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1 Vívian Santana – 7º semestre 2021.1 ESPONDILITE ANQUILOSANTE INTRODUÇÃO • DOENÇA INFLAMATÓRIA QUE ENVOLVE O ESQUELETO AXIAL, OLIGOARTRITE, DACTILITE E ENTESITE Aqui vamos envolver um pouco mais de coluna lombar, coluna cervical, coluna torácica e sacroilíaca. (diferente das doenças já vistas, exceto artrite psoriásica que pode acometer coluna) • PROCESSO INFLAMATÓRIO É ACOMPANHADO DE NEOFORMAÇÃO ÓSSEA → SINDESMÓFITO A espondilite anquilosante você vai ter uma formação óssea chamada de sindesmófito, que são finas espículas que são formadas e que unem os ossos. • ACOMETE INICIALMENTE ARTICULAÇÃO SACROILIACA E EM GERAL TEM PADRÃO ASCENDENTE Inicialmente tende a acometer a articulação sacroilíaca e tem um padrão ascendente, ou seja, pega a sacroilíaca depois coluna lombar, coluna torácica e depois coluna cervical. EPIDEMIOLOGIA • PREVALÊNCIA NOS CAUCASIANOS É DE 0,5 – 2% A prevalência é de mais ou menos de 0,5 a 2%, então NÃO é uma prevalência baixa para uma doença reumatológica. • MAIS COMUM EM HOMEM Sempre devemos pensar em homens jovens Aqui nesse gráfico podemos ver a prevalência de artrite reumatoide comparando com espondilite anquilosante. E podemos perceber que a espondilite ela é muito subdiagnosticada. Muitos dos pacientes vão para a ortopedia por dor lombar e, se não forem encaminhados pra reumato, acabam perdendo o diagnóstico e/ou ficam muito tempo até chegar a um diagnóstico; visto que a artrite reumatoide é mais fácil de diagnosticar. FISIOPATOLOGIA • HEREDITARIEDADE > 90% COM HERANÇA OLIGOGÊNICA A hereditariedade é de mais ou menos 90%, ou seja, estamos falando de uma doença muito genética. • HLAB27 PRESENTE EM 90% DOS CASOS • EM PACIENTES HLAB27 POSITIVOS O RISCO DE DESENVOLVER EPA É DE 2-5% Não é todo mundo que tem HLAB27 que vai desenvolver espondilite anquilosante. Sendo assim, precisamos de outras alterações (que podem ser ambientais – mas não sabemos exatamente quais são essas alterações) para ativar o gene e levar a espondilite. Então se eu tenho o HLAB27, o risco de eu desenvolver a espondilite anquilosante é de 2 a 5%. • COMPROMETIMENTO ASCENDENTE COM FORMAÇÃO DE PONTES DE SINDESMÓFITOS Aqui nessa imagem podemos ver a fusão das vertebras da coluna. Sendo que inicialmente é uma ossificação do ligamento longitudinal anterior e uma fusão das interapofisárias, que no final da doença pode levar a formação da COLUNA EM BAMBU – que é essa coluna que estamos vendo na imagem. Ela praticamente já está toda fundida, ela está toda ossificada e isso perde completamente a mobilidade. Então o paciente não consegue lateralizar, nem fletir e tem bastante dificuldade pra fazer os movimentos da coluna. • OSSIFICAÇÃO DO LIGAMENTO LONGITUDINAL ANTERIOR E FUSÃO DAS INTERAPOFISÁRIAS → COLUNA EM BAMBU FATORES GENÉTICOS E AMBIENTAIS TH17 → IL23 E IL17 Temos também os fatores genéticos. Aí temos o HLAB27. Mas também temos os fatores ambientais envolvidos. Uma das coisas que tem sido mais pesquisada atualmente é o microbioma intestinal. Tem muita relação com espondilite anquilosante, a Doença de Crohn e a Retrocolite ulcerativa. Então será que teve alguma bactéria, alguma coisa ai no microbioma intestinal que faça desenvolver a espondilite anquilosante? Além disso, temos também o estresse biomecânico e da HLAB27. Então temos esses 3 papeis levando principalmente a via da TH17, com a produção de 2 IL23. No IL23 você tem entesite você tem a inflamação e estimulação da célula T e a gente não tem nenhum anticorpo mediado que a gente conheça que tem relação com a espondilite. E aí depois disso temos a produção de mais interleucinas inflamatórias (IL22 e IL17) que vão atuar na via de formação óssea, levando a uma proliferação óssea, inflamação local e também a uma PERDA ÓSSEA. Mas aqui nesse caso é