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APOSTILA DE ANESTESIOLOGIA by @odonto.estudo Capítulo 1: Aspectos gerais e fisiologia dos anestésicos locais 1. Existem várias propriedades desejáveis dos anestésicos locais (AL), tais como: 1. Não deve ser irritante para o tecido no qual é aplicado. 2. Não deve causar qualquer alteração permanente na estrutura dos nervos. 3. Sua toxicidade sistêmica deve ser baixa. 4. Deve ser eficaz, independentemente de ser infiltrado no tecido ou aplicado localmente nas membranas mucosas. 5. O tempo de início da anestesia deve ser o mais breve possível. 6. A duração de ação deve ser longa o suficiente para possibilitar que se complete o procedimento, porém não tão longa que exija uma recuperação prolongada. 7. Deve ter potência suficiente para proporcionar anestesia completa sem o uso de soluções em concentrações nocivas. 8. Deve ser relativamente isento quanto à produção de reações alérgicas. 9. Deve ser estável em solução e prontamente submetido à biotransformação no corpo. 10. Deve ser estéril ou capaz de ser esterilizado pelo calor sem deterioração Contudo, não existe um AL que possua todas essas propriedades. 2. Neurofisiologia e mecanismo de ação dos anestésicos locais O conceito por trás das ações dos anestésicos locais é simples: eles impedem a geração e a condução de um impulso nervoso. Um estimulo excita o nervo: 1. Fase inicial de despolarização lenta. O potencial elétrico no interior do nervo torna-se um pouco negativo. 2. Quando o potencial elétrico em declínio atinge um nível crítico, leva a despolarização (chamado de potencial limiar ou de descarga). 3. Essa fase de despolarização rápida resulta em uma inversão do potencial elétrico através da membrana nervosa. O interior do nervo é eletricamente positivo em relação ao exterior. Existe um potencial elétrico de + 40mV no interior do nervo Mecanismo de ação Diminuindo a taxa de despolarização do neurônio através do fechamento dos canais de sódio. Com isso, não tem o influxo de sódio para dentro do axoplasma e não tem o rompimento do potencial de ação para gerar a despolarização do nervo 3. Modo e local de ação dos anestésicos locais A membrana nervosa (axolema – onde tem os canais de sódio) é o lugar em que os anestésicos locais exercem suas ações farmacológicas. Teoria do receptor específico: Os anestésicos locais agem ligando-se a receptores específicos nos canais de sódio. Assim que o anestésico local tem acesso aos receptores, a permeabilidade aos íons sódio é diminuída ou eliminada e a condução nervosa é interrompida. Como funcionam? A ação primária dos anestésicos locais na produção de bloqueio de condução consiste em diminuir a permeabilidade dos canais iônicos aos íons sódio (Na+) Bases anestésicas • São anfipáticas: hidrofílicas e lipofílicas • Então, o que irá diferenciar será a cadeia intermediária • Bases: ésteres e amidas (+ utilizadas) Sabe-se bem que o pH de uma solução de anestésico local (e o pH do tecido em que é infiltrado) influencia muito sua ação no bloqueio do nervo Readministração do anestésico local: quando o tratamento dentário ultrapassa a duração do controle da dor clinicamente eficaz, sendo necessário repetir a infiltração do anestésico local. Em geral, essa infiltração precisa de um retorno da anestesia profunda. A acidificação do tecido diminui a eficácia do anestésico local. Resulta em anestesia inadequada quando os anestésicos locais são infiltrados em áreas inflamadas ou infectadas. O processo inflamatório gera produtos ácidos: o pH do tecido normal é de 7,4; o pH de uma área inflamada é de 5 a 6. • Recorrência da anestesia profunda imediata: Essa combinação de anestésico local residual (no nervo) e do suprimento recém-depositado resulta em início rápido de anestesia profunda e com menor volume de anestésico local administrado. • Dificuldade em Reobter Anestesia Profunda: O profissional readministra um volume de anestésico local, mas, diferentemente do primeiro cenário, não ocorre controle eficaz da dor. A taquifilaxia provavelmente é ocasionada por algum ou todos os seguintes fatores: edema, hemorragia localizada, formação de coágulo, transudação, hipernatremia e diminuição do pH dos tecidos. Conceitos: administração e farmocinética • Toda base é vasodilatadora • Efeito: dose-dependente • Absorção é influenciada pela vascularização, velocidade de