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P2- Técnica Operatória Isabelle Padilha 1 Cirurgia do Intestino Delgado Anatomia: ® Do piloro até a junção ileocecal. ® O Intestino delgado NÃO possui tênias e é maior do que o intestino grosso. Duodeno + jejuno + íleo: · Diâmetro de 2,5 a 3,5cm (é fino). · Aproximadamente 4,20 metros, podendo variar de 3m até 10m. · A superfície absortiva mucosa interna se coloca em sequência uma a uma pode-se chegar a 4km. · Duodeno (do grego significa “12 dedos”) equivale a 21cm do ID. Após o ângulo de treitz passa a se chamar de jejuno. · Enquanto o jejuno e íleo equivalem a 261cm. · Não há um ponto anatômico como o ângulo de treitz que realiza a divisão entre o jejuno e íleo. · Duodeno: ligamento de Treitz ↦ divide o duodeno fixo do jejuno móvel. · Jejuno: 2/5 do ID. · Íleo: 3/5 do ID. ® Não há uma localização clara de onde termina o jejuno e começa o íleo. · Parede: serosa + muscular + submucosa + mucosa (do meio externo para o interno respectivamente) - Importante! ® Muscular: 3 a 5mm. A sua camada externa é longitudinal e a interna circular. · Mesentério: dupla lâmina de peritônio. Fixa as alças intestinais e os vasos sanguíneos e linfáticos. ® Importante lembrar que o mesentério fornece estabilidade as alças. Uma lesão no mesentério, mesmo sem haver lesões em outros órgãos, leva a isquemia. ® O mesentério já é qualificado atualmente como um órgão. ® É uma dupla camada de peritônio na qual chega a irrigação arterial e a drenagem venosa do intestino delgado. ® O mesentério dá estabilidade para as alças intestinais. · Junção Íleocecal: determina o limite do íleo e do cólon (ID-IG). ® Fixo. ® Artéria Íleo-ceco- apendico-cólica ® Obs.: não faz parte do intestino delgado o apêndice vermiforme, o qual recebe suprimento sanguíneo provindo da artéria íleo-ceco-cólica · Válvula Íleocecal competente: Faz com que o fluxo seja unidirecional, que as fezes não retornem. Impede o refluxo conteúdo do cólon para o intestino delgado. ® Quando essa válvula distende mais de 3 cm está diante de uma iminente ruptura do ceco, necessitando de uma cirurgia imediata. ® Visualiza essa distinção a partir do Raio-X. P2- Técnica Operatória Isabelle Padilha 2 ® Obs.: menor segmento do intestino delgado à transição na válvula íleo-cecal · Válvula ileocecal incompetente: permite o refluxo de conteúdo intestinal, um movimento bidirecional. É bom quando há obstrução no cólon, a cirurgia não tem que ser imediata, pois não há perigo de ruptura. ® O paciente não possui perigo de haver ruptura do ceco, pode ser compensado e preparado adequadamente para a cirurgia. O movimento bidirecional permite um esscoamento, o que resulta na não necessidade de cirurgia de emergência. · Obs.: em termos de intestino grosso, a região com maior fragilidade é a região do ceco. Essa região quando distende mais de 10 cm indica perigo iminente de perfuração do ceco. Dessa forma, solicita-se um raio X para a visualização da distensão e deve ser realizado uma cirurgia de urgência. Portanto, o perigo de uma válvula competente, é que é necessária uma cirurgia de urgência. Fisiologia: · Mobilidade – peristalse. ® Sem mobilidade não há como propelir o conteúdo do intestino delgado para o intestino grosso. · Digestão – sucos gastro-bileo-pancreáticos. · Absorção – hidrólise enzimática. ® Lipídios, glicídios, proteínas, suco pancreático e sais biliares. ® TG (triglicerídeos) – total – 1/3 proximal; ® Açúcares – total – 1/3 proximal; ® Cálcio – 1/3 proximal; ® Sais Biliares – 2ª metade ® Vitamina B12 – íleo. · Vilosidades: válvulas coniventes (200 a 300m2). ® Os vilos encontram-se em um constante movimento de um lado para o outro, o que permite uma melhora da absorção. Quando um paciente fica longo tempo em jejum pode acontecer uma translocação bacteriana porque não se lubrifica através da alimentação as vilosidades, o que permite o ressacamento dessa região provocando fissuras que permitem