uma perda óssea TRABECULAR e uma proliferação CORTICAL. Então vamos ter a fusão da parte cortical do osso, enquanto o osso trabeculado no interior vai estar sendo destruído. Então, é uma doença que pode gerar uma OSTEOPOROSE, mas também gera uma fusão óssea. Parece um pouco contraditório, mas é o que acontece nessa fisiopatologia. Então aqui eu não tenho anticorpo e por isso que a espondilite anquilosante antigamente era chamada de espondiloartropatia soronegativa – porque tinha o fator reumatoide e o FAN negativos. CASO CLINICO PACIENTE MJS, 25 ANOS, SEXO MASCULINO VEM AO CONSULTÓRIO REFERINDO DOR LOMBAR. O QUE MAIS EU DEVO QUESTIONAR A ESSE PACIENTE? RESPOSTA DOS ALUNOS • Temporalidade: se é uma dor aguda ou uma dor crônica • Se irradia e pra onde vai: se vai pra perna, por exemplo, ou é uma dor que fica localizada • Se o paciente tem um histórico familiar de alguma patologia da coluna. Se tem alguém na família com alguma doença reumatológica e em especifico se tem alguém com espondilite anquilosante • Fatores de melhora e piora: se dói mais a movimentação ou ao repouso (precisamos diferenciar se é uma lombalgia mecânica ou inflamatória) • Se teve trauma • Medicamentos em uso e se toma algum medicamento pra dor (caso tome questionar se melhora a dor) • Se a dor acorda o paciente a noite Sempre que chega um paciente muito jovem com dor lombar, ligamos o nosso alerta para um quadro inflamatório. Características da dor: uma dor que é pior pela manhã, com rigidez matinal e que melhora ao longo do dia, as vezes acorda esse paciente a noite ou de madrugada, a dor melhora/responde ao uso de anti- inflamatórios. ALGUMA COISA NO EXAME FISICO PODE AJUDAR NO DIAGNÓSTICO? RESPOSTA DOS ALUNOS • Manobra de compressão e descompressão • Lasegue: usado para radiculopatia – paciente em decúbito dorsal, eleva o membro inferior que você acha que está com a radiculopatia cerca de 30º SEM fletir • Patrick Fabere: ajuda no diagnóstico de sacroileite QUADRO CLINICO • DOR LOMBAR INFLAMATÓRIA - NÁDEGAS: quando tem sacroileite, essa dor é principalmente em nadegas - RIGIDEZ MATINAL: essa dor geralmente está associada com rigidez matinal • DOR TORÁCICA >40% O paciente pode ter dor torácica, em mais ou menos 40% dos casos • ENTESITE E DACTILITE • UVEÍTE ANTERIOR AGUDA Uma das principais alterações extra articulares é a uveíte anterior aguda, que se manifesta com eritema ocular e dor ocular. • OLIGOARTRITE DE GRANDES ARTICULAÇÕES Além do quadro axial, da coluna, o paciente pode ter também uma oligoartrite de grandes articulações, principalmente em quadril e joelho. Então eu posso também ter uma artrite dessas articulações, inclusive como principal manifestação. A coluna está lá (mas é bem pouco a dor) e tem uma dor intensa com sinais inflamatórios em joelho e/ou em quadril. 3 Lembrar que os pontos de enteses são muito parecidos com os pontos que doem da fibromialgia (os tender points). Por isso temos que ter cuidado na hora dessa diferenciação. AQUI TEMOS UM QUADRO QUE MOSTRA A DIFERENÇA ENTRE A DOR INFLAMATÓRIA E A DOR MECÂNICA Uma coisa importante que podemos notar nas diferenças é que eu não consigo ver SINAIS INFLAMATÓRIOS, porque como a coluna ela é mais profunda eu não consigo ver essa articulação edemaciada com eritema, edema... eu não consigo ver isso porque está lá profundo, lá dentro, a inflamação está muito profunda. Então uma coisa que eu não vou conseguir ver são esses sinais flogísticos. Mas o que eu espero encontrar na dor INFLAMATÓRIA: a idade – que seja uma pessoa mais jovem; que seja um quadro mais insidioso do que agudo; que dure mais de 3 meses, ou seja, um quadro mais crônico; com rigidez matinal maior que 30 minutos; uma dor noturna – que acorda o paciente no meio da noite; melhora com o exercício; e a dor em região sacroilíaca é bem frequente; pode