aplicação e aspectos do tecido. Curiosidade: a cocaína é o único anestésico local que produz vasoconstrição consistente. Injeção: A velocidade de absorção dos anestésicos locais após a administração parenteral (subcutânea, intramuscular ou IV) está relacionada tanto com a vascularização do local da injeção quanto com a vasoatividade da substância. Biotransformação Os anestésicos locais do tipo éster são hidrolisados no plasma pela enzima pseudocolinesterase. A biotransformação dos anestésicos locais do tipo amida é mais complexa que a dos ésteres. O local primário da biotransformação dos anestésicos locais do tipo amida é o fígado. Produtos da biotransformação - um exemplo clínico é a produção de metemoglobinemia em pacientes que recebem doses altas de prilocaína. A prilocaína, o composto original, não produz Taquifilaxia: é definida como aumento da tolerância a uma droga que é administrada repetidamente. É muito mais provável que se desenvolva se for permitido que a função do nervo retorne antes da reinfiltração (p. ex., se o paciente se queixa de dor). A duração, a intensidade e a disseminação da anestesia diminuem muito com a reinfiltração metemoglobinemia, mas a ortotoluidina, um metabólito primário da prilocaína, induz a formação da metemoglobina, que é responsável pela metemoglobinemia. Excreção – rins Capítulo 2: Bases Anestésicas Anestésicos Locais do tipo AMIDA 1) Cloridrato de Lidocaína Potência: 2 (comparado à procaína) Toxicidade: 2 Metabolismo: fígado Excreção: rins Maior propriedade vasodilatadora comparada à mepicavaína e prilocaína COE: 2% Sem vasoconstrictor possui pouca duração e profundidade de anestesia pulpar Lido 2% Com vasoconstricor de 1.100.000: anestesia pulpar de 60 minutos Risco de porfiria 2) Cloridrato de Mepivacaína Potência: 2 Toxicidade: 1,5 a 2 Metabolismo: fígado Excreção: rins Duração da anestesia pulpar: 20 a 40 minutos COE: 3% Menor vasodilatação – única que apresenta formulação sem vasoconstrictor 3) Cloridrato de Prilocaína Potência: 2 (comparado à procaína) Toxicidade: 2 Metabolismo: por ser uma amina secundária, é hidrolisada de maneira diferente pelas amidases hepáticas em ortotoluidina e N-propilanina (fígado, pulmões e rins). A ortotoluidina pode induzir a formação de metemoglobina, produzindo metemoglobinemia caso sejam administradas altas doses. Limitar a dose total de prilocaína a 600mg (como recomendado pela FDA) evita a cianose sintomática. Para hemostasia em procedimentos nos quais o sangramento é definitivo ou provavelmente um problema, é recomendada a lidocaína a 2% com adrenalina a 1:50.000, porque reduz o sangramento (durante cirurgia periodontal). A metemoglobinemia pode ser revertida dentro de 15 minutos com a administração de 1 a 2 mg/kg de solução de azul de metileno a 1% por via intravenosa durante 5 minutos. Evitar em gestantes e pacientes anêmicos Excreção: rins 4) Cloridrato de Articaína Classificação: Molécula híbrida. Classificada como amida; todavia, possui características tanto de amida como de éster. Potência: 1,9 Toxicidade: 2 Metabolismo: fígado e plasma COE: 4% Alérgicos à enxofre / sulfa NÃO possuem indicação 5) Cloridrato de Bupivacaína Potência: 4x a da lidocaína Toxicidade: 4x a da lidocaína Metabolizada: fígado Meia-vida: 180 minutos COE: 0,5% Atenção em crianças e PNE com déficit neurológico Anestésico para ação tópica A concentraçãode um anestésico local tópico é tipicamente maior que a do mesmo anestésico administrado por injeção. A maior concentração facilita a difusão da substância através da mucosa. A maior concentração também aumenta o risco de toxicidade, tanto localmente, nos tecidos, quanto sistemicamente se a substância for absorvida de maneira eficiente. Assim, há um potencial significativamente aumentado de superdosagem e toxicidade tecidual local. O cloridrato de articaína deve ser utilizado com cautela em pacientes com doença hepática ou insuficiência significativa da função cardiovascular, pois os anestésicos locais do tipo amida sofrem biotransformação no fígado e têm propriedades depressoras sobre o miocárdio. Benzocaína: • Baixa solubilidade em água • Pouca absorção pelo sistema cardiovascular • Reações tóxicas (superdosagem) sistêmicas praticamente desconhecidas • Permanece no local de aplicação por mais tempo, proporcionando uma duração de ação prolongada • Inadequada para injeção • Reações