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Afecções Inguino-Escrotais

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Afecções Inguino-Escrotais 
Hérnia Inguinal 
É muito comum a hérnia indireta em crianças, do que a hérnia direta, 
sendo mais prevalente em meninos, prematuros e com conteúdo 
diverso em seu interior. 
É muito mais frequente do lado esquerdo do corpo e unilateral. 
A causa das hérnias indiretas é basicamente a persistência do 
conteúdo peritôneo-vaginal, que deixa o caminho inguinal aberto até 
a região escrotal, como visto na imagem abaixo: 
No quadro clínico a criança apresenta muita dor aos médios esforços, 
sendo que normalmente a criança apresenta um abaulamento da 
região inguinal ou na região inguino-escrotal, e podemos observar o 
sinal da Seda, quando realizamos uma palpação na região da púbis, 
sentimos uma fina membrana que, quando a criança faz uma 
manobra de Valsalva, sentimos um conteúdo adentrar na região 
inguinal. Além disso, normalmente é redutível e, nas meninas, a 
hérnia é de causa ovariana no local da hérnia. 
O diagnóstico pode ser feito pelo USG e RX (persistência de ar na 
região testicular). Na palpação, nos meninos a maioria tem o tecido 
do intestino preso na hérnia, e temos a redutibilidade, enquanto que 
nas meninas a maioria tem o tecido ovariano e não observamos a 
redutibilidade, devendo ter mais cuidado para não lesar o tecido. 
As complicações mais comuns são o encarceramento, quando o 
conteúdo do saco herniático é não-redutível, e além disso, pode ser 
hérnia isquêmica, na qual há interrupção do fluxo sanguíneo local, 
estrangulando o conteúdo herniático, podendo gerar necrose desse 
conteúdo (ovários, trompas, intestinos) e até sepsemia. Além disso, 
uma das complicações é o abdome agudo obstrutivo, comum em 
lactentes. 
O tratamento de toda hérnia é cirúrgico, independente da idade, no 
entanto o que difere é a urgência do processo cirúrgico: 
• Hérnias redutíveis são feitas cirurgias eletivas 
• Hérnias encarceradas são realizadas a redução da hérnia 
naquelas que não há sinais flogísticos de inflamação ou 
irritação peritoneal ou com história clínica maior que 6 horas. 
Faz-se o movimento de redução e operamos após 48 horas da 
redução, para que não haja inflamação do tecido e estabilizar 
a criança. 
 
• Hérnia encarcerada que não são redutíveis ou Hérnias com 
sinal de irritação peritoneal, com mais de 6 horas de necrose e 
história clínica progressiva é cirurgia de urgência na hora 
bilateralmente! 
 
