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Abdome obstrutivo agudo

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ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO P3 RUTE PAULINO XXII 
ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO 
OBSTRUÇÃO DO INTESTINO GROSSO 
I. INTRODUÇÃO 
A obstrução do intestino grosso (OIG) é uma condição emergência e grave que requer rápido 
diagnóstico, identificação e tratamento. Pode ser causado por uma interrupção mecânica do fluxo ou uma 
dilatação do cólon sem uma lesão anatômica presente (Pseudo-obstrução). 
O grande desafio é: a diferenciação de um íleo, descartar causas não cirúrgicas, distinguir entre uma 
obstrução mecânica verdadeira e uma pseudo-obstrução e determinar o melhor direcionamento cirúrgico 
possível. 
 
Aproximadamente: 
• 60% dão causadas por neoplasias ou tumores 
• 20% por doença diverticular 
• 5% por volvos colônicos 
 
A causa mais comum em adultos: 
1) Neoplasia (benigna ou maligna): de início gradual, o tumor cresce e gera diminuição ou até 
mesmo tamponamento completo do lúmen intestinal. 
2) Restrições (diverticular ou isquemia): a diverticulite causa repetidos episódios de inflamação 
local, fazendo com que haja o surgimento de estenose por espessamento (hipertrofia) da parede do 
cólon. 
3) Volvos: pode ocorrer tanto no cólon como no sigmoide ou cecal. 
• Cólon: torções de cólon no mesentério, o que gera constrição das veias mesentéricas e 
impede a drenagem venosa e arterial. Nesse caso, os sintomas serão abruptos. 
• Sigmoide: típico em indivíduos mais debilitados e com histórico de constipação crônica 
• Outros: introspecção intestinal (primeiramente é uma doença pediátrica); hérnia 
encarcerada, impactação ou obstipação e íleo por cálculo biliar. 
 
II. ETIOLOGIA DA PSEUDO-OBSTRUÇÃO COLÔNICA AGUDA (SD. DE OGILVIE) 
Acomete tipicamente idosos e indivíduos hospitalizados com doenças severas 
 
Condições de risco: 
• Traumas operatórios e não operatórios (11%) 
• Infecções (10%) 
• Portadores de doenças cardíacas (10-18%) 
 
III. FISIOPATOLOGIA 
Obstrução Mecânica 
1) Primariamente, tem-se uma obstrução que gera uma dilatação intestinal (acima da obstrução). Esta, 
por sua vez, gera um edema de mucosa, além da compressão venosa e arterial dos vasos intestinais. 
2) Edema intestinal e isquemia → Aumento da permeabilidade da mucosa → translocação bacteriana, 
toxicidade sistêmica, desidratação e anormalidades no controle hidroeletrolítico. 
3) Isquemia intestinal pode levar a → perfuração e extravasamento do conteúdo intestinal na cavidade 
peritoneal. 
 
Pseudo-obstrução 
A fisiopatologia da pseudo-obstrução não está totalmente clara. Porém, acredita-se que seja resultado 
de desequilíbrio autonômico, resultado de tônus parassimpático diminuído ou produção simpática 
excessiva. Quando não tratada, a isquêmica pode levar a uma perfuração das alças intestinais 
• A pseudo-obstrução vai ser caracterizada pela diminuição no peristaltismo e consequentemente, a 
acúmulo de gases e fluidos no cólon
ÍLEO PODE SER A PARTE 
DO ID OU UMA SD. DE 
OBSTRUÇÃO INTESTINAL 
ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO P3 RUTE PAULINO XXII 
2 
 
• O colo direito e o ceco são os mais comumente afetados 
• O risco de perfuração é de cerca de 3 a 15% 
o Mortalidade de 15% em casos de atendimento precoce, aumentando para 36% se ocorrer 
isquemia colonica ou perfuração 
 
IV. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
1) História de evacuações, flatos, obstipação, calibre das fezes, fezes com sangue / melanóticas e 
sintomas 
 
2) As queixas mais comuns são distensão abdominal, náuseas, vômitos, cólicas abdominais 
 
3) Início abrupto versus gradual 
o Sintomas agudos (constipação aguda) indicam obstrução de locais como o ceco ou o sigmoide, 
por conta de volvos. 
o Já, histórico de constipação crônica, indica diverticulite ou carcinoma 
 