ter alteração tanto na mobilidade da coluna (quando começaa ossificar), alteração na expansibilidade torácica; e NÃO tem déficits neurológicos. A principio é uma doença sem alteração neurológica e isso vai ser importante para diferenciar de radiculopatia, de alterações neurológicas como compressão medular... são varias coisas que podem causar dor na coluna e que a parte neurológica vai ajudar no diagnóstico. EXAME FISICO PATRICK FABERE – paciente fica em decúbito dorsal, faz o “4”, que é a flexão, abdução e rotação externa do membro. E você vai estar testando a sacroilíaco no lado contralateral. Então você vai estar testando a sacroilíaca no lado direito do paciente da imagem. É uma manobra que você tenta comprimir a sacroilíaca lá atrás. Então ela vai ser POSITIVA se o paciente referir dor no membro contralateral à manobra. TESTE DE SHOBER – É um teste que testa a mobilidade da coluna lombar. Como eu faço isso no dia a dia? Eu peço permissão ao paciente e vou fazer um risco à nível mais ou menos de L5, você pega crista ilíaca póstero-superior, vai na mesma direção e faz um tracinho. 10 cm acima você faz OUTRO tracinho. Aí você pede para o paciente fletir o máximo que ele puder, sem dobrar os joelhos, ai você mede novamente (com a fita métrica) a distância entre esses 2 pontinhos que você riscou. E aí essa distância ela vai ter que aumentar porque a pele esticou e se ele conseguiu um MINIMO de mobilidade ele vai ter uma variação de 10 para pelo o menos 14-15 cm, ou seja, você tem que ter uma variação de pelo o menos 4 cm para ser um SHOBER NORMAL. Se o SHOBER for menor que isso, ou seja, menor ou igual a 5, eu tenho um SHOBER ALTERADA, eu tenho uma mobilidade de coluna alterada. Porém precisamos saber que outras coisas podem alterar esse teste, como paciente muito sedentário com o alongamento ruim. Mas é um teste que te deixa mais atento para a possibilidade de uma espondilite. O lasegue na espondilite não é pra dar positivo, mas na lombo-ciatalgia (como em uma hérnia aguda) o lasegue da positivo com irradiação para o membro afetado – que se for o lado direito, por exemplo, vai ser o lado direito – e ele vai ter irradiação pelo trajeto da raiz (no caso se for pra L5, ele vai ter irradiação da dor, o paciente vai referir essa dor na irradiação do trajeto de L5). Aqui nessa imagem eu tenho um paciente com uma postura normal e um paciente com espondilite anquilosante já avançada. É uma doença que normalmente não leva a óbito. É uma doença que raramente vai te levar a ter uma necessidade de internação e óbito. Mas é uma doença que vai te incapacitar. Esse paciente do jeito que está nessa imagem, ele não consegue fletir, não consegue lateralizar a coluna cervical, a coluna torácica... ou seja, ele não tem nenhuma mobilidade. Então, nós pensamos, um paciente jovem com um quadro 4 avançado..., mas o que queremos é diagnosticar antes de acontecer isso, antes de chegar nesse estado da imagem, que é a coluna em bambu. Mas, eventualmente acontece de progredir e aí o paciente não consegue trabalhar praticamente, não consegue fazer as atividades de vida diária, então acaba ficando dependente. Aqui nessa outra imagem é um sinal chamado de SINAL DA SETA ou SINAL DO ESQUIADOR. Parece que o paciente está sempre um pouco pra frente, isso desvia completamente o eixo de equilíbrio. E isso prejudica o joelho, quadril, tornozelo a longo prazo. EXAMES • FATOR REUMATOIDE Fator reumatoide normalmente vem negativo. • PCR E VHS • INVESTIGAÇÃO INFECCIOSA (sempre lembrar de pedir exames para investigação de doenças infecciosas) - HIV, GONOCOCO, SOROLGIAS VIRAIS, SIFILIS • HLAB27 O HLAB27 a gente consegue dosar, é difícil, não é tão barato, é um exame de difícil acesso, no SUS é ainda mais difícil. Mas ajuda, principalmente quando você está em duvida diagnostica, já