a passagem de bactérias do intestino delgado para a microcirculação vascular, podendo resultar em uma infecção sistêmica. Enterotomia: · Abertura do ID. · Indicações: ® Descompressão – local ideal = entre o ângulo de Treitz e a obstrução. ® Retirada de CE (gaze, compressa, bolo de Áscaris). · Enterotomia descompressiva: ® Local ideal: Entre o ângulo de TREITZ e a o local da obstrução. ® Se realizar abaixo da obstrução não passa a ser descompressiva · Técnica: P2- Técnica Operatória Isabelle Padilha 3 ® Sutura em bolsa de tabaco: como a técnica de gastrostomia de Stamm-Senn; Quando há retirada da sonda só se aperta os fios. ▪ Se o objetivo for descompressão, muitas vezes coloca-se uma sonda (sonnda é utilizada para orifício naturais, mas também pode ser utilizada em outros orifícios, diferentemente, de um dreno que não pode ser colocado em um orifício natural). Essa sonda vai ter a capacidade de puxar o conteúdo de dentro do intestino para realizar a descompressão. A sutura em bolsa realizada fica apertada sob a região da sonda que irá impedir que ocorra o vazamento da secreção entérica. ® Incisão longitudinal para a abertura do intestino delgado ▪ Na hora do fechamento devemos, preferencialmente, fechar no sentido transversal, para que não ocorra diminuição do calibre da alça. · Síntese/enterorrafia (com fechamento transversal). · Retirada de corpo estranho: realizar a incisão sob a área onde o corpo estranho se encontra. ® Gaze (ex.: paciente psquiátrico que ingeriu gaze) ® Compressão ® Ascaris · GOSSIPIBOMA: ocorre quando durante a cirurgia foi “esquecido um corpo estranho” dentro do abdome do paciente e ao longo prazo esse corpo estranho pode migrar com um mecanismo de difusão para o interior da alça. Enterorrafia: · Sutura de segmentos do ID. · Técnica: ® Reavivar os bordos: fazer debridamento, pois só haverá cicatrização se os bordos estiverem sangrando (o que permite que os elementos de cicatrização chegam até o local). ® Bordos livres. ® Fechamento transversal. Não diminui o calibre intestinal. · Sutura hermética: não pode haver vazamento (até porque a luz intestinal é rica em bactérias). ® Antigamente, para verificar se está hermético fazia-se a "manobra do borracheiro”, no qual o borracheiro coloca o pneu para verificar se há furos, se houver furos haverá bolhas. ® Manobra do borracheiro na cirurgia: garantir que a sutura esteja hermética. As saídas de bolha de ar vão denotar a área de onde há a perfuração. Assim, mergulha-se num soro fisiológico e comprime-se, se sair bolhas não está hermeticamente fechada. · Vitalidade dos bordos: para estar viável as bordas tem que estar sangrando. ® Obs.: as bordas não podem estar roxas. · Patência intestinal: manter a luz, de modo que o fluxo de conteúdo continua de um lado para o outro. P2- Técnica Operatória Isabelle Padilha 4 Enterostomia: · Comunicação do ID com o meio externo através da parede intestinal. · O paciente sairá da cirurgia com uso de sonda, tem que conviver socialmente com esse dispositivo. · Objetivos: ® Alimentação. Porém, nunca no ÍLEO – não absorve nutrientes. • Só dois segmentos do intestino delgado podem receber essa alimentação: o duodeno e jejuno. • A superfície de absorção do íleo não serve para receber alimentos sem ter sido quebrados. Jejuno é local preferencialmente onde se recebe a alimentação. ® Descompressão: pode ser feita em qualquer porção do intestino. · Jejunostomia: a) Diérese. b) Colocação da sonda. c) Posicionamento da sonda. “Túnel””. • O calibre do intestino delgado e de até 4 cm, é fino. Assim, quando se usa sondas no intestino delgado evita-se usar o balão, pois ele poderia causar uma obstrução. · Ileostomia: ® Ileostomia não é utilizada para alimentar o paciente. ® Prova: se estiver "Ileostomia alimentar” está errado, pois ileostomia não alimenta ninguém. ® Descompressãoe derivação. ® LATERAL (utiliza a parte anti mesentérica do intestino delgado) - indicações: • Febre