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NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 1 - Na atualidade, são usados 6 tipos principais de agentes alquilantes na quimioterapia das doenças neoplásicas: 1. Mostardas nitrogenadas 2. Etilenoiminas 3. Alquilsulfonatos 4. Nitrosureias 5. Triazenos 6. Agentes de metilização do DNA, incluindo procarbazina, temozolomida e dacarbazina - Devido as semelhanças nos mecanismos de ação e de resistência, os complexos de platina são discutidos com os agentes alquilantes clássicos, apesar de não produzirem alquilação do DNA, mas a formação de complexos de metais covalentes com o DNA QUÍMICA: - Os agentes alquilantes quimioterápicos compartilham a propriedade de formar intermediários de íon carbono altamente reativos - Esses intermediários reativos se ligam de modo covalente a sítios de alta densidade de elétrons, como fosfatos, aminas, grupos sulfridrila e hidroxila - Os efeitos quimioterápicos e citotóxicos estão diretamente relacionados com a alquilação de aminas reativas, oxigênio ou fosfatos no DNA - A causa final da morte celular relacionada com a lesão do DNA permanece desconhecida - As respostas células específicas consistem em parada do ciclo celular e tentativas de reparo do DNA - O complexo enzimático específico de reparo utilizado dependerá de 2 fatores: 1. Da química do complexo formado 2. Da capacidade de reparo da célula envolvida - O processo de reconhecimento e de reparo do DNA exige a presença de um complexo de reparo de excisão de nucleotídeos (NER) intacto, mas ele pode diferir com cada fármaco e cada tumor NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 2 - O reconhecimento da lesão extensa do DNA pela p53 pode deflagrar o processo de apoptose. As mutações de p53 resultam em resistência aos agentes alquilantes AÇÕES FARMACOLÓGICAS: AÇÕES CITOTÓXICAS - A capacidade dos agentes alquilantes de interferir na integridade e na função do DNA e de induzir morte celular nos tecidos de proliferação rápida fornece a base para suas aplicações terapêuticas e propriedades tóxicas - Os efeitos agudos se manifestam principalmente nos tecidos de proliferação rápida, mas alguns agentes alquilantes podem ter efeitos lesivos sobre tecidos com índices mitóticos normalmente baixos, como o fígado, rim e linfócitos maduros, que são afetados de modo tardio - A letalidade da alquilação do DNA depende: Do reconhecimento do complexo Da criação de rupturas nos filamentos do DNA por enzimas de reparo De uma resposta apoptótica intacta MECANISMOS DE RESISTÊNCIA AOS AGENTES ALQUILANTES: - A resistência a determinado agente alquilante se desenvolve rapidamente quando o fármaco é utilizado como monoterapia - As alterações bioquímicas específicas implicadas no desenvolvimento da resistência incluem: Diminuição da penetração dos fármacos transportados ativamente (mecloretamina e melfalano) Aumento nas concentrações intracelulares de substâncias núcleofílicas, principalmente tióis, como a glutationa, que podem se conjuga com intermediários eletrofilicos e destoxificá-los Aumento nas atividades das vias de reparo do DNA, que podem diferir para os vários agentes alquilantes Aumento nas taxas de degradação metabólica das formas ativadas da ciclofosfamida e da ifosfamida a seus metabólitos inativos ceto e carboxi pela aldeído desidrogenada, e destoxificação da maioria dos intermediários alquilantes por glutationa transferases A perda da capacidade de reconhecer complexos de adição formados pelas nitrosureias e por agentes metilantes, em consequência da capacidade deficiente de MMR, confere resistência, assim como a função deficiente do ponto de controle para praticamente todos os agentes alquilantes O comprometimento das vias de apoptose, com hiperexpressão de bcl-2, por exemplo, confere resistência TOXICIDADE DOS AGENTES ALQUILANTES: MIELOTOXICIDADE: - Os agentes alquilantes diferem nos seus padrões de atividade antitumoral e nos locais e gravidade de seus efeitos colaterais - A maioria provoca toxicidade dos elementos da medula óssea que limita a dose do fármaco e, em menor graum da mucosa intestinal - Os agentes alquilantes causam, em sua maioria, mielossupressão aguda, como contagem mínima