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ANA CAROLINA CASALI ZANETTE – 3º SEMESTRE INTRODUÇÃO • Insuficiência cardíaca congestiva (ICC) • A ICC ocorre quando o coração é incapaz de bombear o sangue em uma proporção suficiente para atender às demandas metabólicas dos tecidos, ou é capaz disso apenas na presença de uma pressão de enchimento elevada. Ela é o estágio final comum de muitas formas de cardiopatia crônica, frequentemente se desenvolvendo de modo insidioso devido aos efeitos cumulativos da sobrecarga crônica de trabalho (p. ex., na doença valvar ou hipertensão) ou da cardiopatia isquêmica (p. ex., após infarto do miocárdio com lesão cardíaca). Entretanto, os estresses hemodinâmicos agudos, tais como sobrecarga líquida, disfunção valvar súbita ou infarto do miocárdio, podem precipitar a ICC súbita. MECANISMOS FÍSIOLOGICOS QUE MANTÊM A PRESSÃO ARTERIAL E PERFUSÃO DOS ÓRGÃOS QUANDO HÁ COMPROMETIMENTO NA FUNÇÃO CARDÍACA: • Mecanismo de Frank-Starling, no qual o aumento dos volumes de enchimento dilata o coração e aumenta a formação subsequente de pontes transversais de actina-miosina, aumentando a contratilidade e o volume de derrame; Adaptações miocárdias, incluindo hipertrofia com ou sem dilatação das câmaras cardíacas. Em muitos estados patológicos, a insuficiência cardíaca é precedida por hipertrofia cardíaca, que é a resposta compensatória do miocárdio ao maior trabalho mecânico. O conjunto de alterações moleculares, celulares e estruturais que ocorrem em resposta à lesão ou às alterações nas condições de carga é chamado de remodelamento ventricular. Ativação dos sistemas neuro-humorais para aumentar a função cardíaca e/ou regular volumes e pressões de enchimento • Liberação de noradrenalina (norepinefrina) pelos nervos cardíacos adrenérgicos do sistema nervoso autônomo (que aumenta a frequência cardíaca, a contratilidade miocárdica e a resistência vascular). • Ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona • Liberação do peptídeo natriurético atrial. Os dois últimos fatores agem para ajustar os volumes e as pressões de enchimento. HIPERTROFIA CARDÍACA: FISIOPATOLOGIA E PROGRESSÃO ATÉ A INSUFICIÊNCIA CARDÍACA • O aumento persistente do trabalho mecânico devido à sobrecarga de pressão ou volume (p. ex., hipertensão sistêmica ou estenose aórtica) ou a sinais tróficos (p. ex., aqueles mediados pela ativação dos receptores β- adrenérgicos), leva ao aumento do tamanho dos miócitos (hipertrofia); cumulativamente, isso aumenta o tamanho e o peso do coração: A hipertrofia requer o aumento da síntese de proteínas, o que possibilita a organização de sarcômeros adicionais, assim como um número maior de mitocôndrias. Os miócitos hipertróficos também apresentam núcleos aumentados, atribuídos ao aumento da ploidia de DNA, resultante da replicação do DNA na ausência de divisão celular. O padrão de hipertrofia reflete a natureza do estímulo. hipertrofia por sobrecarga de pressão hipertrofia por sobrecarga de volume Como resultado, na dilatação devido à sobrecarga de volume, ou na dilatação que acompanha a insuficiência de um coração com sobrecarga anterior de pressão, a espessura da parede pode ser maior, normal ou menor do que o normal. Consequentemente, o peso do coração, em vez da espessura da parede, é a melhor medida de hipertrofia em corações dilatados. Insuficiência Cardíaca . Em nível funcional, a hipertrofia cardíaca está associada à maior demanda metabólica devido ao aumento da massa, frequência cardíaca e contratilidade (estado inotrópico ou força de contração), todos os quais aumentam o consumo de oxigênio pelo coração. Como resultado dessas alterações, o coração hipertrofiado é vulnerável à descompensação relacionada à isquemia, que pode evoluir para insuficiência cardíaca e, por fim, levar à morte. A sequência proposta dos eventos inicialmente benéficos — e posteriormente prejudiciais ANA CAROLINA CASALI ZANETTE – 3º SEMESTRE CLASSIFICAÇÕES • IC sistólica: quando resulta de contração ventricular inadequada, que reduz a fração de ejeção (porcentagem de sangue ejetada do ventrículo a cada sístole, normalmente em torno de 65%) mensurada pelo ecocardiograma. Com isso, o ventrículo acumula