tifoide e proteção de anastomose. • Nunca para nutrição. ® TERMINAL (ocorre a dissecção completa de um segmento de alça) - indicações: • Derivação de conteúdo entérico ( e não fecal, já que fezes propriamente ditas tem-se no intestino grosso) • Proctocolectomia total: é a retirada desde o ânus de todo o intestino grosso. O paciente sobrevive já que o processo de absorção dos nutrientes encontra-se no intestino delgado e não no cólon. • Retocolite: Uma doença inflamatória intestinal • Polipose: Podem ser de origem genéticas, pólipos são precursores de câncer intestinais • Neoplasia sincrônica • Enterorragia: hemorragia intestinal P2- Técnica Operatória Isabelle Padilha 5 · Técnica da Ileostomia: ® Diérese da pele e TCSC. ® Divulsão muscular. • Faz a ileostomia pelo músculo reto abdominal. • Há uma divulsão da musculatura do reto e embaixo encontramos o peritónio ® Diérese da pele e TCSC que passe 2 dedos (furo na pele). • Não se deve fazer uma incisão grande, pois assim a alça ao voltar ao seu tamanho normal irá ficar frouxa dentro da incisão. Por isso deve ser de no máximo 2 dedos. ® Tração da alça através do furo. • Passar a alça do meio interno do abdome para o meio externo ® Limpeza da alça. ® Eversão da mucosa à pele. • Comum de fazermos eversão nos nossos lábios. • A camada serosa não pode ficar exposta ao ambiente. • A mucosa fica para o lado de fora, já que a mucosa pode ficar exposta ao meio ambiente.Dessa forma, inverte-se as camadas. A mucosa fica revestindo a parte externa que é a serosa. ® Síntese da mucosa à pele. • Para não cair conteúdo entérico na pele, nossa pele não foi feita para receber tal conteúdo, o que a irrita e causa dermatite. · Paciente que fez ileostomia tem que usar permanentemente a bolsa de ileostomia. ® Paciente que realizou uma ileostomia não possui o mecanismo de contenção, se ocorre peristalse o conteúdo irá sair para dentro da bolsa. Enterectomia: · Ressecção de segmento do ID. · Indicações: ® Tumores. ® Doença inflamatória ® Doença isquémica ® Trauma P2- Técnica Operatória Isabelle Padilha 6 · Técnica: ® Identificação do segmento da alça a ser ressecada • Um cirurgião utlizando a pinça de Babcock está segura uma alça de cólon, e está se escolhendo um segmento do intestino delgado para a realização da ressecção. ® Identificar a vascularização por transparência (imagem) • Desliga a luz da sala e usa um foco de luz contra um segmento do mesentério, para visualizar a vascularização. • Triângulo do mesentério. Vascularização em “pizza”. Logo, a isquemia também ocorre nesse sentido de pizza. ® Ligadura dos vasos do mesentério. ® Ressecção da alça: Com provável anastomose para manter o fluxo intestinal. ® Síntese de alça: • 1 plano extramucoso (todos os planos MENOS a mucosa); • 2 planos (total + seroso); utiliza todas as camadas da parede intestinal o Primeiro, pega-se primeiro todas as camadas de um lado, ou seja, serosa, muscular, submucosa e mucosa e depois realiza-se uma sutura de proteção utilizando a serosa e a muscular sob essa primeira linha de sutura. Portanto, é um plano sob o outro. • Saber as paredes é imprescindível para entender a síntese da alça em 1 ou 2 planos. ® Cuidar na sutura de alças com diâmetros diferentes, a fim de que os calibres fiquem semelhantes. • Dessa forma, algumas manobras são utilizadas, prepara-se a borda no sistema triangular para um calibre ficar proximado do tamanho do outro. ® Alça suturada: ao término de uma anastomose tem que fazer um fechamento do mesentério, com cuidado para não lesionar a circulação do mesentério. • NÃO deve-se esquecer de fechar o conteúdo mesentérico. Se o conteúdo mesentérico presente é o mesentério com uma alça com o mesentério de outro segmento, quando for fechado pode presdipor uma alça intestinal entrar, formando uma hérnia interna ® Ressecção de íleo terminal. • Sutura da alça e do mesentério. • Faz uma anastomose do ceco com o íleo ascendente. • A sutura é