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Pontos principais de psicologia médica 2

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RESUMO DOS TEXTOS DE PSICOLOGIA MÉDICA – 2ª UNIDADE 
DISCENTE: ANNA BEATRIZ FONSECA – MEDFTC2020.1 – 2° SEMESTRE – TURMA A – TUT 3 
DERMATITES 
DERMATITE ATÓPICA; EXPERIÊNCIA COM GRUPO 
DE CRIANÇAS E FAMILIARES DO AMBULATÓRIO 
DE DERMATOLOGIA SANITÁRIA 
Os indicadores epidemiológicos da demanda clínica da 
Dermatite atópica em psicoterapia afere que na infância 
existe um predomínio de meninos, enquanto na vida 
adulta o maior número de busca terapêutica é de 
mulheres. Quanto à faixa etária, embora ocorra em todas 
as idades, em 85% dos casos os sintomas iniciais são 
apresentados durante os primeiros cinco anos de vida. 
o Winnicott desenvolveu estudos relacionando 
queixas dermatológicas com o estado emocional 
da criança. Preocupava-se em romper o círculo 
vicioso que levava a criança à coceira, à irritação 
da pele e à formação de pápulas, ciclo este que, 
frequentemente só era interrompido pela 
exaustão da criança, angustiando pais e paciente. 
A ideia de que o estresse emocional costuma 
acompanhar os problemas dermatológicos e, por este 
motivo, influencia as alterações da pele é endossada por 
Azambuja, que vai afirmar que todos os aspectos da vida 
da pessoa devem ser considerados durante o 
atendimento, devido à interação de inúmeros fatores 
relacionados ao desencadeamento e desenvolvimento da 
doença dermatológica. O mesmo autor entende que este 
campo de estudo aplica o conceito integrativo ao ser 
humano e que a saúde deve ser compreendida em suas 
diversas dimensões: física, emocional, mental e social, 
incluindo atualmente, a dimensão espiritual. Este é o 
campo da Psicodermatologia, um ramo da dermatologia 
que estuda a influência do psiquismo nos problemas 
dermatológicos. 
Alguns métodos que para redução do estresse podem ser 
feitos pelo próprio paciente, como por exemplo: 
priorizar e organizar o tempo, praticar exercício físico 
aeróbico, ouvir música, ler e até meditar. Os pais devem 
aprender a controlar sua ansiedade, pois é muito comum 
a criança com DA captar o nervosismo dos pais. Outros 
métodos para o controle do estresse podem requerer 
assistência profissional, como por exemplo, uma 
consulta com um psicólogo, ou a participação em grupos 
de apoio para pessoas que sofrem de dermatite atópica. 
A AADA é uma entidade sem fins lucrativos, formada 
por médicos, pacientes, psicólogos e outros profissionais 
da área da saúde. Uma das finalidades da Associação é 
de tentar aproximar o paciente de outras pessoas que 
sofrem do mesmo problema. Entre as atividades 
realizadas pela AADA, destaca-se a formação de grupos 
de apoio para pacientes portadores de DA e seus 
familiares. De preferência, um grupo deve ser formado 
por um médico, ou outro profissional da área da saúde, 
que tenha certa experiência em lidar com pacientes com 
DA. Este profissional é quem geralmente, coordena as 
reuniões. Além de um médico é essencial a presença de 
um psicólogo durante as reuniões. 
 Grupo A – “Na pele do coelhinho...” No grupo 
realizado no mês de abril, trabalhou-se com o 
tema da Páscoa. 
Foram-lhes oferecidos diversos materiais, com o intuito 
de trabalhar e experienciar diferentes texturas: tecido, 
algodão, papéis, etc. O objetivo foi de sensibilizar para o 
tato e o contato com a própria pele, principalmente na 
região das lesões, cuja experiência tátil é diferente. Com 
os pais foram trabalhadas questões referentes ao cuidado 
e à evolução do tratamento; as orientações eram trazidas 
pela médica dermatologista. Foi discutida a importância 
dos animais de estimação para as crianças e avaliada a 
relação risco-benefício para cada portador. Os pais 
começaram, espontaneamente, a associar eventos 
estressores com o aumento das lesões. Mais do que a 
equipe, os próprios pais se “autorizavam” a dar 
orientações. 
 Grupo B – “Quem cuida de quem?” ou “Quem 
vai cuidar da plantinha?” 
Assim como a mãe cuida (ou deve cuidar) de seu filho, 
cada filho deve cuidar da sua pele, da sua lesão. Neste 
grupo cada criança ganhou uma pequena planta, a qual 
deve ser cuidada pela própria criança até o próximo 
encontro. Nos depoimentos dos pais, o tema cuidado 
aparece em diferentes relatos. Em alguns relatos, 
percebia-se a inversão de papéis entre pais/cuidadores e 
filhos/cuidados. 
 Grupo C – “Quem vai tirar férias?” 
Aproveitando a eminência do período de férias 
de inverno. 
Neste encontro a proposta foi de construção, com sucata, 
de um brinquedo que cada criança pudesse levar para 
casa ao final do grupo. O objetivo da equipe era chamar 
a atenção ao fato de que, mesmo quando tiramos férias, 
precisamos cuidar das lesões. As orientações 
dermatológicas enfatizaram os cuidados com o frio: o 
uso de estufa, a água muito quente no banho, a 
necessidade de maior hidratação da pele no inverno. 
Familiares provenientes do interior, da região da serra, 
deveriam redobrar os cuidados, dadas as temperaturas 
mais baixas da região. O tema do cuidado e o movimento 
de autonomia das crianças foram mais uma vez 
retomado. Os pais mais frequentes passaram a funcionar 
como “co-coordenadores”, compartilhando suas 
experiências com os pais que assistiam ao grupo pela 
primeira vez. 
 Grupo D – “Enchendo balões de sentimentos” 
No grupo realizado no mês de outubro o tema 
foi o dia da criança. 
A proposta era trabalhar os sentimentos que poderiam, 
simbolicamente, ser colocados em um balão. No final da 
atividade, as crianças ganhavam balões cheios, que 
continham uma mensagem. A cada balão estourado, a 
criança guardaria a mensagem do grupo. No grupo de 
mães, sentimentos relacionados ao rechaço dos filhos 
com DA foram enfatizados. 
Resultado da pesquisa: 
Verifica-se que o primeiro impasse das famílias diz 
respeito à aceitação da doença, que é crônica e de curso 
imprevisível. A representação da doença de pele como 
algo que é sujo e contagioso se repete sempre com 
intenso sofrimento. A vergonha de mostrar as lesões fica 
evidente no uso de mangas e calças compridas, pela 
maioria das crianças, mesmo quando é calor. A 
associação do sofrimento emocional com o 
aparecimento ou agravamento das lesões, proposta por 
Winnicott e endossada por Azambuja é evidente desde 
o primeiro grupo. 
Percebeu-se que os pais que estabelecem uma relação de 
apego seguro com seus filhos portadores de DA, 
revelaram maior colaboração com as rotinas de cuidado 
das crianças, e que estas apresentavam uma evolução 
clínica mais rápida, com diminuição das lesões de pele. 
