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Emergências Cirúrgicas - 8º semestre - Uniftc Nícia Torres Estrela Atendiment� inicia� a� politraumatizad�: AVALIAÇÃO INICIAL: Abordagem sistematizada: ● Preparação; ● Triagem; ● Avaliação primária (ABCDE): deve ser repetida com frequência para identificar qualquer alteração do estado clínico do doente que indique a necessidade de intervenção adicional ● Reanimação → ela e o tratamento das lesões com risco para a vida logo que identificadas são essenciais para maximizar a sobrevivência do doente. A reanimação também segue a sequência ABC e ocorre simultaneamente com a avaliação. ● Medidas auxiliares à avaliação primária e à reanimação; ● Considerar a necessidade de transferência do doente; ● Avaliação secundária (da cabeça aos pés) e história; ● Medidas auxiliares à avaliação secundária; ● Reavaliação e monitoração contínuas após a reanimação; ● Tratamento definitivo Preparação: Fase pré-hospitalar: todos os eventos coordenados em conjunto com os médicos do hospital que irá receber o doente em menor tempo possível na cena do trauma ● O hospital de destino deve ser notificado antes de iniciar o transporte para preparar todos os recursos necessários para a equipe de trauma que chegará ● Dar ênfase para: manutenção da via aérea, ao controle da hemorragia externa e do choque, à imobilização do doente e ao transporte imediato ao hospital apropriado mais próximo (a um centro de trauma credenciado). ● Importante: documentação de informações necessárias à triagem ao chegar ao hospital, incluindo hora do trauma, eventos relacionados ao trauma e história do doente. ● Mecanismo da lesão: sugere a intensidade do trauma e o tipo específico Fase hospitalar: preparativos necessários para facilitar a rápida reanimação do doente traumatizado. ● Devem estar disponíveis: área de reanimação; equipamentos para abordar via área organizados, testados; soluções de cristaloides; equipamentos de monitorização ● Devem existir: normas para convocar mais médicos quando necessário; assegurar resposta rápida da equipe de laboratório e radiologia; acordos legalizados de transferência com um centro de trauma credenciado. ● Pessoal em contato com o doente: devem estar protegidos contra doenças transmissíveis (hepatites e AIDS) → máscara, proteção dos olhos, avental impermeável, perneiras, luvas) quando em contato com fluidos orgânicos. Emergências Cirúrgicas - 8º semestre - Uniftc Nícia Torres Estrela Triagem: Classificação dos doentes de acordo com: ● Tipo de tratamento necessário (baseado nas prioridades do ABC) e os recursos disponíveis. ● Doentes no local; ● Escolha do hospital designado para transporte Situações: ● Múltiplas vítimas: o número de doentes e a gravidade das lesões não excedem a capacidade de atendimento do hospital→ doentes com traumatismos multissistêmicos serão atendidos primeiro ● Vítimas em massa: o número de doentes e a gravidade das lesões excedem a capacidade de atendimento da instituição e da equipe → doentes com maiores possibilidades de sobrevida serão atendidos primeiro. Avaliação Primária: Prioridades de tratamento: de acordo com suas lesões, seus sinais vitais e mecanismo de lesão; 1. Avaliação primária rápida; 2. Reanimação das funções vitais; 3. Avaliação secundária mais pormenorizada; 4. Início do tratamento definitivo Populações especiais: crianças, grávidas, idosos, atletas e obesos; ● Crianças: ○ Avaliação e as prioridades assistenciais são as mesmas do adulto; muda a quantidade de sangue, de líquidos e de medicamentos, o tamanho da criança, o grau e a rapidez de perda de calor. ● Grávidas: ○ Prioridades semelhantes às não grávidas; ○ Avaliação precoce do feto é o importante para a sobrevida da mãe com o filho; ● Idosos: o trauma é uma causa comum de morte nessa população e doenças