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Resfriado comum O resfriado comum é uma infecção viral aguda do trato respiratório superior, na qual os sintomas de rinorreia e obstrução nasal são proeminentes. Os sinais e sintomas sistêmicos, como dor de cabeça, mialgia e febre estão ausentes ou são leves. Patógenos associados ao resfriado comum: Agente etiológico mais comum é o rinovírus. Os resfriados ocorrem com maior frequência durante outono e inverno. Crianças que frequentam creches possuem mais episódios de resfriado do que aquelas que não frequentam. Os vírus que causam o resfriado comum são disseminados por três mecanismos: contato manual direto (autoinoculação da própria mucosa nasal e conjuntiva depois de tocar uma pessoa ou um objeto contaminado), inalação de pequenas partículas de aerossóis que estão no ar após a tosse ou deposição de partículas grandes de aerossóis que são expelidas durante um espirro e atingem a mucosa nasal ou conjuntiva. Esses vírus respiratórios podem infectar uma mesma pessoa várias vezes pela variação antigênica existente. Além disso, conseguem reinfectar via aérea superior pois o IgA de mucosa dura pouco tempo após a ultima infecção, e como o vírus possui um período de incubação curto, começa a gerar sintomas antes que o sistema imune de memória possa agir. Embora a reinfecção não seja completamente evitada pela resposta adaptativa do hospedeiro a estes vírus, a gravidade da doença é moderada pela imunidade preexistente. A infecção no epitélio nasal está associada a uma resposta inflamatória aguda caracterizada pela liberação de uma variedade de citocinas inflamatórias e pela infiltração da mucosa por células inflamatórias. Esta resposta inflamatória aguda parece ser parcialmente ou em grande parte responsável por muitos dos sintomas associados ao resfriado comum. A excreção viral da maioria das viroses respiratórias atinge o ápice de 3-5 dias após a inoculação, muitas vezes coincidindo com o início dos sintomas; baixos níveis de excreção viral podem persistir por até 2 semanas. A inflamação pode obstruir os ótios dos seios ou a tuba auditiva, predispondo à sinusite bacteriana ou à otite média. Os sintomas variam conforme a idade da criança e o vírus infectante. Em lactentes, febre e rinorreia podem predominar, sendo que a febre é incomum em crianças mais velhas e adultos. O aparecimento de sintomas ocorre 1-3 dias após a infecção pelo vírus. Em geral, o primeiro sintoma observado é dor ou sensação de arranhado na garganta, seguido por obstrução nasal e coriza. A dor de garganta geralmente se resolve rapidamente e, pelo 2° ou 3° dia da doença os sintomas nasais predominam. A tosse está associada a 2/3 dos resfriados em crianças e, na maioria das vezes, inicia logo depois do inicio dos sintomas nasais. A tosse pode persistir por um tempo após a resolução dos outros sintomas. Outros sintomas do resfriado podem incluir: dor de cabeça, rouquidão, irritabilidade, dificuldade para dormir ou diminuição do apetite. Vômitos e diarreia são incomuns. O resfriado geralmente dura 1 semana, mas cerca de 10% dura até 2 semanas. Quanto ao diagnóstico, não existe um meio de confirmar que se trata de resfriado, temos que nos certificar que não se trata de nenhuma das possibilidades de diagnóstico diferencial do resfriado comum. Condições que podem mimetizar um resfriado comum: Exames laboratoriais de rotina não são úteis para o diagnóstico e tratamento do resfriado comum. Um esfregaço nasal para pesquisa de eosinófilos pode ser útil se houver a suspeita de rinite alérgica. A predominância de polimorfonucleares nas secreções nasais é característica de resfriados sem complicações e não indica superinfecção bacteriana. Anomalias radiográficas autolimitadas dos seios paranasais são comuns durante um resfriado simples; o exame de imagem não é indicado para a maioria das crianças com rinite simples. Os agentes patogênicos virais associados ao resfriado comum podem ser detectados por reação em cadeia da polimerase, cultura, detecção de antígenos ou métodos sorológicos,mas estes estudos não são indicados em pacientes com resfriados, pois um diagnóstico etiológico específico só é útil quando o tratamento com um agente antiviral é contemplado, tal como para os vírus influenza. Quanto ao tratamento, medidas antivirais só estão disponíveis para infecções causadas pelo vírus Influenza e mesmo assim esbarra na dificuldade em distinguir o vírus influenza de outros patógenos do resfriado comum e na necessidade de instituir a terapia no início da doença (dentro de 48 horas do início dos sintomas). Sendo assim, medidas de suporte representam um pilar no tratamento do resfriado comum: manter a hidratação oral adequada, ingestão de líquidos aquecidos para aliviar a mucosa, uso de soro fisiológico tópico para remover temporariamente as secreções e irrigação salina nasal. Medicamentos sem prescrição não devem ser utilizados em lactentes e crianças menores de 6 anos, uma vez que os danos causados por efeitos adversos são maiores do que a possibilidade de tais fármacos efetivamente melhorarem a doença, e