4) Diferenciando obstrução completa versus obstrução parcial versus íleo 
o Uma obstrução completa vai ser caracterizada pela parada total de eliminação de flatos e fezes, 
na presença de uma ampola retal vazia ao exame de toque (a obstrução pode ser no reto). 
o Uma obstrução parcial, a qual o paciente tem dificuldade na eliminação de fezes, mas ainda é 
possível a liberação de flatos, é uma condição menos urgente. 
o A distinção de uma obstrução orgânica de um íleo é importante. Íleo pode ser sugerido por uma 
dor abdominal caracteristicamente dominante na apresentação da clínica desse paciente ou 
pela presença de sinais de irritação peritoneal ou presença de febre com leucocitose 
 
5) Lesões do lado direito versus lesões sigmoides e retais 
o Lesões do lado direito podem crescer significativamente antes que a obstrução real ocorra, 
devido à grande capacidade de armazenamento do colo direito e pela consistência mole das 
fezes ali presente. 
o Câncer de colo sigmoide e reto causa uma obstrução precoce (já no início do crescimento), 
pois o colo é mais estreito e as fezes já são mais endurecidas nesse momento. 
 
Apresentação Clínica 
 
Exame Abdominal 
1) Distensão: geralmente é um sintoma característico de obstrução do IG 
2) Diminuição dos RHA: podem se apresentar normais, mas, no caso de 
uma obstrução completa, tem-se o abolimento do RHA 
3) Hipertimpanismo na percussão 
4) Rigidez e sensibilidade à palpação (abdome em tábua) 
5) Sinais de peritonite ou “guarda involuntária” 
o É o tensionamento involuntário e a resposta dos músculos 
abdominais para proteger órgãos inflamados ou lesionados. 
o Presença de febre e de GI sugerem peritonite por perfuração 
intestinal 
6) Presença de massa abdominal (vai ser palpável se estiver no ceco) ou 
plenitude 
ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO P3 RUTE PAULINO XXII 
3 
 
 
V. DIAGNÓSTICO 
Exames Laboratoriais 
1) Direcionado para avaliar a desidratação e desequilíbrio eletrolítico 
• O edema intestinal gera compressão dos vasos adjacentes. Dessa forma, tem-se a secreção de 
líquidos para o lúmen + disabsorção de eletrólitos, gerando comprometimento hemodinâmico 
e consequentemente hipovolemia (choque). Outro fator que gera a desidratação é o estimulo 
cerebral ao vômito quando se tem uma obstrução intestinal, assim o indivíduo perde mais água 
e mais eletrólitos. 
2) Hemograma completo, química sérica, gravitação específica da urina 
• A diminuição do hematócrito, especialmente com evidência de anemia por deficiência de ferro 
crônica, pode sugerir sangramento gastrointestinal inferior crônico, particularmente devido ao 
câncer de cólon (exame de fezes com detecção por guáiaco – pesquisa de sangue oculto) 
• A obstrução intestinal ou constipação pode elevar levemente a contagem de leucócitos, mas 
leucocitose substancial deve levar à reconsideração do diagnóstico (pode ser um caso de íleo 
derivado de uma infecção intra ou extra-abdominal). 
• Se houver ânion gap anormal, deve-se fazer uma gasometria arterial ou medição do lactato 
sérico. 
3) Exames de coagulação (TP, TTPA, TAP e crossmatch) 
• Em casos de sangramento significativo, deve ser feito para pesquisar coagulopatias secundária à 
sepse ou como avaliação pré-cirúrgica. 
 
Exames de Imagem 
1) Raio-X simples 
✓ Radiografia de tórax vertical para determinar se há a presença 
de ar livre na cavidade torácica. Na imagem, vemos ar livre acima 
do diafragma, patognomônico de perfuração intestina (a ausência 
desse achado, não exclui perfuração como causa) 
✓ Radiografia abdominal plana e vertical para dilatação, ar livre, 
volvo, ar intramural 
− Pode mostrar se há dilatação do ID ou IG, volvo no sigmoide 
ou volvo cecal ou presença de ar intramural, que pode 
significar isquemia colônica. 
Exame Retal 
1) Toque retal para verificar a permeabilidade anal e verificar presença de 
fezes na ampola retal 
2) Fezes endurecidas versus fezes amolecidas versus ampola vazia 
a. Fezes endurecidas sugerem impactação na parede intestinal 
b. Fezes amolecidas sugerem obstipação intestinal 
c. Ampola retal vazia sugere obstrução proximal ao local onde o 
dedo do examinador consegue alcançar 
3) Pesquisa de sangue oculto nas fezes: a positividade do SOF podesugerir uma neoplasia proximal ou um quadro de diverticulite 
Exame Inguinal e Femoral 
1) Pesquisa de hérnia inguinal encarcerada: obstrução colonica é 
frequentemente causada por hérnia inguinal esquerda com o colo 
sigmoide encarcerado na hérnia 
ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO P3 RUTE PAULINO XXII 
4 
 