Já os pais ou cuidadores mais angustiados ou com 
problemas de vinculação com suas crianças, revelaram 
dificuldade em aderir ao tratamento, rechaçando e/ou 
expondo as crianças, desistindo do tratamento antes que 
o resultado deste se efetivasse. A possibilidade de 
compartilhar experiências com outros familiares, aliado 
à escuta multiprofissional tem deixado os pais mais 
tranquilos e confiantes nos cuidados de seus filhos; já as 
crianças têm revelado maior autonomia ao assumir ou 
aceitar o tratamento. De outro lado, o aproveitamento e 
a satisfação dos pacientes e familiares tem funcionado 
como dispositivo para o maior engajamento da equipe, 
em uma cadeia de retroalimentação positiva. 
A PELE EXPRESSANDO O AFETO: UMA 
INTERVENÇÃO GRUPAL COM PACIENTES 
PORTADORES DE PSICODERMATOSES: 
Objetivo da pesquisa: Analisar a intervenção 
psicoterapêutica grupal com pacientes portadores de 
psicodermatoses como ferramenta para trabalhar as 
questões emocionais envolvidas no adoecimento de pele. 
Resultados: A análise dos dados gerou 5 categorias: 
 Expectativas e projeções: construindo a 
confiança 
Assim como em qualquer situação nova, o início de um 
grupo com pacientes apresenta dificuldades 
características, pois a nova experiência é mobilizadora de 
ansiedades, seja pelo medo do novo, seja pela mudança 
ou pelo papel que imaginam que eles mesmos irão 
ocupar. Os mecanismos de defesaentão aparecem, 
podendo ser compreendidos como os diferentes tipos de 
operações mentais que têm por finalidade a redução das 
ansiedades. 
 Lidando com a doença e dando sentido a ela - 
"O grito" 
Na sociedade atual, em que vigoram padrões estéticos 
bem delimitados e de certa forma exigentes, uma doença 
de pele pode provocar impacto emocional, físico e social, 
afetando a vida dos seus portadores. A visibilidade, o 
aspecto desfigurante, o estigma e muitas vezes a 
cronicidade contribuem para que as dermatoses tragam 
prejuízos importantes para a qualidade de vida e para os 
relacionamentos interpessoais, os sentimentos de 
inadequação e de baixa autoestima. 
Müller ajuda a compreender esse sentimento, ao dizer 
que a pele age como um abrigo da individualidade e, ao 
mesmo tempo em que protege, é a fachada que expõe 
cada um. Pesquisas mostram que a maioria dos 
portadores de psicodermatoses já experimentou o 
sentimento de ser fisicamente não atraente, não desejável 
ou ambos, além de ter sofrido algum tipo de 
discriminação ou rejeição em locais de circulação social 
ou no trabalho. 
Apesar de ser clara a exposição a que ficam submetidos 
os portadores de qualquer tipo de dermatose, muitos 
deles, principalmente os mais graves, apresentam 
queixas e frustrações com relação ao manejo da doença, 
à ineficácia dos tratamentos e por perceber que o 
impacto da doença ainda é subestimado pelos 
profissionais da saúde. Assim, pode-se dizer que dói 
também o "não olhar", ou seja, a desqualificação da dor. 
O estresse também aparece como um elemento 
importante no desencadeamento ou no agravamento das 
psicodermatoses: 
1. Em pesquisa realizada sobre os possíveis 
desencadeantes relatados por pacientes de 
psoríase e vitiligo, verificou-se que a perda por 
morte ou separação de membros da família foi 
o fator mais citado, seguido por problemas 
familiares, crises do ciclo vital, eventos 
estressores imprevisíveis, além de características 
do próprio indivíduo; 
2. Estudos realizados demonstram a relação entre 
o eczema infantil e a privação de afeto pela falta 
de contato físico, terno e envolvente por parte da 
mãe. Crianças que vivenciaram traumas iniciais 
no desenvolvimento e cuja necessidade de 
estímulo tátil cutâneo não foi apropriadamente 
desenvolvida podem tornar-se inábeis para lidar 
com a ansiedade, podendo desencadear 
sintomas na pele quando estressados, cuja 
profundidade é proporcional à profundidade do 
dano psíquico. 
Por esse motivo, entende-se a doença como 
representativa de emoções não resolvidas, apresentando-
se como manifestações orgânicas. 
 Limites e diferenciação 
Durante o desenvolvimento inicial, especialmente até o 
primeiro ano de vida, a criança vive num estado primário 
não integrado, em que é extremamente dependente dos 
cuidados de um adulto. O toque e os cuidados maternos 
afetivos conferem ao bebê, num primeiro momento, a 
sensação de continência, definido por Winnicott 
como holding. 
Tais cuidados, juntamente com a vivência desse processo 
de fusão e separação, permitem a construção da noção 
de confiança, integridade e identidade. Além disso, a 
pele está integrada ao desenvolvimento da imagem 
corporal, ou seja, à representação mental do corpo e de 
seus órgãos, que se desenvolve em resposta à presença 
empática do cuidador, principalmente pelo cuidado, 
apego seguro e pelo toque. Este propicia o contorno da 
borda original da superfície do corpo, e por meio disso 
confere-lhe uma forma e a noção dos limites entre 
interno e externo. 
Se a pele exerce o papel de "barreira" e de limite entre o 
eu e o outro, pode-se dizer que o adoecimento de pele 
fala de adoecimento dos limites e que essa barreira se 
encontra fluida e permeável. No grupo, foi possível 
perceber esta como uma característica própria dos 
pacientes portadores de psicodermatoses. O 
adoecimento de pele escancara algo que se passou nas 
relações iniciais e é um sintoma que fala da dificuldade 
de diferenciação e do estabelecimento de limites eu-
outro. Ainda conforme, a busca de fusão com o outro, 
exemplificada pela dificuldade em expressar emoções e 
fazer isso por meio do corpo também marca o seu 
oposto, a busca da diferenciação. 
 O grupo como espaço de ressignificação das 
relações 
A intervenção grupal permite a criação de um ambiente 
que oportuniza aos participantes falarem de si e se verem 
nos demais, mas também é um espaço em que se deparar 
com a dor e o sofrimento é necessário para que possam 
experimentar não apenas novas formas de se relacionar 
consigo mesmos e com os outros, como também novas 
vias de expressão dos afetos. 
O grupo pode ser comparado a uma galeria de espelhos, 
em que cada um se reflete e é refletido pelos demais, 
sendo esse um fator terapêutico importante do grupo. 
Por esse aspecto, o componente visual da abordagem 
grupal é de extrema importância, pois pacientes e 
terapeuta funcionam como espelhos para cada um e para 
si mesmos. Além disso, o grupo oportuniza que cada um 
compare e constate suas próprias maneiras com as de 
outros e familiarize-se com novas maneiras de 
sofrimento e de solução de conflitos. 
 Validando o grupo como ferramenta 
A intervenção grupal com pacientes portadores de 
psicodermatoses oportunizou a criação de um espaço de 
escuta e acolhimento, no qual os participantes, por 
viverem situações semelhantes, puderam enxergar a si e 
aos demais, aprender com a experiência dos outros e 
ensaiar movimentos e mudanças com relação à forma de 
se relacionarem consigo mesmos e com o mundo. 
A função de holding é o principal atributo 
do setting grupal, sendo que o próprio grupo funcionou 
como um importante continente das necessidades e 
angústias de cada um, na medida em que o paciente 
conquista a condição que realmente pertence a ele. 
Assim, a função de holding é exercida não só pelo 
terapeuta, mas ainda pelo conjunto grupal, sendo essa 
uma das funções terapêuticas universais realizadas por 
um grupo. 