alérgicas localizadas podem ocorrer após o uso prolongado ou repetido. Embora as reações alérgicas aos anestésicos do tipo éster sejam raras, esses anestésicos locais são mais alergênicos que os do tipo amida. • Inibe a ação antibacteriana das sulfonamidas. • A benzocaína está disponível em diferentes doses nas formulações que se seguem: aerossol, gel, gel adesivo, pomada e solução. Atividade vasodilatadora Mepi < Prilo < Lidocaina = Arti < Bupi Contra-indicações • Articaína: alergia a sulfa • Prilocaína: gestantes / anêmicos – risco de metemoglobinemia • Bupivacaína: crianças / déficit neurológico Como escolher? • Períodos necessários para controle da dor • Necessidade de hemostasia • Contra-indicações • Área a ser anestesiada Capítulo 3: Vasoconstrictores Todos os anestésicos locais injetáveis clinicamente eficazes são vasodilatadores; Os vasoconstritores são fármacos que contraem os vasos sanguíneos e, portanto, controlam a perfusão tecidual. Eles são adicionados às soluções anestésicas locais para equilibrar as ações vasodilatadoras intrínsecas dos anestésicos locais; Por que utilizar vasoconstrictores? • Por meio da constrição de vasos sanguíneos, os vasoconstritores diminuem o fluxo sanguíneo (a perfusão) para o local de administração do anestésico. • A absorção do anestésico local para o sistema cardiovascular torna-se mais lenta, resultando em níveis sanguíneos menores do anestésico. Os níveis sanguíneos do anestésico local são reduzidos, diminuindo assim o risco de toxicidade do anestésico local. • Maiores quantidades de anestésico local penetram no nervo, onde permanecem por períodos mais longos, aumentando (em alguns casos de maneira significativa, em outros minimamente a duração de ação da maioria dos anestésicos locais). • Os vasoconstritores diminuem o sangramento no local da administração; portanto, eles são úteis quando é previsto sangramento elevado. Modos de ação Três categorias de aminas simpaticomiméticas são conhecidas: os fármacos de ação direta, que exercem sua ação diretamente nos receptores adrenérgicos, os fármacos de ação indireta que atuam através da liberação de noradrenalina das terminações nervosas adrenérgicas e os fármacos de ação mista. Receptores adrenérgicos A ativação dos receptores a (alfa) por um agente simpaticomimético comumente produz uma resposta que inclui a contração do músculo liso dos vasos sanguíneos (vasoconstrição). A ativação dos receptores B (beta) produz o relaxamento do músculo liso (vasodilatação e broncodilatação) e a estimulação cardíaca (aumento da frequência cardíaca e da força de contração). Catecolaminas Adrenalina • Sal solúvel em água • Mais potente vasoconstrictor • Provoca aumento da glicemia e lipólise em altas doses • Inativada pelas enzimas MAO e COMT Noradrenalina • Sal solúvel em água • 25% da potência da adrenalina • Risco de necrose isquêmica • Superdosagem: maior aumento da PA Levonordefrina • Amina simpaticomimética sintética • Similar à noradrenalina, menos intensa • Dose máxima 20ml ou 10ml cardiopatas Fenólicos Fenilefrina • Vasoconstrictor mais estável • Segundo menos potente (20x menor que a adrenalina) • Estimula 95% dos receptores alfa • Dose máxima por consulta 20ml Derivados do ADH Felipressina • Análogos da vasopressina • Não tem ação direta sobre o miocárdio • Contra-indicado para gestantes: ação citotóxica • Dose máxima: 13 ml Capítulo 4: Complicações locais associadas aos anestésicos locais Várias complicações potenciais estão associadas à administração de anestésicos locais. Deve-se enfatizar que, com qualquer complicação associada à administração de anestésico local, deve-se fazer uma anotação na ficha dentária do paciente Fratura de agulha A maioria dos casos de fratura de agulha estão relacionados à anestesia no BNAI (bloqueio do nervo alveolar inferior) • A fratura de agulha por si não é um problema importante se a agulha puder ser removida sem intervenção cirúrgica. • O acesso rápido a uma pinça hemostática permite que o dentista ou assistente segurem a extremidade proximal visível do fragmento da agulha e a removam do tecido mole. • Gerenciamento: encaminhamento imediato (p/ um bucomaxilofacial) para avaliação e possível retirada • O tratamento envolve localização por meio do RX panorâmica ou TC (tomografia computadorizada) COMO PREVENIR? Parestesia Algumas vezes o paciente relata dormência (“congelamento”) durante horas ou dias após uma injeção de anestésico local. Quando a anestesia persistir por dias, semanas ou meses, eleva-se o potencial para desenvolvimento de problemas. Não usar agulhas curtas para bloqueio do nervo alveolar inferior em adultos ou crianças maiores. Não usar agulhas calibre 30 para bloqueio de nervo alveolar inferior em adultos ou crianças. Não encurvar agulhas ao inseri-las em tecidos moles. Não inserir uma agulha no tecido mole até o canhão, a menos que seja absolutamente essencial para o sucesso da injeção. Ter cuidado extra quando inserir agulhas em crianças mais novas ou em adultos ou crianças com fobia grave A parestesia ou anestesia persistente é uma complicação perturbadora, ainda que muitas vezes imprevisível, da administração de anestesia local. A parestesia é uma das causas mais frequentes de processos por má prática odontológica. A resposta clínica do paciente a isso pode ser profusa e variada, incluindo sensações de adormecimento, inchaço, formigamento e prurido. Podem-se observar mordedura de língua, salivação, perda do paladar e impossibilidade de falar Tratamento: A maioria dos casos de parestesia se resolve em aproximadamente 8 semanas sem tratamento. Somente quando a lesão ao nervo for grave, a parestesia será permanente, e isso raramente ocorre. Paralisia do nervo facial A paralisia de alguns de seus ramos terminais do N.VII ocorre sempre que se administra bloqueio de nervo infraorbital ou quando se infiltram os caninos maxilares. Também se observa músculo caído quando, ocasionalmente, anestesiam-se as fibras motoras por deposição inadvertida de anestésico local em suas proximidades. Isso pode ocorrer quando se introduz o anestésico no lobo profundo da glândula parótida, através do qual as porções terminais do nervo facial se estendem. Trismo Define-se trismo, do grego trismos, como um espasmo tetânico prolongado dos músculos da mandíbula, que acabam por restringir a abertura normal da boca. Embora a dor pós-injeção seja a complicação local mais comum da anestesia local, o trismo pode se tornar um dos problemas mais crônicos e difíceis de tratar. Causas: O trauma em músculos ou vasos sanguíneos na fossa infratemporal é o fator causal mais comum. Gerenciamento: • Com dor e disfunção leves, o paciente relata dificuldade mínimade abertura da boca. Agende uma consulta para exame. Enquanto isso, prescreva terapia pelo calor, lavagens com solução salina morna, analgésicos e, se necessário, relaxantes musculares para gerenciar a fase inicial do espasmo muscular. • A terapia pelo calor consiste na aplicação de toalhas quentes úmidas na área acometida por aproximadamente 20 minutos de hora em hora. • Para a lavagem com solução salina morna, adiciona-se uma colher de chá de sal em 350 mL de água morna; o líquido é mantido na boca no lado envolvido (e cuspido) para ajudar a aliviar o desconforto do trismo. • O ácido acetilsalicílico (325mg) em geral é adequado no gerenciamento da dor associada ao trismo. Suas propriedades anti-inflamatórias também são benéficas. Usa-se o diazepam (aproximadamente 10 mg BID) ou outro benzodiazepínico para relaxamento muscular, se considerado necessário. Lesão de tecido mole O trauma ocorre mais frequentemente em crianças pequenas, em crianças ou adultos física ou mentalmente incapazes e em pacientes muito idosos; entretanto, ele pode ocorrer em pacientes de todas as idades. A causa primária é o fato de que a anestesia dos tecidos moles dura significativamente mais que a anestesia pulpar. Prevenção: Deve-se selecionar um anestésico local de duração apropriada se os tratamentos dentários forem curtos. Gerenciamento: 1. Analgésicos para dor, conforme necessário. 2. Antibióticos, conforme necessário, na improvável situação em que ocorra infecção. 3. Lavagens com solução salina morna para ajudar a reduzir o edema que possa estar presente. 