✓ Traçado de ar ao redor do cólon – esse exame pode gerar dúvidas, principalmente se o paciente fez 
previamente exame de toque ou enema. 
− Um colon dilatado sem ar no reto é um sinal consistente de obstrução 
✓ Presença ou ausência de ar no reto: presença de ar no reto é característico de obstipação, íleo ou 
obstrução parcial 
 
2) Enema de Bário ou Gastrografina 
A Gastrografina é um líquido iodado usado como contraste. Vai ser usado 
quando não puder usar o bário e pode ser administrado por via retal ou 
oral. 
✓ Consegue localizar a obstrução 
✓ “Bico de pássaro” → volvo cecal 
− Nesse caso, quando o contraste adentra o intestino e termina em 
um “bico de pássaro”, a sugestão é de volvo colônico (como 
mostrado na imagem) 
✓ A Gastrografina solúvel em água deve ser realizada antes do bário 
contrastado, porque não causa peritonite química caso o intestino 
esteja perfurado. Além disso, tem um efeito laxante osmótico que 
pode desobstruir a vida obstipada. 
 
3) Tomografia Computadorizada com contraste EV ou retal 
Não é realizada inicialmente. 
✓ Realizada se o diagnóstico ainda estiver em questão após o uso de outras modalidades 
✓ Útil para descartar hipóteses de abscesso abdominal ou outras causas de íleo 
 
VI. TRATAMENTO 
→ Reanimação com volume, antibióticos pré-operatórios apropriados, descompressão gástrica e 
consulta cirúrgica oportuna. 
o A cobertura de antibióticos deve incluir organismos Gram negativos aeróbios e Gram 
negativos anaeróbios 
→ Pacientes com obstrução intestinal completa não devem receber nada pela boca. Já, pacientes 
com obstrução parcial conseguem receber líquidos claros, algumas medicações orais e 
medicamentos para preparação intestinal 
→ Evitar medicamentos que diminuem a motilidade intestinal, como narcóticos e anticolinérgicos 
→ Contraindicado o uso de laxantes orais em caso de suspeita de obstrução intestinal 
 
Tratamento Conservador 
• Constipação simples: enemas transrretais 
• Abordagem paliativa se a obstrução for causada não apenas por uma doença maligna, mas 
substancialmente disseminada ou mesmo doença inoperável. 
• Pseudo-obstrução colônica aguda: 
o Se não houver perfuração, tratamento conservador nas primeiras 24 horas com repouso 
intestinal, hidratação e tratamento de doenças subjacentes. 
o Tratamento farmacológico com Neostigmina ou descompressão colonoscópica sem 
resolução com manejo conservador. 
o Intervenção cirúrgica reavaliada para casos refratários a casos complicados por perfuração, 
pois está associada a elevada mortalidade e morbidade. 
 
Tratamento Conservador: Carcinoma 
• Dilatação endoscópica e colocação de stent colônico de maneira paliativa 
o Obstrução parcial através da qual uma pequena quantidade de lúmen permanece livre 
ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO P3 RUTE PAULINO XXII 
5 
 
o Paciente de alto risco com malignidade irressecável 
o Risco de re-obstrução do stent 
• Stent antes da cirurgia 
o Permite o alívio da obstrução aguda, ressuscitação do paciente, preparação mecânica do 
intestino 
o Pode evitar a colostomia temporária ou permanente com ressecção do cólon em 1 estágio e 
re-anastomose 
• Risco de perfuração do sistema operacional com implante de stent 
 
Tratamento Conservador: Volvos e Intuscepção 
• Redução endoscópica para volvo de sigmóide quando o sinal de peritonite está ausente 
o Não indicado para volvo de cólon transverso cecal 
o Não implica cura, pois o sigmóide revolvula se o tratamento definitivo com ressecção do 
sigmóide não for realizado. 
 
• Intussuscepção 
o Crianças: o enema de bário para redução, costuma ser bem-sucedido em crianças nas 
quais o ponto inicial patológico é improvável. 
o Adulto: o ponto inicial tipicamente patológico está presente, então o sucesso com enema 
de bário é muito menos provável. 
 
