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1 Sessão 6 - MODELOS DE ANÁLISE. Referência base: BURRELL, Gibson. Ciência normal, paradigmas, metáforas, discursos e genealogia da análise. In: CLEGG, Stewart R.; HARDY, Cynthia; NORD, Walter R. (Orgs.) Handbook de estudos organizacionais. São Paulo: Atlas, 1999. vol. 1, p.439-460. cap 17. Resumo. Burrel (1999) expõe a simplicidade inerente ao campo dos estudos organizacionais nos anos 60. Nesse período tinha-se como precursor Max Weber, com a predominância do sistema burocrático. Diante desse contexto os teóricos organizacionais da época estavam míopes e um tanto deslumbrados com a burocratização, passando há deixar um pouco de lado a analise organizacional. Assim, os autores perceberam a sua tarefa como sendo a de cientificar a área e adicionar a ciência administrativa à lista dos campos gerenciais relevantas, tal como a ciência operacional e a economia. Nesse caso percebe-se que durante esse período a analise do contexto organizacional era ilusoriamente simples, tendo todos os espaços preenchidos por Weber. No entanto, sociólogos identificaram que algumas complexidades do pensamento weberiano estavam sendo deixadas de lado, visto que sua filosofia original e suas tensões políticas foram quase totalmente ignoradas. Burrel apresenta os conceitos de explanadum (fenômeno a ser explicado) e explanans (quadro explanatório), o mesmo faz alusão ao explanadum como sendo a organização burocrática dos anos 60, que passou a ser desafiada pelos explanans, cuja legitimidade foi questionada pelo pós- modernismo. Percebe-se que nos ultimo anos do século a teoria organizacional apresenta um quadro mais fragmentado do que nos anos 30. Usando a metáfora da torre de babel, é exposto que o importante é o projeto compartilhado e não a linguagem compartilhada. A babel das vozes vem da interrupção da tarefa conjunta, e não o contrário. Sendo assim, é exposto que os estudos organizacionais carecem hoje de uma linguagem e de um projeto compartilhado. Em relação à diáspora dos construtores, Burrell evidencia que os construtores da teoria organizacional não vivem numa metrópole única. Destacando a importação para os EUA dos vestígios de Weber, e a importação para a Europa dos princípios organizacionais desenvolvidos nas ferrovias da costa oriental. No entanto, em cada importação e exportação eram necessárias adições e remoções para customizar o produto intelectual para o mercado especifico. Percebe-se dessa forma que a teoria organizacional era e em alguma medida ainda é, construída em torno de uma mistura intercontinental, que dessa forma convida a tentativas de compreensão da forma como opera, visto a sua fragmentação. Diante disso, percebe-se a necessidade dos teóricos modernos, de proclamarem um entendimento do mundo, segundo Burrell não chega a surpreender que estes tenham tentado “consertar” o mundo organizacional e, reduzindo sua dinâmica para um sistema classificatório estático, aprisioná-lo. Percebe-se que na teoria organizacional existe pouco acordo sobre os tipos de conceitualização a serem usados, a partir daí, o autor compara a análise organizacional a um Leito de Procusto, no qual ela geme e se contorce, porque não é do tamanho correto para caber na estrutura paralisada na qual vem sendo prensada. Dessa forma elementos como paradigmas, metáforas, discursos e genealogias passam a ser entalhados no corpo da vida organizacional, e por isso são detalhados pelo autor. Nesse sentido o texto faz alusão a Kuhn (1962) e a partir daí podemos perceber que existe uma relação cíclica entre a ciência normal e a ciência revolucionária. Visto 2 que a ciência não evolui por fatos ou cientistas, ela se desenvolve por meio de tensões políticas, que são resolvidas na comunidade cientifica em um ciclo que começa dos mais jovens e as resistências dos poderosos, a morte dos poderosos e a sua substituição pelos mais jovens. Quanto ao caso das metáforas, estas começaram a ser difundas na teoria organizacional por Morgan, ao considerá-las como meio condutor para atualizar os paradigmas na mente dos teóricos, dessa maneira buscou-se reconhecer aquelas metáforas que possuíam domínio dentro de cada paradigma. Em se tratando do discurso destaca-se a analise de Foucault. Este analisa o discurso como um método no qual o arqueólogo examina o passado, observando dentro do contexto histórico os códigos de conhecimentos primordiais que permanecem adormecidos esperando por novos achados precisam ser compreendidos com profundidade. No entanto, dispensando o método arqueológico Foucault volta-se para a genealogia, que segundo este é uma metodologia que se opõe ao método histórico tradicional, e que tem como objetivo gravar a singularidade de eventos buscando uma compreensão em pequenos detalhes. A Análise organizacional na era do Pós-modernismo apresenta novos contextos, teorias como a burocracia não fazem parte dessa nova estrutura, a ideologia dominante é feita para o consumo, e nos faz perceber que nossos conhecimentos são limitados, apontando para importância de sermos ambíguos. Sessão 6 - MODELOS DE ANÁLISE. Referência base: VERGARA, S. Nota técnica: ciência normal, paradigmas, metáforas, discursos e genealogia da análise. In: CLEGG, S. et al. (Org.). Handbook de estudos organizacionais: modelos de análise e novas questões em estudos organizacionais. São Paulo: Atlas, 1999. v. 1, p. 463-465. cap 18. Resumo. Vergara aponta algumas questões em reflexão ao texto de Burrell, segundo o autor as palavras que compõem o título do texto em questão, são conceitos que usamos para descrever a forma pela qual abordamos nosso objeto de estudo. Na busca da verdade, tão cara a ciência, a administração tentou uma teoria unificada. Crítica à visão simplista do positivismo exposta, e propõe que se deve, por exemplo, estudar Taylor e Fayol, mas buscar um aprofundamento aos fatores políticos para se obter uma melhor compreensão dos fatos, e além disso, deve-se discutir as diferenças. O autor também comenta que desde a sua origem o Brasil é pós-moderno cultural, porém há um domínio do funcionalismo ortodoxo derivado da forte influência americana. Dessa forma, percebe-se que o caso brasileiro é facilmente influenciado, o que leva a aderir aos modismos funcionalistas. Fato este que proporciona um relativismo das conceituações, e mostra a necessidade de encarar as diferenças como organização política e culturamente inserida numa sociedade.
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