Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Ketlin T. Sauer ATM 2024.2 SÍNDROMES DISPÉPTICAS DISPEPSIA • Dor epigástrica • Estufamento • Plenitude pós-prandial • Saciedade precoce • Empachamento: peso no estômago após se alimentar • Náuseas pós prandiais • Distensão do abdômen superior Dispepsia não investigada: paciente chega com as queixas sem saber o que é. É preciso descobrir se é orgânica ou funcional para tratar corretamente → é um diagnóstico de exclusão, em que é preciso investigar para aferir que não é funcional. Dispepsia orgânica: 30% dos casos. Dispepsia funcional: 70% dos casos. Não se descobre o motivo do desconforto do paciente. Úlcera péptica, esofagite de refluxo, câncer. *Muito raramente gastrite irá provocar dispepsia. *Pacientes acima de 60 anos fazer endoscopia. Sinais e sintomas de alarme → idade acima de 50 anos, perda não intencional de peso, sintomas que acordam o paciente a noite, disfagia, linfadenopatia, massa abdominal, sinais de anemia. Havendo qualquer um desses sintomas é preciso fazer EDA. Se o principal sintoma for pirose, desconfiar de doença do refluxo gastroesofágico. Agora, se eventualmente o paciente relata queixa de pirose, permanecer nesse algoritmo e investigar dispepsia. *Alguns pacientes apresentam concomitantemente a doença do refluxo e dispepsia. 2 Ketlin T. Sauer ATM 2024.2 Helicobacter pylori → Gram negativa, presente nos alimentos, na água e até no leite materno, contudo em vários locais está na forma de esporo impossibilitando sua transmissão. Acredita-se que os indivíduos entram em contato com a bactéria até os seus 6-12 anos de idade. Relaciona-se muito com o nível socioeconômico das localidades e o número de pessoas que habitam nas residências. Foi descoberta no estômago como uma bactéria que “fixa a residência”, ou seja, cria um meio básico pela produção de urease conseguindo se reproduzir → isso pode levar ao desenvolvimento de úlcera. “úlcera nervosa”. *Antro do estômago: células G que produzem gastrina → estimula as células parietais do corpo a produzirem ácido. • Evolução: quando a bactéria invade o organismo ela costuma se estabelecer no antro o que aumenta a produção de gastrina, devido ao meio básico que a bactéria cria, e consequentemente aumenta a produção de ácido → hipercloridria e úlcera duodenal. Após, a bactéria vai indo em direção ao corpo o que acaba com a produção de ácido → acloridria e úlcera gástrica, com muitos anos de infecção pode desenvolver até gastrite atrófica, metaplasia intestinal, câncer gástrico, linfoma malt. • Complicações: úlceras gástricas e duodenas 1-10%; linfoma gástrico malt (<0,01%); adenocarcinoma (0,1-3%). • Complicações prováveis de associação: Dispepsia Deficiência de B12: principalmente na fase de acloridria. Anemia ferropriva: principalmente na fase de acloridria. Púrpura trombocitopênica idiopática; Resistência à insulina Urticária. • Diagnóstico: testes não invasivos: paciente não precisa ser sedado para realizar. São três: sorológico de IgG (único presente no nosso meio, é o mais utilizado, o problema dele é que tratar a bactéria não garante que o IgG irá baixar, pois pode continuar positivo o resto da vida, por isso é um bom exame para averiguar se o paciente teve ou não contato com a bactéria já e não verificar a resposta ao tratamento), teste da ureia marcada (identifica a infecção ativa e faz controle de erradicação da bactéria, é o melhor), teste de antígeno fecal (identifica a infecção ativa e faz controle da erradicação da bactéria). Testes invasivos: precisa EDA para realizar. Teste rápido de urease (coloca a biópsia num líquido que muda de cor com o pH, se fica rosa é um teste positivo, não tem uma sensibilidade ótima quando o paciente toma um IBP, pois baixa a produção de bactérias dentro do estômago, é barato), avaliação histológica (verifica atrofia gástrica e metaplasia intestinal), cultura (muito demorada, não é padrão ouro), PCR (não é utilizado). *Na EDA haver úlcera é um grande preditor de H pylori. • Tratamento: a erradicação da H pylori previne o câncer gástrico. 3 Ketlin T. Sauer ATM 2024.2 Quem tratar para prevenção de câncer gástrico? familiares de 1º grau com ca gástrico; após ressecção de adenocarcinoma gástrico; paciente com pangastrite severo, gastrite atrófica e metaplasia intestinal (principalmente a de corpo). *gastrite atrófica é fator de risco para câncer gástrico. Tratamento com antibiótico por 14 dias → primeira escolha amoxicilina + claritromicina + iBP (aumenta a absorção do antibiótico, a biodisponibilidade do mesmo e aumenta as taxas de erradicação). Após o tratamento se o paciente permanece bem por 6 meses se considera que havia dispepsia pela H pylori. Antígeno fecal + teste respiratório mostram lesão ativa. “úlcera de estresse” → trauma, diminuição de sangue no estomago. Dispepsia secundária a H pylori→ após tratamento da H pylori. • Nem toda gastrite dá sintomas ao paciente. DOENÇA PÉPTICA ULCEROSA • A úlcera vai até a submucosa, enquanto a erosão só até a mucosa. Além disso, a úlcera provoca edema na mucosa subadjacente, pode dar retrações e quando cicatriza costuma formar cicatriz enquanto a erosão não. É mais comum em pacientes idosos. A