Tratamento: Intervenção Cirúrgica 
A intervenção cirúrgica visa aliviar a obstrução, desenroscando as alças intestinal. É o procedimento 
menos invasivo para casos graves. 
• Paciente muito doente com obstrução do cólon esquerdo → colostomia transversal de desvio 
• Obstrução retal → colostomia sigmóide 
• Paciente muito doente com obstrução do cólon direito → ileostomia 
o No cólon direito, a anastomose primária pode ser realizada em pacientes com condições 
menos comórbidas, que não estão tão doentes por causa obstrutiva 
• Se a causa da obstrução puder ser aliviada de forma não cirúrgica ou se a obstrução for apenas 
parcial → preparação intestinal mecânica pré-operatória lenta se o paciente puder tolerar para que 
a anastomose primária possa ser realizada com segurança 
 
Intervenção cirúrgica: Carcinoma 
• Lesão obstrutiva é ressecada, mas a anastomose costuma ser arriscada porque o cólon não foi 
limpo 
o Depois da cirurgia, a maioria dos cirurgiões faz uma colostomia proximal se a obstrução for 
do lado esquerdo ou uma ileostomia se for do lado direito. 
• Em pacientes com comorbidade substancial e risco cirúrgico na presença de tumor irressecável, 
dever ser feito o desvio sem ressecção 
o Evitar a colostomia proximal ou fazer a ileostomia sem ressecção. 
• Carcinoma do cólon esquerdo: tratamento cirúrgico incluindo ressecção sem anastomose 
primária ou ressecção com anastomose primária e lavagem intraoperatória 
• Carcinoma do cólon direito: colectomia direita e anastomose primária entre o íleo e o cólon 
transverso versus ileostomia de desvio 
 
Intervenção cirúrgica: Diverticulite, Volvos do sigmoide ou ceco, Intuscepção 
• Diverticulite: a linha cirúrgica segue as mesmas regras da intervenção em carcinomas. 
o Ressecção cirúrgica em pacientes com obstrução persistente e recorrente, apesar do 
manejo médico adequado 
o Ressecção colônica eletiva oferecida a pacientes com doença recorrente 
ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO P3 RUTE PAULINO XXII 
6 
 
• Volvos no Sigmoide: 
o Primeira escolha: Sigmoidoscopia com redução do volvo 
o Segunda escolha: Colectomia total do sigmoide 
• Volvo Cecal: 
o Primeira escolha: Cecopexia para prevenir a recorrência (fixação do ceco móvel à parede 
abdominal) 
o Segunda escolha: Colonoscopia, devido ao alto risco de perfuração do cólon 
• Intuscepção colonica no adulto: ressecção do colon primariamente, sem redução prévia. 
 
VII. PROGNÓSTICO E COMPLICAÇÕES 
Morbidade e mortalidade relacionadas a: 
• Condição médica do paciente e comorbidades no momento da descompressão 
• Curso de tempo de tratamento 
• Doença subjacente causando obstrução 
 
Complicações: 
• Perfurações 
• Peritonite 
• Sepse 
• abscesso intra-abdominal por vazamento anastomótico 
• Pneumonia por aspiração 
• Distúrbios hidroeletrolíticos 
• Morte 
 
DISCUSSÃO DE CASO CLÍNICO 
Anamnese 
RBD, sexo masculino, 80 anos, aposentado (funcionário da administração federal), natural de SP e 
procedente de Santos. 
▪ QD: dor abdominal há 2 dias. 
▪ HPMA: há 4 dias refere ausência de evacuação, apesar de tentativa e mudança na alimentação, com 
desconforto e distensão abdominal difusos associados a borborigmos. Há 2 dias notou parada na 
eliminação de flatos, dor em cólica, de pouca intensidade, boca seca, que pouco melhorou com a 
ingestão de antiespasmódico e náusea que só permite a ingestão de líquidos em pouca quantidade. 
▪ ISDA: há anos é obstipado, fazendo uso de laxativos esporadicamente. Notou piora dessa obstipação 
há 5 meses, com maior esforço evacuatório e presença de fezes mais consistentes, pouco mais 
afiladas, sem muco ou sangue. Sem perda de peso. 
▪ AP: hipertenso controlado há 30 anos em uso de Losartana 50mg/dia, diabético há 20 anos em uso de 
Metformina 850mg/2x/dia, ex-tabagista de 1 maço/dia há 50 anos, até há6 anos atrás, quando sofreu 
infarto agudo do miocárdio, tratado com 2 stents farmacológicos coronarianos. Etilista social. 
Apendicectomizado (apendicite aguda) por videolaparoscopia há 2 anos, sem complicações. Nega 
outros comemorativos. 
▪ AF: pai falecido de IAM e mãe de complicações do diabetes. Irmão portador de aneurisma de aorta. 
Resumindo: 
1) A obstrução aguda do intestino grosso é uma condição emergencial, e é resultado de uma 
obstrução mecânica, a qual interrompe o fluxo intestinal ou uma dilatação anormal do colon sem 
uma lesão anatômica existente. 
2) Requer identificação e tratamento o mais precoce possível. 
3) É Mais comum em idosos e mais comumente causado por malignidade. 
4) A escolha da intervenção, morbidade e mortalidade dependem da etiologia da obstrução. 
ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO P3 RUTE PAULINO XXII 
7 
 
