alfa-redutase → ciproterona e drosperinona são as melhores opções. • ACETATO DE CIPROTERONA: Contudo, em casos de hirsutismo, apenas pílula não resolveria o problema, é necessário associar com uma droga de acetato de ciproterona 50 mg. OBS: não pode engravidar tomando essa droga, porque inibe os androgênios, assim, se for menino o bebê, não iria desenvolver o testículo. • ESCOLHA DA PÍLULA: É importante escolher uma pílula anti- androgênica. Cuidado com as pílulas androgênicas. Pode-se dar pílula associado a espironolactona (50 a 100 mg/2x ao dia/12 meses). ESPIRONOLACTONA: Síntese ovariana e adrenal Compete pelo receptor androgênico Inibe a 5-alfa-redutase Reduz a resistência à insulina Inibidores da ECA e anti-inflamatórios. Metformina – 1500 a 2000 mg/dia Roziglitazona/troglitazona – 400 mg/dia • CITRATO DE CLOMIFENO: Indutor de ovulação mais utilizado. 50 mg do 3 ao 7º dia do ciclo. Pode ser associado a uma metformina (se a causa for insulino-resistência) ou a um corticoide (se a causa for adrenal). • GONADOTROFINAS: Se não resolver com o indutor de ovulação, encaminhar para especialista em reprodução humana para induzir a gravidez com gonadotrofinas (perigo de morte por síndrome do hiperestimulo). • DRILLING LAPAROSCOPICO: Tesoura laparoscópica para cauterizar o interior do ovariano, para não fazer cicatrizes no ovário, o que poderia dificultar a gravidez. Também é chamado de perfuro- cauterização-ovariana. Pílula ou progesterona continua ou progesterona 14 dias no mês. As pacientes com SOP tem maior risco para Síndrome Metabólica. • TRATAMENTO: • Metformina • Glitazonas • Estatinas
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