Nos grupos somáticos homogêneos, o fato de os 
pacientes sofrerem por problemas semelhantes e 
enfrentarem situações parecidas contribui para que se 
crie um forte clima de coesão grupal e mútua 
solidariedade entre si, o que Mello Filho chama de 
"universalidade de conflitos". Dessa forma, sentem alívio 
ao perceber que os outros também vivem situações e 
sentimentos semelhantes, além de oportunizar que os 
participantes se sintam valorizados em apoiar e colaborar 
com seus pares de grupo. Além disso, esse processo de 
identificação e trocas repercute no aumento do 
repertório de comportamentos, respostas e interações. 
Considerações finais: 
Através da intervenção psicoterapêutica grupal, criou-se 
um espaço que possibilitou ir para além da doença de 
pele: esta foi somente a porta de entrada para que, saindo 
da pele-superfície, se adentrasse a níveis mais profundos, 
íntimos e singulares do psiquismo, em que a doença 
aparece como um sintoma de algo que não pode mais 
deixar de ser visto: escancara o que é da ordem do afeto, 
do psíquico, do emocional. Se a pele exerce o papel de 
barreira entre o interno e o externo, então pode-se dizer 
que o adoecimento da pele fala de adoecimento dos 
limites, sendo um sintoma da dificuldade de 
diferenciação entre o eu e o outro. 
Além disso, o espaço grupal pôde servir ora como 
espelho, possibilitando que os pacientes se enxergassem 
através do outro e para dentro de si, ora como ventre, 
permitindo que mudanças pudessem ser gestadas e 
reaprendizagens feitas. Por isso, compreende-se que a 
intervenção grupal foi uma importante ferramenta na 
abordagem de pacientes portadores de psicodermatoses, 
na medida em que se configurou como um espaço 
seguro de expressão de afetos e ressignificação de 
vínculos e padrões de relacionamento estereotipados. 
Ao evidenciar os aspectos emocionais presentes nas 
psicodermatoses,se privilegia um novo olhar e um 
modelo mais integrado de atenção. 
SAÚDE DO HOMEM 
COMO HOMENS IDOSOS CUIDAM DE SUA PRÓPRIA 
SAÚDE NA ATENÇÃO BÁSICA? 
A partir da análise dos dados, obtivemos duas categorias: 
 
 Formas de cuidados à saúde pelo homem idoso: 
 “O outro me cuida” traduz as falas dos entrevistados que 
demonstraram a necessidade de cuidador como 
responsável por sua saúde, incluindo o controle de 
administração de medicamentos, mesmo quando 
poderiam lançar estratégia de memorização dos 
mesmos. Nesse contexto, os entrevistados optaram por 
atender à solicitação de familiar que coordena a rotina de 
cuidados à saúde. Explicitaram também a necessidade de 
maior incentivo à saúde do homem para que se sintam 
mais motivados a frequentar tal espaço, uma vez que tem 
outros atrativos ao invés de irem aos serviços de saúde, 
como socializar com amigos. 
A segunda subcategoria “eu me cuido” foi mais discreta, 
pois alguns dos entrevistados se preocuparam em realizar 
o cuidado com a própria saúde, mas ainda restrito a 
realização de exames laboratoriais gerais ou relacionados 
à saúde sexual e reprodutiva; e apontaram a importância 
de se cuidar para significar o estar vivo. Outros 
procuraram os cuidados apenas quando apresentaram 
algum quadro agudo de alteração da saúde. Alguns 
entrevistados pontuaram que homens buscam menos os 
cuidados à saúde, quando comparados às mulheres, pois 
eles não necessitam desses cuidados frequentemente, 
apontando que mulheres adoecem mais que homens, ou 
que elas são privilegiadas nesse contexto. 
 Serviço de saúde como apoiador no 
(des)cuidado do homem idoso: 
No que tange à UBS, os entrevistados ressaltaram a 
proximidade desse serviço de saúde com suas 
residências como ponto positivo, mas destacaram a 
dificuldade de acesso aos medicamentos. E quanto aos 
profissionais de saúde da UBS, alguns apontaram o 
atendimento desqualificado, já outros, descreveram 
como satisfatório, mas foram unânimes sobre a espera 
exagerada na fila para esse atendimento. Segundo os 
participantes, esses aspectos também fragilizam os 
cuidados com a própria saúde. 
 Discussão: 
Os participantes deste estudo reforçaram questões de 
gênero, como ser homem os respalda a ter menos 
cuidados com a própria saúde. Mas, pelo fato de serem 
idosos com morbidades diagnosticadas, diferentemente 
de quando jovens, destacaram a busca, mesmo que 
irregular, de serviços de saúde, porém acreditam que 
esse cuidado precisa ser realizado por outra esfera, seja 
um elemento (exames para diagnóstico, fármacos), 
familiar (em geral, figura feminina) ou profissionais de 
saúde. 
Mesmo quando descreveram mudanças de 
comportamento ao longo dos anos, ou seja, de não 
frequentadores de serviços de saúde para se tornarem 
presentes em consultas com profissionais da UBS, 
revelaram pensamentos de que essas ações pontuais são 
suficientes para o cuidado de sua própria saúde. Esse 
movimento remete à cultura de que o homem precisa ser 
cuidado, e não se cuidar. Dessa maneira, os entrevistados 
desta investigação pontuaram o acesso à tríade 
(medicamentos, exames, profissionais) como sinônimo 
de ter saúde. 
O comportamento de não buscarem serviços de saúde 
com frequência, destacado pelos idosos desta 
investigação como típico do sexo masculino, foi 
relacionado ao imaginário cultural sobre o que é ser 
homem; o medo de descobrirem que estão doentes e a 
vergonha em expor o seu corpo. Esse aspecto só reforça 
de que não há necessidade de mais programas, além dos 
existentes. Indicando que precisa é ser garantido o acesso 
à AB, como proposto pela política nacional de atenção 
básica, e dessa forma, populações resistentes a 
desenvolver comportamentos de promoção à saúde e 
prevenção de agravos, como a de homens com mais de 
60 anos, possam se apropriar de informações que os 
tornem protagonistas de seu cuidado, ou seja, 
participação de ações de educação em saúde, pois à 
medida que identificássemos demandas adicionais, estas 
poderiam ser incorporadas à nossa cultura de cuidado. 
Além disso, outro motivo que pode justificar a baixa 
procura dos homens pelos serviços de saúde é o 
desajuste da estrutura no atendimento e assistência às 
demandas específicas à população masculina, o que 
pode ampliar as suas dificuldades na busca pela 
assistência à saúde, bem como contribuir para um menor 
empenho dos mesmos em manter hábitos de vida 
saudáveis e adesão a tratamentos nas situações de maior 
vulnerabilidade. 
Os homens idosos entrevistados apontaram estratégias 
para estabelecer vínculo de homens idosos e UBS, como 
oferta de incentivos específicos, atendimento 
direcionado para homens, para que dessa maneira se 
sintam incluídos no cuidado, do mesmo modo que 
identificaram o atendimento às mulheres. Sugeriram 
atendimento por separação de gênero, mesmo quando 
para acompanhamento de condição crônica. 
