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ESPONDILITE ANQUILOSANTE AULA 6 INTRODUÇÃO DOENÇA INFLAMATÓRIA QUE ENVOLVE O ESQUELETO AXIAL, OLIGOARTRITE, DACTILITE E ENTESITE. • Faz parte do grupo de espongilopatias (EpA), grupo de doenças distintas, mas que têm em comum características clínicas, radiológicas, epidemiológicas e etiopatogênicas. • Clínica: envolvimento axial inflamatório ascendente (sacroileíte inicialmente), artrite periférica, entesite, dactilite, uveite anterior, DII, balanite circinada, úlceras orais, nefropatia IgA, amiloidose, queratoderma blenorrágico, Iao, distrofia ungueal, fibrose pulmonar apical e psoríase. • Epidemiológicas e etiopatogênicas: mais comum ente homens, caucasianos e jovens (<45anos), associado a HF e com HLA-B27. • Podemos classificar as EpAs como predominantes axiais (espondiloartrite axial não radiográfica e espondilite anquilosante) e predominantemente periféricas (artrite reativa, psoriásica, enteropática e indiferenciada). • Etiopatologia em geral correlacionada com o dobramento errôneo da HLA-B27, levando a um processo inflamatório. • HLA-B27 está presente em cerca de 90% dos pacientes portadores de EA. • Fatores ambientais como a produção de IL17 e IL23 também estão envolvidos. PATOGENIA ENTESITE • Entesite é a reação inflamatória crônica com erosão óssea adjacente, seguida por um processo crônico de reparação tecidual, durante o qual costuma haver neoformação óssea e evolução para anquilose. • Articulações mais acometidas: quadril e coluna vertebral. Ourtos locais: sínfise púbica, calcâneo, patela e artriculação manúnbrio-esternal. • Articulação mais precocemente envolvida: sacroilíaca. • Na coluna, são acometidas primeiras os discos intervertebrais. • As entesites se iniciam na região anterior da vértebra, na inserção ânulo-fibroso do disco. • A neoformação óssea se transforma numa protuberância óssea (sidesmófito), formando “pontes” entre os corpos vertebrais. • O envolvimento da coluna é ascendente, começando pelas articulações sacroilíacas e coluna lombossacra. 2 • Erosões cartilaginosas centrais são comuns na EA (ao contrário da AR). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • O primeiro sintoma costuma ser a lombalgia (pela sacroileíte), inicialmente unilateral, insidiosa e profunda, acompanhada por rigidez matinal ou após longos períodos de inatividade. • Cronicamente (> 3 meses) a lombalgia se torna bilateral e persistente, podendo apresentar exacerbações noturnas. • Inicialmente, a limitação lombar é devida ao espasmo da musculatura paraesternal, porém, nas fases mais avançadas, o principal motivo é a anquilose óssea. • Então, na lombalgia terá: piora ao repouso, melhora ao movimento, intensidade pela noite, rigidez matinal prolongada e redução da amplitude de movimento da coluna lombar. • Hipersensibilidade óssea pode ser relatada e vista no exame, principalmente em junções costocondrais, ápofises espinhosas das vértebras, cristas ilíacas, trocânteres maiores, tuberosidades isquiais e tibiais e nos calcâneos. • Artrite em grandes articulações como quadril e ombro são encontradas em 25-35% dos casos. Já as periféricas (assimétricas), podem ser vistas em até 30%. • O comprometimento axial costuma ser progressivo e ascendente, também acometendo a coluna torácica e cervical. • O envolvimento da coluna torácica gera dor e cifose progressiva, juntamente com uma redução da expasibilidade torácica • A coluna cervical, com dor e rigidez, costuma ser tardio. • A entesite está presente principalmente no calcâneo e fáscia plantar, e oligoartrite simétrica de MMII podem ocorrer. MANIFESTAÇÕES EXTRA-ARTICULARES • Estão assocoiadas com a presença do HLA-B27. • Uveite anterior aguda (+ comum; 30-40%), fibrose pulmonar bolhosa apical, IC (10%), IAo, nefropatia por IgA, amiloidose renal (1-3%), BAVT, síndroma da cauda equina, fratura e deslocamento da coluna e DII. EXAME CLÍNICO • O comprometimento sacroilíaco pode ser verificado por manobras que tensionem a articulação local. 