de granulócitos do sangue periférico em 6-10 dias e recuperação em 14-21 dias - A ciclofosfamida exerce menos efeitos sobre as contagens de plaquetas do sangue periférico do que outros agentes - A carmustina e outras cloroeilnitrosureias causam supressão tardia e prolongada das plaquetas e dos granulócitos, que atingem uma contagem mínima em 4-6 semanas após administração do fármaco, com recuperação subsequente lenta - Tanto a imunidade celular quanto a humoral são suprimidas pelos agentes alquilantes - A imunossupressão é reversível em doses habituaos, mas podem ocorrer infecções oportunistas, como pneumonia por Pneumocystis jiroveci, ou infecções fúngicas com tratamento extenso TOXICIDADE DA MUCOSA: - Os agentes alquilantes são altamente tóxicos para as célas da mucosa em divisão e folículos NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 3 pilosos, resultando em ulceração da mucosa oral, desnudação intestinal e alopecia - A ciclofosfamida, o mefalano e o tiotepa tem a vantagem de causar menos lesão da mucosa do que outros fármacos NEUROTOXICIDADE: - A administração de mostarda nitrogenada ou de BCNU frequentemente ocasiona náuseas e vômitos - A ifosfamida é o agente mais neurotóxico dessa classe de fármacos e pode provocar alteração do estado mental, coma, convulsões generalizadas e ataxia cerebelar - Esses efeitos colaterais resultam da liberação de cloroacetaldeído da cadeia lateral cloroetil ligada ao fosfato da ifosfamida OUTRAS TOXICIDADES ORGÂNICAS: - As toxicidades de outros órgãos podem surgir após o uso prolongado ou em altas doses - Esses efeitos podem aparecer em vários meses ou anos e podem ser irreversíveis e até mesmo letais - Todos os agentes alquilantes já causaram fibrose pulmonar - As nitrosureias e a ifosfamida, depois de múltiplos ciclos de terapia, podem levar à insuficiência renal - A ciclofosfamida e a ifosfamida liberam um metabólito nefrótico e urotóxico, a acroleína, que provoca cistite hemorrágica grave em esquemas com altas doses - É possível evitar esse efeito adverso pela coadministração de 2-mercaptoetanossulfonato (MESNA), que conjuga a acroleína na urina - A ifosfamida, quando administrada em altas doses para transplante, causa toxicidade renal crônica e frequentemente irreversível - Os agentes alquilantes mais instáveis (como as nitrosureias) possuem propriedades vesicantes acentuadas, causam lesão das veias com uso repetido e, se houver extravasamento, provocam ulceração - Todos os agentes alquilantes possuem efeitos tóxicos sobre os sistemas reprodutores masculino e feminino, causando amenorreia frequentemente permanente, sobretudo em mulheres na perimenopausa, e azoospermia irreversível nos homens LEUCEMOGÊNESE: - Os agentes alquilantes são altamente leucemogênicos - A leucemia não linfocítica aguda, frequentemente está associada a deleções parciais ou totais dos cromossomos 5 ou7, atinge a sua incidência máxima em aproximadamente 4 anos após a terapia e pode acometer até 5% dos pacientes tratados com esquemas contendo agentes alquilantes - A leucemia é precedida de um período de neutropenia ou anemia e de morfologia da medula óssea compatível com mielodisplasia - O melfalano, as nitrosureias e a procarbazina tem maior propensão a causar leucemia, cuja ocorrência é menos comum após o uso da ciclofosfamida MOSTARDAS NITROGENADAS: CICLOFOSFAMIDA: ABSORÇÃO, DESTINO E EXCREÇÃO: - É bem absorvida por VO e ativada ao intermediário 4-hidroxi - A taxa de ativação metabólica da ciclofosfamidaexibe uma variabilidade significativa entre pacientes e aumenta com doses sucessivas em esquemas de altas doses - A 4-hidroxiciclofosfamida pode ser oxidada pelo aldeído oxidase no fígado ou no tecido tumoral a metabólitos inativos - A 4-hidroxiciclofosfamida e seu tautômero, a aldofosfamida, são transportados na circulação até as células tumorais, onde a aldofosfamida sofre clivagem espontânea, produzindo quantidades estequiométricas de mostarda de fosforamida e acroleína NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 4 - A mostarde de fosforamida é responsável pelos efeitos antitumorais - A acroleína provoca cistite hemorrágica, que frequentemente é observada durante a terapia com ciclofosfamida - A cistite por ser evitada ou ter intensidade reduzida pela coadministração da MESNA - Os pacientes devem receber hidratação IV vigorosa durante o tratamento com altas doses - A ocorrência de hematúria pronunciada em um paciente submetido a terapia VO diária deve levar à interrupção imediata do fármaco - A ciclofosfamida pode ser usada em doses totais em pacientes com disfunção renal, visto que ela é eliminada por metabilismo hepático - Pacientes com disfunção hepática leve podem ser tratados com doses integrais do fármaco, porém os com disfunção hepática mais significativa devem ter sua dose reduzida - A excreção urinária e fecal da ciclofosfamida inalterada é mínima após sua administração IV - As concentrações plasmáticas máximas são alcançadas 1h após a administração oral - A meia vida do fármaco original no plasma é de aproximadamente 7h USOS TERAPÊUTICOS: - É administrada VO ou IV - As doses recomendadas variam e é preciso consultar protocolos padrões para determinar os horários e a dose de ciclofosfamida em combinação com outros agentes quimioterápicos - Quando usada como único agente: Dose oral diária de 100mg/m² durante 14 dias, para pacientes portadores de linfomas e LLC - Em combinação com outros fármacos para o CA de mama: 500mg/m² por IV a cada 2-4 semanas - Esquemas associados ao resgate da medula óssea ou de células-tronco periféricas: Doses totais de 5-g/m², durante um período de 3-5 dias - Após terapia em altas doses, com doses totais de >200mg/kg, podem ocorrer: Ulceração GI Cistite (controlada com MESNA e diurese) Toxicidades pulmonar, renal, hepática e cardíaca (necrose hemorrágica do miocárdio) - Com frequência é usada em combinação com doxorrubicina e com taxano como terapia adjuvante após cirurgia para carcinoma de mama IFOSFAMIDA: - É um análogo da ciclofosfamida - A ocorrência de toxicidade grave do trato urinário e do SNC limitou o uso da ifosfamida quando introduzida pela 1ª vez, mas a hidratação adequada e a coadministração de MESNA reduziram sua toxicidade vesical USOS TERAPÊUTICOS: - Foi aprovada para o tratamento da reicidiva do CA testicular de células germinativas e é frequentemente usada como tratamento de 1ª linha para sarcomas em crianças e adultos - Quando administrada em doses totais de 12- 14g/m², pode causar toxicidade neurológica grave, incluindo alucinações, coma e morte, com aparecimento de sintomas em 12h a 7 dias após o início da infusão - A ifosfamida provoca náuseas, vômitos, anorexia, leucopenia, nefrotoxicidade e DVO hepática - Em esquemas não mieloablativos, é administrada na forma de infusão IV durante pelo menos 30 minutos, em uma dose de ≤1,2g/m² durante 5 dias. Administra-se a MESNA concomitantemente na forma de injeções IV, em uma dose igual a 20% da dose de ifosfamida, e uma dose adicional de 20% em 4 e 8h, para uma dose total de MESNA de 60% da dose de ifosfamida - Para doses de ifosfamida ≤2g/m², a MESNA oral, em uma dose igual a 40% da dose de ifosfamida, pode substituir a 2ª e a 3ª doses IV, em 2 e 6h NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 5 após cada dose de ifosfamida, para uma dose total de MESNA igual à dose de ifosfamida - A MESNA pode ser administrada em dose única igual à dose de ifosfamida - Os pacientes devem receber pelo menos 2L de hidratação oral ou IV diariamente - Os ciclos de tratamento são repetidos a cada 3-4 semanas após a recuperação hematológica FARMACOCINÉTICA: - Meia vida 1,5h após doses de 3,8-5g/m² e ligeiramente mais curta em doses mais baixas - A farmacocinética é variável de um paciente para outro devido as taxas variáveis do metabolismo hepático - A hidroxilação pelas CYP gera uma mostarda de fosforamida ativa TOXICIDADE: - Tem praticamente o mesmo perfil de toxicidade da ciclofosfamida - Produz maior supressão das plaquetas, neurotoxicidade, nefrotoxicidade e, na ausência de MESNA, lesão urotelial CLORAMBUCILA: - É quase exclusivamente usado no tratamento da LLC e, nesta doença, foi substituído pela fludarabina e ciclofosfamida AÇÕES FARMACOLÓGICAS E CITOTÓXICAS: - Os efeitos tóxicos sobre a medula óssea, os órgãos linfoides e os tecidos epiteliais se assemelham aos observados com as mostardas nitrogenadas - Como agente