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Rafael Venâncio de Souza ➢ Osteoartrite 1. Introdução e Epidemiologia - OSTEOARTRITE = OSTEORATROSE = ARTROSE = OA - osteoartrite é uma desordem musculoesquelética lentamente progressiva que afeta preferencialmente as mãos, a coluna e as articulações que suportam o peso, especialmente do joelho e do quadril (a articulação do tornozelo não é frequentemente acometida na osteoartrite) - acontece devido um desequilíbrio entre a degradação e a reparação na cartilagem - é a artropatia mais prevalente, visto que, com o aumento da expectativa de vida, houve também um aumento da prevalência da doença - no Brasil, apresenta uma prevalência de 16% na população geral, entretanto, em populações mais idosa (em torno dos 75 anos), há uma prevalência de 85%, seja clínica ou radiográfica (É IMPORTANTE RESSALTAR ISSO POIS NEM TODOS OS PACIENTES COM ALTERAÇÕES RADIOGRÁFICAS IRÃO APRESENTAR QUEIXAS CLÍNICAS) 2. Fatores de Risco - idade – quanto mais velho for o indivíduo, maiores são as chances de apresentar osteoartrite; não é comum pessoas jovens apresentarem osteoartrite - gênero – osteoartrite de quadril em mais comum em homens, enquanto que a osteoartrite de joelhos é mais comum em mulheres - predisposição genética - obesidade – é um fator de risco principalmente para osteoartrite de joelhos - estresse mecânico - trauma articular - doenças congênitas – doenças do desenvolvimento ósseo e articular; é comum de acometer o quadril, como, por exemplo, displasia de quadril - doença articular inflamatória – p.ex. artrite reumatoide, espondilite anquilosante etc - doenças endocrinometabólicas – principal exemplo é a hemocromatose, podendo haver deposição de ferro em articulações, acometendo classicamente as 2ª e 3ª articulações metacarpofalangeanas das mãos 3. Classificação - osteoartrite primária ou idiopática aparece devido a uma predisposição do indivíduo ou por seu estilo de vida e profissão (p.ex. osteoartrite de joelhos em pacientes obesos ou osteoartrite de mãos em pacientes costureiras) - osteoartrite secundária aparece em uma articulação que já foi alterada devido à uma doença prévia (p.ex. é comum que paciente com artrite séptica evolua com osteoartrite, bem como pacientes com gota apresentem osteoartrite de tornozelo) - a osteoartrite primária pode ser classificada também quanto aos locais de acometimento: pode ser localizada (< 3 sítios articulares) ou generalizada (≥ 3 sítios articulares) - os sítios mais comuns da osteoartrite primária são: ① mãos – 1ª articulação carpometacarpiana (rizartrose) e articulações interfalangeanas distas (pode acometer as proximais também, porém as distais são mais características) ② quadril ③ joelho ④ 1ª articulação metatarsofalangeana ⑤ coluna - pode haver osteoartrite secundária nos sítios supracitados, porém, a princípio, julga-se ser uma osteoartrite primária - a osteoartrite secundária pode aparecer em qualquer articulação, porém acomete principalmente tornozelo, cotovelo, punho e ombro (quando um paciente apresenta osteoartrite em uma dessas articulações, já deve-se investigar possíveis doenças de base que causariam o acometimento dessas articulações) OSTEOARTRITE PRIMÁRIA OU IDIOPÁTICA LOCALIZADA GENERALIZADA (≥ 3 SÍTIOS) SECUNDÁRIA Rafael Venâncio de Souza 4. Quadro Clínico - dor de ritmo mecânico nas articulações acometidas – o paciente fica bem ao repouso e a dor piora ao longo do dia com a movimentação; pode acontecer também do paciente estar em repouso, sentir dor ao se levantar e essa dor melhorar com a deambulação - rigidez matinal de curta duração (< 30 minutos) - rigidez após períodos de imobilidade - aumento de volume ósseo – formação de nódulos, muito comum na osteoartrite nas mãos - instabilidade articular – acontece principalmente na articulação do joelho, e o paciente relata uma sensação de que o “joelho está saindo do lugar” - limitação de amplitude de movimento – p.ex. um paciente com osteoartrite de joelho não consegue estender o membro completamente - atrofia muscular periarticular – pelo fato da articulação perder a amplitude de movimento e se tornar dolorosa, a tendência do paciente é mexer menos a articulação, logo o músculo também deixa de ser acionado, acarretando hipotrofia e atrofia - presença de crepitações – barulho que o paciente ouve vindo das articulações ao movimenta-las; a crepitação por si só não significa que o paciente tem osteoartrite 5. Fisiopatologia 6. Exemplos → Osteoartrite de Mãos - na OA de mãos, é comum se observar a presença de nódulos de Heberden, que são nódulos presentes nas interfalangeanas distais, enquanto que nódulos de Bouchard são nódulos presentes nas interfalangeanas proximais - esses nódulos são osteófitos, logo apresentam consistência endurecida Rafael Venâncio de Souza → Rizartrose - a rizartrose é uma artrose (osteoartrose) que atinge uma parte específica do corpo: a articulação do dedo polegar (1ª articulação carpometacarpiana) - deve-se fazer diagnóstico diferencial com tendinite de De Quervain, a qual acomete praticamente o mesmo sítio - ao examinar, consegue-se palpar os osteófitos e sentir a crepitação fina ao movimentar a articulação - é uma osteoartrose bastante dolorosa e de difícil tratamento Rafael Venâncio de Souza → Gonartrose - gonartrose é o nome que se dá para a osteoartrite de joelhos - uma gonartrose primária advém de alterações como o geno valgo (joelhos para dentro e pés para fora) ou geno varo (joelhos para fora e pés para dentro) - essas