Já que as UBS, geralmente, funcionam no período 
diurno, coincidindo com o horário de trabalho desses 
indivíduos. Esse aspecto poderia ser também 
relacionado à falta de conhecimento da maioria dos 
participantes sobre a campanha “novembro azul” e 
reduzida cobertura da estratégia saúde da família 
portanto, a minoria tem agentes domiciliares com 
informações atualizadas sobre ações de saúde. 
 Contribuições para a área da enfermagem, saúde 
ou política pública: 
Para atender a essa população, a equipe precisa se 
apropriar de ferramentas que possa despertar no homem 
idoso seus próprios cuidados, pois não tem coerência no 
contexto histórico-político-econômico o reforço de 
machismo e assistencialismo. Uma das ferramentas que 
podemos implementar no atendimento aos homens 
idosos é o autocuidado apoiado, que tem como foco a 
promoção de saúde e prevenção de agravos. E dessa 
forma, homens nessa faixa etária poderão atingir metas 
para melhorar sua condição de saúde e protagonizar seu 
plano terapêutico. 
Nesse sentido, percebemos que a oferta de acesso aos 
homens é de fundamental importância para 
estabelecimento/fortalecimento de vínculos entre 
usuários e profissionais de saúde, para tanto esse 
movimento demandará profissionais treinados e 
sensibilizados com necessidades de saúde de homens 
idosos independentes, para que juntos desenvolvam 
projeto terapêutico sinérgico de tratamento, prevenção 
de agravos e promoção de saúde. 
HOMENS E CUIDADO À SAÚDE NAS 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFISSIONAIS 
DE SAÚDE: 
Apesar de serem mais vulneráveis e morrerem mais 
precocemente, os homens quase não buscam os serviços 
de saúde, principalmente, a atenção básica, pois se 
consideram invulneráveis. Isso contribui para que se 
cuidem menos, os tornando mais propensos ao risco de 
adoecer. As causas apontadas por dificultar este acesso 
são inúmeras e dividem-se, basicamente, em dois grupos: 
as barreiras socioculturais e institucionais. 
 As barreiras socioculturais estão relacionadas 
aos estereótipos de gênero que concebem o ser 
homem, como um ser forte, viril e invulnerável; 
 Dentre as barreiras institucionais que 
comprometem a busca dos homens pelos 
serviços de saúde, pode-se citar o horário de 
funcionamento das unidades, coincidente com a 
jornada de trabalho; as equipes de saúde 
constituída, predominantemente, por mulheres; 
a demora em conseguir atendimento; o 
acolhimento deficiente; o despreparo dos 
profissionais; a ausência de programas voltados 
ao público masculino; a estrutura física que não 
permite uma privacidade no atendimento; a 
precarização e baixa resolutividade dos serviços 
de saúde, principalmente na atenção básica. 
Para atender o indivíduo e a coletividade a ESF 
(Estratégia de saúde e família) é operacionalizada por 
equipes multiprofissionais que têm na promoção, 
proteção da saúde, tratamento e reabilitação, os pilares 
do seu trabalho. O trabalho desenvolvido na ESF, 
mesmo que voltado ao indivíduoe às coletividades, 
prioriza a atenção para grupos específicos e os homens 
mantêm-se, neste modelo de atenção, de certa maneira 
afastados de algumas abordagens da estratégia, quais 
sejam a prevenção e promoção da saúde. Para reverter o 
distanciamento entre o homem e a atenção à saúde e 
incorporá-lo em todos os níveis de atenção, em especial, 
aqueles na faixa etária entre 20 e 59 anos, o Ministério 
da Saúde implantou, em 2009, a Política Nacional de 
Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH). 
A forma como o profissional reconhece o usuário dentro 
do serviço de saúde e a representação social deste 
profissional, pode influenciar sua ação na produção do 
cuidado, uma vez que esta tem uma característica 
peculiar que é a subjetividade de cada profissional. Nesse 
sentido, fundamentou-se na Teoria das Representações 
Sociais (TRS) para buscar compreender esse fenômeno 
na percepção dos sujeitos sociais que atuam na ESF, 
permitindo elucidar a subjetividade inerente aos 
cuidados que o homem tem com a sua saúde à luz de 
quem o acompanha. Esta apreensão poderá nortear 
futuros estudos de intervenção social sobre a temática, as 
quais podem ser direcionadas no sentido de combater o 
estigma e preconceito que tantos profissionais de saúde 
têm sobre o homem e o cuidado à saúde. Diante disso, 
nestes momentos que procedem à implantação da 
PNAISH, para a avaliação da efetividade de suas ações, 
torna-se importante conhecer a representação que os 
profissionais de saúde têm acerca do ser homem e do 
cuidado com a sua saúde. 
 Resultados: 
 
As evocações que apareceram no quadrante superior 
esquerdo são consideradas mais significativas para os 
profissionais, constituindo o núcleo central e a provável 
representação do objeto estudo: desinteresse, medo, 
descuidado, falta de prevenção e câncer de próstata. Os 
termos que compuseram o primeiro sistema periférico 
foram: doença crônica, atendimento imediato e 
machismo. Essas evocações atuam como elementos 
reforçadores dos elementos centrais, sendo 
caracterizados como elementos periféricos, flexíveis e 
tangíveis, tendo maior frequência e menor importância 
atribuída pelos profissionais. Quanto à segunda periferia, 
localizada no quadrante inferior direito foram 
categorizadas as evocações: cuidar, falta de tempo, 
provedor e saúde. Esses termos léxicos são elementos 
mais claramente periféricos, tendo em vista que são 
menos frequentes e menos importantes para os 
profissionais em suas representações. Por fim, verificou-
se que os termos DST, preconceito, dificuldade de 
acesso, irresponsável, tabagismo e vergonha, são 
elementos com menor frequência, porém, com maior 
importância no esquema cognitivo, constituindo os 
elementos de contraste da representação, provendo a 
sustentação e solidez do núcleo central. 
Os termos evocados, neste estudo, revelam uma 
representação negativa por parte dos profissionais de 
saúde acerca dos homens no cuidado à sua saúde e 
revelam, provavelmente, o quanto o pensamento social 
de gênero e os estereótipos estão (re)significando a práxis 
e produzindo afetos nesses profissionais, refletindo no 
cotidiano do processo de trabalho. Os principais termos 
evocados, núcleo central, reafirmam o imaginário social 
perpetuado através do modelo machista hegemônico 
que aprisiona o homem à ideia do ser forte, viril, 
invulnerável, provedor do lar e da família. 
Entretanto, essa visão reducionista talvez esteja vinculada 
ao fato dos homens acessarem os serviços de saúde em 
busca do urologista, preocupados com a próstata, ou 
quando acometidos por problemas agudos, como a dor, 
ou por doenças crônicas, como hipertensão arterial e 
diabetes ou por questões de ordem sexual, como as 
doenças sexualmente transmissíveis. A despeito do 
descuido com a saúde, o medo de descobrir alguma 
doença grave, e/ou da morte, geralmente, está presente 
no imaginário masculino, acentuando o abismo que 
separa o homem do cuidado e dos serviços de saúde. 