administrado VO, a clorambucila é bem tolerada em pequenas doses diárias e proporciona uma titulação flexível das contagens hematológicas - Podem ocorrer náuseas e vômitos com doses orais únicas de ≥20mg ABSORÇÃO, DESTINO E EXCREÇÃO: - A absorção oral da clorambucila é adequada e confiável - Meia vida plasmática de aproximadamente 1,5h - É hidrolisado a produtos inativos USOS TERAPÊUTICOS: - No tratamento da LLC, a dose padrão diária é de 0,1-0,2mg/kg 1x/dia e mantida por 3-6 semanas - Quando se contata uma queda das contagens totais de leucócitos periféricos, ou quando ocorre melhora clínica, a dose é titulada para manter os neutrófilos e as plaquetas em níveis aceitáveis - Frequentemente, a terapia de manutenção (2mg/dia) é necessária para manter a resposta clínica TOXICIDADE CLÍNICA: - Na LLC, o tratamento pode ser continuado durante meses ou anos - O fármaco alcança seus efeitos gradualmente e sem toxicidade significativa para a medula óssea comprometida - Mesmo sendo possível induzir hipoplasia acentuada da medula óssea com doses excessivas de clorambucila, seus efeitos mielossupressores são moderados, graduais e rapidamente reversíveis - Raramente ocorrem desconforto GI, azoospermia, amenorreia, fibrose pulmonar, convulsões, dermatite e hepatotoxicidade - Foi observado um aumento na incidência de leucemia mielocítica aguda e de outros tumores no tratamento da policitemia vera, e em pacientes com CA de mama em uso de clorambucila como quimioterapia adjuvante NITROSUREIAS: - Desempenham um papel importante no tratamento dos tumores cerebrais por serem altamente lipofílicas e atravessarem facilmente a barreira hematoencefálica NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 6 - São utilizadas no tratamento de linfomas e em esquemas de altas doses com reconstituição da medula óssea - Funcionam como agentes alquilantes bifuncionais, porém diferem das mostardas nitrogenadas convencionas nas propriedades tanto farmacológicas como toxicológicas - As nitrosureias causam mielossupressão profunda e tardia, com recuéração em 4-6 semanas após uma dose única CARMUSTINA (BCNU): - Sua principal ação consiste na alquilação do DNA na posição O6-guanina, um complexo de adição cujo reparo é efetuado pela MGMT - A metilação do promotor da MGMT inibe sua expressão em 30% dos gliomas primários e está associada a uma sensibilidade às nitrosureias - Em altas doses com resgate da medula óssea, a carmustina produz DVO hepática, fibrose pulmonar, insuficiência renal e leucemia secundária ABSORÇÃO, DESTINO E EXCREÇÃO: - É instável em solução aquosa e nos líquidos corporais - Após infusão IV, a carmustina desaparece no plasma, com meia vida variável de ≥15-90min - Cerca de 30-80% do fármaco aparece na urina em 24h,na forma de produtos de degradação - Os metabólitos alquilantes entram rapidamente no líquido cerebrospinal, e as suas concentrações no LCS alcançam 15-30% dos valores plasmáticos concomitantes USOS TERAPÊUTICOS: - Quando em monoterapia é administrada IV, em doses de 150-200mg/m², por infusão durante 1-2h, a cada 6 semanas - Devido sua virtude de atravessar a barreira hematoencefálica, tem sido utilizada no tratamento dos gliomas malignos TRIAZENOS: DACARBAZINA (DTIC): - Atua como agente metilante após ativação metabólica no metabólito monometiltriazeno, MTIC - Mata as células em todas as fases do ciclo celular - A resistência foi atribuída à remoção de grupos metila das bases O6-guanina do DNA pela MGMT ABSORÇÃO, DESTINO E EXCREÇÃO: - É administrada por via IV - Meia vida 20 min - A dacarbazina é depurada no plasma com meia vida terminal de 5h - A meia vida é prolongada na presença de doença hepática ou renal - Quase 50% do composto é excretado em sua forma intacta na urina por secreção tubular USOS TERAPÊUTICOS - Para tratamento do melanoma maligno é administrada via IV, em doses de 2-4,5mg, durante um período de 10 dias, repetido a cada 28 dias - Podem ser administrados 250mg/m² diariamente durante 5 dias, repetido a cada 3 semanas - O extravasamento do fármaco pode causar lesão tecidual e dor intensa - Em associação com outros fármacos para o tratamento de doença de Hodgkin, é administrada em doses de 150mg/m²/dia durante 5 dias, repetindo