crônicas cardíacas, respiratórias e metabólicas e o uso crônico de medicamentos, podem alterar a resposta fisiológica ao trauma. ○ Doenças associadas (DM, ICC, DPOC, doença coronariana, doença hepática e doença vascular periférica): prejudicam na evolução APÓS o trauma ○ Aumento de sobrevida: reanimação pronta e agressiva, identificação precoce de história patológica e medicamentosa pregressa, uso precoce de monitorização invasiva. ● Obesos: ○ Sua anatomia dificulta procedimentos como intubação e exames de imagem diagnósticos; ○ Doenças cardiopulmonares que limitam sua capacidade de compensação ao trauma e ao estresse. ○ Rápida reanimação volêmica pode exacerbar comorbidades de base. ● Atletas: podem não manifestar precocemente sinais de choque (taquicardia e taquipneia) e terem PAS e PAD normalmente mais baixas. Emergências Cirúrgicas - 8º semestre - Uniftc Nícia Torres Estrela Função ventilatória pulmonar: trauma pode comprometer: ● Sistema nervoso central (TCE); ● Lesão medular (instabilidade da coluna cervical); ● Caixa torácica (tórax instável); ● Parênquima pulmonar (pneumotórax); ● Lesão diafragmática (ruptura); ● Comprometimento da oxigenação por alteração parênquima-pulmonar (contusão pulmonar); ● Obstrução por corpo estranho ● Obstrução por queda da base de língua (relaxamento da musculatura orofaríngea) → principal causa de hipoventilação em pacientes inconscientes ● Lesão de traqueia (laceração) A: Via aérea com proteção da coluna cervical (maior anormalidade ameaçadora à vida é manejada primeiro para assegurar permeabilidade) ● Inspeção: avaliar ○ Traumas de face, cabeça, pescoço ou tórax ○ Sinais de obstrução: sangue, secreções, restos alimentares ou objetos na cavidade oral → potenciais lesões secundárias (ex: hipóxia) ■ Aspiração: necessário um equipamento acoplado a um cateter de sucção com ponta rígida de grosso calibre ● Cateteres duros e rígidos: múltiplos furos; remove partículas grandes rapidamente; usado apenas na região orofaríngea; ● Cateteres maleáveis: longos, flexíveis; menor diâmetro que o anterior; não removem grandes volumes rapidamente; inseridos na orofaringe ou dentro do tubo endotraqueal ■ Retirada de corpo estranho: pinça de Magill ● Estabelecimento da permeabilidade da VA: manobras com proteção da coluna cervical → oxigenação inicial ao politraumatizado, mantém a cervical em posição neutra ○ Chin Lift: elevação do mento → NÃO hiperestender ○ Jaw thrust: tração da mandíbula → NÃO deixar hiperfletido ○ Cânula: dispositivo de permeabilidade das vias aéreas ■ Cânula orofaríngea (Mayo ou Guedel): pacientes inconscientes ou semiconscientes sem reflexo de tosse ou ânsia; ■ Cânula nasofaríngea: pacientes semiconscientes, sem suspeita de lesão de base de crânio e/ou TCE moderado ou grave ● Avaliar permeabilidade: a curtos intervalos de tempo ● Estabilização e imobilização da coluna cervical: feito manualmente em todo paciente vítima de trauma ○ Cabeça em posição neutra: desobstrução de vias aéreas ○ Colar cervical rígido: isoladamente, não imobiliza a coluna completamente, mas auxilia na sustentação do pescoço (impede movimentos de flexão e/ou extensão) Emergências Cirúrgicas - 8º semestre - Uniftc Nícia Torres Estrela ■ Remoção temporária para realizar avaliação primária e/ou secundária: um membro da equipe de saúde deve estabilizar manualmente a coluna cervical, mantendo o alinhamento da coluna. ○ Via aérea definitiva (VAD): tubo endotraqueal com cuff insuflado protege a via aérea de prováveis aspirações broncopulmonares → garante oxigenação e ventilação adequados ■ Técnica de intubação: feita por 2 profissionais (um estabilizando manualmente a coluna cervical e o outro realizando o procedimento) ■ Intubação nasotraqueal: contraindicada em suspeita de fratura de base de crânio ou obstrução parcial das