duas alterações causam sobrecarga de peso em diferentes pontos da articulação (linhas vermelhas), o que, com o passar do tempo, gera osteoartrite que predomina ou no compartimento lateral (geno valgo) ou no compartimento medial (geno varo) 7. Diagnóstico → Diagnóstico Clínico - quadro clínico compatível + exame físico compatível (dor à mobilização, aumento de volume ósseo, atrofia muscular, crepitações, articulação em flexão) → Diagnóstico por Imagem - o principal exame utilizado é a radiografia, na qual se observa as seguintes alterações: ① diminuição do espaço articular ② esclerose subcondral ③ osteofitose ④ cisto subcondral - no quadril, se observa uma osteoartrite de quadril, como formação de osteófitos no articulação E, bem como alteração no acetábulo (esclerose subcondral) - na coluna, se observa a formação de osteófitos horizontais, típicos de osteoartrite na coluna - no joelho, se observa alterações na cartilagem com cistos subcondrais, além de lesões meniscais - no pé, se observa osteoartrite na 1ª articulação metatarsofalangeana; é o mesmo local que se observa o hálux valgo (“joanete) e o paciente que apresenta hálux valgo pode ter osteoartrite, mas nem todo paciente com osteoartrite apresenta hálux valgo Rafael Venâncio de Souza - a imagem abaixo é de uma radiografia de quadril, observando uma osteoartrite leve no lado D, verificando uma diminuição do espaço articular, quando comparado com o lado E - a imagem abaixo é de uma radiografia de mão D, observando uma rizartrose (contorno laranja), bem como uma esclerose subcondral (setas azuis) e os osteófitos (seta verde) Rafael Venâncio de Souza - a imagem abaixo é de uma radiografia de mãos, evidenciando uma osteoartrite com a presença de nódulos de Heberden (interfalangeanas distais), de nódulos de Bouchard (interfalangeanas proximais) e de rizartrose (mais evidente na mão esquerda) - mais uma vez uma radiografia de mãos evidenciando osteoartrite e rizartrose Rafael Venâncio de Souza - a imagem abaixo é de uma osteoartrite de joelho secundária à artrite reumatoide, apresentando esclerose subcondral, diminuição do espaço articular e neoformação óssea (osteófitos) - deve-se analisar o fato de que há alterações importantes tanto do comportamento lateral quantodo medial, logo há uma alteração simétrica da articulação, característico da osteoartrite secundária - a radiografia abaixo é de um paciente com geno varo, evidenciando uma diminuição maior do espaço articular no compartimento medial Rafael Venâncio de Souza - a radiografia abaixo é de um paciente com geno valgo, evidenciando uma diminuição maior do espaço articular no compartimento lateral - a imagem abaixo é de radiografia de coluna evidenciando a presença de osteófitos horizontais, mais característico na osteoartrite de coluna - é também comum de haver dissociação clínico-radiológica nesses casos Rafael Venâncio de Souza - a imagem abaixo é de uma radiografia de pé evidenciando uma osteoartrite de 1ª articulação metatarsofalangeana (“hálux rígido”) - a radiografia abaixo é de um paciente com um tipo de osteoartrite de mãos denominado osteoartrite erosiva, tendo um componente mais destrutivo da cartilagem Rafael Venâncio de Souza 8. Tratamento - os objetivos do tratamento são controle da dor e a recuperação e manutenção da função do membro - nenhuma medicação reverte o dano na cartilagem → Tratamento Não-Farmacológico - sempre importante educar o paciente acerca da sua condição, informando que não há nenhuma medicação que irá promover a cura e a reversão do dano à cartilagem - deve-se orientar a perda de peso em pacientes em sobrepeso e obesos, principalmente para pacientes com osteartrite de joelho e de quadril - todos os pacientes devem ser encaminhados para a Fisioterapia com o objetivo APENAS de fortalecimento muscular - pode-se indicar a crioterapia (p.ex. compressas geladas) - as órteses são indicadas em alguns casos como o uso de joelheiras em pacientes com osteoartrite de joelhos, principalmente em aqueles com a sensação de falseio do joelho; as órteses não podem ser usadas de forma contínua, uma vez que elas imobilizam a articulação, o que pode acarretar hipotrofia e atrofia da musculatura → Tratamento Farmacológico - analgésicos simples (paracetamol) - terapia tópica com AINEs para articulações mais superficiais; nas pequenas articulações da mão, pode-se usar pomada de capsaicina par alívio da dor - AINEs via oral – naproxeno, ibuprofeno, cetoprofeno, diclofenaco etc - Cloroquina – seu uso é off-label; não há evidência de melhora da dor, porém, para osteoartrite de mãos, principalmente na forma erosiva - corticoide intra-articular – normalmente é realizada na articulação do joelho após muitas crises, mas é feito de forma muito criteriosa - Glucosamina e Condroitina – é mais indicada para osteoartrite de joelhos, porém depende muito da resposta individual de cada paciente - Piascledine – derivado de soja e abacate, é um tratamento fitoterápico que também depende da resposta individual de cada paciente - colágeno – o uso de colágeno hidrolisado tipo II é controverso e que também depende da resposta individual de cada paciente - viscossuplementação – infiltração articular com ácido hialurônico e derivados, geralmente realizada no joelho; é um procedimento bastante caro - opioides – codeína e tramadol podem ser usados em casos de crises pontuais, não devendo ser usados de forma contínua, especialmente em pacientes idosos
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