feita, preferencialmente, sobre a tênia. Pois a tênia é a parte mais resistente do intestino grosso. ® Sutura terminada. P2- Técnica Operatória Isabelle Padilha 7 ® Sutura de alça do mesentério. ® Ressecação do mesentério. ® Secção da alça. ® Sutura da alça ↦ Enteroanastomose · O aspecto final da sutura: ela deve ser hermética e ter patência (não pode haver vazamentos). Se houver qualquer vazamento essa anastomose estará perdida. Pois cairá bactérias na cavidade abdominal gerando peritonite. · Quais fios são utilizados para fazer as suturas? à se forem 2 camadas (2 planos) ® Na primeira parte (total – todas as camadas): fio absorvível de preferência o Vicryl. ® No segundo plano (plano de proteção – serosa e muscular(: utiliza-se os fios inabsorvíveis. · Complicações: ® Infecção da ferida operatória. ® Hematoma da parede abdominal. ® Eventração/evisceração. ® Hérnia para ostomal. • Se o orifício da pele for maior do que o calibre da alça. Parte da alça fica frouxa no interior da abertura da pele e uma alça intestinal pode passar por ela. ® Prolapso de ostomia: quando a alça sai inteira pelo mesmo orifício para dentro da bolsa. ® Hérnia interna. Não fechamento do mesentério. ® Isquemia segmentar. ® Estenose segmentar. Manobra de patência. ® Fístula. Vazamento do conteúdo. · P2- Técnica Operatória Isabelle Padilha 8 Cirurgia do Esôfago Anatomia do Esôfago: · O objetivo do esôfago é conduzir o alimento da faringe ao estômago. · Tubo muscular, em torno de 25 cm que começa no pescoço passa pelo tórax e vai para o abdome. Então tem uma relação muito grande com estruturas vitais, tanto que a cirurgia de esôfago é uma cirurgia muito delicada. · É uma cirurgia torácica. · Como um tubo muscular, tem uma luz virtual e ele tem fundamentalmente 4 constrições: ® 1 a nível cervical: na junção faringo esofágica, dado pelo músculo constritor inferior faríngeo. ® 2 torácica: devido a aorta e ao brônquio fonte esquerdo. ® 1 diafragmática · Não é um tubo reto e inerte, ele se movimenta, passa pelo mediastino e tem grande relação com os órgãos que estão em constante movimento. · Ele começa reto, desvia para direita e, por fim, desvia para esquerda para passar no hiato esofágico e penetrar no abdome. 4 constrições: · A medida é feita a partir da arcada dental superior direita (ADS), dela até o final do esôfago há 40 cm. · Cricofaríngea à 15 cm da ADS: ® Na altura e de 15 cm tem a cartilagem cricóide e a musculatura crico faríngea que é responsável pelo pseudo-esfíncter, o primeiro esfíncter ao nível cervical. · Arco Aórtico à 23 cm da ADS E BFE à 27 cm da ADS: ® Na região do mediastino tem 2 contrições são causadas pelo Cajado da aorta que passa o esôfago e o brônquio fonte esquerdo (BFE), que também aperta o esôfago. · Hiato diafragmático: ® No hiato esofágico tem um sistema muscular que simula um esfíncter verdadeiro. · A musculatura do constritor tem fibras obíquas e fibras transversas, nesse espaço entre essas fibras têm uma fraqueza muscular nessa região, chamada de triângulo de Killian. ® Importante porque é uma das é a regiões de maior incidência de divertículo, especificamente, o divertículo de Zenker (divertículo acima do músculo crico-faríngeo). ® Divertículo de Zenker (bem mais comum): é um divertículo acima do músculo crico-faríngeo. Abaixo são divertículos esofágicos. ® Triângulo de Killian: formado pela porção transversa e oblíqua no musculo contritor inferior. · Mais abaixo, na extremidade cervical, limite com a faringe, há também outra fraqueza muscular o triângulo de Laimer, onde ocorre divertículos esofágicos. ® Triângulo de Laimer fica logo abaixo do músculo cricofaríngeo inferior, onde as fibras longitudinaissão mais frouxas. · Na cirurgia de divertículos tem que cuidar para não lesionar os nervos laríngeos recorrentes. · Irrigação esofágica: ® Porção cervical: artéria tireóidea inferior (ramo do tronco tireocervical) ® Porção torácica: ramos da aorta (brônquicas, intercostais, esofágicas) ® Porção abdominal: frênicas inferiores (ramos da aorta), gástrica esquerda (ramo do tronco celíaco) P2- Técnica Operatória Isabelle Padilha 9 · Drenagem venosa: · Rica drenagem venosa, feito pela VC, ázigos, hemi-ázigos e sistema porta, que vão desembocar na VCS. · Porção cervical: VCS · Veia tireoidea inferior (tronco braquiocefálico – VCS) · Porção torácica: VCS, ázigos, hemi-ázigos · Porção abdominal: VCI, frênicas inferiores (Drenam para a VCI e porta), gástrica esquerda (drena para a porta), esofágicas inferiores (drenam para porta) · Drenagem linfática: ® Porção cervical e 1/3 superior do esôfago: drenam para os linfonodos cervicais profundos ® Porção torácica (1/3 médio): drenam para os mediastinais posteriores e superiores ® 1/3 inferior e porção abdominal: gástricos esquerdo e celíacos. · Na musculatura do esôfago há uma rica passagem de linfa, consequentemente, não é um órgão que costuma segurar muito tempo o câncer, sem metástase. Geralmente, quando se descobre câncer esofágico ele já ultrapassou a mucosa e está em estágios avançados. · Tal câncer é influenciado pelo alcoolismo, tabagismo, na região Sul tem a questão do chimarrão, o qual por si só não faz mal, e sim, a temperatura muito elevada em que o pessoal toma. · Em cirurgias oncológicas é importante avaliar as cadeias na junção esofagogástrica: principalmente os linfonodos ado lado do tronco celíaco, os pericárdicos e os peri hepáticos. A medida que vai se distanciando a chance deles terem sido acometidos é menor. · Quando o tumor é na parte baixa do esôfago não é preciso dissecar os linfonodos do pescoço. · Mas tumores na região do 1/3 superior tem que haver esvaziamento radical de todas as cadeias, pois assim os pacientes têm um prognóstico um pouco melhor. · Inervação: ® Nervo vago (o qual é praticamente um nervo único, mas dá finas ramificações pequenas para o esôfago). Na transição esôfago gástrica há a pata de ganso, do nervo vago. Tem que cuidar nas patologias benignas para não lesar esse nervo, pois tal lesão pode levar dificuldades na motilidade. ® Nervos laríngicos recorrentes ® Plexo esofágico ® Tronco simpáticos ® Nervos esplâncnicos maiores ® Plexos submucosos e mientéricos Histologia do esôfago: · O esôfago não possui serosas à sendo, portanto, mais frágil para suturas. Por isso, é bem mais comum deiscências no esôfago do que no intestino. Por mais que na cirurgia do esôfago mexa-se com saliva e no intestino fezes. · Há 2 camadas musculares próprias: ® Interna = circular ® Externa = longitudinal ® Entre a camada interna e externa há o plexo de Auerbach (responsável pela transmissão de movimentos) e vasos. · Cada terço do esôfago tem predomínio de uma musculatura: ® Terço superior: estriada esquelética (Esfíncter superior) P2- Técnica Operatória Isabelle Padilha 10 ® Terço médio: esquelético e liso (misto) ® Terço inferior: liso (Esfíncter inferior) Na parte superior há mais musculatura esquelética pois precisa de uma contratura maior. A camada mucosa é de epitélio escamo-celular, ou seja, estratificado (como o da vagina e do colo uterino). A camada submucosa é constituída de tecido conjuntivo denso, com fibras colágenas e elásticas que abrigam os plexos de MEISSNER (mais relacionado a movimentos glandulares), vasos e glândulas. ® A camada submucosa fica entre a mucosa e a camada muscular. Onde há os triângulos de Killian e Laimer por fibras frouxas, na histologia, é chamado de fibras débeis. · É muito rico na vascularização, se atingir a submucosa já possui muita chance de ocorrer metásteses. Visão geral das doenças esofágicas e de deglutição: Acalásia: ® O intestino para de se movimentar, ausência de movimentação da musculatura intestinal. ® Obs.: precisa de tratamento cirúrgico. · Incoordenação cricofaríngea: pode gerar acalasia. · Espasmo esofágico difuso: pode gerar acalasia. · Disfagia: pode ou não gerar acalasia, tem pessoas que tem disfagia e não possuem outras