vias aéreas (estridor presente) ■ Deve ser precedida de pré-oxigenação; ■ Dispositivos alternativos (se IOT impossível): máscara laríngea, tubo multilúmen esofágico e tubo laríngeo; ■ Via aérea cirúrgica (cricotireoidostomia): priorizar em casos de lesões de face ou trauma complexo de cabeça e pescoço ■ Traqueostomia cirúrgica na emergência: NÃO é recomendado (complicações vasculares, tireoidianas, tempo de execuçãoprolongado…) ● Todos os pacientes devem receber oxigênio suplementar por meio de máscara com reservatório em alta concentração (100% FiO2) ● Exame neurológico isolado não exclui lesão de coluna cervical ● Criança: equipamento especial relacionado tanto à posição quanto ao tamanho da laringe OBS: considere a existência de uma lesão de coluna cervical em todo doente com traumatismos multissistêmicos, especialmente nos doentes que apresentem nível de consciência alterado ou traumatismo fechado acima da clavícula B: Ventilação e respiração: ● Apenas permeabilidade da VA não garante ventilação adequada; ● Troca adequada de gases: oxigenação e eliminação de dióxido de carbono no grau máximo; ● Boa ventilação: exige um funcionamento adequado dos pulmões, da parede torácica e do diafragma → cada componente deve ser avaliado e examinado rapidamente ● Expor pescoço e tórax: avaliação da distensão de veias jugulares, posição da traqueia e movimentação da parede torácica; ● Ausculta: confirma fluxo de ar nos pulmões; ● Inspeção visual e palpação: podem detectar lesões da parede do tórax capazes de comprometer a ventilação; Emergências Cirúrgicas - 8º semestre - Uniftc Nícia Torres Estrela ● Percussão do tórax: identifica anormalidade, mas é pouco confiável no ambiente barulhento da reanimação; ● Lesões que podem prejudicar a ventilação à curto prazo: pneumotórax hipertensivo; tórax instável (retalho costal móvel) com contusão pulmonar; hemotórax maciço e o pneumotórax aberto ● Todo paciente vítima de trauma deve receber oxigênio enriquecido a 100% ● O tórax deve ser reavaliado periodicamente → procedimentos como intubação e ventilação no doente inconsciente podem revelar ou agravar um pneumotórax OBS: acesso às vias aéreas e avaliação adequada de ventilação são fundamentais e não devem passar dos 10-15 segundos do atendimento inicial C: Circulação com controle da hemorragia; ● Principais fatores circulatórios considerados: volume sanguíneo, débito cardíaco e hemorragia. ● Hipotensão: ao descartar o pneumotórax hipertensivo como causa de choque, a hipotensão em doentes traumatizados deve ser considerada hipovolêmica até provar o contrário. ○ Definição: PAS < 90 mmHg associada a sinais de hipoperfusão periférica ○ Hipotensão relacionado à hemorragia: fator prognóstico de mortalidade em 30 dias → correto manuseio pode alterar sua evolução; ● Estado hemodinâmico: avaliação rápida e precisa é essencial ○ Nível de consciência: pode estar alterada ou não ao perder uma boa quantidade de sangue ○ Cor da pele: importante na avaliação de um doente traumatizado hipovolêmico ■ Raramente hipovolêmico: pele de coloração rósea em face e extremidades; ■ Sinais evidentes de hipovolemia: coloração acinzentada da face e pele esbranquiçada das extremidades ○ Pulso: avaliar qualidade, frequência e regularidade. Pulso com frequência normal não garante normovolemia, mas quando irregular costuma ser um alerta para potencial disfunção cardíaca. ■ Pulso central (femoral ou carotídeo): examinado bilateralmente. Quando ausente, necessita de reanimação imediata. ■ Sinal de hipovolemia: pulso rápido e filiforme ● Hemorragia: principal causa de mortes pós-traumáticas evitáveis. Identificar a fonte (externa ou interna) ○ Externa: controlada durante a avaliação primária com compressão manual direta sobre o ferimento ■ Torniquetes em extremidades → usados apenas quando