que cerca de 95% dos pacientes com espondilite tem HLAB27 positivo. • RX DE SACROILIACAS (FERGUSON) E COLUNA Importante pedir RAIO X de sacroilíaca porque é o primeiro local afetado. O RAIO X da articulação sacroilíaca pedimos em Ferguson, porque é a melhor incidência para ver essa articulação. Além disso, solicitamos também o RAIO X de coluna. É bom solicitar o RAIO X de toda coluna, já pensando em um acometimento progressivo da espondilite, então: coluna lombar, torácica e cervical. • RNM DE SACROILIACAS Eventualmente solicitamos uma ressonância de sacroiliacas, pensando no diagnostico de espondilite. É um diagnóstico mais simples o da espondilite anquilosante. Porque é um diagnóstico mais clinico em que a anamnese e o exame físico vão me ajudar muito e o laboratório só vai ratificar o que estávamos pensando. PERGUNTA ALUNO: PEDIRIA RAIO X OU RESSONANCIA DA SACROILIACA? OU OS 2? R: Hoje em dia a gente pede mais a ressonância. Mas para você fechar o diagnóstico de espondilite anquilosante TEM que ter alguma sacro-ilite no RAIO X. O RAIO X se ele tiver sacroilíaca, como é um exame mais fácil, mais barato e mais acessível, ele é um exame muito útil. Caso o RAIO X veio normal, mas você continua suspeitando que é uma espondilite, ai eu solicito uma Ressonância, porque ela vai me mostrar focos de edema ósseo, sem necessariamente ter alteração estrutural ainda da sacroilíaca. Como a gente quer cada vez mais diagnosticar de forma precoce, então seria bom a gente fazer a ressonância. Mas eu posso também pedir um RAIO X e depois eu solicito a ressonância. PERGUNTA ALUNO: NO EXAME FISICO A GENTE CONSEGUE SENTIR QUE AS VERTEBRAS TEM NEOFORMAÇÃO ÓSSEA? R: Não! A gente não consegue sentir! Porque normalmente ela é anterior, a fusão quando ocorre ela ocorre anterior, sendo de difícil acesso. Aqui nessa imagem temos uma região sacroilíaca normal. Aqui temos os ossos do sacro, temos a coluna lombar. E na lateral os espacinhos que estamos vendo é a sacroilíaca, é a articulação sacroilíaca. Podemos ver que ela está toda aberta, bonitinha, sem erosões. Já aqui nessa outra imagem se a gente for procurar, não da pra ver nada. Fundiu. Aqui temos uma SACROILEITE grau 4, ou seja, é uma sacroileite completa. Não da pra ver mais a região sacroilíaca, ela totalmente ossificou. Isso é um processo que demora, não é de um dia pro outro. Eu posso pegar a sacroileite de grau 1, grau 2, grau 3.... mas essa aqui da imagem é a grau 4 (que é a última), já ossificou tudo. Isso é o que vamos ver no exame de RAIO X. 5 DIFERENCIAÇÃO ENTRE SINDESMÓFITO (AS) E ESPONDILÓFITO (DEGENERATIVO) EM AS As neoformações são os sindesmófitos. E aqui nessa imagem temos uma coluna que tem o sindesmófito. Temos que ver com bastante atenção. Aqui temos um RAIO X em perfil. E conseguimos observar uma FINA ossificação que funde as vértebras. E isso é DIFERENTE do osteófito (que é o bico de papagaio), pois ele é grosseiro, grande e normalmente ele é mais horizontal, não é vertical bonitinho. (o bico de papagaio está na seta de baixo da imagem e o sindesmófito está na seta de cima da imagem) DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • ILEITE CONDENSANTE A ileite condensante pode lembrar muito a espondilite, só que ela é muito mais comum em mulher e pós parto. Então, depois do parto, você tem uma ossificação ali a mais no íleo, que pode dar uma dor similar à dor da espondilite. A gente vai conseguir fazer essa diferença principalmente no RAIO X, em que eu vou ver uma ossificação importante no íleo ou na TC. Na ressonância parece um pouco mais as 2 entidades. • HIPERPARATIREOIDISMO • GOTA TOFÁCEA A gota tofácea, eventualmente pode dar tofo em coluna vertebral. • OSTEOARTROSE No caso da artrose que teríamos a formação do bico de papagaio. • INFECCIOSA (S AUREUS, TB, SIFILIS, BRUCELOSE) Lembrar