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TECNOLOGIA DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO DO PESCADO Pescado fresco – mantido no gelo; pescado resfriado – mantido em temperatura de refrigeração; pescado congelado – temperatura final tem que ser de no mínimo -18graus, se não, não é considerado congelado. Importância do congelamento – procedimento tecnológico vital para manutenção da alta qualidade do pescado (pois é muito suscetível a autólise); extremamente necessário em virtude da alta perecibilidade do pescado; deve ser conduzido imediatamente após a retirada do pescado da agua; temperatura em torno de 0graus deve ser mantida até o processamento/comercialização (pescado fresco). Resfriamento deve ser acompanhado de higiene de recipientes, utensílios, água, gelo de qualidade, manipulação adequada. Gelo: Em todas as etapas da cadeia produtiva o gelo se faz necessário, desde a obtenção do pescado da agua, transporte até unidade de beneficiamento, na unidade de beneficiamento, transporte para o comercio, no comercio em si (venda ao consumidor), na casa do consumidor. Sempre manter em temperatura em torno de 0graus nessas etapas. Vantagens do uso do gelo: grande capacidade refrigerantes, inócuo, portátil e barato (o mais barato dentre os métodos de conservação), mantém o brilho e a umidade do pescado. Quando for expor esse pescado fresco à venda, é muito mais vantajoso manter no gelo do que manter única e exclusivamente no ar frio de um expositor ou gondola, pois o ar frio é seco, o que resseca, quebra o peso e a qualidade sensorial do pescado (fica menos brilhoso e atrativo ao consumidor). Métodos de estocagem Uso de gelo: - A granel, traçado gelo/pescado/gelo (camadas de 5cm de gelo), separar por espécie e por tamanho (peixes maiores podem comprimir os menores, causando danos físicos comprometendo apresentação comercial), revestir fundo com gelo (15 cm), *sempre a primeira e última camada da pilha é de gelo, em relação a última é para que o pescado não ter contato direto com o chão e para, e em relação à primeira é para proteger o pescado da ação do oxigênio do ar atmosférico, o que pode levar a rancificação, principalmente se for gordo; - Em prateleiras, semelhante ao método a granel com menor perda. Tamanho de uma pilha de pescado – se forem peixes com consistência menor, delgado/fino, fazer pilha de 0,8-1 metro de altura. Se fazer pilha muito grande nesse caso, os animais da primeira camada são comprimidos, perdendo apresentação comercial. Agora quando for mais robusto e cilíndrico, como atum, pode fazer pilhas maiores; - Em caixas, pescado de melhor qualidade, facilita o desembarque, facilita o transporte ao mercado, deve ser grande, leve, rasa, larga e de fácil empilhamento. Utilização de refrigeração mecânica: - porões com instalações frigoríficas, temperatura 2-4graus + gelo, não calibrar a máquina para 0graus, pois formará bloco de gelo sob o pescado, não é desejável, é desejável mínimo de derretimento do gelo para que isso promova lavagem do pescado, e dar o brilho que ele precisa; - água do mar refrigerada, tanques com refrigeração mecânica ou gelo, refrigeração rápida e uniforme. Tipos de gelo: - blocos - tubos - placas - escamas - triturado - liquido Em negrito são os mais eficientes. Dentre elas, a mais eficiente é o liquido, garante imediata refrigeração, envolve imediatamente o pescado. Slurry ice (refrigeração mecânica) utiliza água + gelo triturado (1:2), “frozen”. Melhor resultado, resfriamento mais rápido. Maior superfície de contato. Normalmente usado quando se tem um pescado de melhor qualidade, maior preço, ou em grande quantidade, ex: sardinha. Uso correto do gelo é fundamental: - só gelo, proporção 3:1, 2:1 ou 1:1 (melhor); - gelo + agua, proporção 1:1:1; - gelo de boa qualidade microbiológica; - água clorada, para que se obtenha gelo limpo e clorado. O correto é manter o peixe emaranhado em gelo, para que ele possa desempenhar seu papel de redução da temperatura, redução da multiplicação microbiana e redução da atividade enzimática e aumento do tempo de vida de prateleira. Transporte de pescado fresco/resfriado: - operação de mudança do pescado resfriado de uma área de armazenamento fixo para outro; - deve haver um mínimo de oscilação térmica (manter em torno de 0graus); - caminhão baú simples, sempre permite oscilação; - caminhão previamente higienizado; - gelo de boa qualidade. Durante o