grande maioria ocorre no antro e quando é duodenal a grande maioria localiza-se no bulbo, além da duodenal ocorrer mais em pacientes jovens. Principais causas: o Infecção por H pylori. o Uso de AINE´s o DPOC o Tabagismo o Insuficiência renal Principais manifestações clínicas: o Dor epigástrica o Na úlcera gástrica dor que piora com a alimentação; úlcera duodenal dor que melhora com a alimentação + acorda durante a noite o paciente o Pode ter irradiação para as costas o Idosos na grande maioria não apresentam dor, mas tem náuseas e vômitos o Complicações: HDA (20-30%), perfuração (6%), obstrução pilórica (4%|quando tem cicatriz) Diagnóstico: é por EDA. Se o paciente está com úlcera gástrica é feita biópsia das bordas para rastrear malignidade. Todo paciente com úlcera fazer a pesquisa de H pylori, agora se há sangramento ativo não 4 Ketlin T. Sauer ATM 2024.2 fazer a pesquisa pois o sangue aumenta o risco de um falso negativo → nesses casos repete EDA depois de 3 dias e então faz a pesquisa. Paciente com histórico de melena pode pesquisar H pylori. • Diagnóstico diferencial → gastrite Tratamento: verificar se ele está tomando antiinflamatorio. O que mais se utiliza são os IBPs. Não se utiliza o misoprostol por causa aborto. Tratar por 4-8 semanas; suspender AINES se possível; erradicar HP. Repetir EDA se UG em 8 semanas para descartar neoplasia. • Após acabar o antibiótico aguardar pelo menos um mês sem medicação para testar novamente. • Controle da erradicação do HP: qualquer paciente com úlcera associada ao HP, paciente com dispepsia persistente após a estratégia test-and-treat, paciente com linfoma MALT, pacientes que fizeram ressecção de câncer gástrico precoce → testar após 4 semanas do tratamento. • A cirurgia é reservada para os casos de perfuração, obstrução, hemorragia sem controle endoscópico, intratabilidade clínica e endoscópica. GASTRITE A gastrite verificada pelo patologista é a mais “correta”, uma vez que foi verificado nas lâminas a inflamação da mucosa gástrica. É válido lembrar, que nem sempre isso quer dizer que o paciente terá sintomas. Conceito → Lesão celular + processo regenerativo + infiltração inflamatória da mucosa. Endoscopia (EDA) → classificação de Sydney: localização, termos descritivos, categorias. • Gastrite enantematosa: é a mais comum, não está associada com sintomas. • Gastrite erosiva: pode estar associada com sintomas, principalmente se é uma gastrite erosiva acentuada (pensar em uso de AINEs). 5 Ketlin T. Sauer ATM 2024.2 • Gastrite atrófica: as pregas do estômago desaparecem, não está associada a presença de sintomas,mas relaciona-se com a perda da produção de ácidos o que aumenta o tempo de digestão, insuficiência de vitamina B12, ferro baixo, aumento do risco de câncer gástrico. É preciso EDA de acompanhamento + biópsia, pois relaciona-se com complicações. Pode ser causada pelo H pylori, uso crônico de IBP e anemia perniciosa (gastrite atrófica autoimune). GASTROPATIAS Gastropatias por AINES: usuários crônicos a maioria tem erosões (só na mucosa) 60-40% e ulcerações (pode chegar até na muscular, profunda) 16-30%. AAS tamponado → não adianta, diminui as proteções do estômago inibindo a produção da COX 1. • Medicamentos e toxinas • Álcool • Gastropatia hipertensiva portal • Cocaína • Estresse • Radiação • Isquemia A EDA não vê como o estômago está funcionando. A dispepsia funcional é um diagnóstico de EXCLUSÃO. DISPEPSIA FUNCIONAL Há várias causas, algumas macroscópicas e outras microscópicas. • Alteração da sensibilidade • Gliose nos plexos • Aumento da motilidade pós prandial • Acomodação fúngica do corpo diminuída • Hipersensibilidade de extensão • Retardo no esvaziamento gástrico *A liberação de adrenalina durante a alimentação gera a sensação de empachamento, por falha da distensão de uma parte do estômago. O diagnóstico é feito com base nos critérios de ROMA e exames como EDA, US abdominal, hemograma, EPF. A dispepsia funcional no ponto de vista de tratamento é dividida em: • Síndrome do desconforto pós-prandial: acomodação inadequada, retardo no esvaziamento, hipersensibilidade à distensão. • Síndrome da dor epigástrica: disfunção do SNC, exposição ao ácido, inflamação da mucosa. O tratamento é feito primeiramente com a orientação do paciente quanto a dieta e comportamento: • Refeições fracionadas • Comer lentamente: benefício comprovado. • Redução no consumo de alimentos gordurosos, condimentados, ácidos, café e álcool. • Ambiente tranquilo • Psicoterapia 6 Ketlin T. Sauer ATM 2024.2 Tratamento medicamentoso: • 1º linha: → IBP → Procinéticos: metoclopramida, domperidona, trimebutina... → Antagonistas H2: não são vendidos no Brasil. → Erradicação HP • 2º linha: → Antidepressivos: amitriptilina, nortriptilina, fluoxetina, paroxetina, sertralina, citalopram, buspirona... → Buspirona (relaxa o fundo e o corpo do estômago) → Agonistas 5-HT4 → Psicoterapia/acunpuntura/hipnoterapia → Chás e ervas naturais Nº estudos Nº pacientes NNT Qualidade metodológica Procinéticos 17 4495 5 (3-11) Baixa Bloq. H2 11 2164 8 (5-24) Baixa IBP 13 5460 9 (6-19) Razoável Tto HP 21 4331 14 (10- 20) Alta ADT 4 167 2 (1,5-5) Muito baixa NNT: nº necessário para tratar
Compartilhar