a compressão não for efetiva, pois podem causar lesão isquêmica ○ Interna: tórax, abdome, retroperitônio, bacia e ossos longos são as principais áreas; ■ Fonte de sangramento: identifica pelo exame físico e de imagem ■ Tratamento: descompressão do tórax, compressão da pelve, uso de imobilizadores e intervenção cirúrgica. ○ Manuseio inicial após estabilização do quadro: reposição volêmica com soluções isotônicas (ringer lactato aquecido) ■ 2 acessos venosos periféricos de 14 ou 16 gauge; ■ Observa resposta após 2 L (2.000 mL) de solução ■ Resposta completa ou pode ter resposta transitória (melhora os padrões hemodinâmicos inicialmente e depois piora → indica persistência do sangramento ou ausência de resposta) Emergências Cirúrgicas - 8º semestre - Uniftc Nícia Torres Estrela ● Diagnóstico diferencial do paciente em choque: ○ Choque obstrutivo: tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo, tromboembolismo pulmonar; ○ Choque cardiogênico: contusão cardíaca, síndrome coronariana aguda; ○ Choque distributivo: sepse, insuficiência adrenal; ○ Choque hipovolêmico: hemorragia; ○ Choque neurogênico: lesão medular; ● FICAR ATENTO (A): ○ Idosos: capacidade limitada de aumentar frequência cardíaca em resposta à perda sanguínea → perde o sinal precoce da hipovolemia (taquicardia); ○ Crianças e atletas: demonstram poucos sinais de hipovolemia, mesmo quando existem perdas volêmicas significativas D: Disfunção, estado neurológico; ● Avaliação neurológica rápida (1 a 2 minutos): nível de consciência do doente, o tamanho e reatividade das pupilas, sinais de lateralização e o nível de lesão da medula espinhal; ○ AVDN: alerta, verbal, dor, não responsivo; ● Escala de Coma de Glasgow (ECG): determina o nível de consciência e permite prever a evolução do doente (particularmente a melhor resposta motora); ○ Se não for possível realizar na avaliação primária, aplicar mais detalhadamente na avaliação secundária ● Rebaixamento do nível de consciência: ↓ da oxigenação e/ou da perfusão cerebral (hipóxia, hipovolemia) ou resultado de um trauma direto ao cérebro. ○ Necessidade imediata de reavaliar: ventilação, oxigenação e perfusão. ○ Excluir outras causas: hipoglicemia, álcool, narcóticos ou outras drogas ● Lesão cerebral primária: efeito estrutural do trauma sobre o cérebro ● Principais objetivos do atendimento inicial: manter oxigenação e perfusão adequadas para prevenir lesão cerebral secundária. E: Exposição/controle do ambiente: despir completamente o doente, mas prevenindo a hipotermia ● Despir o paciente: cortar roupa para facilitar o exame; ○ Examinar todo o corpo do paciente → buscar lesões graves e com risco potencial para a vida; ● Prevenção de hipotermia: cobrir o paciente com cobertores aquecidos ou algum dispositivo de aquecimento externo; Emergências Cirúrgicas - 8º semestre - Uniftc Nícia Torres Estrela ○ Hipotermia: aumenta a morbidade e está associado à coagulopatia; ● Fluidos intravenosos: aquecidos antes de administrados; ● Ambiente: mantido aquecido → garantir a temperatura corporal do doente e não o conforto da equipe. ABCD em 10 segundos: ● Apresenta-se ao doente, pergunta seu nome e o que aconteceu ● Paciente responsivo: sugere não comprometimento grave da via aérea (habilidade para falar); ventilação não gravemente comprometida (gera movimento aéreo que permite falar) e não há maior diminuição do nível de consciência (alerta para descrever o acontecimento); ● Falha na resposta: sugere anormalidade no A, B ou C que devem ser avaliadas e tratadas urgentemente. Medidas auxiliares à avaliação primária e à reanimação: Incluem: ● Monitoração eletrocardiográfica; ● Cateterização urinária e gástrica; ● Outras monitorações (frequência respiratória, gasometria, oximetria de pulso e pressão arterial); ● Exames radiológicos (tórax e