3 COLUNA CERVICAL • Teste tragus-parede: mede-se com fita métrica a distância do tragus a parede, se aumentada podemos ver o “sinal da flecha”. COLUNA TORÁCICA • Analisar a expansibilidade torácica. COLUNA LOMBAR Teste de Schöber 1 – Medir com fita métrica a distância entre a transição lombossacra e 10 cm acima. 2 – Em seguida, é solicitado ao paciente que flexione a coluna e tente alcançar as mãos no chão. 3 – Novamente, mensura-se a distância entre a transição lombossacra e o ponto prevemente traçado. 4 – Variação menor ou igual a 5 cm é compatível com mobilidade lombar reduzida. Na doença avançada: perda da mobilidade da coluna posição esquiador, retificação da coluna lombar, acentuação da cifose e projeção anterior da coluna cervical retificada. SACROILEÍTE Manobra de Patrick-FABERE 1 – Solicita-se ao paciente que faça um “4” (flexão, abdução, rotação externa do quadril). 2 – Em seguida, o examinador coloca uma mão no joelho flexionado e a outra mão na crista ilíaca. 3 – Aplica-se força para baixo. 4 – Dor na região inguinal homolateral provavelmente se trata de patologia do quadril. Mas dor contralateral e posterior sugere sacroileíte. 4 EXAMES LABORATORIAIS • PCR e VHS habitualmente estão elevados. • HLA-B27 é positivo em 90% dos casos, mas sua ausência não exclui o diagnóstico. • Solicitar: Hemograma, PCR, VHS, FR, sorologias (HIV, gonococo, virais), ác. Úrico, RX de sacroilíaca (Fergunson), RX de coluna e em alguns casos o HLA-B27. EXAMES DE IMAGEM • Exames inciais: radiografia sacroilíaca, de coluna cervical, torácica e lombar. • No RX de coluna podemos ver: sidermófilos, coluna em bambu, quadratura vertebral e sinal de romanus (cantos brilhantes). • A RNM de sacroilíacas é útil na EpA axial não radiográfica. Bico de papagaio – osteófito, uma alteração de artrose, crescimento mais grosseiro. Sindesmófito – vertical e discreto DIAGNÓSTICO • Lombalgia inflamatória presente por mais de 3 meses, associada à presença de sacroileíte na radiografia convencional, confirma o diagnóstico de EA. 5 • Os critérios de sacroileíte radiográfica são obrigatórios, associado a pelo menos 1 critério clínico. • Se não houver imagem radiológica compatível, podemos pedir o HLA-B27 e ter pelo menos duas das características do quadro cinza. TRATAMENTO • Medidas não farmacológicas: evitar posições viciosas, exercício respiratórios, educação do paciente, atividade física e fisioterapia. • Em relação ao tt farmacológico, os AINEs são a primeira linha de terapia. • Os glicocorticóides são contraindicados, visto que não melhoram os sintomas e podem piorar a osteoporose vertebral e justarticular. • Na falha dos AINEs, indicam-se os DMARDs biológicos (anti-TNF ou anti-IL17). SEGUIMENTO • O BASDAI -> mais utilizado. Leva em conta a dor, rigidez matinal, avaliação global do paciente e articulações periféricas e entese para avaliar esse paciente, assim como as provas de atividade inflamatória. • O ASAS lembra muito o BASDAI, mas leva em consideração o PCR. 6 DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS • Ileite condensante; Hiperparatireoidismo; Gota tofácea; Osteoartrose; Infecciosa (S. aureus, TB, sífilis, brucelose); Lombociatalgia; Pseudogota; DISH; Fibromialgia. • Espondilodiscite pode ser bacteriana, por tuberculose (mal de Pott), sífilis e brucelose (mais raro). • DISH é uma alteração bastante radiográfica, um achado de ossificação do ligamento longitudinal lateral e anterior, formando um processo de quatro vértebras grudadas, fundidas, um quadro mais grosseiro.
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