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Bioquímica da Placa

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Gleyson de Souza Lima 
Odontologia – 2019.2 
 
 
 
ECOSSITEMA ORAL 
 A cavidade oral fornece condições ideais 
para o crescimento de microrganismos 
(ambiente úmido, pH próximo à neutralidade 
(pH 6,75 – 7,25) na maioria das áreas); 
 A grande diversidade anatômica acarreta 
o crescimento de uma comunidade 
microbiana diferente para cada habitat; 
 Funções dos microrganismos residentes 
quando em equilíbrio ao seu hospedeiro: 
modula o sistema imunológico, degradação 
de substâncias tóxicas, produção de 
vitaminas e barreira contra a instalação de 
outras colônias de microrganismos. 
MICROBIOTA ORAL 
 A composição da flora microbiana oral 
sofre a influência de vários fatores como: 
saliva, idade, estado dentário, frequente 
ingestão de açúcar e hábitos de higiene oral; 
 Conhecer os mecanismos que controlam a 
formação e o desenvolvimento da placa pode 
ajudar a entender a patologias orais e 
planejar um tratamento efetivo. 
DEPÓSITOS FORMADOS NAS 
SUPERFÍCIES DOS DENTES 
 Placa dental: agregados bacterianos 
aderidos ao dente ou outras estruturas orais 
sólidas. Não são removidas por ação 
mecânica de um spray de água; 
 Matéria alba: agregados bacterianos, 
leucócitos e células epiteliais descamativas 
que se acumula na superfície da placa e dos 
dentes. São removidos com spray de água; 
 Cálculo: é um depósito duro que se forma 
pela mineralização da placa. 
 
 
 
PLACA DENTÁRIA 
 É uma massa mole concentrada e 
aderente de microrganismos contidos numa 
matriz orgânica, formada por polímeros 
bacterianos, substâncias salivares e 
elementos da dieta do hospedeiro; 
 É constituída de uma fase sólida e outra 
líquida. 
ETAPAS DE FORMAÇÃO DA PLACA 
1) Formação da película adquirida: 
 Camada orgânica acelular formada pela 
adsorção seletiva de certos componentes 
salivares ao dente e a outras superfícies 
sólidas presentes na boca (amalgama, ouro 
ou porcelana); 
 No seu estágio inicial não contém 
bactérias, entretanto, é rapidamente 
colonizada, passando a ser tornar parte da 
placa dental; 
 Funções da película: permeabilidade 
seletiva ao esmalte, proteção mecânica do 
esmalte, barreira à difusão dos ácidos. 
A) A superfície do esmalte apresenta carga 
negativa decorrente dos grupos fosfatos que 
compõem a hidroxiapatita. Íons cálcio são 
então atraídos formando uma camada de 
hidratação com carga positiva. Componente 
salivares com partes eletronegativas se 
adsrovem por esta camada por interações 
não covalentes fracas, formando a película 
adquirida do esmalte. 
B) Proteínas da superfície bacteriana 
(adesinas) se ligam especificamente a 
componentes da película adquirida, 
permitindo ligações mais estáveis. 
 