4. Vaselina ou outro lubrificante para cobrir uma lesão no lábio e minimizar a irritação. Hematoma A efusão de sangue nos espaços extravasculares pode ser causada por corte inadvertido de um vaso sanguíneo (artéria ou veia) durante a administração de anestésico local. Em virtude da densidade do tecido no palato duro e sua firme aderência ao osso, o hematoma raramente se desenvolve após uma injeção no palato. Prevenção: • É importante o conhecimento da anatomia normal envolvida na injeção proposta. Certas técnicas estão associadas a um risco mais elevado de hematoma visível. O bloqueio de nervo ASP é o mais comum, seguido pelo BNAI (em um distante segundo lugar) e o bloqueio do nervo mental/incisivo. • Modificar a técnica de injeção conforme for imposto pela anatomia do paciente. Por exemplo, a profundidade de penetração para um bloqueio de nervo ASP pode ser reduzida em um paciente com características faciais menores. Gerenciamento: Imediato. • Quando o aumento de volume se torna evidente durante ou imediatamente após a injeção de anestésico local, deve-se aplicar pressão direta no local da hemorragia. • Para a maioria das injeções, o vaso sanguíneo localiza-se entre a superfície da membrana mucosa e o osso; deve-se aplicar pressão localizada por não menos de 2 minutos. Isso efetivamente para o sangramento. Capitulo 5: Complicações sistêmicas Sempre que um fármaco é administrado, dois tipos de ações podem ser observados: (1) ações desejáveis, que são clinicamente buscadas e geralmente benéficas; e (2) ações indesejáveis, que são suplementares e não são buscadas. As reações por superdosagem, alergia e idiossincrasia são tópicos importantes relacionados com anestésicos locais e controle da dor em odontologia. Superdosagem As reações por superdosagem são aqueles sinais clínicos e sintomas que se manifestam como resultado de administração excessiva absoluta ou relativa de um fármaco, o que leva a níveis sanguíneos elevados do fármaco em seus órgãos-alvo (locais no corpo onde o produto exerce uma ação clínica). Os sinais e sintomas da superdosagem estão relacionados com a extensão direta das ações farmacológicas normais do fármaco em seus órgãos-alvo. Os anestésicos locais são fármacos que agem para deprimir as membranas excitáveis (p.ex., o sistema nervoso central [SNC] e o miocárdio são os órgãos-alvo dos anestésicos locais). Fatores predisponentes Fatores do Paciente: Idade Peso Outros fármacos Sexo Presença de doença Genética Atitude mental e ambiente Causas Níveis sanguíneos elevados de anestésicos locais podem resultar de uma ou mais das seguintes condições: Fatores do Fármaco Vasoatividade Concentração Dose Via de administração Velocidade de injeção Vascularidade do local de injeção Presença de vasoconstritores 1. Biotransformação do fármaco é mais lenta que o usual. 2. O fármaco não biotransformado é eliminado muito lentamente do corpo através dos rins. 3. Uma dose total muito alta é administrada. 4. A absorção no local de injeção é mais rápida que o usual. 5. Administração intravascular Manejo O manejo de todas as emergências médicas é baseado em manter o paciente vivo até que ele se recupere ou até que chegue o socorro para assumir o tratamento. Reação Leve por Superdosagem: Os sinais e sintomas da superdosagem leve incluem retenção de consciência, loquacidade e agitação, além de elevação da frequência cardíaca, pressão sanguínea e frequência respiratória, as quais em geral se desenvolvem lentamente — aproximadamente 5 a 10 minutos após a injeção. P→A→B→C. Posicionar confortavelmente o paciente consciente. A, B e C são avaliados de forma adequada (paciente está consciente e é capaz de falar). Cuidados definitivos: • Assegurar ao paciente que tudo está bem e sob controle. • Administrar oxigênio por via de cânula nasal ou máscara nasal. Isso é indicado como meio de evitar acidose, situação durante a qual o limiar convulsivo do anestésico local está reduzido. Quanto maior a tensão de dióxido de carbono arterial, menor o nível sanguíneo de anestésico local necessário para induzir ou perpetuar uma atividade tônico-clônica. • Monitorar e registrar os sinais vitais. A depressão pós-excitação geralmente é leve, com pouca ou nenhuma necessidade de tratamento. • Permitir que o paciente se recupere pelo tempo necessário. • O tratamento dentário pode ou não ser retomado após a avaliação do estado físico e emocional do paciente. • O paciente pode deixar o consultório dentário sem um acompanhante somente se você estiver convencido de que tenha ocorrido sua recuperação total. Os sinais vitais devem ser registrados e comparados aos valores basais, e o paciente avaliado completamente antes de sua liberação. Alergia Alergia é um estado hipersensível adquirido após exposição a um alérgeno particular (uma substância capaz de induzir reatividade corporal alterada), ao qual a reexposição