Além desse, a vergonha é outro sentimento que aparece 
na zona de contraste deste estudo, sendo objetivada pela 
vergonha de expor o corpo, principalmente, no tocante 
a prevenção do câncer de próstata, de partilhar espaços 
educativos com mulheres, de demonstrar sinal de 
fraqueza ao buscar os serviços de saúde, que 
historicamente é um comportamento feminino e, até 
mesmo, vergonha de expor suas necessidades a 
profissionais do sexo feminino, o que também aparece 
na literatura como forma de expressão da resistência 
masculina ao autocuidado. Atendimento imediato, 
elemento evocado na primeira periferia, reflete uma 
concepção que caracteriza o homem, dentro do serviço 
de saúde, de forma negativa em função da sua 
impaciência na espera por atendimento. Os homens 
buscam um atendimento imediato e, por isso, muitas 
vezes, prioriza os serviços de farmácias e prontos-
socorros, ou mesmo a automedicação. 
Entretanto, apesar das barreiras que dificultam o acesso 
masculino aos serviços de saúde, eles têm buscado 
atendimento. Estudo destaca que nos serviços 
pesquisados foi notória a presença masculina, embora 
sejam predominantes os idosos e crianças. 
É através do trabalho que o homem consegue significar 
o seu papel de chefe da família. Entretanto, essa 
obrigação social que torna o homem o principal 
responsável pelo sustento da família, desobriga-o do 
papel de cuidar da própria saúde, forçando-o a priorizar 
na divisão do seu tempo o trabalho, ao invés da saúde. 
Os termos cuidado e saúde, que também aparecem na 
segunda periferia, são evocados nesse sentido, onde a 
população masculina precisa priorizar mais o cuidado 
com a própria saúde. As transformações que ocorreram 
na sociedade ao longo do tempo, como a crescente 
inserção das mulheres no mercado de trabalho, muitas 
vezes, tornando-as chefes de família e provedoras do lar, 
atribuições ainda, hegemonicamente masculinas, 
mobilizaram afetos nos homens, produzindo novos 
significados e representações ao ideal de masculinidade 
construído e apreendido socialmente, deixando-os 
afetados quanto ao seu papel e frustrados com algumas 
instituições sociais, como o casamento e o trabalho7 . 
Assim, mesmo com as mudanças ocorridas na sociedade 
nos últimos anos, o homem quando tenta romper com 
essas barreiras impostas pelo modelo machista 
hegemônico e resignificar o cuidado com a própria 
saúde, ainda se torna alvo de críticas, pois a 
representação da sociedade frente ao ser homem ainda 
é algo limitado que merece diversas análises. É 
necessário agir intensamente no sentido de desconstruir 
a imagem de masculinidade vigente no imaginário social, 
numa tentativa de aproximar o universo masculino ao 
cuidado ativo com a saúde. 
HIV/AIDS 
PERCEPÇÃO DE PACIENTES COM AIDS 
DIAGNOSTICADA NA ADOLESCÊNCIA SOBRE O 
ACONSELHAMENTO PRÉ E PÓS-TESTE HIV 
REALIZADO 
No Brasil, o grupo populacional entre 13 e 19 anos 
continua apresentando taxas crescentes de incidência de 
AIDS. A dinâmica atual da epidemia em adolescentes 
indica uma feminização mais intensa que nas outras 
faixas etárias, bem como o aumento entre homens jovens 
que fazem sexo com homens. 
O aconselhamento para a realização do exame anti-HIV 
é preconizado pelo Ministério da Saúde e se trata de um 
procedimento de escuta ativa, individualizado e centrado 
no cliente. Tem por objetivos principais promover a 
reflexão que possibilite a percepção dos próprios riscos, 
a adoção de práticas mais seguras e a adesão ao 
tratamento. O processo de aconselhamento contém três 
componentes: apoio emocional, apoio educativo e 
avaliação de riscos. 
 O apoio educativo trata das trocas de 
informações sobre DST e HIV/AIDS, suas 
formas de transmissão, prevenção e tratamento; 
 A avaliação de riscos propicia a refexão sobre 
valores, atitudes e condutas, incluindo o 
planejamento de estratégias de redução de risco. 
Contribui tambémpara uma relação de 
confiança entre profissional de saúde e usuário, 
e torna o indivíduo sujeito no processo de 
prevenção e no cuidado de si, sendo referência 
importante para o controle da doença. 
Em se tratando de adolescentes o aconselhamento 
adquire um valor ampliado, por ser uma fase da vida de 
aquisição de novas competências e habilidades que vão 
contribuir para a garantia do autocuidado à saúde na 
idade adulta. O diagnóstico de uma doença crônica e 
incurável como a Aids na adolescência é fato impactante, 
pois pode provocar variadas mudanças no cotidiano, na 
vida estudantil, no processo de socialização fora do 
ambiente familiar, entre outras, impostos pelos sinais e 
sintomas da enfermidade e também por seu tratamento. 
A prioridade da vida muda, passa a ser o cuidado da 
doença. Neste sentido, o aconselhamento pré e pós-teste 
HIV da forma como for realizado pode aumentar ou 
reduzir o impacto do diagnóstico e a adesão ao 
tratamento. 
O estatuto da criança e do adolescente – ECA
 
e as 
normas éticas de atendimento a adolescentes garantem o 
direito à autonomia, à confidencialidade e ao sigilo das 
consultas, sem a participação dos responsáveis. Porém, 
determinadas situações em que se considera que a saúde 
do adolescente está colocada em risco, a manutenção do 
sigilo é questionada
 
e quase sempre não recomendada, 
para proteção do paciente. O profissional de saúde deve 
avaliar até que ponto o adolescente está apto a exercer o 
autocuidado. A divulgação do resultado de exame HIV 
positivo é uma destas situações. Portanto, é aconselhável 
que esta notícia seja dada na presença de algum familiar 
que possa dar o suporte afetivo e o amparo neste difícil 
momento de vida. Verificamos que na maioria dos casos 
o diagnóstico foi dado para o adolescente sozinho, 
principalmente aos rapazes. 
 Pré-teste HIV 
Identificamos que na percepção de nossos entrevistados, 
o diálogo que se estabelece na consulta sobre o pedido 
do exame se restringe à motivação da solicitação do 
mesmo com ou sem avaliação de risco. Porém, para a 
maioria deles, nada foi falado sobre a justificativa da 
solicitação do teste. O fundamento externado para a 
demanda do teste HIV foi: para alguns, sinais e sintomas 
de DST ou de doenças oportunistas; para outros, a 
atividade sexual de risco que inclui o não uso de 
preservativo ou parcerias HIV positivos. 
Alguns pacientes pediram para fazer o teste por vontade 
própria e outros foram informados se tratar de um 
exame de rotina, principalmente as adolescentes do sexo 
feminino quando submetidas ao exame ginecológico 
preventivo ou no pré-natal. 
 O teste HIV é preconizado para todas as 
gestantes durante o pré-natal, faz parte da rotina. 
Entretanto, ele não é obrigatório e o 
aconselhamento deve ser feito. Mas o que tem 
sido observado nos estudos com gestantes é que 
esta prática já está incorporada à clínica e o 
aconselhamento tem sido esquecido. 
Certo autoritarismo na postura do profissional de saúde, 
que se sente possuidor de arbítrio sobre o paciente, da 
prerrogativa de decidir o que é melhor para ele, pois 
detém o saber. Ao problematizar a formação dos 
aconselhadores, Galindo et al. observam dois modos de 
aconselhar: 
 O primeiro se refere à postura tradicional das 
práticas em saúde, autoritária, protocolar e 
instrutiva; 
 A segunda postura profissional é baseada na 
simetria da relação, com foco no protagonismo 
do usuário, que representa maior possibilidade 
de compreensão e do autocuidado. 