ainda considerando que se trata de uma doença sem grandes repercussões. Alguns estudos indicam o uso de Zinco no prazo de 24h de inicio dos sintomas. O Zinco inibe a função de uma protease do rinovírus. Para obstrução nasal pode-se utilizar um adrenérgico tópico. Os agentes adrenérgicos tópicos eficazes, como xilometazolina, oximetazolina ou fenilefrina, estão disponíveis como gotas intranasais ou sprays nasais. As formulações de menor potência desses medicamentos estão disponíveis para uso em crianças mais jovens, embora elas não sejam recomendadas para administração em crianças com menos de 6 anos de idade. Não se deve fazer uso em longo prazo. Os agentes adrenérgicos orais são menos eficazes do que as preparações tópicas e estão ocasionalmente associados a efeitos sistêmicos, tais como estimulação do sistema nervoso central, hipertensão e palpitações. Os vapores aromáticos (p. ex., mentol) para esfregar no esterno podem melhorar a sensação de permeabilidade nasal, mas não afetam a espirometria. Gotas salinas nasais (lavagem, irrigação) podem melhorar os sintomas nasais e ser utilizadas em todos os grupos etários. Para rinorreia utiliza-se anti-histaminicos de primeira geração, eles funcionam não por sua ação na histamina, mas por sua ação anticolinérgica. Rinorreia também pode ser tratada com brometo de ipratrópio, um agente anticolinérgico tópico. Para dor de garganta, pode usar anti-inflamatório não hormonal (atuará na melhora da dor). A aspirina não deve ser administrada a crianças com infecções respiratórias por causa do risco de síndrome de Reye em crianças com infecção por influenza. A supressão da tosse geralmente não é necessária em pacientes com resfriados. Pastilhas para a tosse podem ser temporariamente eficazes e é pouco provável que sejam nocivas a crianças para as quais não representem risco de aspiração (com idade superior a 6 anos). O mel (5-10 mL em crianças ≥ 1 ano de idade) tem um efeito modesto para o alívio da tosse noturna e é pouco provável que seja prejudicial para crianças com mais de 1 ano de idade. O mel deve ser evitado em crianças com menos de 1 ano de idade por causa do risco de botulismo. A complicação mais comum de um resfriado é a otite média aguda (OMA), que pode ser evidenciada por febre de início recente e dor de ouvido após os primeiros dias de sintomas de resfriado. A OMA é relatada em 5% a 30% das crianças que têm um resfriado, com a maior incidência ocorrendo em lactentes jovens e crianças que frequentem creches. O tratamento sintomático não tem nenhum efeito sobre o desenvolvimento da OMA, mas o tratamento com o oseltamivir pode reduzir a incidência de otite média aguda em pacientes com gripe. A sinusite é outra complicação do resfriado comum. A inflamação autolimitada dos seiosnasais é uma parte da fisiopatologia do resfriado comum, mas 0,5% a 2% das infecções virais do trato respiratório superior em adultos, e 5% a 13% em crianças, têm a sinusite bacteriana aguda como complicação. A diferenciação dos sintomas do resfriado comum e da sinusite bacteriana pode ser difícil. O diagnóstico de sinusite bacteriana deve ser considerado caso coriza e tosse diurna persistam sem melhora por pelo menos 10 a 14 dias, se os sintomas piorarem com o tempo, ou se houver sinais de envolvimento mais grave dos seios, tais como febre, dor facial ou desenvolvimento de edema facial. Não há evidência de que o tratamento sintomático do resfriado comum altere a frequência de desenvolvimento da sinusite bacteriana. A pneumonia bacteriana é uma complicação rara do resfriado comum. A exacerbação da asma é uma complicação relativamente rara, mas potencialmente grave de resfriados. A maioria das exacerbações da asma em crianças está associada ao resfriado comum. Não há nenhuma evidência de que o tratamento dos sintomas do resfriado comum evite essa complicação; no entanto, estudos estão em andamento em pacientes com asma subjacente para determinar a eficácia do tratamento preventivo ou agudo no início dos sintomas da infecção do trato respiratório superior. Apesar de não ser uma complicação, outra consequência importante do resfriado comum é o uso inadequado de antibióticos para estas doenças e a contribuição associada para o problema do aumento da resistência antibacteriana de bactérias patogênicas respiratórias, bem como os efeitos adversos dos antibióticos. Sobre a profilaxia: a imunização ou a quimioprofilaxia contra influenza; palivizumabe é recomendado para prevenir a infecção respiratória inferior por VSR em recém-nascidos de alto risco; profilaxia com vitamina C pode reduzir a duração dos sintomas do resfriado; sulfato de zinco feito por um período mínimo de 5 meses pode reduzir a taxa de desenvolvimento de resfriados; a deficiência de vitamina D está associada ao risco aumentado de infecção viral do trato respiratório em alguns estudos; no entanto, a profilaxia com vitamina D não diminui a incidência ou a gravidade do resfriado comum em adultos e estudos em crianças são escassos. Importante ainda lavar as mãos, higiene de contato.
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