sempre de pedir as sorologias, para diferenciar de quadros infecciosos. Tuberculose pode dar também, principalmentena coluna toraco-lombar – lembrar do mal de pott. Infecções pelo S. Aureus pode dar uma espôndilo- discite, que é uma inflamação da vertebra. Brucelose é uma doença super rara, mas que pode dar o quadro de sacroileite e lombalgia e pode ser muito similar, sendo as vezes bem difícil de diferenciar da espondilite. • LOMBOCIATALGIA É a hérnia discal comprimindo e levando à dor e irradiação. • PSEUDOGOTA Quadro de pseudogota, que é deposito de pirofosfato de cálcio em articulações, podendo acometer a coluna. • DISH – HIPEROSTOSE ESQUELÉTICA IDIOPÁTICA DIFUSA É uma entidade em que você tem ossificação de várias vertebras da coluna, só que é uma ossificação muito grosseira. No geral não está associada com nenhuma doença especifica, é mais um achado de RAIO X. • FIBROMIALGIA A fibromialgia pode causar bastante lombalgia. Sendo a lombalgia uma das principais queixas de consultório e uma das principais causas de afastamento do trabalho. PARA AJUDAR NO DIAGNÓSTICO... Aqui temos um guia para ajudar a chegar no diagnóstico. Não precisamos pedir todos os exames de cara, mas eu preciso ter um quadro clinico que me faça pensar em espondilite, sendo ele: uma dor lombar por mais de 3 meses, com uma idade de inicio menos de 45 anos. Então o paciente chega basicamente com uma dor lombar crônica em pacientes jovens. E aí eu vou olhar o RAIO X. Se você tem sacroileite no RAIO X, praticamente você fecha o diagnóstico. Ou seja, eu tenho o quadro clinico + o RAIO X → eu fecho o diagnóstico. Mas se eu NÃO tiver a sacroileite presente no RAIO X, eu vou pensar em outras alterações das espondiloartrites: entensite, dactilites, história familiar positiva, doença inflamatória intestinal, PCR e VHS altos, resposta aos AINES. E aí se eu tiver mais de 4 dessas alterações que são compatíveis com espondilite → eu praticamente fecho o diagnóstico (vou precisar de um exame de imagem depois). Se eu tenho entre 2-3 desses fatores ou entre 0-1, eu preciso solicitar o HLAB27 pra me dar uma ajuda pra fechar esse diagnóstico. Se o HLAB27 vier positivo, ai solicitamos uma RESSONÂNCIA (MRI). Se ele tem o HLAB27 positivo + clinica de espondilite → você praticamente já fecha o diagnóstico. Se não, ele orienta pedir a ressonancia. 6 CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO O que eu vou precisar ter? Um quadro clinico sugestivo + exame laboratorial sugestivo + exame de imagem. A maioria das doenças vai ser esse o nosso caminho. E a depender da doença, existe ou não anticorpos que me ajudem no diagnóstico. Então eu vou precisar ter: um QUADRO CLINICO COMPATÍVEL + UMA IMAGEM DE SACROILEITE + UMA CARACTERÍSTICA DE ESPONDILITE. OU o HLAB27 + 2 DESSAS CARACTERÍSTICAS. CARACTERISTICAS DA ESPONDILITE TRATAMENTO Como tratamos esse paciente? NÃO FARMACOLÓGICO O paciente precisa ser orientado a respeito da sua doença. Vou ter que orientar ele sobre medidas, ele não vai poder fazer qualquer exercício, vai ter que fazer tudo meio que vigiado. Existe o risco tanto de formação óssea quanto de fraturas FARMACOLÓGICO • AINE Na prática é o uso mesmo dos anti-inflamatórios. Pensou em espondilite, pede os exames sugestivos, encaminha pro reumato, mas já podemos começar os anti-inflamatórios. Inclusive o uso dos anti-inflamatórios eles mudam a atividade da doença, ele muda o prognóstico, ele evita ossificação. Seria o ideal se o paciente conseguir usar o anti- inflamatório por tempo prolongado. Mas o problema é que os anti-inflamatórios tem os problemas dele, ele pode causar uma nefrite erosiva, sangramento digestivo, não é tão seguro do ponto de vista cardiovascular, renal... então ele tem muitos problemas com seu uso crônico. As vezes a gente consegue usar nos pacientes. • DMARD