Buscar

Vacinas virais

Prévia do material em texto

Por: Vinícius Souza Mendes
Matéria dada pela Profa. Dra. Aline Santana da Hora
Vacina
São microrganismos (vivos ou mortos) ou uma fração deles, que ao serem
administrados induzem uma resposta imunológica
Tipos de imunização
Para isso, precisamos relembrar que a imunidade é dividida em duas:
- Passiva: Ela não tem a participação ativa do organismo que está pegando os
anticorpos, o animal já recebe os anticorpos formados.
Podemos dividir em duas: a imunidade natural ( proveniente da mãe através da
placenta, colostro e gema) e a imunidade arti�cial ( obtida pela administração de
globulinas já formadas).
Ela tem característica de dar a resposta imediata, pois os anticorpos já estão
prontos para atuar contra os microorganismos.
Porém é uma resposta de curta duração e sem memória.
Essa imunidade é bastante importante nos neonatos pois atua contra patógenos
poucos imunogênicos e patógenos que não temos vacinas disponíveis.
- Ativa: O organismo entra em contato com o micro-organismo e o sistema imune
desenvolve toda a resposta imune frente ao patógeno.
Essa imunidade se divide em infecção e vacinação: não é uma resposta imediata
(demora dias para desenvolver resposta imune e produzir os anticorpos), porém a
resposta imune é mais efetiva e duradoura, pois aqui temos a produção efetiva de
linfócitos de memória.
Tipos de placenta
-Homens, primatas, roedores e carnívoros -> placenta permite a transferência de
imunoglobulinas, ou seja, ao nascer o animal já tem uma quantidade de sérica de
imunoglobulinas (imunidade).
Já nos ruminantes, equídeos e suínos a placenta não permite a transferência de
imunoglobulinas. Por isso é importante a ingestão do colostro assim que os �lhotes
nascem , nas primeiras horas de vida, pois é neste período que o intestino ainda é
permeável às imunoglobulinas .
Imunidade colostral é dividida em sistêmica (IgG é absorvida no intestino e cai na
corrente sanguínea) e local (IgA neutralizam os microrganismos no lúmen
intestinal)
A imunidade materna é importante para proteger o �lhote mas interfere na
imunização feita pelas vacinas.
Figura 01
Quando a vacina é administrado a primeira dose na quarta semana de vida do �lhote,
quando não há imunidade materna (grá�co 2), já ocorre o estímulo para produção de
anticorpos que aumenta até no �nal das 14 semanas, em comparação aos animais
que possuem imunidade materna (grá�co 1), onde os anticorpos maternos estão
presentes e vão degradando ao longo das semanas.
Podemos notar que a produção de anticorpos induzidos pela vacinação é bem maior
quando não há anticorpos maternos na circulação do animal e menor quando há a
presença destes anticorpos, mostrando a interferência da imunidade passiva nessa
produção.
Janela de susceptibilidade
Figura 02
Ao nascimento, os anticorpos maternos estarão altos no organismo do animal e
conforme o passar da idade eles irão ser degradados e a sua quantidade decairá.
Quando o animal é vacinado, o organismo irá produzir anticorpos próprios, até
chegar o momento que irá ultrapassar a quantidade de anticorpos que ele precisa
para combater uma infecção e a partir disso, o animal estará protegido (mas
demora um tempo para isso).
Haverá um momento que a quantidade de anticorpos maternos estará abaixo do
necessário para proteção e a quantidade de anticorpos que o próprio �lhote está
produzindo ainda está em um nível inadequado para a proteção (quadrado azul da
�gura 02) -> Janela de susceptibilidade: Essa janela ocorre já com o início da
vacinação e nesse momento ele pode adoecer se for exposto ao contato com algum
micro-organismo .
Quanto maior a titulação de anticorpos maternos menos o animal irá responder à
vacinação, pois os anticorpos maternos irão consumir os antígenos vacinais.
Soros hiperimunes
Soro total semipuri�cado, puri�cados ou imunoglobulinas de um animal imune.
-CDV e CPV (cinomose e parvovirose): Administrado em cães doentes -> auxilia no
combate à infecção
-RabV (raiva)-> indivíduos que tiveram contato com o vírus ( proteção
emergencial) em humanos é indicado aplicação local da mordida para fazer uma
barreira que para que o vírus não dissemine a infecção.
Para a panleucopenia felina também podemos administrar anticorpos (FPLV) como
proteção emergencial. Não há esse soro disponível para o mercado brasileiro,
teríamos que usar o soro de animais vacinados.