Exame Físico 
− REG, desidratado ++/4+, dispneico +/4+, corado, acianótico, anictérico, afebril, consciente, dor=5/10. 
P=60Kg/A=1,65m 
− P=FC=90, rit; PA=140x75mmHg; FR=22rpm; Tax=36,8C; Ox=94%; 
− CP=ndn. 
− Tórax=MV+ e diminuído globalmente, s/RA 
− Cor=BRNF, s/sopros 
− Abdome= distendido ++/4+, globoso, cicatrizes de videoapendicectomia sem alterações, RHA<s, 
hipertimpanismo difuso, dor à palpação superficial e profunda difusa, sem peritonismo. 
− Toque retal= próstata aumentada e homogênea, com ausência de fezes na ampola retal. 
− MM= boa perfusão periférica, sem edemas. Pulsos diminuídos simetricamente nos MMII. 
 
Tórax em tonel: paciente com DPOC 
DIAGNÓSTICOS 
1) Sindrômicos 
Primários: 
• Abdome agudo obstrutivo, inflamatório ou 
isquêmico 
• Neoplásico/Degenerativo 
Diagnósticos Secundários: 
• Desidratação 2º grau 
• DPOC 
• Insuficiência coronariana crônica 
• DM tipo 2 (Síndrome metabólica) 
• DHE 
 
EXAMES SUBSIDIÁRIOS 
1) Laboratoriais 
− Hemograma: 3.9 milhões/11,5g/32%/P=250 mil/L=8.9 mil (0/68/0/0/32/0) 
− Eletrólitos 
▪ Na: 130 
▪ K: 3,1 
− PCR: 7 
− Creatinina: 1,4 
− Ureia: 12 
− Lactato: 10 
− Gasometria: acidose metabólica compensada 
− Dextro: 200 mg 
 
2) Anatômicos 
✓ Colo esquerdo/sigmoide/reto superior 
✓ Peritônio/Fígado 
✓ Vasos mesentéricos/Mesocólicos 
✓ Pulmões 
✓ Coração 
✓ Aorta 
✓ Pâncreas 
✓ Sistema vascular/Linfático 
3) Etiológicos 
• Neoplasia maligna de colo esquerdo/sigmoide/reto superior obstrutiva 
• Volvo do sigmoide com obstrução/isquemia 
• Diverticulose colo sigmoide/colo esquerdo estenosante 
• Colite isquêmica esquerda 
• Isquemia mesentérica aguda 
• Hernia interna 
• Bridas no íleo/cólon 
• Pseudo-obstrução intestinal 
• Fecaloma alto 
ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO P3 RUTE PAULINO XXII 
8 
 
2) De imagem 
➢ Raio-x simples de abdome 
Raio-x da esquerda: paciente deitado – 
distensão do colon esquerdo, sigmoide 
transverso, ceco → distensão do cólon (pregas 
parciais) desde a fossa ilíaca esquerda 
(sigmoide) até o ceco dilatado. Tem um pouco 
de líquido no abdome. 
Raio-x da direita: paciente em pé (o ar sobe e o 
líquido desce) – cólon dilatado com líquido 
Não descarta: neoplasia maligna de 
colon esquerdo, sigmoide, reto superior; 
diverticulose; colite isquêmica; pseudo-obstrução intestinal. 
 
➢ Tomografia 
• Seta laranja: ceco dilatado cheio de fezes e líquido 
• Setas verdes: alças do delgado sem obstrução, afiladas e não estão tem distensão, o que significa 
que ele tem uma obstrução em alça fechada. É perigosa, pois pode gerar o rompimento do ceco com 
posterior peritonite fecal. 
 