beneficiamento do pescado: - manutenção da temp. em torno de 0graus; Estocagem de pescado fresco: - evitar ao máximo oscilações térmicas, geram desnaturação proteica, perdendo capacidade de reter agua pelas proteínas, extravasando fluido das carcaças (drip); - adequada quantidade de gelo; - superfícies de materiais fáceis de higienizar; - utensílios limpos; - manipulação higiênica; - água de boa qualidade; - gelo de boa qualidade; - reposição diária do gelo drenado. Comercialização de pescado fresco: Expositores refrigerados – vertical multi-deck cabinets e serve-over display. Mantem temperatura em torno de 2graus. Peixe conservado em gondolas – deve igualmente ser envolvido em gelo (para não haver perda da umidade). Manutenção da cadeia do frio: - em torno de 0graus garante maior tempo de vida de prateleira, maior sera o tempo que passara em alta qualidade, poderá ser enviado para mercados mais distantes mantendo sua qualidade. - 16 graus dura 2 dias, 10 graus dura 3 dias, 4 graus dura 6 dias, 0 graus dura 12 dias. Congelamento: - método de conservação mais drástico; - segundo artigo 335 do novo RIISPOA, pescado congelado é aquele submetido a processos de congelamento rápido, de forma que o produto ultrapasse rapidamente os limites de temperatura de cristalização máxima; - o processo é completo quando o pescado atinge -18graus no seu centro térmico; - tecnologia importante na cadeia produtiva do pescado; - muitas vezes a conservação em gelo precede o congelamento; - proporciona condições para comercialização a grandes distancias; - proporciona formação de estoque regulador; - proporciona condições para a exportação; - se bem conduzida, oferece segurança ao consumidor; - tem como objetivos retardar as ações enzimáticas, retardar a ação microbiana, retardar o processo deteriorativo, aumentar a vida de prateleira em alta qualidade; - O CONGELAMENTO NÃO CESSA ATIVIDADE ENZIMATICA DO PESCADO, APENAS REDUZ, quanto mais baixa temperatura maior a redução; - se atingir -18graus praticamente cessam as atividades bacterianas (uma parte morre outra parte fica inerte, com o descongelamento voltam a multiplicar-se). Zona crítica do congelamento: - entre -1 e -5graus; - ocorre maior velocidade de formação de cristais de gelo (agua cristalizando em gelo), grandes cristais sendo formados na musculatura danificam as células musculares, com isso compromete a qualidade do pescado posteriormente (extravasamento de conteúdo celular, prejudicial à apresentação comercial). Quanto mais rápido for o congelamento, menor sera o tamanho dos cristais, quanto menor o tamanho dos cristais, menor será o dano causado às células; Fases do congelamento: - 60-90% da água é convertida em gelo; - 3 estágios (resfriamento, estabilidade térmica e congelamento); - a zona critica deve ser ultrapassada rapidamente, quanto mais o peixe permanecer nessa zona, maior o tamanho dos cristais formados na musculatura, maiores as consequências; - o peixe não deve ser considerado congelado até que se alcance -18graus no centro geométrico do produto (acima da coluna vertebral). Preparação para o congelamento (que tipo/formato pode ser enviado para congelamento): - peixes: inteiros, eviscerados, psotas, filés; - crustáceos: crus, cozidos, com ou sem carapaça; - moluscos: com ou sem conchas (bivalves), inteiros ou eviscerados (cefalópodes). Métodos de congelamento: · Congelador de ar forçado (principal método no brasil): Uso do túnel de congelamento. Indução de congelamento – ar frio circula de 3 a 5 metros/segundo, temperatura de evaporação de -45graus, temperatura média do túnel de -35graus, grande consumo de energia, velocidades acima de 5m/s ressecame ocasionam perda de peso, faixa crítica ultrapassada dentro de 30 a 60 min. Congela 1t de pescado a cada 2 horas. O pescado deve ser colocado em bandejas de alumínio ou aço inox. Colocado em carros com as laterais abertas para a penetração do frio. · Acondicionamento: Características de uma boa embalagem – permitir um congelamento rápido, proteção contra danos mecânicos, impermeabilidade ao O2 e vapor de água, resistência a baixas temperaturas, ser atóxica, ser barata. Embalagem primária – está em contato com o alimento, embalagem secundária – esta acondicionando a embalagem primaria. · Congelador de placas: Pescado previamente embalado, colocado sobre placas de aço. Placas recebem diretamente o refrigerante a temperatura de -25graus a -40graus. Aplica-se