O uso do soro varia de pro�ssional para pro�ssional, pois é importante salientar
que o soro atrasa o protocolo vacinal.
Podemos usar o soro hiperimune heterólogo ( produz os anticorpos contra os vírus
em uma espécie e injetamos em outra espécie, como por exemplo o soro é produzido
no cavalo e aplicado em cães) ou soro hiperimune homólogo (é produzido em uma
espécie e aplicada na mesma espécie).
A degradação dos anticorpos é mais rápida no mecanismo heterólogo (pois o
organismo reconhece aquilo como agente estranho mais rapidamente),ou seja, a IgG
injetada desencadeia resposta imune e é reconhecida como um antígeno estranho ->
aumenta a eliminação mais rápidamente.
Fonte: Aline da Hora
Esse exemplo mostra o soro que foi produzido em um cavalo e administrado em um
cão, a degradação foi muito mais rápida do que comparada a degradação que
aconteceu em outro cavalo.
Objetivo da vacinação
1) Prevenir a infecção (imunidade esterilizante), porém mesmo com animais
vacinados, há infecção e replicação inicial (o vírus entra no organismo e infecta o
animal, e isso depende se o animal terá a resposta imune adequada para combater e
eliminar esse vírus).
Lembrar sempre que uma vacina nunca é 100% e�caz.
2) Prevenir/atenuar a doença clínica e suas consequências: Prevenir em casos
como a raiva ou atenuar a doença clínica como o herpesvírus e calicivírus felino,
ocorrendo assim os sinais clínicos mais brandos.
3) Quando imunizamos as mães ocorre a proteção (passiva) ao feto de infecções
que causam abortos.
4) Proteger os neonatos (imunidade passiva)
5) Diminuir são da excreção viral (diminuindo a disseminação e transmissão)
6) Erradicar o agente da população (imunidade de rebanho)
7) Vacinar contra patógenos que realmente indivíduo tem risco de exposição
Imunidade de rebanho/coletiva
Depende da porcentagem de animais corretamente vacinados e não do número de
vacinas que um animal recebeu.
Exemplos: 1) Se há 100% dos animais não vacinados (e um animal positivo no
rebanho) -> provavelmente todos irão se infectar.
2) Se há 50% do rebanho vacinado (e um animal positivo no rebanho): a
disseminação do vírus cai pela metade
3) Se há 85% do rebanho vacinado: a disseminação do vírus cai para 15%. Isso é o
ideal, ter em um rebanho que 85% dos animais sejam vacinados.
Tipos de vacina
Fonte: Aline da Hora
Vacina não replicativa versus replicativa
-Quando administramos a dose da vacina replicativa, ela estimula mais o sistema
imune, sendo esse o protocolo vacinal melhor. Em casos de animais que não estão
em grupo de risco, apenas uma dose já é su�ciente.
Ela estimula a formação de anticorpos e a imunidade celular (em casos de
patógenos intracelular obrigatórios)
Quando administramos doses inativadas (não replicativas), os anticorpos são
produzidos em menor escala e precisam da segunda dose para produzir uma larga
escala de anticorpos que sejam duradouros, por isso, a primovacinação de vírus
inativados necessariamente deverá ser feito duas doses. Induz apenas à formação
de anticorpos e não induz a imunidade celular.
Fonte: Aline da Hora
Grá�co 1 é a vacina não replicativa e Grá�co 2 é a vacina replicativa: mostrando que
é necessário duas doses para a produção de anticorpos de forma duradoura com a
vacina atenuada.
Replicativa: vírus patogênico
-Ectima contagioso ovino: Exposição dos cordeiros as lesões (crostas).
-Parvovirose suína: Exposição das leitoas (pois o parvovírus causam alterações
reprodutivas) às fezes contaminadas de suínos adultos antes da monta/IA, porém
as fezes tem muitos outros microorganismos que pode infectar o animal alémdo
parvovírus. É uma conduta que devemos evitar.
-Papilomatose: Vacina autógena: faz-se suco da verruga ou implanta a verruga
subcutânea (melhor alternativa?).
Replicativa: Vírus heterólogo
- Vírus vacinal é patogênico para a espécie em que será administrado a vacina, por
isso, vacinamos outra espécie, ocorre a imunidade cruzada e a proteção do animal.
Ex: rotavírus bovino para vacinar suínos e poxvirus bovino para vacinar humanos.
Replicativa: Vírus atenuado
Ex: in�uenza (é feito em ovos embrionados) -> O vírus inoculado em ovos
embrionados e congelado a - 70°C.