produz elevada capacidade de reagir. As manifestações clínicas da alergia variam e incluem as seguintes: • Febre • Angioedema • Urticária • Dermatite • Depressão dos órgãos formadores de sangue • Fotossensibilidade • Anafilaxia As respostas alérgicas aos anestésicos locais incluem dermatite (comum nos funcionários dos consultórios dentários), broncoespasmo (ataque asmático) e anafilaxia sistêmica. As mais frequentemente encontradas são as reações dermatológicas localizadas. Respostas alérgicas potencialmente letais relacionadas com anestésicos locais são, de fato, raras. Alergia ao Bissulfito de Sódio: A alergia ao bissulfito ou metabissulfito de sódio está sendo relatada hoje com frequência crescente. Os bissulfitos são antioxidantes comumente pulverizados sobre preparos de frutas e vegetais a fim de mantê-los com aparência de “frescos” por longos períodos de tempo. ATENÇÃO! Na presença de alergia documentada ao sulfito, sugere-se o uso de uma solução anestésica local sem vasoconstritor (“anestésico local simples”, p. ex., mepivacaína HCl 3%, prilocaína HCl 4%). Não há alergenicidade cruzada entre os sulfitos e os antibióticos do tipo “sulfa-” (sulfonamidas). A alergia a um anestésico local do grupo amida não impede o uso de outras amidas,porque não ocorre alergenicidade cruzada. O bissulfito ou o metabissulfito de sódio são encontrados em todos os cartuchos de anestésicos locais dentais que contêm vasoconstritores, mas não em soluções anestésicas locais “simples”. (isso é questão de prova) Alergia ao Anestésico Tópico: Os anestésicos tópicos apresentam potencial de induzir alergia. Os anestésicos tópicos mais comumente usados em odontologia são ésteres, como a benzocaína e a tetracaína. A incidência de alergia relacionada com esse grupo de anestésicos locais excede em muito a observada com os anestésicos locais do grupo amida. • A benzocaína (um anestésico tópico do grupo éster) é pouco absorvida sistemicamente, as respostas alérgicas que se desenvolvem em resposta a seu uso em geral estão limitadas ao local de aplicação. Capítulo 6: Técnicas anestésicas na maxila Existem várias técnicas de injeção disponíveis para se obter anestesia clinicamente adequada dos dentes e dos tecidos duros e moles da maxila. A escolha da técnica específica a ser utilizada é determinada, em grande parte, pela natureza do tratamento a ser realizado. 1. Supraperiosteal (infiltração), recomendada para um número limitado de protocolos de tratamento 2. Injeção no ligamento periodontal (LPD, intraligamentar), recomendada como adjuvante às outras técnicas ou para um número limitado de protocolos de tratamento 3. Injeção intrasseptal, recomendada basicamente para técnicas cirúrgicas periodontais 4. Injeção intracrista, recomendada para o tratamento de dentes isolados (basicamente molares mandibulares) quando outras técnicas forem malsucedidas 5. Injeção intraóssea (IO), recomendada para o tratamento de dentes isolados (basicamente molares mandibulares) quando outras técnicas forem malsucedidas 6. Bloqueio do nervo alveolar superoposterior (ASP), recomendado para o tratamento de vários dentes molares em um quadrante Injeção Supraperiosteal A injeção supraperiosteal, mais comumente (porém, incorretamente) chamada de infiltração local, é a técnica de anestesial local usada com mais frequência para a obtenção da anestesia pulpar nos dentes superiores. Embora seja um procedimento simples com elevada frequência de êxito, há algumas razões válidas para se usar outras técnicas (p. ex., bloqueios regionais de nervo) sempre que mais de dois ou três dentes estiverem envolvidos no tratamento. A injeção supraperiosteal é indicada sempre que os procedimentos odontológicos são confinados a uma área relativamente circunscrita, seja na região dos incisivos maxilares ou mandibulares. Bloqueio do Nervo Alveolar Superoposterior O bloqueio do nervo alveolar superoposterior (ASP) é um bloqueio de nervo dentário comumente utilizado. Embora seja uma técnica que apresenta elevada frequência de êxito (> 95%), há vários aspectos que devem ser considerados em seu uso. Estes incluem a extensão da anestesia produzida e o potencial de formação de hematomas. Áreas anestesiadas: 1. Polpas do terceiro, segundo e primeiro molares superiores (todo o dente = 72%; raiz mesiovestibular do primeiro molar superior não anestesiada = 28%) 2. Tecido