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Exame clínico dos olhos


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Pedro Macedo – Turma 09 – Medicina UFOB 
Exame clínico dos olhos 
Exame clínico dos olhos 
Pontos anatomofisiológicos importantes 
 
 
Identificação do paciente 
• Importância da idade → algumas afecções oculares ocorrem com mais frequência 
em determinadas faixas etárias 
— RN → Exemplos: glaucoma congênito (epífora, fotofogia, opacidade corneana e aumento do 
diâmetro da córena) e oftalmia gonocócica neonatal (conjuntivite purulenta, quase sempre 
bilateral); 
— RN/ infância → aparecimento do estrabismo, o qual não deve ser confundido com 
incoordenação motora ocular (esta ocorre até os 3 meses de vida quando a criança não fixa os 
olhos corretamente); 
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— Infância → retinoblastoma, xantogranuloma, conjuntivite; 
— Adolescência → aparecimento dos vícios de refração; miopia com tendência progressiva na 
adolescência e com estabilização na vida adulta; 
— Adulto → lesões de origem profissional, dacriocistites agudas, conjuntivites e uveítes; 
— Idosos → fenômenos de senescência, como: catarata, blefaroptose, lesões vasculares e 
degenerativas da retina. 
• Importância da profissão 
— Trabalhadores de ambientes fechados e empoeirados → maior tendência para apresentar 
blefarite e conjuntivite; 
— Trabalhadores expostos ao sol → apresentam pterígio com mais frequência; 
— Trabalhadores do campo → traumatismos oculares são comuns por conta de galhos de árvores. 
• Hábitos alimentares 
— Avitaminose A → xeroftalmia, úlcera de córnea, nictalopia e transtornos de visão cromática; 
— Diabetes tipo 2 → retinopatia diabética; 
— Etilismo e tabagismo → podem corroborar à redução da acuidade visual por lesão 
desmielinizante do nervo óptico. 
Sinais e sintomas 
• Sensação de corpo estranho 
— Sensação desagradável, quase sempre acompanhada de dor; 
Causas 
Presença de corpo estranho na córnea, na 
conjuntiva bulbar ou na conjuntiva palpebral 
Cílios virados para dentro 
Inflamação corneana superficial ou abrasão Conjuntivite 
 
• Queimação ou ardência 
— Sensação desagradável que faz o paciente lavar os olhos para tentar aliviar o sintoma; 
— Suas causas são erros refratários não corrigidos. 
Causas 
Ceratite Sono insuficiente 
Exposição à fumaça, poeira, produtos 
químicos 
Conjuntivite 
Síndrome de Sjögren 
 
• Prurido 
— Quase sempre está associado a algum processo alérgico, mas pode ser causado por vício de 
refração não corrigido. 
• Sensação de olho seco 
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Causas 
Paralisia facial Síndrome de Sjögren 
Exposição da conjuntiva por mau 
posicionamento da pálpebra 
Conjuntivite crônica 
 
• Lacrimejamento ou epífora 
— Ocorre por excesso de secreção de lágrimas ou por defeito na drenagem; 
— Estímulo aferente → ramo oftálmico do trigêmeo (NC V); 
— Estímulo eferente → nervo facial (NC VII); 
Causas 
Obstrução da via lacrimal excretora Hipertireoidismo 
Dor ocular Inflamação da conjuntiva ou da córnea 
Aumento de secreção por emoções Presença de corpo estranho na córnea 
Glaucoma congênito 
 
• Dor ocular 
— Ocorre quando há alguma afecção do globo ocular; 
— Dor visceral que o paciente não consegue localizar muito bem; 
Obs: quando a dor é de origem palpebral o paciente é capaz de localizá-lo e, geralmente, essa dor 
de origem palpebral pode ser acompanhada de eritema, rubor e edema caso a causa base seja de 
origem inflamatória. 
Causas 
Abscesso Inflamação palpebral 
Dacrioadenite Celulite orbitária 
Periostite Conjuntivite aguda 
Esclerite e Episclerite Corpo estranho corneano 
Uveite anterior (irite e iridociclite) Sinusite 
 