Replicativa: modificações por deleção de genes
É obtido a partir de um vírus e no genoma do vírus há vários genes, e dentre eles há
um gene que causará a virulência e no laboratório retiramos ele e o restante do
vírus iremos usar como vacina.
Replicativa: Com marcadores antigênicos
Conseguimos diferenciar os animais infectados e vacinados.
Ex: Em um vírus X, retiramos uma parte dele (ex: glicoproteína E), e na hora de
realizar um teste de Elisa: se mensurarmos os anticorpos para a glicoproteína E
eles irão ser negativos e para o restante das estruturas do ele será positivo, já em
animais infectados, eles irão reagir a todos os componentes do vírus, inclusive a
glicoproteína E. Por isso podemos diferenciar animais infectados e vacinados
Replicativa: vetores virais
Estimula a resposta imune humoral e celular.
A resposta imune é melhor que vacinas com vírus vivos pois não há interferência de
anticorpos.
Ex: No vírus da cinomose Vamos retirar o gene do vírus, realizamos transcrição
reversa (DNA em RNA) e iremos inserir segmentos do vírus da cinomose(gene que
codi�ca proteína H e proteína E) no genoma do canário pox -> o pox virus do canário
irá se replicar com os segmentos do vírus da cinomose-> uma vez inoculado no
paciente -> estimula a resposta imune humoral e celular contra a cinomose.
Vetores virais: pox, herpes e adeno
Não replicativas: vírus inativado (morto)
O genoma do vírus é destruído (informação genética para replicação é destruída e
quando ele infecta uma célula,não consegue se replicar). Mas ainda continua no
vírus o envelope e o capsídeo.
A inativação pode ser feita por:
-Inativação química: produtos usados são formaldeído, etilenoimina, Beta
propiolactona.
-Inativação física: radiação, UV, calor
Não replicativas: Partículas vírus-like
É feita a remoção do material genético do vírus. É importante que a conformação
do envelope e capsídeo tem que ter a forma 3D naturalmente para estimular o
sistema imune.
Não replicativa: Subunidades de vírus
Retiramos os antígenos que estimulam o sistema imune, puri�camos essas
proteínas e utilizamos como componente vacinal.
Antígeno que o sistema imune reconheça para a produção de anticorpos.
Na medicina veterinária não há este tipo de vacina comercialmente
Vacinas contra in�uenza humana (neuraminidases e hemaglutininas virais).
Não replicativa: Proteínas recombinantes (antígenos clonado)
Segura e de baixo custo de produção
Ex: FeLV -> proteína gp70 -> insere esses genes que codi�cam essa determinada
proteína em vetores de clonagem -> aumentam a produção dessa proteína +
adjuvante (saponina).
Não replicativa: Peptídeos sintéticos
Sequência de aminoácidos correspondente aos epitopos relevantes, produzidos
sinteticamente em laboratórios.
Vacina de DNA e RNA:
Vacina com vetor viral -> tem o material genético
Contém o gene da proteína de interesse.
A proteína viral é produzida após a sua administração e induz resposta imune
humoral e celular.
Na veterinária, há apenas 1 vacina comercialmente no EUA para proteger contra o
vírus do Nilo Ocidental.
Melhor opção para organismos que são perigosos ou difíceis de manipular em
cultivo celular
Resposta imune semelhante àquelas com vacinas vivas.
Comparação entre vacinas vivas e mortas
Adjuvantes
Substâncias naturais e sintéticas para melhorar o modular a imunogenicidade de
antígenos
pode
O hidróxido de alumínio é o mais utilizado
Falhas vacinais: a resposta à vacinação ocorrerá de maneira individualizada
Curva de gal:
Uma parte produzirá poucos e outra parte produzirá muitos anticorpos, por isso é
impossível atingir 100% de e�cácia.
Tipos de falhas vacinais:
-Administração incorreta: Via de adm incorreta, degradação da vacina viva e adm
em animais protegidos de formas passiva.
Não utilizar álcool para administrar a vacina, pode inviabilizar o vírus da vacina
- Administração incorreta -> não respondeu a vacina:
Respondeu: animal infectado (assintomático).
Uso de cepas ou organismo errado que não teve imunização cruzada.
Toxicidade normal esperada: febre, indisposição, in�amação e dor. É transitória,
dura de 2-3 dias, reação local pode haver edema até 1 semana .
A vacina contra hepatite infecciosa canina pode causar olho azul.
Reação cutânea local
-Efeito adverso comum, em animais de pelos brancos pode ocorrer a mudança da
coloração do pelo.
-Visto principalmente em gatos e causa: dor, inchaço, irritação e formação de
abcessos
Cães: alopecia focal (transitória ou permanente, descoloração do pelo no local de
vacinação).