periodontal vestibular e osso sobrejacente a estes dentes Contraindicação: Quando o risco de hemorragia é muito grande (como no hemofílico), caso no qual é recomendada a injeção supraperiosteal ou do LPD Técnica: • Uma agulha curta de calibre 27 é recomendada • Área de introdução: altura da prega mucovestibular acima do segundo molar superior 3 • Área-alvo: nervo ASP — posterior, superior e medial à borda posterior da maxila • Pontos de referência: Prega mucovestibular Bloqueio do Nervo Alveolar Superior Médio O nervo alveolar superior médio (ASM) está presente apenas em cerca de 28% da população, limitando, portanto, a utilidade clínica deste bloqueio. Todavia, quando o bloqueio do nervo infraorbitário (alveolar superoanterior – ASA) não produz anestesia pulpar distal ao canino superior, o bloqueio do nervo ASM está indicado para procedimentos em pré-molares e para a raiz mesiovestibular do primeiro molar superior. A taxa de sucesso do bloqueio do nervo ASM é alta. • Nervos Anestesiados: Alveolar superior médio e ramos terminais Áreas Anestesiadas: • Polpas do primeiro e segundo pré-molares superiores, raiz mesiovestibular do primeiro molar superior; • Tecidos periodontais vestibulares e osso sobre estes mesmos dentes. Sinais e Sintomas 1. Subjetivos: dormência do lábio superior 2. Objetivos: uso do teste elétrico da polpa sem nenhuma resposta do dente à estimulação máxima (80/80) 3. Ausência de dor durante o tratamento Técnica 1. Uma agulha curta ou longa de calibre 27 é recomendada. 2. Área de introdução: altura da prega mucovestibular acima do segundo pré-molar superior 3. Área-alvo: osso maxilar acima do ápice do segundo pré-molar superior 4. Ponto de referência: prega mucovestibular acima do segundo pré-molar superior Bloqueio do Nervo Alveolar Superoanterior O bloqueio do nervo ASA não tem a popularidade do bloqueio do nervo ASP, basicamente porque os profissionais não têm experiência com essa técnica, a qual apresenta elevada frequência de sucesso e é extremamente segura. Ela produz anestesia profunda da polpa e tecidos moles vestibulares, desde o incisivo central superior até os pré-molares, em cerca de 72% dos pacientes. Áreas Anestesiadas 1. Polpas do incisivo central superior até o canino superior do lado da injeção 2. Em cerca de 72% dos pacientes, as polpas dos pré-molares superiores e a raiz mesiovestibular do primeiro molar 3. Periodonto vestibular (labial) e osso destes mesmos dentes 4. Pálpebra inferior, aspecto lateral do nariz, lábio superior Nervos Anestesiados 1. Alveolar superoanterior 2. Alveolar superior médio 3. Nervo infraorbitário a. Palpebral inferior b. Nasal lateral c. Labial superior Aspectos de segurança 1.O contato da agulha com o osso no teto do forame infraorbitário evita introdução excessiva inadvertida e possível punção da órbita. 2. Um dedo posicionado sobre o forame infraorbitário ajuda a orientar a agulha em direção ao forame. a. A agulha não deve ser palpável. Se ela for sentida, então, seu trajeto está muito superficial (longe do osso). Se isto ocorrer, retire ligeiramente a agulha e redirecione-a até a área-alvo. b. Na maioria dos pacientes não será possível palpar a agulha através dos tecidos moles sobre o forame, a menos que esteja muito superficial. No entanto, em alguns pacientes com musculatura facial menos desenvolvida, a agulha adequadamente posicionada pode ser palpável. Técnica 1. Uma agulha longa de calibre 25 ou 27 é recomendada, embora também se possa usar uma agulha curta de calibre 27, especialmente em crianças e em adultos menores. 2. Área de inserção: altura da prega mucovestibular diretamente sobre o primeiro pré-molar superior Nota: A agulha pode ser introduzida na altura da prega mucovestibular, acima de qualquer dente, desde o segundo pré-molar anteriormente até o incisivo central. O trajeto de penetração resultante é em direção à área-alvo, o forame infraorbitário. Pontos de referência: a. Prega mucovestibular b. Incisura infraorbitária c. Forame infraorbitário • Palpar a incisura infraorbitária. • Mover o dedo para baixo da incisura, aplicando pressão suave sobre os tecidos. • O osso imediatamente abaixo da incisura é convexo (como uma protuberância), representando a borda inferior da órbita e o teto do forame infraorbitário. • Continuando inferiormente, uma concavidade será palpada; este é o forame infraorbitário. • Ainda