a cada 4 semanas, ou uma dose única de 375mg/m², repetida a cada 15 dias - A principal indicação clínica consiste em quimioterapia de combinação para a doença de Hodgkin - É modestamente efetiva contra o melanoma maligno e os sarcomas do adulto TOXICIDADE CLÍNICA: - Provoca náuseas e vômitos em >90% dos pacientes NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 7 - Os vômitos ocrrem em 1-3h após o tratamento e podem durar por até 12h - A mielossupressão, com leucopenia e trombocitopenia é leve e reversível em 1-2 semanas - Durante o tratamento, pode ocorrer uma síndrome semelhante à gripe, com calafrios, febre, mal-estar e mialgias - Efeitos adversos menos comuns: Hepatotoxicidade Alopecia Rubor facial Neurotoxicidade Reações dermatológicas TEMOZOLAMIDA: - É o agente-padrão em combinação com radioterapia para pacientes portadores de glioma maligno e astrocitoma - A temozolamida forma o metabólito metilante MTIC e mata as células em todas as fases do ciclo celular - A resistência surge por qualquer um dos mecanismos comuns atribuídos a outros agentes alquilantes, porém particularmente à perda de MLH6, um componente do MMR ABSORÇÃO, DESTINO E EXCREÇÃO: - É administrada por VO, em doses de 200mg/dia - Possui uma biodisponibilidade que se aproxima de 100% - A concentração máxima do fármaco é atingida em aproximadamente 1h após a administração de uma dose de 200mg e declina com uma meia vida de eliminação de 1-2h - Apenas uma pequena quantidade intacta do fármaco é recuperada na urina - O principal metabólito urinário é o imidazol carbixamida TOXICIDADE CLÍNICA: - Está disponível para administração VO e IV - É administrada de modo cíclico, e é necessária uma monitoração hematológica para orientar os ajustes da dose - As toxicidades se assemelham às da DTIC METIL-HIDRAZINAS: PROCARBAZINA: - Empregada como terapia de 2ª linha para tumores cerebrais malignos AÇÃO CITOTÓXICA: - A atividade antineoplásica da procarbazina resulta de sua conversão, através de metabolismo oxidativo hepático mediado por CYP, em espécies alquilantes altamente reativas, que metilam o DNA - A procarbazina ativada pode produzir lesão cromossômica, incluindo quebras e translocações de cromátides, sendo esses efeitos compatíveis com suas ações mutagênicas e carcinogênicas - A resistência à procarbazina surge rapidamente quando usada como agente isolado ABSORÇÃO, DESTINO E EXCREÇÃO: - Seu comportamento farmacocinético ainda não foi totalmente definido - O fármaco é extensamente metabolizado por isoenzimas CYP a intermediários azo, metilazoxi e benzilazoxi, que são encontrados no plasma e que produzem os metabólitos alquilantes nas células tumorais USOS TERAPÊUTICOS: - A dose recomendada para adultos é de 100mg/m²/dia durante 10-14 dias em esquemas de combinação para o tratamento da doença de Hodgkin - É raramente usada na prática atual TOXICIDADE CLÍNICA: - Efeitos tóxicos mais comuns surgem durante a 2ª semana de terapia e regridem em 2 semanas sem tratamento: Leucopenia Trombocitopenia NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 8 - Na maioria dos pacientes, ocorrem sintomas GI, como náuseas e vômitos discretos; em 5-10% dos casos, se observa a ocorrência de diarreia e exantema - Foram também relatados distúrbios do comportamento - Como a procarbazina aumenta os efeitos sedativos, deve-se evitar o uso concomitante de depressores do SNC - O fármaco é um inibidor fraco da MAO; bloqueia o metabolismo das catecolaminas, dos simpaticomiméticos e da tiramina da dieta e pode provocar hipertensão em pacientes expostos concomitantemente a essas substâncias - A procarbazina possui ações semelhantes ao dissulfiram e por isso deve-se evitar o consumo de álcool - A procarbazina é altamente carcinogênica, mutagênica e teratogênica e está associada a um risco de 5-10% de leucemia aguda em pacientes tratados com MOPP - É um potente agente imunossupressor - Causa infertilidade, particularmente em homens COMPLEXOS DE COORDENAÇÃO DA PLATINA: - Os complexos de coordenação da platina possuem ampla atividade antineoplásica e se tornaram a base do tratamento dos cânceres de ovários, cabeça e pescoço, bexiga, esôfago, pulmão e cólon - Apesar de a cisplatina e outros