complicações. · Disfagia lusória · Esofagites · Divertículos · Distúrbios de motilidade esofágica · Ruptura esofágica · Refluxo · Hérnia de hiato · Doenças esofágicas infecciosas como CHAGAS · Anel esofágico inferior · Síndrome de Mallery-Weiss · Doenças obstrutuvas do esôfago Obs.: tem que cuidar com as dores esofágicas, pois elas podem ser advindas de problemas cardíacos. Dor esofágica pode ser inclusive um sintoma de infarto. Sinais e sintomas principais das patologias esofágicas: · Azia (pirose) · Odinofagia (dor retroesternal) · Disfagia (dificuldade a deglutir). Pode ser leve à grave · Disfagia progressiva. ® Ex.: câncer esofágico: no início é uma leve disfagia, só com alimentos sólidos, depois conforme o câncer aumenta e diminui a luz esofágica a disfagia piora. · Obstrução · Hematêmese (geralmente provem de varizes esofagianas, pode ser por cirrose ou doenças infectoparasitárias). · Por consequência, cursa com emagrecimento P2- Técnica Operatória Isabelle Padilha 11 Doenças esofágicas de interesse cirúrgico no adulto: Divertículo Faringoesofágico: Divertícuclo de Zenker Alterações na motilidade, por: ® Acalasia (intestino para de se movimentar por uma causa primaria); ® Chagas (Trypanossoma cruzi ataca o plexo de Auerbach e o plexo de Meissner bloqueando a motilidade); ® Em ambas doenças acima, ou qualquer uma que curse com alteração de motilidade a atividade reflexa é o esôfago fazer mais força para empurrar o alimento para baixo e o esfincter esofágico tem que fazer uma força maior do que o normal, DILATANDO o esôfago. Inflamações: esofagites, DRGE Hérnias Tumores benignos: pólipos Tumores malignos: CEC e Adenoca Divertículos: · Faringoesofágicos: Divertícuclo de Zenker (é o mais frequente) · Epifrênicos: próximo a transição esôfago gástrica (geralmente associado a acalásia) – não é muito comum, mas se há uma fragilidade dessa musculatura ela protui gerando o divertículo. · Podem ser por: ® Pulsão: provável distúrbio motor (aumenta a tensão do esfíncter ericofaríngeo) que empurra a mucosa e submucosa através do triângulo de Killian. ® Tração: geralmente no esôfago médio devido a processos inflamatório. Por exemplo à TB com infarto dos linfonodos parabrônquicos. • Geralmente os divertículos de tração são verdadeiros, possuem todas as camadas. · Cirurgia à cervicotomia à abertura cervical paralelo ao esternocleidomastoideo, afasta esse músculo, pega a tireoide e os músculo paratireoidianos. Afasta lateralmente o esternocleido e medialmente a tireoide e suas músculos. Pinça o pedículo. Realizar a miotomia para não estenosar e formar novamente o divertículo. Acalásia: · A palavra acalasia vem do grego e significa HIPERTONIA DO ESFINCTER ( ausência do seu relaxamento). · É a mais clássica das disfunções motoras do esôfago. · Primária: origem idiopática (não se sabe os motivos) ® Ocorre devido a perda seletiva da função dos neurônios inibitórios dos plexos mesentéricos com perda progressiva dos movimentos peristálticos, provavelmente devido a um fenômeno autoimune em resposta a antígenos desconhecidos. (não relaxam) · Secundária: pela doença de Chagas ® Ocorre degeneração dos plexos mioentéricos pela ação do Trypanossoma cruzi) e neuropatia autonômica diabética. · Pseudoacalásia (5%): ® Obstrução neoplásica que provoca uma dilatação do esôfago. É confirmada pelo Raio-X. P2- Técnica Operatória Isabelle Padilha 12 ® Operações na junção esofagogástrica · Sintomas: ® Disfagia; ® Regurgitação (paciente não consegue deglutir, então joga alimentopara fora) ® Dor torácica; ® Azia e piorse; ® Perda de peso (uma vez que paciente não consegue se alimentar). Na clínica usa-se o Escore de Eckart para avaliar a gravidade da doença e eficácia do tratamento: · Atribui-se de 0 a 3 pontos para os quatro principais sintomas da acalasia: ® Disfagia ® Regurgitação ® Dor Torácica ® Perda de Peso · Variando os resultados de 0 a 12: ® Escore de 0 – 1: estágio clínico 0 ® De 2 - 3: estágio I ® De 4 -6: estágio II ® > 6: estágio III · · Diagnóstico da Acalásia: sugerido pelo quadro clinico e confirmado pelos exames diagnósticos. · Confirmado por exames diagnósticos: endoscopia (EDA) e raio X contrastado (EED) ® Fundamentalmente o melhor exame é o Raio X contrastado. ® A endoscopia serve mais para diagnóstico diferencial, como afastar a hipótese de um esôfago de Barret. ® PROVA - EED CONTRASTADO à imagem em Raio X que simula em um bico de pássaro/ tucano à dilatação proximal e afunilamento distal. Pode ter níveis hidroaéreos e ausência de bolha gástrica. ® Manometria esofágica e manometria de alta resolução (MAR) serve para verificar qual o grau de evolução da acalasia. Cirurgias de Megaesôgafo: Acalásia/ Chagas · A cirurgia para megaesôfago variou desde de simples dilatações e miotomias (hoje até endoscópias) até cirurgias extensas (que tem que dissecar o esôfago). · Aceita-se atualmente a cardiomiotomia com algum tipo de fundoplicatura parcial como a operação mais indicada para os casos não avançados de megaesôfago, para os casos em que há grande dilatação e alongamento do esôfago. · Ainda não há consenso entre os cirurgiões sobre a melhor conduta cirúrgica a ser adotada. Mas o que é preconizado hoje é dia é Miotomia + alguma técnica para o fechamento do esôfago (como a técnica de Niessen). · P2- Técnica Operatória Isabelle Padilha 13 · Técnica de Niessen (fundoplicatura): ® Quando a dobra é total, o estômago passou por trás do esôfago e sutura-se as paredes do estômago. ® Assim, há um envolvimento completo de 360º do esófago distal pelo fundo gástrico, formando uma válvula anti-refluxo. · Técnica de Nissen é 360º. Há outra técnica chamada Toupet que, por sua vez, é 180º (preserva os dois nervos vagos). · Cardiomiotomia – Cirurgia de Heller: ® Faz miotomia APENAS na parede ANTERIOR do esôfago. · Técnica por Pinotti: ® Após miotomia, deixa mucosa e submucosa íntegras, fechando em torno de 270 graus, tira uma fita da parede anterior do esôfago e tampa as duas partes com as paredes do estômago, impedindo mais a estenose da faixa que foi returada, · Técnica de Lortat- Jacob: Diminuir o ângulo entre o esôfago e estomago pode-se melhorar o refluxo, mas não é uma melhora muito expressiva. Tratamento de Hérnia de Hiato e DRGE: · No DRGE e na Hérnia de hiato o tratamento é o mesmo. · Porém ao tratar o DRGE pode-se gerar um câncer, metaplasia no epitélio cilíndrico de maneira a promover um câncer (metaplasia à displasia à câncer). · Técnica de Belsey-Mark: ® Intratorácica, toracocospia, 270 graus; Fechamento pela parede anterior do estômago, enquanto Nissen é por trás do estômago; · Técnica de Toupet: ® Vai até 180 graus, fecha dos dois lados (esquerdo e direito) e fica todo fechado. ® Se pega mais a parede da esquerda para fixar e a outra deixa frouxa para se movimentar. Protege os pilares, impossibilitando de subir Obs.: · Na técnica de Nissen fecha total, na de floppy Nissen se deixa uma folga de um dedo · Prótese de Angelchik: Coloca-se um anel, que é a prótese, situações que não se pode utilizar o estômago Tratamentodo Câncer Esofágico: · Pode ser curativo ou um cuidado paliativo. Curativo: ® Cirurgia D1/ D2/ D3, R0 (essas siglas correspondem a retirada de sítios linfonodais) • D1: retira apenas 1 cadeia (primeiro nível da cadeia de linfonodos). • D3: por ex. numa cirurgiaesofágica retira-se a cadeia cervical e torácica. • Cirurgia R0: tira todos os linfonodos próximos a região afetada, completa ausência de tumor. ® QT (quimioterapia), RT (radioterapia) NEOadjuvante ® QT/RT ADJ (adjuvante) P2- Técnica Operatória Isabelle Padilha 14 · Obs. 1: D3 em cirurgias esofágicas não é indicado, pois há uma taxa de letalidade muito alta. D3 é melhor para cirurgias abdominais. · Obs. 2: se fica um resíduo de tumor microscópico é chamado cirurgia R1. Se for resíduo macroscópico é R2. · O tratamento do câncer é multidisciplinar e multiprofissional. Cuidado