pressão de contato de 0,1 a 0,2kg/cm². Taxa de congelamento de 1 a 1,5cm de espessura do pescado por hora. · Congelador por imersão por salmoura: No brasil usado em peixes que serão usados na forma de conserva, enlatados (atum e sardinha). Utilizados NaCl, CaCl2, e propilenoglicol. Soluções são refrigeradas em sistemas de compressão mecânica. Pescado imerso nas soluções refrigeradas. Velocidade de circulação de 0,04 a 0,09m/s. NaCl mais barato e mais eficiente. Nos peixes ocorre leve penetração de sal. · Congelamento criogênico ou ultra rápido: Aplicação de sprays de nitrogênio liquido ou CO2 liquido. N2 evapora a -196graus. CO2 evapora a -78graus. Não é aplicado em pescado espesso (rachaduras). É muito eficiente mas extremamente oneroso. Velocidade de transferência térmica: Tratamento pós congelamento: - Glazeamento, glaceamento ou glazing: Feito logo após congelamento. Imersão de pescado congelado em água próxima a 0graus por 5 a 10 min, esse pescado adquire camada de gelo imediatamente de 1-2mm, após isso encaminha ele para câmara de estocagem de peixe congelado. Objetivo: evitar dessecação, rachaduras e perda de peso (peixe estará protegido pela camada de gelo), evitar oxidação de lipídeos (peixe estará protegido pela capa de gelo), minimizar rancificação oxidativa. A camada de gelo tende a sumir por sublimação. 1 a 2mm são suficientes para estender o congelamento por 1 mês. Se a estocagem for longe – efetuar novo glazeamento. Instrução normativa nº 31 de 09 de junho de 2017 – glaciamento do peixe congelado, até o limite máximo de 12% do peso declarado. O glaciamento referido no caput consiste na aplicação de água, adicionada ou não de aditivos, sobre a superfície do peixe congelado. Condições para um bom congelamento: - qualidade inicial da matéria prima; - higiene na obtenção; - tempo de resfriamento do pescado in natura; - tempo curto de estocagem em gelo; - manipulação adequada; - tratamentos prévios ao congelamento; - lavagem; - acondicionamento em bandejas; - evisceração, filetagem, descabeçamento, cortes, descasque (crustáceos); - procedimentos adequados ao congelamento; - congelar imediatamente após estocagem em gelo (evitar subida de temperatura); - sempre congelar rapidamente (-0,5 a -5graus em menos de 2h); - tratamento adequado pós congelamento; - glazing; - imediata transferência para armazenagem frigorífica; - manutenção da cadeia de frio (evitar oscilações de temperatura). Descongelamento: *congelamento é rápido, descongelamento é lento! Quanto mais lento o descongelamento, maior vai ser o tempo que esses cristais de gelo vao levar para serem reabsorvidos pelas células, maior a quantidade de fluido retido dentro da célula ou em torno dela, com isso maior sera a suculência do peixe. - qualidade final fortemente ligada ao descongelamento; - temperatura de descongelamento 10-15graus; - temperatura final do produto em torno de 5graus (máximo). Métodos de descongelamento: - ar (forçado, parado, sob pressão); - água (imersão, spray, vapor); - contato com placas aquecidas; - elétrico (aquecimento por condução, aquecimento dielétrico – micro-ondas); - combinação de métodos. Formação de drip: - será maior quanto pior for o congelamento e o descongelamento; - oscilação de temperatura gera rearranjo de cristais: maiores danos celulares; - oscilação de temperatura gera desnaturação proteica; - maior desnaturação proteica reduz capacidade de retenção de água (CRA); - CRA reduzida: maior formação de drip. Rigor do descongelamento: - difícil de acontecer na pesca industrial; - quando o pescado é congelado antes do rigor mortis (ainda vivo ou logo após o abate); - conteúdo de ATP permanece inalterado durante o congelamento; - reduz-se bruscamente durante o descongelamento; - ocorre intenso enrijecimento muscular; - manter temperatura ao redor de 0graus antes do total descongelamento (para driblar a situação), nesse tempo o ATP é consumido e se evita o excesso de drip. Alterações de pescado congelado: · Alterações físicas: Pressão interna devido ao próprio congelamento; Dificuldade de expansão devido a formação de capa de gelo (superficie); Dessecação; Extenso tempo de congelamento com pouca umidade relativa do ar; Sublimação do gelo do glazing; Formação de rachaduras na superficie do pescado; Freeze burn – queimadura pelo frio, excesso de ar seco sob a superficie do pescado. · Alterações histológicas: Destruição das fibras musculares; Congelamento