➢ Colonoscopia, Enema Opaco (com cuidado e com contraste solúvel). 
• Quando temos uma obstrução de colo, é perigoso fazer a colono, por causa da necessidade de insuflar 
com ar. Pode romper o colon. 
• Deve ser feita sem o preparo – não dar o laxativo para evitar o aumento da distensão e não gerar 
rompimento 
 
CONDUTA 
Clínica Geral: 
− Internar 
- Deixar em jejum 
- Hidratação soro fisiológico endovenoso (acesso 
venoso periférico no membro superior) 
- Analgesia (dar Buscopan®) 
- Dar cloreto de sódio e de potássio 
- Dar antiemético (para náusea) 
- Passar sonda nasogástrica (pq tem pressão intra-
abdominal importante) 
- O2 nasal (pela dispneia) 
- Chamar o cirurgião 
Conduta Específica: 
- Colectomia parcial (retirar o local que 
está o tumor – pois, pela tomo, sabemos 
que não tem metástase hepática e nem 
ascite), ou seja, ressecção parcial + 
colostomia → refazer a anastomose 
após 4 a 6 meses. 
- O melhor é não fazer anastomose por 
causa da deiscência do colon 
- Tratamento não cirúrgico não está 
indicado, por causa da causa de 
obstrução. 
ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO P3 RUTE PAULINO XXII 
9 
 
Alternativas: 
➢ STENT COLÔNICO 
Existe formar de tirar essa obstrução sem procedimento cirúrgico: colocação de stent colônico para 
liberar a passagem do cólon. É realizado para tirar o paciente da crise aguda e quando ele estiver estável, 
fazer a colectomia como o paciente preparado previamente. 
Como é realizada a colação do stent: Passando colonoscópio, 
introduz-se o fio guia e libera contraste iodado com pouca pressão, 
passa-se o fio guia pela obstrução para medir a distância do local 
estenosado → remove o cateter e passa uma prótese fechada (stent de 
malha aramada) e, por fim, abre-se a prótese, alargando o cólon e o 
local no meio do tumor. 
• Permanece de 6 meses a 1 ano 
• De 1 a 3 semanas ou até 1 mês, o paciente fica mais equilibrado 
aí pode operar o paciente retirando o stent juntamente com o 
tumor. 
• Pode ser usado no colon direito e transverso, mas o melhor lugar 
é no colon esquerdo 
 
➢ OPERAÇÃO DE HARTMANN 
Outra opção é a operação Hartmann: ressecção cirúrgica do colon 
retossigmoide(A) com fechamento do coto anorretal (B) e a formação 
de uma colostomia final (C). 
• É mais uma cirurgia de emergência, quando a anastomose 
imediata não é possível 
• Pode ser usada de forma paliativa em pacientes com 
tumores colorretais. 
 
Resumindo: 
▪ Tumor obstrutivo colon direito: se não tem a possibilidade de 
usar um stent, pode-se operar por laparotomia, resseca o tumor e 
fazer a anastomose primária no cólon direito 
(ileotransversostomia). Se ele tiver em más condições, resseca e 
faz ileostomia. 
▪ Lado esquerdo: conduta mais controvérsia. Fazer endoscopia e 
colocar o stent metálico ou ressecar o tumor e fazer uma colostomia logo acima do local ressecado ou 
se ele tiver mto instável, fazes colostomia a direita com raqui, tira da agudização e opera por 
laparotomia posteriormente. 
▪ Operação de Hartmann: retossigmoidectomia (no colon esquerdo). Após 2 meses, re-opera, fazendo 
outra anastomose no chamado segundo tempo, com a parte do cólon que sobrou. 
 
➢ Limpeza intraoperatória do cólon + retossigmoidectomia 
laparoscópica. 
Outra opção, não usual e que deve ser feita por mãos 
experientes. É feito a laparoscopia ou a laparotomia. A partir do ceco, 
passa-se uma sonda de foley. Nesse ponto, suturar e remover o tumor 
(ressecção). Simultaneamente, na parte anastomosada dilatada, 
coloca-se uma traqueia, deixando a outra extremidade fora, na mesa 
operatória, com um recipiente para captar a sujidade do intestino, 
retirando todas as fezes. A irrigação da área é feita com soro, por 
meio da sonda foley. Dessa forma, como o colon ficou completamente 
limpo e livre de bactérias, é possível fazer a re-anastomose primária. 
Vantagem: o paciente não vai precisar de colostomia e nem de 
uma cirurgia subsequentemente. Mas, tem maior risco de deiscência.

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