A cirurgia é chamada de inguinotomia na última prega abdominal da 
criança. Se a hérnia for estrangulada, observamos se há presença 
de necrose, se tiver, realizamos uma ressecção desse segmento 
intestinal ( ileostomia ou colostomia) ou desse segmento ovariano 
(ooferectomia), e deixamos somente o tecido saudável. A cicatriz é 
pouco observável, os pontos são intra-dérmicos e absorvíveis. O 
repouso é total de 1 mês. 
Hidrocele e Cisto de Cordão 
É o mesmo processo fisiopatológico da hérnia inguinal indireta, na 
qual há a persistência do conteúdo peritôneo-vaginal, mas que ao 
invés de entrar conteúdo herniático, entra líquido peritoneal. 
Hidrocele comunicante é como se fosse uma hérnia inguinal indireta, 
mas que pode adentar conteúdo intestinal também. Comum até 6M. 
O diagnóstico é com uma história de abaulamento inguino-escrotal 
que “enche e esvazia”, que no toque é um conteúdo líquido, e o 
exame direto e fácil de realizar para verificar é a transluminação 
positiva. Para ver o grau da comunicação é somente com o USG. 
O tratamento é o mesmo da hérnia inguinal indireta, 
No caso da hidrocele não-comunicante, o tratamento pode ser 
clínico, pois em mais de 90% o conteúdo é reabsorvível, demorando 
até 2 anos. Nos casos em que não regride ou se há presença de 
sinais flogísticos, realizamos a cirurgia para retirada do líquido, já que 
pode estar inflamado ou infectado. No caso do cisto de cordão, 
podemos realizar a cirurgia nos casos em que não é absorvido o 
conteúdo cístico. A história clínica é diferente, visto que nesses 
subtipos não há “encher-esvaziar”. 
Distopias Testiculares (criptoquirdia) 
É a ausência de testículo na bolsa escrotal, podendo estar localizado 
no trajeto de descida fisiológica do testículo, que ocorre na maioria 
dos casos do 3M – 1y. Somente 1-3% das pessoas nascem 
fisiologicamente sem testículo, ou seja, a imensa maioria dos 
pacientes que não apresentam o testículos estão com criptorquidia. 
A fisiopatologia é a mesma de todas as doenças acima, quando 
ocorre o erro na descida testicular, podendo se encontrar acima do 
anel inguinal interno, chamados de intra-abdominais, e abaixo desse 
anel, são os palpáveis. 
A incidência é maior no testículo direito, com histórico familiar, e em 
prematuros. O diagnóstico é com exame físico, que quando palpável 
podemos realizar um USG (bom para quando está na região 
inguinal), Tomo (pode confundir com alças e até gânglios) ou até RM 
(pode dar falso negativo em 30%) para evidenciar as estruturas 
anexas envolta. No entanto, quando o testículo é não palpável em 
toda a parede abdominal, devemos realizar como diagnóstico e 
tratamento, a cirurgia laparoscópica. 
O tratamento atual é cirúrgico aberto, ou orquipexia, com mais de 
90% de sucesso, em que se fixa o testículo na bolsa escrotal, e a 
laparoscópica utiliza-se a técnica de Fowler-Stephens, nos casos de 
cordão espermático curto, na qual se poupa somente o ducto 
deferente e são cortados os vasos do cordão espermático (plexo 
Pampiniforme), e a nutrição do testículo se dá pelas artérias do 
gubernáculo, que é o tecido na face inferior do testículo . A cirurgia 
pode ser feita até dos 6M -1 ano de idade, pra cima. 
As complicações previstas em testículos criptorquídicos são 
alteração na espermatogênese a partir dos 18M de vida, podendo 
gerar homens inférteis, além de poder degenerar malignamente, 
formando um seminoma (tumor testicular de células seminais), mais 
comum, ou até um carcinoma, e, infelizmente, mesmo que haja um 
tratamento cirúrgico, o paciente ainda apresenta risco de neoplasia 
maior do que do resto da população. A malignização do tecido é a 
principal motivação da cirurgia, mesmo que o paciente apresente 
condições patológicas que impossibilitem a atividade sexual. 
*O testículo ectópico é aquele em que há fixação do testículo fora do 
caminho fisiológico da decida testicular. O diagnóstico é com o USG 
e a cirurgia é fixa para colocá-lo no sítio anatômico. 
 
Varicocele 
São as dilatações das veias do cordão espermático (Plexo 
Pampiniforme), normalmente à esquerda (por conta da veia testicular 
esquerda ter menor pressão sanguínea, inserção em ângulo reto na 
V. Renal E e possibilita a estase). Pode ser de etiologia primária, 
sendo a mais frequente, multifatorial, por incompetência congênita 
das valvas e a secundária é menos frequente, por problemas 
vasculares em outros sítios anatômicos, como pela veia renal. 
É comum que a varicocele causa deteriorização do espermograma, 
com alta incidência de infertilidade e hipoespermatogênese, que 
ocorre por conta da hipertermia escrotal, hipoperfusão venosa e até 
estase de toxinas e radicais livres, que causam tal 
hipoespermatogênese. 
O diagnóstico é com exame físico, já que é visível as varizes 
escrotais, e podemos realizar um Eco Doppler para verificar presença 
de dilatação no Plexo Pampiniforme. 
A cirurgia é com a ligadura das veias dilatadas e o testículo vai deixar 
o sangue efluir pelas veias do Gubernáculo.

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