Paliativo: · Assim que se descobre uma doença não curável (até uma diabetes por ex.), deve-se começar paralelamente com os cuidados paliativos. · Claro que os cuidados paliativos são mínimos se considerados aos curativos. · O cuidado paliativo é subsidido em: ® Cirurgia de resgate (quando fez um tratamento cirúrgico e posteriormente o câncer voltou, serve para resgatar o paciente a um nível melhor, podendo ser até curativo às vezes) ® Cirurgia de alívio ® Cuidado clínico: QT, RT, entre outros. Tratamento cirúrgico de câncer esofágico à ESOFAGECTOMIA: · Cirurgia pode ser precedida de quimio e radio. · A maioria dos tumores até T4. · Antigamente, quando os linfonodos do tronco celíaco eram comprometidos considerava-se metástase à distância e não se indicava mais cirurgia, apenas quimioterapia e radioterapia. · Hoje até T4 e N2, N3 não são mais considerados metastáticos e é feito a cirurgia, pois perceberam que a sobrevida é maior mesmo com metástase. · Cirurgia aberta envolve o abdome (ABD): ® ABD + TH + CERV • Esofagectomia trans-hiatal (TH) : tem como vantagem não precisar de torocotomia (não abre o tórax) o Descola quase todo esôfago até a região cervical à faz-se uma anastomose esôfago-cervical. o A anastomose cervical é considerada mais segura. o Abre na região cervical e gruda com a região torácica, puxa o tubo pela porção cervical ou abdominal; ® ABD + TT + CERV ® ABD + TT · Cirurgia por vídeo: ® VDL+ VDTC + CERV à Vídeolaparoscopia + videotoracoscopia + cervical; ® VDL + VDTC; ® VDL + CERV; ® Tudo em VDL (há um alto custo e ocorre somente em tumores muito baixos. Feito quando o paciente não suporta uma cirurgia de grande porte ou o tumor afeta somente a cárdia ou cárdiabaixa) · Robótica: ® ABD + CERC; ® ABD; · Para reconstrução do trânsito: ® Esofagectomia + anastomose esôfago-gastro; à cervical ® Esofagectomia + anastomose esôfago-jejuno ® Esofagectomia + anastomose no cólon à torácica P2- Técnica Operatória Isabelle Padilha 15 · Anastomose pode ser na região cervical ou torácica, a preferência é pela cervical. ® Problema da anastomose torácica, como do estômago ao esôfago, é se houver problema na costura, vaza ácido para o mediastino e a mortalidade é muito alta. · Tipos de câncer cervical: ® No terço médio superior; ® No terço médio verdadeiro; ® Na junção esofagogástrica; · TNM - Classificação dos tumores por meio de uma padronização: ® T é o tamanho do tumor (T vai de TX até T4); ® N é o linfonodo (N vai de NX até N3); ® M é a metástase (M vai de MX até M1); Classificação de Câncer Residual (Classificação Histológica) · R maiúsculo se há doença residual ou não, p minúsculo quando vai para cirurgia, patologista classifica de novo só que com p (metástase). ® RX: Não pode ser avaliado ® R0: ausência de câncer residual ® R1: câncer residual microscópico ® R2: câncer residual macroscópico (mesmo vendo o tumor, não foi possível retirá-lo na cirurgia) Histórico: · Lewis: responsável pela cirurgia esôfago-abdominal transhiatal com anastomose intratorácica; · McKcown: afirmou que o método de Lewis gerva muita fístula e pacientes acabavam morrendo, assim, surge esôfago abdominal-transtorácica com anastomose cervical; · Orringer: introduz a esofage minimamente invasiva (Como o Pinotti no Brasil); P2- TécnicaOperatória Isabelle Padilha 16 · Cirurgia aberta: Abre a barriga, visualiza estômago, esôfago e o pescoço; faz uma manobra para passar o estômago para cima. · Cirurgia de Torek: Tubo de borracha; retirada total do esôfago; mortalidade alta · Cirurgia Laparotoracoscópica: ® Paciente em decúbito lateral esquerdo; ® Com o membro superior em extensão; ® Coloca-se os trocáteres, laceia o esôfago e o libera, cortando também a pleura mediastinal. · Piloroplastia: Preferível por proporcionar estase sanguínea. · Anastomose cervical - Várias técnicas: ® Manual ou com sutura mecânica reta ou circular (não é a mais adequada)
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