 Aconselhamento pós-teste HIV 
Pudemos observar que, na percepção de nossos 
interlocutores, o aconselhamento bem conduzido parece 
ter contribuído com a expressão de atitudes positivas em 
relação ao futuro e à convivência com doença crônica e 
incurável. Nestes casos o profissional acolheu e deu 
apoio emocional ao paciente, explicou sobre a doença e 
seu tratamento e desmistificou as fantasias que existem 
em relação à sua evolução. Como consequência eles se 
engajam mais responsavelmente no tratamento com 
autocuidado e percebem suas próprias vidas como 
normais. Para outros, o resultado do exame foi apenas 
entregue, não tendo recebido nenhuma orientação sobre 
o diagnóstico, só a informação que eram soropositivos 
ou então lhes foram prescritas condutas e deveres sem 
sentido para eles, de difícil compreensão. Nestes casos 
nossos entrevistados se perceberam inseguros, 
amedrontados em relação ao futuro, com falta de 
perspectivas. 
Dar um diagnóstico de uma doença crônica e incurável 
não é uma tarefa fácil, além de implicar em dilemas 
éticos. Por outro lado, a formação médica na maioria das 
escolas ainda privilegia a tecnologia, não dando muito 
atenção a outras questões como as habilidades 
comunicacionais. 
Mais da metade dos jovens investigados mencionaram o 
suicídio em casos de confirmação da soropositividade. A 
ideação suicida foi mais frequente no sexo masculino e 
na faixa etária mais jovem, em menores de 30 anos. Os 
autores ressaltam que o aconselhamento pré e pós-teste 
HIV pode rastrear o risco de suicídio em pacientes com 
comportamentos depressivos e criar estratégias de 
intervenção para evitá-los. 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO HIV/AIDS PARA 
AS PESSOAS QUE CONVIVEM COM A SÍNDROME: 
 Os significados da AIDS: Entre sentimentos e 
definições: 
As unidades de significação correspondentes à categoria 
são: sentimento de tristeza, AIDS como doença crônica, 
desespero após o diagnóstico, medo da AIDS, AIDS 
como um problema, AIDS como fator limitante, AIDS 
como algo prejudicial, surpresa pelo diagnóstico, doença 
sexualmente transmissível, AIDS como sinônimo de 
dor, doença de gays, doença do outro, exclusão pelos 
outros, revolta pela doença e doença do século. 
 
O sentimento de tristeza emerge como a temática de 
maior representatividade nesta categoria. Esta situação 
pode ser explicada pelo fato de o diagnóstico de 
HIV/AIDS configurar-se como sofrimento e tristeza que 
precisam ser absorvidos no cotidiano da vida, 
considerando que a síndrome não possui cura. O 
diagnóstico apresenta-se como uma realidade que 
vivenciam, precisam aceitar e este processo de aceitação 
da doença está presente no contexto dos quadros 
simbólicos do grupo social a que pertencem. A tristeza 
pode estar associada ao diagnóstico e à preocupação com 
os familiares, temendo deixar os entes queridos. Neste 
sentido, a tristeza relaciona-se não só a si mesmo, como 
também aos demais envolvidos em seu grupo social e, 
principalmente, à família. 
A AIDS assume, também, o significado de desespero. O 
medo da síndrome pode ser explicado pelo estigma 
enfrentado pelas AIDS, pelo sentimento de morte 
iminente ou pelas complicações impostas pela 
fragilidade no sistema imunológico. Este desespero 
reforça a ideia de que os profissionais de saúde, em 
especial os de enfermagem, precisam ser sensíveis para 
perceber que o tratamento exige empatia e a visualização 
da fragilidade psicológica do paciente. Os aspectos 
biopsicossociais devem ser tratados para melhorar a 
adesão medicamentosa e intensificar os cuidados que os 
clientes precisam ter em seu dia a dia quanto à 
alimentação, repouso e exercícios físicos, conforme a 
descrição a seguir sinaliza. 
 Outro aspecto importante dessa temática ocorre pela 
ancoragem da aids em doenças crônicas não 
transmissíveis aceitas no cotidiano das pessoas, o que 
significa um processo de naturalização da síndrome. Este 
novo processo de ancoragem tem semelhanças em 
outros estudos e possui relação com mudanças 
representacionais observadas nas representações sociais 
da síndrome nos últimos anos. 
 O enfrentamento da AIDS: a abordagem de 
algumas estratégias: 
As unidades de significação referentes à categoria são: 
mudança de hábitos, aids como qualquer doença, aids 
como sinônimo de maior cuidado pessoal, aids como 
algo natural, superação, valorizaçãoda família e da vida, 
luta pela vida, aids como vida, recomeço após o 
diagnóstico, se amar mais, pessoas sem preconceito, 
aproximação da fé como ponto de apoio, liberdade, 
experiência de vida e felicidade após o diagnóstico. 
 Nesta categoria, observa-se que a infecção pelo vírus 
trouxe, para alguns, uma aproximação com a fé, servindo 
como ponto de apoio para a superação do diagnóstico e 
de suas interfaces e a procura por um poder superior 
como uma forma de alívio, força e superação. Com isto, 
foi-se desenhando um modelo de cuidado que abordasse 
não só os aspectos biológicos, mas também os 
biopsicossociais e espirituais do indivíduo. O fator 
espiritual pode ser preponderante para o bem-estar do 
indivíduo; contudo, infelizmente, pode ser um fator 
negligenciado pelos profissionais de saúde, em parte pela 
sensação de subjetividade na intervenção desse quesito. 
Pode-se observar, ainda, a representação da síndrome 
como recomeço, em que se deve valorizar mais a vida e 
o convívio familiar, como se enfrentassem uma luta 
diária pela vida e precisassem de força e do apoio dos 
outros para superá-la. Este recomeço está associado, em 
alguns casos, com o tratamento medicamentoso que 
exige disciplina e associa-se a mudanças de hábitos e 
costumes, especialmente com aqueles que interferem 
negativamente no efeito e na eficácia dos medicamentos, 
bem como no processo de adesão ao tratamento. 
A aids possui a representação de incentivo para um 
maior cuidado pessoal, associada ao aumento do amor 
próprio quando o indivíduo passa a valorizar mais a sua 
existência. O momento do diagnóstico é um divisor de 
águas na vida dos sujeitos. 
 As imagens da aids: doença incurável, morte e 
Cazuza: 
Nesta categoria, observa-se o HIV/AIDS como uma 
doença sem solução, um caminho mais rápido e sem 
volta para a morte, podendo ser considerada por alguns 
como o fim dos tempos. As dimensões representacionais 
que compõem esta categoria conferem ao HIV/AIDS 
atributos negativos, assim como a primeira categoria. 
O pensamento de morte é associado à depressão 
ocasionada pelo diagnóstico e a percepção da aids como 
doença incurável, bem como às imagens negativas 
presentes na sociedade sobre a síndrome. Sabe-se que, 
apesar dos avanços tecnológicos e científicos, a 
percepção da morte iminente ainda está presente no dia 
a dia das PVHA, sendo necessária uma atenção maior 
dos profissionais de saúde frente a este sentimento. 
No tema Cazuza como imagem da aids, observa- -se que 
o cantor, no fim de sua carreira, em estado caquético e 
terminal e, com as fortes imagens de vídeo e filme sobre 
sua vida, fizeram fortalecer a ideia de terminalidade, 
tornando-se sinônimo de morte. 