Bioquímica da Placa 
Gleyson de Souza Lima 
Odontologia – 2019.2 
MECANISMO DE ADERÊNCIA 
BACTERIANA 
 Os mecanismos de aderência são 
essenciais para a colonização bacteriana na 
cavidade oral. Na sua ausência a bactéria se 
torna parte do fluido salivar e é engolida; 
 No desenvolvimento da placa 2 processos 
de aderência são necessários: 1º as 
bactérias devem aderir à superfície da 
película e tornar-se suficientemente firmes de 
modo a resistir aos fatores naturais de 
remoção como a mastigação, a deglutição e 
o próprio fluxo salivar. Em 2º lugar, elas 
devem crescer e aderir umas sobre as outras 
para permitir o acúmulo de placa. 
- Fase 1: Colonização primária 
 Nessa fase o microrganismo é mantido por 
um curto período por forças atrativas. 
Ocorrem interações principalmente entre 
bactérias específicas e a película adquirida. 
- Fase 2: Colonização secundária 
 A adesão é tornada essencialmente 
irreversível pela síntese de um polímero 
extracelular; 
 A dextrana mantém as células unidas na 
forma de filamentos. 
- Fase 3: Biofilme estável 
 A coagregação entre espécies diferentes 
são mediadas através proteínas específicas, 
chamadas adesinas, que são expressas na 
superfície de ambas as células e que 
interagem com seus receptores específicos 
na outra célula; 
 Na superfície das bactérias, existem 
macromoléculas ligantes genericamente 
chamadas adesinas. Na superfície dos 
tecidos do hospedeiro, existem moléculas 
receptoras que reconhecem as adesinas 
bacterianas e com elas interagem 
especificamente. Dessa interação altamente 
específica, formam-se pontes de ligação, que 
são as bases da aderência bacteriana. 
FATORES QUE INFLUENCIAM NA 
ECOLOGIA MICROBIANA 
- Temperatura: os microrganismos devem se 
adaptar ao calor ou frio dos alimentos. 
- pH: No geral a boca possui um pH neutro, 
mas na área subgengival é banhada pelo um 
fluido gengival e não sofre controle pela ação 
tamponante. 
- Potencial de oxidorredução: é a 
proporção entre os compostos oxidados e 
reduzidos. 
- Nutrientes. 
- Saliva: promove a adesão de certos 
organismos ou agrega outras espécies 
facilitando sua eliminação. 
LOCAIS DE FORMAÇÃO DA PLACA 
 Os microrganismos precisam resistir a 
diversas forças de remoção, para que 
possam permanecer na cavidade oral. Por 
Gleyson de Souza Lima 
Odontologia – 2019.2 
isso os microrganismos costumam se fixar 
entre dentes adjacentes, na fenda proximal e 
em áreas de dentes com imperfeições. 
METABOLISMO DA PLACA 
 Os carboidratos são as principais fontes 
de carbono e energia para a placa. As 
glicoproteínas são a principal fonte de 
carboidrato para a placa; 
 Para que um açúcar possa ser 
metabolizado há necessidade de dois 
sistemas enzimáticos, um para transporta-lo 
para o interior da célula e outro para 
convertê-lo em um intermediário da via 
glicolítica. 
SISTEMA DE TRANSPORTE 
FOSFOTRANSFERASE 
 É um mecanismo de transporte ativo no 
qual as moléculas ao serem transportadas 
são fosforiladas, sendo o fosfoenolpiruvato 
(PEP) usado como fonte de energia e doador 
de fosfato; 
 PEP + açúcar (fora da célula) piruvato + 
açúcar-P (dentro da célula); 
 O sistema atua em baixas concentrações 
de açúcar, em pH neutro e crescimento lento. 
TRANSPORTE ALTERNATIVO DE 
AÇUCAR NÃO PTS 
 A glicose também pode ser transportada 
por enzimas, denominadas permeases, e 
fosforilada por um processo dependente de 
ATP. 
VIAS METABÓLICAS DE CONVERSÃO 
DO PIRUVATO 
 Altas concentrações de açúcar  ácido 
lático; 
 Baixas concentrações de açúcar em 
anaerobiose: ácido fórmico, acético e etanol; 
 Os produtos finais de excreção do 
metabolismo bacteriano dependem da 
concentração de açúcares no meio oral; 
 Os microrganismos que fermentam 
açúcares em ácido butírico ou propiônico 
contribuem muito menos para a acidez da 
placa dental do que os que produzem ácido 
fórmico, acético ou láctico como produtos 
finais. 
SÍNTESE DE POLISSACARÍDEOS 
EXTRACELULARES 
 Os microrganismos sintetizam PECs a 
partir da sacarose, através da 
glicosiltransferases; 
 Glucanos: As glicosilransferases (GTFs) 
hidrolisam a sacarose em glicose e frutose e 
polimerizam as moléculas de glicose 
liberadas, formando polissacarídeos 
extracelulares (PEC) denominados glucanos; 
 Frutanos: Os frutanos também são 
polissacarídeos extracelulares formados pela 
ligação de moléculas de frutose liberadas 
com a hidrólise da sacarose. Acredita-se que 
o principal papel dos frutanos na virulência 
de S. mutans, seja o fato de atuarem como 
reservatórios extracelulares de substratos, 
durante os períodos de escassez de 
nutrientes. 
SÍNTESE DE POLISSACARÍDEOS 
INTRACELULARES 
 S. mutans também é capaz de sintetizar 
polissacarídeos intracelulares semelhantes 
ao glicogênio, os quais funcionam como uma 
reserva interna de carboidratos. Esta 
característica torna esta espécie ainda mais 
acidogênica, pois permite a fermentação de 
açúcares e consequente produção de ácidos 
durante os períodos em que não há 
disponibilidade de substratos da dieta.

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