das fibras musculares; Congelamento longo; Oscilação de temperatura. · Alterações químicas: Desnaturação de proteínas; Mudanças devido a mudança da CRA das proteínas miofibrilares; Destruição parcial da membrana celular; Rancificação; Hidrólise e oxidação de lipídios; Formação de aldeídos e cetonas; Alteração da qualidade sensorial do pescado. · Alterações nutritivas: Associadas a erros de congelamento e descongelamento; Perdas de tiamina, ácido fólico, piridoxinas, niacina e ácido patotênico; Oxidação lipídica leva a perdas de ômega 3. Transporte do pescado: - deve ser mantido a -18graus no máximo; - o carregamento na indústria so pode ser iniciado quando o baú estiver totalmente limpo e a temperatura interna do baú estiver calibrada para essa temperatura (lembrando que esse pescado sai da câmara fria para ir até esse caminhão, sendo a câmara com a mesma temperatura); - não pode haver oscilação da carga pesqueira. Tecnologia Atmosfera Modificada Os gases principais usados são nitrogênio, oxigênio e CO2. Ex. batata pingles, o objetivo é retirar oxigênio para que não oxide as gorduras das batatas, evitar rancificação oxidativa. Usa-se nitrogênio. Prolongar vida de prateleira do alimento. Demanda por alimentos frescos: - tendência mundial; - alimentos de alta qualidade sensorial; - com o mínimo ou sem conservantes; - com o máximo de frescor possível; - minimamente processados; - distancia entre a produção e grandes centros de consumo estão cada vez maiores; - satisfazer consumidores (manter as qualidades físicas, químicas, sensoriais, higiênicas, sanitárias e nutritivas); - necessidade de respeito às boas condições higiênicas de produção. A qualidade inicial da matéria prima é mais importante do que qualquer tecnologia de conservação. Conceito de atmosfera modificada: - retirada do ar circundante do alimento; - substituição por gases específicos em diferentes concentrações; - empregado em alimentos vegetais e animais. Objetivos: - diminuir o crescimento dos MO; - diminuir rancificação; - aumentar shelf life (aumento da vida de prateleira) até 280%; - maior segurança bacteriológica. Fase lag (adaptação microbiana) – quando contem ar é encurtada, quando contem atmosfera modificada a fase é extremamente extendida. Automaticamente se estende o tempo de vida de prateleira. Gases usados: · CO2: Bacteriostático (paralisação da multiplicação bacteriana, não é bactericida); Prolonga fase lag; Crescimento lento na fase log; Hidro e lipossolúvel; Mais solúvel em baixas temperaturas (então não é útil se não tiver ação do frio, quanto mais baixa a temperatura maior impregnação de CO2 no alimento, consequentemente maior o efeito bacteriostático e tempo de vida de prateleira); Efeito depende da concentração do gás (maior gás, maior efeito), carga microbiana inicial e temperatura de armazenamento;Modo de ação nos alimentos – alteração das funções da membrana celular, inibição do ciclo do ácido tricarboxílico, redução do ph intracelular, altera as propriedades físico-químicas das proteínas. · Nitrogênio: Insípido e inerte; Baixa solubilidade; Substitui o CO2; Minimiza a rancificação. · O2 e O3 (ozônio): Inibem crescimento de anaeróbios (Clostridium, principalmente botulinum); Manutenção de cor vermelha, se não colocar oxigênio a carne fica escura, desagradável ao consumidor; Conduzem à rancificação em pescado gordo. · CO (monóxido de carbono): Manutenção de coloração vermelha brilhante (salmão, atum, carne vermelha), mesmo em um alimento mais velho; Evita processos oxidativos em pescado gordo; Retarda a deterioração microbiana (também tem efeito bacteriostático); Seu uso no Brasil é proibido, na Noruega é liberado. É toxico aos consumidores quando acima de 1% e é altamente explosível. Aparentemente pode usar no Brasil se for colocado na embalagem que tem a presença dele para manter a coloração adequada, caso contrário seria fraude não informar. Dosagens de gases de acordo com o tipo de alimento: · Peixes de carne branca: 40 a 50% CO2 + 30% N2 + 20% O2. 40% CO2 + 60% N2. · Peixes de carne vermelha e animais de açougue: 40 a 50% CO2 + 30% N2 + 20 a 30% O2. · Frango: 40 a 50% CO2 + 50% N2. · Vegetais: 2% CO2 + 5% O2 + 95% N2. · Peixe gordo: 40 a 60% CO2 + 40 a 60% N2. · Peixe magro: 40 a 50% CO2 + 20 a 40% N2 + 10 a 20% O2. · Crustáceos: 30 a 35% CO2 + 65 a 70% N2. · Mexilhões e ostras: 50% CO2 + 50% N2. FIMMM!!
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