complexos de platina não formarem intermediários de íon carbono, como outros agentes alquilantes, ou alquilar formalmente o DNA, eles se ligam de forma covalente a sítios nucleofílicos no DNA e compartilham muitos atributos farmacológicos com os agentes alquilantes - Os complexos de platina penetram nas células através de um transportador ativo do Cu2+, o CTR1, e assim degradam rapidamente o transportador. Os compostos são ativamente expulsos das células por transportadores de cobre ATP7A e ATP7B e pela proteína de resistência a múltiplos fármacos 1 (MRP1) - A expressão variável desses transportadores pode contribuir para a resistência clínica - No interior da célula, os ligantes cloreto, cicloexano ou oxalato dos 3 análogos são deslocados por moléculas de água, produzindo uma molécula de carga positiva e altamente reativa CISPLATINA: ABSORÇÃO, DESTINO E EXCREÇÃO: - Após administração IV, a cisplatina apresenta uma meia vida de eliminação plasmática inicial de 25-50min, em seguida, as concentrações do fármaco total (ligado ou não ligado) declinam, com meia vida de ≥24h - Mais de 90% da platina no sangue está ligada de modo covalente às proteínas plasmáticas - A fração não ligada, composta predominantemente do fármaco original, diminui em poucos minutos - São encontradas altas concentrações de cisplatina nos tecidos do rim, fígado, intestino e testículos - Ocorre pouca penetração do fármaco no SNC - Apenas uma pequena parte do fármaco é excretada pelos rins durante as primeiras 6h - Em 24h, são excretados até 25% e em 5 dias até 43% da dose administrada é recuperada na urina, principalmente na forma ligada de modo covalente a proteínas e peptídeos - A excreção bilial ou intestinal da cisplatina é mínima USOS TERAPÊUTICOS: - É administrada apenas por via IV - A dose habitual é de 20mg/m²/dia, durante 5 dias de 20-30mg/semana - Para evitar a toxicidade renal, é importante estabelecer uma diurese de cloreto pela infusão de 1-2L de sorofisiológico antes do tratamento - A quantidade apropriada de cisplatina é diluída em uma solução contendo glicose, soro fisiológico e manitol e administrada por via IV durante 4-6h NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 9 - O alumínio reage com a cisplatina e a inativa, portanto o fármaco não deve entrar em contato com agulhas ou outro equipamento de infusão que contenham alumínio durante sua preparação ou administração - A cisplatina + bleomicina +etopósido + ifosfamida ou vimblastina cura 90% dos pacientes com CA testicular - A cisplatina produz respostas em pacientes portadores de CA de bexiga, cabeça e pescoço, colo do útero e endométrio, em todas as formas de carcinoma de pulmão, carcinomas anal e retal e neoplasias da infância - Sensibiliza as células à radioterapia e aumenta o controle de tumores de pulmão, esôfago, cabeça e pescoço localmante avançados, quando administrado com irradiação TOXICIDADES CLÍNICAS: - A nefrotoxicidade induzida pela cisplatina foi abolida através de tratamento prévio adequado com hidratação e diurese de cloreto - A ototoxicidade causada pela cisplatina não é afetada pela diurese e se manifesta por zumbido e perda da audição de alta frequência. Pode ser unilateral ou bilateral, tende a ser mais frequente e grave com doses repetidas e pode ser mais pronunciada em crianças - Em quase todos os pacientes ocorrem náuseas e vômitos pronunciados, que podem ser controlados com antagonistas da 5-HT3, antagonistas do receptor NK1 e corticosteroides em altas doses - Em doses mais altas ou após múltiplos ciclos a cisplatina provoca neuropatia sensorial e motora periférica progressiva, que pode se agravar após a suspensão do fármaco e que pode ser agravada pelo tratamento simultâneo ou subsequente com taxanos ou outros agentes neurotóxicos - Provoca mielossupressão leve a moderada, com leucopenia e trombocitopenia transitórias - A anemia pode se tornar proeminentes depois de vários ciclos de tratamento - Os distúrbios eletrolíticos são comuns, incluindo hipomagnesemia, hipocalcemia, hipopotassemia e hipofosfatemia - Efeitos colaterais raros hiperuricemia, anemia hemolítica e as anormalidades cardíacas - Poucos minutos após a administração de cisplatina, podem ocorrer