progressivamente mais sangue e dilata-se. • IC diastólica: o defeito está no enchimento ventricular retardado por relaxamento ventricular inadequado ou por diminuição da complacência, a fração de ejeção pode estar normal. Nesses casos, geralmente existem sinais de congestão pulmonar sem dilatação ventricular. Restrição diastólica na pericardite constritiva ou na endomiocardiofibrose é exemplo desse tipo de insuficiência. • IC direita: a repercussão inicial é congestão sistêmica, e as primeiras manifestações clínicas são hepatomegalia congestiva e aumento da pressão venosa central (PVC); em seguida, surge edema dos membros inferiores. • IC esquerda: a consequência inicial é congestão pulmonar, cuja primeira manifestação é dispneia. Na insuficiência cardíaca congestiva, os sinais e sintomas de congestão venosa periférica – edema de membros inferiores e dispneia – aparecem simultaneamente ou em intervalo muito curto. Depois de certo tempo, a IC esquerda compromete o ventrículo direito e vice-versa, razão pela qual IC direita e esquerda isoladas não se mantêm ao longo do tempo, convergindo para insuficiência cardíaca global. EXAMES DIÁGNOSTICOS • Radiografia de Tórax: Objetivo: Avaliar a presença de congestão pulmonar, edema agudo de pulmão e cardiomegalia. Indicações: Indicado em todos os pacientes com suspeita de insuficiência cardíaca. Importância na decisão clínica: No quadro agudo, pode avaliar o quadro de congestão pulmonar e guiar o tratamento. Pode também sugerir um diagnóstico alternativo ou concomitante, como infecção pulmonar e doença pulmonar obstrutiva crônica descompensada. • Eletrocardiograma: Objetivo: Avaliar a presença de sinais isquêmicos, aumentos cavitários, bloqueios de condução e arritmias pricipitantes. Indicações: Deve ser solicitado em todo pacientes com suspeita de insuficiência cardíaca aguda e no edema agudo de pulmão para avaliação de causa isquêmica. Importância na decisão clínica: Inespecífico para insuficiência cardíaca, porém pode ajudar na determinação etiológica. Pode exibir sinais de isquemia aguda (como supra de ST e inversão de onda T), sinais de necrose (zona de inatividade elétrica), aumentos cavitários (sendo a sobrecarga atrial esquerda a alteração mais sensível) e pode evidenciar arritmias como precipitantes. A presença de bloqueio de ramo esquerdo é forte marcador de função ventricular esquerda comprometida. • Ecocardiograma: Objetivo: Avaliar a função ventricular sistólica e diastólica, presença de déficit segmentar, doenças orovalvares, aumentos cavitários, estimar pressões de enchimento e pressão sistólica de artéria pulmonar, bem como avaliar o estado volêmico no quadro agudo. Indicações: Indicado na avaliação inicial de pacientes com suspeita de insuficiência cardíaca e nos quadros de descompensação para avaliação evolutiva e resposta terapêutica. Importância na decisão clínica: Capacidade de diferenciar a insuficiência cardíaca em sistólica ou diastólica, o que determina terapêuticas distintas. Capacidade de avaliar estado volêmico no manejo terapêutico do paciente com IC descompensada. ANA CAROLINA CASALI ZANETTE – 3º SEMESTRE MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • As manifestações de insuficiência cardíaca refletem os efeitos fisiológicos do comprometimento da capacidade de bombeamento do coração, da diminuição do fluxo sanguíneo renal e da ativação dos mecanismos simpáticos compensatórios. • A gravidade e a progressão dos sintomas dependem da extensão e do tipo de disfunção (sistólica contra diastólica; coração direito contra coração esquerdo). • Os sinais e sintomas incluem dispnéia; fadiga e tolerância limitada ao exercício; retenção de líquidose edema; e cianose. • Pessoas com insuficiência cardíaca grave podem apresentar sudorese e taquicardia. Na insuficiência do lado direito, ocorre edema postural das partes baixas do corpo, turgidez do fígado e ascite. Na insuficiência do lado esquerdo, é comum o desenvolvimento de congestão pulmonar, com dificuldade respiratória e tosse crônica não produtiva. REFÊRENCIAS: KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran – Patologia –. Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010;.