 
 Conclusão: 
Nota-se que cada sujeito tem uma forma de lidar com a 
síndrome e que, em alguns casos, a pessoa pode 
visualizar a situação com dimensões positivas, em que se 
tem um reencontro com a família, a busca por mais 
saúde e bem-estar e a preocupação consigo mesmo. Esta 
situação é considerada como importante, uma vez que 
representa uma nova visão, que dificilmente era 
associada ao HIV/ AIDS anteriormente. Em outra 
vertente, tem-se a aids ainda como algo fomentador de 
muito preconceito em que pessoas percebem o 
diagnóstico da soropositividade como uma sentença de 
morte. Neste contexto, a finitude da vida torna-se mais 
próxima a cada dia, como em uma contagem regressiva, 
além das manifestações físicas que são esperadas pelos 
sujeitos, oriundas da ancoragem nas imagens de Cazuza 
e outros artistas contemporâneos. 
SAÚDE DOS MÉDICOS E DOS ESTUDANTES DE 
MEDICINA 
SUICÍDIO ENTRE MÉDICOS E ESTUDANTES DE 
MEDICINA: REVISÃO DE LITERATURA: 
 Suicídio e ideações suicidas em estudantes de 
Medicina e médicos: 
1. A taxa de suicídio em médicos é de três a cinco 
vezes maior do que a da população geral. 
Com relação aos métodos utilizados, seis casos foram 
por enforcamento/asfixia, cinco casos por salto de uma 
grande altura, dois por intoxicação e um por salto em 
frente a um trem. Em 50% desses casos, os estudantes já 
haviam tido acompanhamento psiquiátrico e dois 
estavam em tratamento na época da morte. 
2. Estima-se que 60% dos indivíduos que se 
suicidam apresentavam previamente ideações. 
Os preditores identificados nesta população foram falta 
de controle sobre as situações, traços de personalidade, 
estado civil solteiro, eventos negativos na vida e 
sofrimento mental, especialmente depressão e 
ansiedade. 
 Fatores que influenciam os comportamentos 
suicidas: 
A relação a essa junção de fatores que podem influenciar 
a ideação e o comportamento suicida, a maior parte dos 
artigos indica transtornos psiquiátricos, como depressão 
e abuso de substâncias, e fatores externos, como 
questões relacionadas às condições de trabalho, pressão 
psicológica, alta carga de trabalho, etc. 
1. Estudos indicam que há evidências de que os 
estudantes de Medicina e residentes têm mais 
possibilidade de sofrer de depressão do que 
alunos de outras pós-graduações e adultos jovens 
em geral. 
A escola médica é reconhecida por inúmeras pesquisas 
como desencadeadora de estresse e como influência 
negativa no bem-estar físico e psicológico, e no 
desempenho acadêmico dos estudantes de Medicina. 
Os principais fatores de risco para esse transtorno 
encontrados nesta população são grande carga de 
trabalho, privação do sono, dificuldade com pacientes, 
ambientes insalubres, preocupações financeiras e 
sobrecarga de informações. Esses estressores podem 
influenciar negativamente o desempenho acadêmico, a 
saúde física e o bem-estar psicológico dos estudantes, 
tornando-os mais vulneráveis emocionalmente. 
2. Uma pesquisa realizada com 603 estudantes de 
Medicina de diversos períodos no Brasil revelou 
que 20,1% da amostra apresentaram alto grau de 
ansiedade e 79,9% sugeriram ansiedade média. 
Nenhum estudante apresentou escores de baixa 
ansiedade. 
O maior percentual de traço de ansiedade alta foi 
encontrado no sexto ano (26,8%) e o menor no terceiro 
ano (11,6%). 
3. Cerca de um terço dos 850 alunos participantes 
da pesquisa usa algum tipo medicação de forma 
regular como uma fuga dos problemas através de 
fármacos. 
Para além desses dados e resultados, Püschel e 
Schalinski chamam atenção para o movimento de 
subnotificação dos suicídios no meio médico, alterando 
os certificados de óbito em função da proteção contra a 
imagem negativa que o ato suicida pode causar. 
Analisando uma população de suicidas, foi possível 
verificar que, meses antes da morte, colegas próximos 
identificaram mudanças comportamentais, aumento da 
indecisão, desorganização e quadros depressivos, assim 
como identificado na população geral. 
Segundo o Conselho Federal de Psicologia, embora os 
aspectos que contribuam para o suicídio variem entre 
grupos e populações específicos, os principais grupos de 
risco são os jovens, idosos e grupos socialmente isolados. 
Ou seja, sugere-se que o isolamento social pode interferir 
na ideia, no planejamento e na execução do suicídio. 
 
 Discussão: 
Nota-se que ainda hoje o tema do suicídio é um tabu na 
sociedade. Desde o início do curso médico, os 
estudantes aprendem a ver a morte como sua maior 
adversária, que ela deve ser combatida e, se possível, 
vencida em nome da ciência e da competência. 
Em busca de compreender esse fenômeno e identificar 
intervenções possíveis e eficazes para o problema, 
reflete-se sobre o processo de formação médica. Esse 
processo implica, de forma significativa, a falta de tempo 
para o lazer e para contato com os amigos, família e 
parceiros(as) amorosos(as), grande número de perdas 
durante o curso, desconstrução da idealização da 
onipotência médica, crescente consciência dos 
problemas existentes na profissão, além de convivência 
O processo de formação médica se inicia com a seleção 
para o ingressonas faculdades de Medicina. Porém, 
existem outros aspectos não menos importantes que não 
são avaliados nesse processo, mas que influenciam 
diretamente o sucesso acadêmico dos estudantes e o 
sucesso profissional dos médicos. Habilidades sociais, 
como empatia, sociabilidade e tolerância à frustração, 
são exemplos dessas características. 
 Resultado: 
A prevenção do suicídio é possível. Os estudos sobre a 
ideação suicida em médicos e estudantes de Medicina 
estão elucidando as causas, influências sociais, processos 
cognitivos e de tomada de decisão de finalizar a própria 
vida. As formas de intervenção consistem no diagnóstico 
e tratamento dos transtornos psicológicos comumente 
presentes na população e uma mudança no processo de 
formação médica que valorize e destaque as habilidades 
sociais e emocionais a fim de contribuir com o bem-estar 
do profissional no seu ofício. 
TENTATIVAS DE SUICÍDIO E PROFISSIONAIS 
DE SAÚDE: SIGNIFICADOS POSSÍVEIS: 
O significado que os profissionais de saúde atribuem às 
tentativas de suicídio por eles atendidas foi organizado 
com base em três subcategorias: 
 Subcategoria 1. Definição de suicídio: 
Para os participantes, o suicídio é definido como acabar 
com a vida, chamar a atenção e dar fim ao sofrimento. 
Em acabar com a vida, observa-se um conceito para o 
suicídio que contempla o agir contra si mesmo, de 
autoagressão, cujo resultado é tirar a própria vida. Nas 
palavras de outro participante, "suicídio é uma tentativa 
de terminar com a própria vida". Este conceito, 
apontado por quinze participantes, é semelhante ao 
conceito descrito pelos dicionários, que define o suicídio 
como "ato ou efeito de suicidar-se", e suicidar-se como 
"pôr termo à vida, matar-se". O suicídio também é 
definido como uma forma de “dar fim ao sofrimento”. 
