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História Natural do HIV

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HISTÓRIA NATURAL DO HIV 
O HIV, um vírus RNA, entra no corpo 
através das mucosas e do sangue e infecta, usando 
a molécula CD4 e proteínas (gp120 e gp41), as 
células T, as células dendríticas e os macrófagos – 
estes dois últimos podem agir como portais para a 
infecção. Após infectar as células, o vírus sofre 
transcrição reversa e começa seu processo de 
replicação viral, sendo que a finalização do ciclo de 
vida viral em células infectadas de forma latente 
ocorre somente depois da ativação celular – e 
consequente morte das células infectadas por lise. 
Até certo ponto, o sistema imunológico pode 
substituir as células T que morrem, e por isso a taxa 
de perda de linfócitos T pode parecer baixa, mas à 
medida que a doença evolui, a renovação de células 
T CD4+ não consegue acompanhar as suas perdas. 
Além da morte celular causada diretamente pelo 
vírus, existem outros mecanismos: morte celular 
induzida pela ativação; infecção não citopática 
(piroptose); destruição da arquitetura e composição 
celular dos tecidos linfoides; perda de precursores 
imaturos das células T CD4+; fusão entre células 
infectadas e não infectadas (células gigantes); e 
defeitos qualitativos nas células T. 
O curso clínico da infecção por HIV, com 
base nos aspectos fisiopatológicos, se divide em 
três fases: (1) síndrome retroviral aguda; (2) fase 
média crônica; e (3) AIDS clínica. Devido a essa 
apresentação desde a fase aguda até a fase avançada 
da doença, a infecção pelo HIV, cursa com uma 
ampla variedade de manifestações clínicas. 
Nesse sentido, a infecção aguda é aquela 
que ocorre entre 3 a 6 semanas depois da infecção 
pelo HIV, quando o vírus está sendo replicado nos 
tecidos linfoides (baço, linfonodos e tonsilas). 
Nessa fase, tem-se carga viral do HIV (CV-HIV) 
elevada e níveis decrescentes de linfócitos 
(principalmente LT-CD4+, pois são recrutados 
para a reprodução viral) - o indivíduo é altamente 
infectante. A infecção na fase aguda apresenta uma 
série de manifestações clínicas, denominada 
Síndrome Retroviral Aguda (SRA), uma síndrome 
autolimitada com sinais e sintomas que 
desaparecem em 3 a 4 semanas, sendo 
caracterizada por: febre, cefaleia, astenia, 
adenopatia, faringite, exantema e mialgia. A SRA 
pode cursar com febre alta, sudorese e 
linfadenomegalia. Podem ocorrer, esplenomegalia, 
letargia, astenia, anorexia, depressão e sintomas 
digestivos (náuseas, vômitos, diarreia, perda de 
peso e úlceras orais). Cefaleia e dor ocular são as 
manifestações neurológicas mais comuns. A 
presença de manifestações clínicas mais intensas e 
prolongadas pode estar associada à progressão 
mais rápida da doença. 
Vale lembrar que pelo fato de os sinais e 
sintomas da SRA serem semelhantes aos de outras 
infecções virais, são habitualmente atribuídos a 
outra etiologia, o que dificulta o diagnóstico de 
infecção pelo HIV na fase inicial. O diagnóstico da 
infecção aguda pelo HIV pode ser realizado 
mediante a detecção da CV-HIV. 
Já na fase de latência clínica, ou fase média 
crônica, há pouca ou nenhuma manifestação 
clínica. Nessa fase, linfonodos e baço são os 
principais locais de replicação do HIV, com 
destruição celular contínua (perda de células T 
CD4+). No exame físico, pode ocorrer 
linfadenopatia. Na maioria das vezes, os pacientes 
são assintomáticos ou desenvolvem infecções 
oportunistas menores - candidíase oral (sapinho), 
candidíase vaginal, herpes-zóster e tuberculose. 
Nos exames laboratoriais, pode estar presente 
plaquetopenia, anemia (normocrômica e 
normocítica) leve e leucopenia leve. A contagem 
de LT-CD4+ permanece acima de 350 céls/mm³ no 
período inicial da fase de latência, mas, com a 
progressão da infecção, a contagem situa-se entre 
200 e 300 céls/mm³. Além disso, podem surgir 
sintomas constitucionais (febre baixa, perda 
ponderal, sudorese noturna, fadiga), diarreia 
crônica, cefaleia, alterações neurológicas, 
infecções bacterianas (pneumonia, sinusite, 
bronquite) e lesões orais (leucoplasia oral pilosa). 
A candidíase oral é um marcador clínico precoce 
história natural do hiv 
de imunodepressão grave e pode estar associada a 
essa fase. 
Por fim, a fase da Síndrome da 
Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é um período 
de colapso das defesas do hospedeiro, caracterizada 
pelo aumento do vírus no plasma e doença clínica 
grave. As manifestações clínicas mais comuns são: 
febre de longa duração (mais de 1 mês), fadiga, 
perda de peso e diarreia. A ausência de tratamento 
na maioria dos pacientes com HIV, leva a evolução 
para AIDS depois de uma fase crônica de 7 a 10 
anos. O aparecimento de infecções oportunistas 
(pneumocistose, neurotoxoplasmose, tuberculose 
pulmonar atípica ou disseminada, meningite 
criptocócica e retinite por citomegalovírus) e 
neoplasias (sarcoma de Kaposi (SK), linfoma não 
Hodgkin e câncer de colo uterino, em mulheres 
jovens) é definidor da AIDS. Nessa fase, a 
contagem de LT-CD4+ situa-se abaixo de 200 
céls/mm³. Danos a certos órgãos podem ocorrer, 
ocasionando miocardiopatia, nefropatia e 
neuropatias. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins 
e Cotran – Patologia. Bases Patológicas das 
Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010; 
Brasil. Protocolo Clínico e Diretrizes 
Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV 
em Adultos. Ministério da Saúde, Secretaria de 
Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância, 
Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente 
Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites 
Virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. 
Veronesi: Tratado de Infectologia. 5. ed. São 
Paulo: Editora Atheneu, 2015. 
Brasileiro Filho, Geraldo. Bogliolo: Patologia. 9. 
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

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