reações de tipo anafilático, caracterizadas por edema facial, broncoconstrição, taquicardia e hipotensão, que devem ser tratadas com injeção IV de epinefrina e com corticosteroides ou anti-histamínicos CARBOPLATINA: - Os mecanismos de ação e resistência e o espectro de atividade clínica da carboplatina (CBDCA, JM-8) se assemelham aos da cisplatina - A carboplatina e a cisplatina se diferem nas suas propriedades químicas, farmacológicas e toxicológicas - A carboplatina é muito menos reativa do que a cisplatina, a maior parte do fármaco no plasma permanece em sua forma original, não ligada às proteínas - O fármaco é eliminado, em sua maior parte, por excreção renal, com meia vida plasmática de 2h - Uma pequena fração da platina se liga de modo irreversível às proteínas plasmáticas e desaparece lentamente, com meia vida de ≥ 5 dias - A carboplatina é bem tolerada, causando menos náuseas, neurotoxicidade, ototoxicidade e nefrotoxicidade do que a cisplatina - A toxicidade que limita a dose de carboplatina é a mielossupressão, principalmente a trombocitopenia - Tem mais tendência a causar reação de hipersensibilidade - Em pacientes com reação leve, a pré-medicação, as doses graduadas do fármaco e a infusão mais prolongada levam à dessensibilização - A carboplatina e a cisplatina são igualmente efetivas no tratamento do CA ovaiano não totalmente extirpado, CA de pulmão de células não pequenas e CA de pulmão de células pequenas em estágio avançado - A carboplatina pode ser menos efetiva que a cisplatina nos CA de células germinativas, de cabeça e pescoço e de esôfago NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 10 - A carboplatina é uma alternativa efetiva para tumores responsivos em pacientes incapazes de tolerar a cisplatina, devido ao comprometimento da funão renal, náuseas refratárias, comprometimento auditivo significativo ou neuropatia - A carboplatina pode ser usada na terapia de altas doses com resgate de células tronto da medula óssea ou periféricas - A dose de carboplatina deve ser ajustada proporcionalmente à redução da depuração da creatinina em pacientes com CrCl < 60ml/min - A carboplatina é administrada na forma de infusão IV durante pelo menos 15 minutos, sendo administrada 1x/21-28 dias ASC área sob a curva de concentração plasmática (5-7min/mg/Ml para toxicidade aceitável) TFG taxa de filtração glomerular OXALIPLATINA: ABSORÇÃO, DESTINO E EXCREÇÃO: - Apresenta uma meia vida plasmática muito curva, em consequência de sua rápida captação pelos tecidos e de sua reatividade - Embora o componente ultrafiltrável apresente uma depuração plasmática terminal lenta, a maior parte da espécie de platina de baixo peso molecular representa produtos de degradação inativos - Esses metabólitos sofrem excreção renal em uma taxa que depende da CrCl - Não há necessidade de ajuste da dose a presença de disfunção hepática USOS TERAPÊUTICOS: - A oxaliplatina exibe uma faixa de atividade tumoral que difere das dos outros agentes de platina - A eficiência da oxaliplatina no CA colorretal se deve a seus efeitos independentes de MMR e HMG - Suprime a expressão da timidilato sintase, a enzima alvo da ação da 5-fluorouacila, o que pode promover um sinergismo desses dois fármacos TOXICIDADE CLÍNICA: - A neuropatia periférica é a toxicidade que limita a dose de oxaliplatina A forma aguda é desencadeada pela exposição a líquidos frios e se manifesta na forma de parestesias ou diesestesias nos MMSS e MMII, na boca e na garhanta. Pode ser causada pela rápida liberação de oxalato, com depleção de cálcio e magnésio, e responde à infusão desses eletrólitos Um segundo tipo de neuropatia periférica está mais relacionado com a dose cumulativa e exive características semelhantes à neuropatia induzida por cisplatina - A toxicidade hematológica é leve a moderada, exceto pelas citopenias raras e imunologicamente mediadas - As náuseas são bem controladas com antagonistas do receptor 5-HT3 - Assim como os outros análogos da platina, a oxaliplatina causa leucemia e fibrose pulmonar vários meses a anos após a sua administração - Pode causar resposta alérgica aguda, com urticária, hipotensão e broncoconstrição
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