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Doença de Addison

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Maria Clara Fernandes - MEDICINA 
DEFINIÇÃO: 
A Doença de Addison ou insuficiência adrenal 
primária é um distúrbio raro, resultante da 
destruição progressiva do córtex suprarrenal. 
EPIDEMIOLOGIA: 
A insuficiência adrenal primária tem uma 
prevalência de 140 casos por milhão de pessoas, 
porém acredita-se que a real prevalência seja 
muito maior. 
Isso ocorre porque o número de diagnósticos 
equivocados e subdiagnósticos é muito grande, 
com cerca de 60% dos pacientes procurando a 
atenção de dois ou mais médicos antes de 
terem seu diagnóstico correto. 
Cerca de 90% dos casos dessa doença são 
atribuídos a quatro distúrbios: a adrenalite 
autoimune, a tuberculose, a AIDS (síndrome da 
imunodeficiência adquirida) ou o câncer 
metastático. 
Segundo estudos de literaturas americanas e 
europeias, a adrenalite autoimune é responsável 
por 68% a 94% dos casos de DA. 
Já na África e na Índia, a adrenalite por 
tuberculose ou outras doenças infiltrativas 
ainda são as etiologias mais prevalentes. 
FISIOPATOLOGIA: 
A Doença de Addison ocorre quando a córtex 
adrenal apresenta uma incapacidade de 
produzir suficientemente os hormônios cortisol 
e aldosterona, seja por uma doença suprarrenal 
ou pela redução do estímulo das suprarrenais 
para essa produção. 
As alterações anatômicas das glândulas 
adrenais dependem da doença subjacente 
associada. 
No caso da adrenalite autoimune, as glândulas 
se tornam irregularmente contraídas e com 
difícil identificação do tecido adiposo 
suprarrenal, podendo apresentar infiltrados 
linfocitários variáveis presentes no córtex, que 
podem se estender até a medula adjacente. 
Nos casos de doença tuberculosa ou fúngica, a 
morfologia da adrenal é destruída por uma 
reação inflamatória granulomatrosa. 
Já nos casos de DA por carcinoma 
metastático, as adrenais se encontram 
aumentadas e escurecidas pela neoplasia 
infiltrante. 
ETIOLOGIA: 
A insuficiência adrenal primária ou Doença de 
Addison pode ter diferentes etiologias, incluindo 
processos autoimunes, doenças infecciosas, 
granulomatosas, infiltrativas, hemorragias, 
trombose adrenal, uso de alguns fármacos e 
algumas doenças genéticas raras. 
A tuberculose era a causa mais comum de 
Doença de Addison no mundo todo, mas, com a 
introdução da quimioterapia eficaz para a 
tuberculose, esse número diminuiu 
consideravelmente. 
Maria Clara Fernandes - MEDICINA 
A Doença de Addison autoimune pode ocorrer 
de forma isolada, mas, em cerca de 70% dos 
casos, ela ocorre associada à distúrbios 
autoimunes, endócrinos e não endócrinos, 
caracterizando as chamadas síndromes 
poliglandulares autoimunes (SPA). 
De acordo com a Classificação de Neufeld e 
Blizzard, existem 4 tipos de síndromes 
poliglandulares autoimunes e, entre elas, apenas 
a tipo 3 não está associada à Doença de 
Addison. 
A Doença de Addison de causa infecciosa é, 
geralmente, causada por tuberculose. 
Além dela, a DA também pode ser causada por 
infecções micóticas sistêmicas. 
No sul, sudeste e centro-oeste do Brasil, a 
paracoccidioidomicose (PCM) é endêmica e os 
casos de envolvimento das adrenais em casos 
de infecção pelo Paracoccidioides brasiliensis 
vêm crescendo de forma significativa. 
A PCM ocorre predominantemente em homens 
com mais de 30 anos de idade e os estudos de 
necropsia mostram acometimento adrenal em 
50% a 80% dos casos. 
Além disso, nos pacientes com a síndrome da 
imunodeficiência adquirida (AIDS), as adrenais 
são as glândulas endócrinas mais afetadas, 
podendo ser devido ao envolvimento secundário 
a infecções oportunistas, o uso de fármacos e 
lesões metastáticas. 
Em relação aos fármacos, os medicamentos 
que inibem a esteroidogênese adrenal ou que 
aumentam a depuração metabólica dos 
esteroides adrenais podem causar a DA. 
Porém, para que possam causar esse distúrbio, 
esses fármacos precisam ser administrados em 
altas doses ou caso já exista uma doença 
adrenal de base que limite a reserva secretória 
da glândula. 
Outros fármacos que podem causar a DA por 
hemorragia adrenal são os anticoagulantes 
(heparina e o dicumarol) e os inibidores da 
tirosinoquinase. 
A insuficiência adrenal por hemorragia adrenal 
pode ocorrer em meio à Síndrome de 
Waterhouse-Friderichsen, que resulta de um 
choque séptico causado por infecção por 
meningococo. 
Além dessa síndrome, a sepse por outros 
microrganismos também pode causar a 
hemorragia adrenal, assim como o traumatismo 
ao nascimento. 
É importante também destacar a Síndrome 
Antifosfolipídica, que se caracteriza por 
múltiplas tromboses arteriais e venosas e que 
tem se tornado uma das causas mais comuns 
de hemorragia adrenal. 