-É visto principalmente com vacinas que possuem adjuvantes
Reação de hipersensibilidade do tipo 1 -> vacinas
-Edema facial ou periorbital, urticária, hiperemia cutânea, prurido generalizado,
salivação, choque hipotensivo, taquipneia, vômitos e diarreia, colapso (morte),
vômitos e desconforto respiratório (mais comum em gatos).
-Sinais menos graves geralmente dentro de 24 horas após adm da vacina
-Não há reação de ana�laxia após 1 hora (ocorre apenas em alguns minutos após
aplicação).
Tratamento da reação de hipers. tipo1
Ana�laxia -> epinefrina + tratamento de suporte (�uidos IV e oxigenioterapia).
-A vacinação deve ser evitada em animais com histórico de reações graves
-Reações menos graves: utilizamos anti-histamínicos e corticosteróides
-Pré tratamento: anti-histamínicos em animais com histórico de reações leves
(aplicamos antes de aplicar a vacina).
Estudo mostra efeitos vacinais adversos:
O número de eventos adversos aumenta signi�cativamente quando múltiplas
vacinas foram administradas em uma única consulta.
Os efeitos adversos ocorrem mais em cães de pequeno porte (5-10 kg) do que em
grandes portes, pois recebem a mesma quantidade de volume de vacina (massa
antigênica).
Sarcoma felino pós-aplicação
Incidência: 0,6 a 2 sarcomas por 10.000 gatos que são vacinados
Intervalo entre aplicação e formação de tumor: 3 meses a 3,5 anos
Nenhum tipo de vacina tem risco zero -> recombinantes aparentemente
apresentam o menor risco.
Margem de risco: 2 cm de largura e 2 cm de profundidade
-Os locais de vacinação devem ser mudados de ano para ano (aplicar sempre nos
membros).
-Locais de administração, o produto e número de lote devem ser documentados
para facilitar o relato de efeitos adversos
-Abaixo das articulações dos membros
Problemas intrínsecos da vacina
-Várias camisas de vírus RNA possuem sorotipos ou variantes antigenicos com
distribuição variada na população
-Importante: vacina administrada tem que ser composta por cepa vacinal
antigenicamente mais próxima da variante de campo que predomina em
determinada região
Exemplo: contra IBV várias cepas virais vacinais estão disponíveis
Destruição parcial ou completa dos epitopos -> pode ocorrer durante o
processamento e inativação do vírus vacinal -> redução da capacidade antigênica
Baixa quantidade de antígenos comprometem a e�cácia vacinal
Problemas de conservação ou administrar
-Armazenamento inadequado (o correto seria �car em um local isolado mas
geralmente �ca em geladeiras que abre e fecha a todo momento, esse é o grande
problema)
-Vacinas de administração alternativa ( Via nasal, oral ou por aerossóis); difícil
administração, imunização não uniforme de todos os animais de um lote,
administração oral ( viabilidade viral comprometida pelo cloro presente na água
que será utilizada como veículo da vacina).
-Desinfetantes utilizadosexcessivamente na antissepsia prévia a administração
parenteral da vacina ocorre interferência com a viabilidade vacinal (não passar
álcool, clorexidina antes de aplicar).
Reações adversas às vacinas
-Nenhuma vacina é totalmente isenta de riscos
-Vacinas vivas podem ter efeitos residuais de virulência ou podem sofrer mutações
e recuperar a virulência
Exemplo: casos de encefalite pós vacinais foram observados em: cães vacinados
contra cinomose; Bovinos vacinados contra BoHV-1.
Mecanismo ainda não esclarecido
Fatores importantes para determinar o intervalo de reforço vacina
O intervalo de reforço é determinado pela duração da imunidade
Vacina polivalentes: a imunidade gerada para todos os antígenos é a mesma?
Duração da imunidade não necessariamente é igual ao tempo em que se detecta os
anticorpos circulantes: no geral, a duração da imunidade da vacinas virais são
longas
Vacinação deve ser anual para atrair os tutores?
Não, devemos mudar esse paradigma
Devemos realizar o check-up anual: estado nutricional, dieta, controle de
ectoparasitas e endoparasitas, exames como hemograma, bioquímica e urinálise,
monitoramento de doenças crônicas, avaliação dentária e a vacinação
Vacinação é individualizada!!
21 minutos sai o resultado, mas não distingue infecção e vacinação.
Herpesvírus e calicivírus -> a imunidade é celular, não mensuramos os anticorpos
Na viagem internacional: sorologia para raiva (acima de 0,5 unidades/soro)

Continue navegando