SINTÉTICO – A DEPENDER DO ACOMETIMENTO O DMARD sintético, a depender do acometimento, a gente pode utilizar. Pensando em COLUNA, quadro AXIAL, NÃO ajuda. Não usamos o DMARD sintético pensando em sacroiliaca e coluna. • BIOLÓGICOS ANTI TNF e ANTI IL17: SECUKINUMABE Mas se eu tenho um paciente que não responde ao anti- inflamatório e que tem um acometimento sacroilíaco e lombar, a gente tende a ir DIRETO para o uso dos biológicos – principalmente inicialmente os ANTI TNFs. Uma outra opção que surgiu é o ANTI IL17 (que é o secukinumabe) e também ajudaria no controle da doença. Aqui temos um guia de manejo, em que você tem as FASES e ele vai te guiando como você tem que tratar esse paciente. Então eu tenho aqui o diagnóstico de espondilite. Esse paciente ele pode estar assintomático, ai eu posso deixar ele só com um anti-inflamatório na dose tolerada. Para todos os pacientes educação, atividade física regular e cessar tabagismo. Devemos considerar também terapia psíquica, com psicoterapia. Se esse paciente for sintomático, você começa inicialmente com um anti-inflamatório e avalia ele em 2-4 semanas usando o anti-inflamatório de forma continua. Teve uma resposta boa? Eu continuo o uso. Não teve uma resposta boa? Eu vou ver a toxicidade do anti- inflamatório, vou ver as medições de atividade de doença, que no caso da espondilite a gente usa o ASDAS E o BASDAI, que leva em consideração a questão da dor do paciente; o ASDAS leva em consideração o PCR do paciente. E aí, se eu tiver somente doença axial, ele já orienta iniciar BIOLÓGICOS. Porém se eu tenho outros sintomas periféricos ou uma artrite mais periférica, ele considera fazer injeção local de corticoide e sulfasalazina (que é um outro DMARD 7 que a gente usa). Aí esse paciente deve ser reavaliado em no máximo de 3 meses (12 semanas). E aí eu vou reavaliar de novo. Caso ele tem um ASDAS ou um BASDAI altos, significando que ainda está em atividade, você vai trocar de biológico ou trocar para o ANTI-IL17. PERGUNTA DO ALUNO: FICA USANDO O AINE DE FORMA CONTINUA? R: Fica! A gente tenta usar na dose máxima que é tolerável, que as vezes vai ser 1x ao dia. E além disso, a gente tenta usar os anti-inflamatórios menos tóxicos, que tem pouco estudo em relação qual é o menos tóxico, mas se você pensa que o paciente tem um pouco mais de gastrite erosiva ou doença do refluxo eu posso pensar em usar pra ele um SELETIVO DA COX 2 (o celecoxibe); ou se é um paciente mais idoso, que tem risco cardiovascular aumentado, diabetes, hipertensão, eu posso usar o Naproxeno que tem um perfil cardiovascular melhor do que os demais. Mas sim, eles usam cronicamente o anti- inflamatório. Porque tem pacientes que só consegue controlar com anti-inflamatório e fica bem. E com o tempo, a gente deixa só de demanda (ou seja, só se ele precisar). E ficando com provas inflamatórias baixas, marcadores inflamatórios baixos, tranquilo. SEGUIMENTO Aqui são os SCORES utilizados para ver atividade de doença. Na espondilite eu tenho o comprometimento de várias partes. Os scores mais usados são os que estão em rosa e azul. O BASFI – eu vou ver função e mobilidade: vou ver expansibilidade torácica, vou ver o schober, distancia intermaleolar, distrancia tragus-parede, distancia occipício- parede, flexão lateral dos braços. O BASMI vai me ajudar também a medir, são medições. O BASDAI você vai ver fadiga, dor, rigidez matinal, ele vai ter todos os componentes aqui para serem avaliados. É um questionário bem simples, onde o paciente responde e você coloca lá de 0 a 10 o que ele responder. Você pergunta, por exemplo: “De 0 a 10 que nota você dar para a sua fadiga?” e assim por diante. O que mais usamos é o BASDAI E o PCR e O VHS que é bem importante no seguimento desse paciente. ANEXOS
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