Outra etiologia comum da DA é a doença 
adrenal metastática, que ocorre em 70% dos 
casos de câncer de pulmão ou mama 
disseminados, em que surgem metástases nas 
glândulas adrenais. 
Além desses dois tipos de câncer, o 
comprometimento das adrenais por 
metástases também pode ocorrer em casos 
de linfomas, melanomas e carcinomas de rim, 
estomago e cólon. 
ETIOLOGIA GENÉTICA: 
Em relação às causas genéticas, a Doença de 
Addison pode surgir a partir da hiperplasia 
adrenal congênita, da adrenoleucodistrofia ou 
da hipoplasia adrenal congênita. 
Maria Clara Fernandes - MEDICINA 
Na hiperplasia adrenal congênita (HAC), ocorre 
a hipofunção do córtex adrenal em decorrência 
de enzimas envolvidas na biossíntese do cortisol, 
sendo a causa mais comum de insuficiência 
adrenal durante o período neonatal. 
A adrenoleucodistrofia (ALD) é uma doença 
recessiva ligada ao cromossomo X e constitui a 
terceira causa mais comum de insuficiência 
adrenal em indivíduos do sexo masculino. 
Ela resulta da produção de uma proteína 
transportadora anormal dentro dos 
peroxissomos que impede a oxidação dos ácidos 
graxos de cadeia longa, causando um acúmulo 
no cérebro, no córtex adrenal, nos testículos, no 
fígado e no plasma. 
Já a hipoplasia adrenal congênita (CAH) 
consiste em um distúrbio familiar raro em que 
ocorre um hipodesenvolvimento do córtex 
adrenal, podendo ser esporádica, autossômica 
recessiva ou ligada ao cromossomo X. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
A Doença de Addison começa de maneira 
insidiosa e silenciosa até que os níveis de 
glicocorticoides e mineralocorticoides 
circulantes estejam significativamente 
diminuídos. 
Além disso, também podem estar associadas 
com a hiperpigmentação resultante dos altos 
níveis de ACTH. 
Geralmente, suas manifestações só surgem 
quando há comprometimento de pelo menos 
90% do córtex adrenal. 
As manifestações iniciais da Doença de Addison 
são muito inespecíficas e incluem fraqueza 
progressiva e fadiga, além de febre, anorexia, 
vômitos, diarreia e perda de peso. 
Ocorre também a hiperpigmentação da pele 
nas áreas de exposição ao sol e nos pontos de 
pressão, como o pescoço, cotovelos, joelhos e 
articulações dos dedos. 
As gengivas e as mucosas orais também podem 
adquirir uma tonalidade azul-escura. 
A deficiência de mineralocorticoides causa 
retenção de potássio e perda de sódio, 
resultando em hipercalemia (níveis altos de 
potássio no sangue), hiponatremia (baixa 
concentração de sódio no sangue), depleção de 
volume e hipotensão. 
Além disso, também pode ocorrer hipoglicemia 
em resultado da deficiência de glicocorticoides 
e do processo de glicogênese prejudicado. 
Maria Clara Fernandes - MEDICINA 
No caso desses pacientes, os fatores de 
estresse e de trauma, como infecções e 
procedimentos cirúrgicos, podem precipitar 
crises adrenais agudas, que se manifestam 
através de vômitos, dores abdominais, 
hipotensão e até mesmo coma e colapso 
vascular, podendo levar o paciente a óbito de 
forma muito rápida. 
DIAGNÓSTICO: 
O diagnóstico da Doença de Addison é iniciado 
a partir da análise clínica do paciente, que pode 
apresentar sinais de choque, hipotensão, 
cianose, palidez, dores abdominais e outros 
sintomas. 
Além disso, é importante se investigar pacientes 
com determinadas doenças autoimunes e 
infecciosas. 
O diagnóstico laboratorial é feitoa partir da 
dosagem do cortisol sérico ou plasmático, além 
dos níveis de ACTH plasmático basais e dos 
testes de estímulo para avaliação da reserva 
funcional adrenocortical. 
TRATAMENTO: 
Por ser um distúrbio metabólico crônico, a 
Doença de Addison requer tratamento de 
reposição por toda a vida. 
Na maioria dos casos, a regulação diária da 
fase crônica da doença é feita por 
tratamento de reposição oral com 
glicocorticoides e mineralocorticoides, com 
administração de doses mais altas durante os 
períodos de estresse. 
Nos casos mais brandos, a administração 
apenas da hidrocortisona pode ser suficiente, 
porém também é utilizada a fludrocortisona 
em casos de pacientes que não conseguem 
efeitos suficientes de retenção salina apenas 
com a hidrocortisona. 
É de extrema importância que esses pacientes 
também se adequem a rotinas regulares de 
alimentação e exercícios físicos, pois possuem 
maiores chances de apresentarem casos de 
hiponatremia e hipoglicemia. 
Além disso, também é importante que os 
pacientes acometidos pela Doença de Addison 
utilizem braceletes ou medalhões de alerta 
médico, pois em casos de infecção, 
traumatismos ou situações de estresse, eles 
necessitam de cuidados médicos imediatos. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
“Porth Fisiopatologia” de Sheila C Grossman e 
colaboradores, nona edição, 2016. 
“Bases Patológicas das Doenças” de Robbins e 
Cotran, nona edição, 2016. 
“Endocrinologia Clínica” de Lúcio Vilar, sétima 
edição, 2021. 
Artigo “Doença de Addison de etiologia 
autoimune” de Regina C. Silva e Claudio E. Kater, 
2011.

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