pelve) Monitorização eletrocardiográfica: alterações podem indicar o tipo de trauma ● Arritmias, taquicardias inexplicáveis, FA, contrações ventriculares prematuras e alterações no segmento ST: podem indicar trauma cardíaco contuso ● AESP: tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo e/ou hipovolemia profunda ● Bradicardia, condução aberrante ou extrassístoles: suspeitar de hipóxia ou hipoperfusão Sondas urinárias: ● Débito urinário: indicador sensível de volemia → reflete perfusão renal; ○ Monitorização: sonda vesical (colocar depois de realizar um exame de reto e genitália) → contraindicada em suspeita de lesão uretral Sondas gástricas: ● Indicação: reduzir a distensão gástrica, diminuir os riscos das aspiração e avaliar a presença de hemorragia do trato gastrointestinal alto no trauma● Para a sonda ser eficiente: bem posicionada, conectada a um sistema eficiente de aspiração e que esteja funcionando. ● Não é drenado: conteúdo espesso e semissólido no estômago ● Sangue no aspirado gástrico: sangue orofaríngeo (deglutido), trauma na hora da colocação da sonda ou lesões no trato digestivo alto. Frequência respiratória e gasometria arterial: monitorização do processo respiratório ● Tubo traqueal: pode deslocar-se acidentalmente quando o paciente for transportado Emergências Cirúrgicas - 8º semestre - Uniftc Nícia Torres Estrela ○ Colorimetria ou capnografia: úteis para confirmar que o tubo traqueal está colocado no trato respiratório do doente sob ventilação mecânica e não no esôfago. Mas não confirma que o tubo está situado na posição apropriada na traqueia. Oximetria de pulso: método auxiliar valioso para monitorar o paciente traumatizado ● Oxímetro de pulso: ○ Mede a saturação da hemoglobina pelo oxigênio (método colorimétrico) → a saturação deve ser comparada à da gasometria arterial (se houver valores diferentes, significa que alguma está errada) ○ Não mede a pressão parcial de oxigênio, nem a de dióxido de carbono (essencial para revelar a adequação da ventilação) Radiografias e procedimentos diagnósticos: realizar de forma a não retardar a reanimação do doente ● Radiografias anteroposteriores (AP) do tórax e da pelve: úteis para vítimas de trauma fechado; ● Radiografia de tórax: pode detectar lesões capazes de ameaçar a vida do doente e que exigem tratamento; ● Radiografias pélvicas: podem evidenciar fraturas que indicam a necessidade de transfusões sanguíneas precoces. ● Radiografias diagnósticas: devem ser obtidas, mesmo em pacientes grávidas; ● LPD e o FAST: úteis para a detecção rápida de sangramento oculto intra-abdominal. → métodos operador-dependente. ○ Hipotensão sem foco hemorrágico aparente: realizar lavado peritoneal diagnóstico (LPD); ○ FAST: alto grau de recomendação por sociedades internacionais (Grau I), mas é operador-dependente. Utilizar em: ■ Trauma abdominal fechado; ■ Trauma torácico fechado e/ou penetrante ■ Pacientes estáveis e/ou instáveis ○ EFast (FAST estendido): avalia parede torácica em busca de lesões pulmonares (trauma cardíaco penetrante, trauma cardíaco fechado, trauma torácico, pneumotórax, hemotórax e hipotensão de causa não definida) Avaliação secundária: Busca ativa de lesões ameaçadoras da vida no paciente politraumatizado, definição de seus cuidados definitivos e planejamento de sua transferência. Etapas: 1. História completa; 2. Exame físico completo (“cabeça aos pés”) → evitar que lesões ameaçadoras à vida passem despercebidas pela equipe de atendimento de emergência; 3. Radiografias adicionais; 4. Exames laboratoriais; 5. Testes adicionais, Tomografia, LPD, FAST a. Gravidade das lesões; b. Tomada de decisão; c. Transferência e planejamento. Aplicação: assim como o diagnóstico e o tratamento, apenas após a avaliação primária (ABCDE) finalizada e os sinais vitais normalizados Emergências