• Fotofobia 
— Comumente associada à inflamação da corneana, afacia (ausência de cristalino), irite e 
albinismo ocular; 
Obs: acetazolamida e cloroquina podem produzir fotofobia. 
• Hemeralopia e Nictalopia 
— Hemeralopia → cegueira diurna, caracterizada por função deficiente dos cones; 
— Nictalopia → cegueira noturna, caraterizada por função deficiente dos bastonetes. Sintoma 
típico de retinopatia pigmentar, glaucoma em fase tardia, avitaminose A, etilismo, síndrome de 
má absorção. 
• Xantopsia, iantopsia e cloropsia 
— Xantopsia → visão amarelada. Ocorre em intoxicações medicamentosas (fenacetina, 
digitálicos, salicilato sódico, ácido pícrico) e, às vezes, como sintoma de icterícia intensa; 
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— Iantopsia (visão violeta) e cloropsia (visão verde) → menos frequentes e podem estar 
associados a intoxicação por digitálicos e barbitúricos. 
• Diplopia (visão dupla) 
— Ocorre quando o paciente desenvolve desvio ocular, podendo ser mono ou binocular; 
— Causas de diplopia monocular → cristalino subluxado (ex: lente ectópica da s. de Marfan), 
catarata nucelar (cristalino tem 2 pontos focais), Coloboma da íris e deslocamento de retina; 
— Causas de diplopia binocular → paralisia de um ou mais músculos extraoculares, restrição 
mecânica e centralização imprópria 
• Escotoma 
— Área de cegueira parcial ou total, dentro de um campo visual normal ou relativamente normal; 
Características a serem investigadas: 
— Posição → central (corresponde ao ponto de fixação), periférica e paracentral (próximo ao 
ponto de fixação); 
 
— Forma → circular (lesão focal da retina e na coroide), oval (lesão do feixe papilomacular), 
arciforme (glaucoma crônico), cuneiforme (atrofia óptica ou afecções coroidianas justapapilares), 
anular (o central indica lesão macular, o paracentral corresponde ao glaucoma crônico e o 
periférico, à degeneração pigmentar da retina), pericecal (em todas as alterações que rodeiam e 
incluem a papila – glaucoma crônico simples, edema de papila, neurite óptica) e hemianóptico 
(lesão quiasmática). 
— Tamanho → pouca importância, embora possa mostrar gravidade da lesão. Pode variar de 
tamanho rapidamente dependendo da progressão da doença de base 
— Intensidade → varia de cegueira absoluta a um mínimo de perda da acuidade visual; 
— Uniformidade → responsividade da mesma forma em todas regiões do escotoma quando 
estimuladas com a mesma intensidade; 
— Início e evolução → o início de um escotoma em uma ambliopia pelo uso de tabaco é gradual 
em seu curso e de evolução muito lenta, enquanto o escotoma central, na esclerose múltipla, 
aparece em horas. 
• Nistagmo 
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— Movimentos repetitivos rítmicos dos olhos; 
— Causas → distúrbios oculares (estrabismo, catarata, coriorretinite) ou disfunções neurológicas. 
Obs: geralmente é acompanhado de redução da acuidade visual. 
Características: 
— Frequência → rápido ou lento; 
— Amplitude → amplo ou estreito; 
— Direção → horizontal, vertical, rotacional; 
— Tipo de movimento → pendular (movimento do olho em cada direção é igual) ou jerk 
(componente lento em uma direção e rápido em outra); 
• Diminuição e perda de visão 
— É importante esclarecer há quanto tempo o paciente vem notando alteração na sua acuidade 
visual, se a diminuição foi lenta ou súbita, se não havia uma baixa da acuidade há mais tempo ou 
se só agora foi percebida. 
Exame físico 
• Globo ocular e cavidade orbitária 
— Hipertelorismo → sinal de diversas síndromes, como: Edwards (trissomia do 18), síndrome de 
DiGeorge, displasia craniofrontonsal, etc. 
 
— Microftalmia → comum na rubéola congênita; 
 