O suicídio é relacionado à presença de um sofrimento a 
que se quer dar fim. Logo, é sinônimo de dar fim ao 
sofrimento, portanto uma definição que, ao mesmo 
tempo, motiva a ação do paciente. E, por último, o 
suicídio é definido como uma tentativa de chamar a 
atenção. 
Ainda que se considere o suicídio como o ato de atentar 
contra a própria vida, quando o fenômeno é apontado 
como chamar a atenção, passa a ser definido com base 
em sua "função", situação está que traz consequências 
importantes para a prática profissional. Silva e Boemer 
(2004), em estudo realizado também com profissionais 
de saúde, mostram que "a tentativa de suicídio consiste, 
[...] num gesto calculado para impressionar, assustar, ou 
forçar pessoas com quem o paciente está em contato a 
dar-lhe atenção e prestar-lhe favores". 
 Subcategoria 2: "O que os profissionais pensam 
sobre o suicídio": 
Esta subcategoria reúne o que pensam os profissionais 
de saúde sobre o suicídio baseado em seis elementos de 
análise: demanda para a Saúde Pública, ausência de 
solução, ato de coragem, conhecimento sobre os 
métodos utilizados, o inverso da morte e fragilidade da 
rede de apoio e de atenção. 
É importante lembrar não apenas as mudanças da noção 
de saúde ocorridas nos últimos anos, que incorporam 
esferas mais amplas ao conceito, mas, também as noções 
de humanização e integralidade, que balizam o Sistema 
Único de Saúde brasileiro. 
Os participantes também pensam no suicídio como uma 
situação para a qual o paciente não enxerga outra 
solução, apresentada como ausência de solução. Este 
elemento de análise reúne conteúdos que destacaram o 
sofrimento, a falta de perspectiva e de alternativas e o 
suicídio como única solução vislumbrada pelo paciente. 
A existência de um sofrimento e a ausência de solução, 
para o qual não se enxerga alternativa ou outras saídas 
que não seja tirar a própria vida. Entender o suicídio 
como um ato de coragem também esteve presente nas 
falas dos participantes. 
Os profissionais apontam que os pacientes comumente 
fazem uso de doses baixas ou inadequadas para que o 
método utilizado, sejam medicamentos, sejam 
substâncias químicas de fácil acesso como produtos de 
limpeza, cause algum dano sério à saúde ou provoque a 
morte. 
Observou-se que a pessoa não busca uma morte física, 
cujas decorrências práticas abarcariam rituais fúnebres e 
de despedida, velório, enterro e caixão, mas sim uma 
morte simbólica, um morrer que as faça renascer para 
uma vida diferente, uma vida sem sofrimento. 
Outra característica importante é o arrependimento do 
paciente após a tentativa. Tais informações vão ao 
encontro do estudo realizado por Botega et al (2005), 
que mostrou que apenas 25% das pessoas que tentaram 
suicídio queriam realmente morrer, sendo mais presente 
o desejo de dormir ou de se afastar dos problemas, 
ficando clara uma baixa intencionalidade de morte. 
E por fim, os profissionais observam uma fragilidade da 
rede de apoio e de atenção à pessoa, tanto de familiares 
como das instituições que atuam nas diferentes políticas 
públicas, sejam elas saúde, assistência social etc. 
 Tais fragilidades estão presentes em duas 
esferas: a fragilidade na rede de apoio do 
paciente, que muitas vezes é uma pessoa que 
vive só, que não tem a rede de apoio próxima ou 
esta rede é distante, e a fragilidade da rede 
institucional para acolher a demanda do 
paciente, seja de acesso às unidades de saúde, 
como, por exemplo, dificuldades para agendar 
consultas, de acesso aos profissionais de saúde 
mental, para os quais há fila de espera para 
atendimento ou a outras políticas que se fizerem 
necessárias como a política de Assistência 
Social. 
 Subcategoria 3 "Motivos pelos quais as pessoas 
tentam suicídio" 
Esta subcategoria reúne o que os participantes expressam 
como motivos pelos quais os pacientes cometem 
suicídio. Os principais motivos apontados foram dar 
uma solução ao sofrimento, a fragilidade dos recursos 
psíquicos do paciente, chamar a atenção de outrem, a 
falta de perspectivas para o futuro, a presença de 
conflitos conjugais, a presença de conflitos familiares, a 
pessoa considerar a tentativa ou sua morte um alívio para 
os outros e a presença de transtornos mentais. 
O principal motivo observado é que a pessoa que tenta 
suicídio está buscando uma solução ao sofrimento. É 
expressivo que a quase totalidade dos participantes tenha 
apontado que as pessoas que tentam suicídio encontram-
se numa condição de sofrimento psíquico presente há 
muito tempo. Segundo elas, há uma história de vida e de 
dificuldades, em diferentes esferas da vida da pessoa, 
que, na presença de um estressor, pode desencadear a 
tentativa. Outro motivo pelos quais as pessoas tentam 
suicídio é a fragilidade dos recursos psíquicos. 
 O Manual de Prevenção do Suicídio do 
Ministério da Saúde (Brasil, 2006) aponta três 
principais aspectos psicológicos, que precisam 
ser considerados numa pessoa sob risco de 
suicídio, a saber, a ambivalência, a impulsividade 
e a rigidez/constrição, sendo o pensamento 
"tudo ou nada" comum às pessoas que não 
conseguem vislumbrar formas alternativas de 
solucionar seus problemas. 
O motivo chamar a atenção também foi trazido pelos 
participantes. Segundo eles, a tentativa de suicídio é 
utilizada com o objetivo de sinalizar que algo não está 
bem, como um grito de socorro ou desempenhando 
uma função específica na relação com o outro. Com base 
nisto, Maliska e Wallauer (2012) afirmam existir uma 
desconsideração do sofrimento psíquico presente por 
parte de alguns profissionais. A falta de perspectivas para 
o futuro é outro motivo apontado pelos participantes. 
Essa para o futuro é percebida em diversos contextos da 
vida das pessoas, desde aspectos profissionais, no que se 
refere a trabalho e emprego, aspectos financeiros, de 
renda e dinheiro até aspectos de relacionamento afetivo, 
como por exemplo, conflitos, separações. 
Na sequência, estão os conflitos conjugais, também 
entendidos como motivos para as pessoas tentarem 
suicídio. Pode-seperceber que os conflitos familiares 
apresentados referem-se à relação mãe e filho, entre 
cônjuges e ainda outra questão da família estendida que 
reverbere na relação familiar como, por exemplo, 
doença da família, cuidado de pessoas idosas etc. 
Outro motivo apontado para uma pessoa tentar suicídio 
refere-se ao "alívio para os outros". Segundo os 
participantes, as pessoas entendem que ao tentar suicídio 
estarão fazendo um bem para as pessoas próximas, sejam 
amigos, sejam familiares, acreditando que os fariam 
deixar de sofrer ou de precisar se preocupar com elas. 
E o último motivo pelo qual uma pessoa tenta suicídio 
observado nas falas dos participantes é a presença de 
transtornos mentais. De acordo os profissionais, há 
diferentes transtornos mentais que podem levar a pessoa 
a atentar contra sua própria vida, como depressão, 
esquizofrenia, transtorno bipolar de humor etc.

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