Cirúrgicas - 8º semestre - Uniftc Nícia Torres Estrela História: contempla o mnemônico “AMPLE” (alergia; medicação; passado, prenhez; líquidos e alimentos; evento e cena do acidente) ● Prevenir lesões secundárias; ● Conhecimento dos eventos relacionados ao trauma → é possível inferir acerca da presença de lesões ○ Tipo de evento traumático: colisão veicular, queda, lesão penetrante; ○ Estimativa da energia transferida à vítima: velocidade do veículo no momento do impacto, altura da queda e calibre ou tamanho da arma; ○ Impacto e/ou colisão do paciente com o objeto: carro, poste, faca, projétil, etc. ● Trauma fechado: colisões automobilísticas, quedas e outras lesões relacionadas a transporte, recreação ou trabalho ○ Ejeção da vítima em colisões automobilísticas: aumenta sobremaneira as possibilidades de lesões graves ● Trauma penetrante: ferimentos por arma de fogo, arma branca e empalamentos ○ Fatores determinantes do tipo e da extensão da lesão e do subsequente tratamento: dependerão da região do corpo que foi lesada, dos órgãos próximos ao trajeto do objeto penetrante e da velocidade do projétil. ● Lesões térmicas (queimaduras): pode apresentar-se isolado ou acompanhado de trauma fechado ou penetrante → incêndio em automóvel, explosões, queda de fragmentos incandescentes, tentativa de fuga do fogo. ○ Tomar conhecimento das circunstâncias nas quais as queimaduras ocorreram: local em que ocorreu a queimadura (espaço fechado ou aberto), substâncias que alimentaram as chamas (plásticas e químicas) e de possíveis lesões associadas. Exame neurológico: ● Inicia com a escala de coma de Glasgow: de forma seriada e comparativa com o exame inicial → avalia nível neurológico afetado e evolução do paciente ○ Se < 9: via aérea definitiva; ● Se lesão neurológica: consultar precocemente um neurocirurgião e/ou transferir o paciente para um serviço com esse atendimento; ● Deterioração neurológica: suspeita de progressão da lesão neurológica intracraniana; ● Avaliação das pupilas: diâmetro, resposta à luz e à simetria → simultaneamente Cabeça: Emergências Cirúrgicas - 8º semestre - Uniftc Nícia Torres Estrela ● Palpar em toda a extensão a cabeça e o couro cabeludo: detectar lacerações, contusões e/ou evidências de fraturas; ● Sangramento do couro cabeludo: realizar compressas e/ou suturas, se necessário; ● Sinal de fratura de ossos da base do crânio: equimoses ao redor da órbita (sinal do guaxinim) e/ou retroauricular (sinal do Battle) ○ NÃO realizar sondas e/ou cateteres por via nasal → risco de lesão do SNC ● Observar pupilas e acuidade visual: pesquisar hemorragias conjuntivais e avaliar movimentos extrínsecos e intrínsecos oculares ● Observar saída de fluídos: otorragia e/ou líquor pelo canal auditivo e/ou nariz Coluna cervical e pescoço: ● Solicitação por um médico experiente de radiografias de coluna cervical lateral com transição cervicotorácica (C7-T1) e a transoral (visualizar o processo odontoide); ○ A: alinhamento e radiografia adequada (visualiza toda a coluna, inclusive a transição C7-T1); ○ B (bone): avaliação dos ossos (altura de corpos vertebrais); ○ C: avaliação das cartilagens (espaços intervertebrais e interespinhosos); ○ S: avaliação de tecidos moles (soft tissues) → espaço entre C1 e base do crânio (se aumentado indica sangramento oculto). ● Lesão cervical instável: traumas em região de cabeça e/ou maxilofacial → manter colar cervical, mesmo na ausência de déficit motor e/ou sensitivo. ● Sinais explorados na avaliação do pescoço: ○ Enfisema subcutâneo; ○ Desvio da traqueia; ○ Estase jugular; ○ Sopro carotídeo; ○ Crepitação por fratura de ossos e/ou cartilagens Tórax: ● Inspeção: ○ Avaliação do padrão ventilatório: qualidade e profundidade dos esforços respiratórios; ○ Presença de: enfisema subcutâneo, fraturas, lacerações e/ou