— Exoftalmia → protrusão do globo ocular. É avaliada, geralmente, com uma régua milimetrada. 
A distância normal entre o ápice da córnea e a margem orbitária lateral é, em geral, menor que 20 
mm, sendo uma diferença de 2 mm entre os dois olhos considerada suspeita. Sinal importante de 
hipertireoidismo. 
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• Aparelho lacrimal 
— Inspeção → etectar aumento de volume da glândula lacrimal, que se situa na parte externa da 
pálpebra superior, cujas causas principais são as afecções inflamatórias (dacrioadenites) e as 
neoplasias; 
— Palpação → avaliam-se a consistência, a profundidade e a sensibilidadedas glândulas 
lacrimais. 
— Epífora é o lacrimejamento em excesso. 
• Pálpebras 
— Inspeção → investigam-se a cor, a textura, a posição e os movimentos das pálpebras, além de 
eventual presença de edema; 
— Na região periocular, procurase observar se os cílios estão virados para dentro (triquíase), se 
houve queda (madarose) ou se os cílios se tornaram brancos (poliose); 
 — No local de implantação dos cílios, devese investigar a presença de hiperemia, escamas e 
úlceras, alterações comuns nas blefarites; 
Avaliação da motilidade palpebral: 
— O orbicular, formado de fibras estriadas e inervado pelo facial, faz a oclusão da pálpebra; 
— O elevador da pálpebra superior, de fibras estriadas, inervado pelo nervo oculomotor; 
— Músculo tarsal de Müller, constituído de fibras lisas e inervado pelo simpático, participa da 
elevação palpebral. 
Alterações importantes: 
— Lagoftalmia → quando a pálpebra inferior não consegue cobrir o globo ocular. Comum na 
paralisia facial, exoftalmia e nas retrações cicatriciais; 
— Blefaroptose/ ptose → condição em que a borda da pálpebra superior se encontra abaixo de 
sua posição normal. Congênita pode ser por deficiência funcional do reto superior e adquirida faz 
parte da síndrome da paralisia do nervo oculomotor. 
Pedro Macedo – Turma 09 – Medicina UFOB 
 
• Conjuntiva e esclera 
— Conjuntiva → membrana mucosa, transparente e fina que reveste a esclera e a superfície 
posterior da pálpebra. Por debaixo dela, é possível, às vezes, observar vasos episclerais; 
Obs: o exame da conjuntiva pálpebra inferior fornece informações importantes para detectar 
quadros anêmicos, pois nestes a cor normal, rosa-vivo, torna-se rosa-pálido ou quase branco. 
— Esclera → coloração normal é branco-porcelana. Sua cor pode ser alterada por depósito de 
pigmentos, como a melanose ocular, icterícia. 
 
• Córnea 
— Sua superfície normal forma uma excelente área de reflexão, sendo que quaisquer pequenas 
alterações já são perceptíveis com boa iluminação; 
— Tamanho da córnea → normal é 10,6 mm (parte vertical) por 11,7 mm (parte horizontal). A 
ocorrência de megalocórnea sugere glaucoma congênito. A microcórnea faz pensar em rubéola 
• Pupila 
— O diâmetro da pupila normal varia de 3 a 5 mm em um ambiente iluminado; 
— Pupila menor que 3 mm está em miose. A pupila pode estar miótica se o paciente estiver 
usando certos medicamentos ou drogas, como a pilocarpina e a heroína; 
— Pupila maior do que 7 mm, em midríase. A midríase pode ocorrer em contusões oculares e em 
algumas doenças cerebrais. 
• Diminuição ou perda da visão (amaurose) 
— Pode ser mono ou binocular; 
Pedro Macedo – Turma 09 – Medicina UFOB 
— As causas de perda súbita de visão unilateral → obstrução da veia central da retina, da 
artéria central da retina, hemorragia vítrea ou retiniana, neuropatias ópticas, descolamento da 
retina envolvendo a mácula, amaurose urêmica (perda total da visão por uremia), endoftalmite 
embólica, trombose da artéria carótida interna e lesões traumáticas do nervo óptico (fratura do 
canal óptico); 
— As causas da perda súbita de visão bilateral → neuropatias ópticas, amaurose urêmica, 
traumatismo craniano, transtorno de conversão (histeria), enxaqueca oftálmica; 
— As causas de perda gradual de visão → vícios de refração, afecções corneanas (ceratites, 
distrofias, reações alérgicas, edema, ceratocone), afecções da úvea (inflamações, doenças 
hemorrágicas, neoplasias), glaucoma (geralmente do tipo crônico), afecções do vítreo (qualquer 
opacificação, hemorragias), afecções da retina (lesões vasculares, degeneração tapetorretiniana, 
retinite, neoplasias, descolamento da retina) e lesões do nervo óptico (processos inflamatório, 
isquêmico, neoplasia, papiledema, atrofia óptica). 
 
Exame neuroftalmológico 
 
 
 
 
Pedro Macedo – Turma 09 – Medicina UFOB 
 
 
Doenças comuns dos olhos