perfurações pulmonares → realizar um rápido tratamento. ● Ausculta pulmonar anterior e axilar; ● Ausculta cardíaca: ○ Bulhas abafadas: tamponamentos; ○ Sopros cardíacos novos: laceração traumática de valvas e/ou dissecção de aorta; ● Lesões torácicas com potencial risco de morte: ○ Pneumotórax simples; Emergências Cirúrgicas - 8º semestre - Uniftc Nícia Torres Estrela ○ Hemotórax; ○ Contusão pulmonar; ○ Laceração traqueobrônquica; ○ Traumatismo contuso do coração; ○ Ruptura traumática da aorta; ○ Ruptura traumática do diafragma; ○ Ferimentos transfixantes do mediastino. Abdome: ● Procurar sinais e sintomas como: ○ Ferimentos abertos e/ou trauma fechado em região anterior e dorsal; ○ Presença de dor à palpação abdominal; ○ Presença do sinal do cinto de segurança; ○ Possível lesão de vísceras abdominais e/ou órgãos sólidos; ○ Hematomas; ○ Crepitações em parede abdominal. ● Exame abdominal normal: NÃO exclui lesão abdominal; ● Exame abdominal duvidoso associado e/ou ingestão de álcool: utilizar ultrassonografia (US) à beira leito por meio do Fast (focused assessment sonography in trauma) ou a TC de abdome; ○ Fast positivo: sangramento intracavitário→ laparotomia exploradora se o paciente tiver instável hemodinamicamente ○ Continuação diagnóstica com TC: se disponível e paciente clinicamente estável; ● Avaliar instabilidade de quadril: procurar possíveis fraturas que podem se relacionar com perda sanguínea importante → evitar manipulação do quadril desnecessária. Períneo, reto e vagina: ● Buscar: hematomas, lacerações e sangramento ● Toque retal e vaginal: antes de inserir sondas e cateteres urinários. Avaliam: ○ Fraturas de pelve; ○ Deslocamento de próstata; ○ Sangramento intestinal; ○ Tonicidade do esfíncter anal, nos casos de lesão medular ● Mulher em idade fértil: solicitar beta-Hcg Sistema musculoesquelético: ● Extremidades: buscar hematomas, lacerações, contusões, sinais de fraturas e/ou deformidades; ● Avaliar pulsos em MMSS e MMII: detecta lesões vasculares primárias e/ou secundárias ○ Sinais de lesão vascular: dor, palidez, parestesia, paralisia, ausência de pulso e alteração de temperatura. ● Se deformidade e/ou fratura: exame de imagem (Rx, TC) da área Emergências Cirúrgicas - 8º semestre - Uniftc Nícia Torres Estrela ● Avaliação da coluna torácica e lombar (porção dorsal): técnica de rolamento em bloco (3 socorristas) → palpatória e/ou visual ● Lesões esqueléticas menores: extremidades como pé e mão devem ser avaliados; ● Fraturas de ossos longos: estabilizadas imediatamente antes da correção vascular; ● Síndrome compartimental: pode desenvolver em algumas fraturas de ossos, lesões arteriais agudas, obstrução arterial temporária, picada de cobra, etc. → realizar fasciotomia TRATAMENTO FINAL: TRANSFERÊNCIA: Necessidade de transferência inter-hospitalar: quando reconhece que o hospital no momento não tenha recursos necessários e/ou médicos especialistas para o tratamento adequado de lesões ameaçadoras à vida. ● Avaliação secundária: estratifica o risco do paciente; ● Contato telefônico: entre médicos ● Se transferência confirmada: nenhum procedimento diagnóstico e/ou exame laboratorial deve ser aguardado ou realizado ● Responsabilidade da transferência: médico local, médico do centro de referência e as condições do transporte. ● Certificar se o centro transferido tenha: recursos necessários para cuidar do paciente, equipe qualificada e equipamento necessário (monitor, ventilador mecânico, etc) ● Providenciar: enviar prontuário e exames realizados no hospital ao hospital de referência. ● Garantir: estabilidade do paciente (do ponto de vista trauma-cirúrgico) antes de realizar a transferência. Referências: - ATLS - 9ª edição - Tratado de Medicina e Emergência - UNIFESP - volume 2
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