aplicando pressão, sentir os contornos do forame infraorbitário neste local. O paciente sentirá um levedesconforto quando o forame for palpado, já que o nervo infraorbitário é pressionado contra o osso. • Manter o dedo sobre o forame ou marcar a pele neste ponto. • Afastar o lábio do paciente, tensionando os tecidos na prega mucovestibular e aumentando a visibilidade. Uma gaze estéril de 5 × 5 cm colocada sob o dedo enluvado auxilia na retração do lábio durante a injeção do nervo ASA. • Introduzir a agulha na altura da prega mucovestibular sobre o primeiro pré-molar, com o bisel voltado para o osso. Orientar a seringa em direção ao forame infraorbitário. Anestesia do palato • A anestesia do palato duro é necessária para procedimentos odontológicos envolvendo manipulação dos tecidos moles ou duros do palato. • Para muitos pacientes odontológicos, as injeções no palato são uma experiência muito traumática. As etapas da administração atraumática da anestesia do palato são as seguintes: 1. Produzir anestesia tópica adequada no local de penetração da agulha. 2. Usar anestesia por pressão no local antes e durante a introdução da agulha e a deposição da solução. 3. Manter controle sobre a agulha. 4. Injetar a solução de anestésico lentamente. 5. Confiar em si próprio. Você pode completar o procedimento de maneira atraumática. O palato é a única área da boca onde uma haste de algodão deve ser mantida na posição pelo administrador durante todo o tempo. A anestesia coompressiva deve ser mantida durante a penetração dos tecidos moles pela agulha e deve ser mantida durante todo o tempo em que a agulha permanecer nos tecidos moles do palato A anestesia tópica adequada no local da injeção pode ser obtida, permitindo-se que o anestésico tópico permaneça em contato com os tecidos moles durante pelo menos 2 minutos. A injeção lenta de anestésico local é importante em todas as técnicas, não apenas como um aspecto de segurança, mas também como um meio de efetuar uma injeção atraumática. A injeção lenta é ainda de maior importância aqui devido à densidade dos tecidos moles do palato e à sua aderência firme ao osso subjacente. Bloqueio do Nervo Palatino Maior • O bloqueio do nervo palatino maior é muito útil durante procedimentos odontológicos envolvendo os tecidos moles palatinos distais ao canino. • Volumes mínimos de solução (0,45 a 0,6 ml) produzem anestesia profunda dos tecidos moles e duros do palato. • Outro nome comum: Bloqueio do nervo palatino anterior. Áreas anestesiadas A parte posterior do palato duro e os tecidos moles sobrejacentes, anteriormente até o primeiro pré-molar e medialmente até a linha média Técnica: 1. Uma agulha curta calibre 27 é recomendada. 2. Área de introdução: tecidos moles levemente anteriores ao forame palatino maior 3. Área-alvo: nervo palatino maior (anterior), quando passa anteriormente entre os tecidos moles e o osso do palato duro 4. Pontos de referência: forame palatino maior e junção do processo alveolar maxilar e osso palatino 5. Trajeto da introdução: avançar a seringa a partir do lado oposto da boca formando um ângulo reto com a área-alvo 6. Orientação do bisel: voltado para os tecidos moles palatinos Bloqueio do Nervo Nasopalatino O bloqueio do nervo nasopalatino é uma técnica muito valiosa para o controle da dor palatina, pois, com a administração de um volume mínimo de solução anestésica (no máximo um quarto do tubete), uma ampla área dos tecidos moles palatinos é atingida, minimizando assim a necessidade de múltiplas injeções do palato. Duas técnicas para esta injeção são apresentadas: Técnica (Injeção Única no Palato) • Uma agulha curta de calibre 27 é recomendada. • Área de introdução: mucosa palatina imediatamente lateral à papila incisiva (localizada na linha média atrás dos incisivos centrais); o tecido aqui é mais sensível que o restante da mucosa palatina • Área-alvo: forame incisivo, sob a papila incisiva • Pontos de referência: incisivos centrais e papila incisiva • Trajeto de introdução: aproximar o local de injeção em um ângulo de 45 graus em direção à papila incisiva • Orientação do bisel: voltado para os tecidos moles do palato (rever o procedimento para a injeção palatina básica) Técnica (Múltiplas Perfurações da Agulha) 1. Uma agulha curta de calibre 27 é recomendada. 2. Área de introdução: a. Freio labial na linha média entre os incisivos centrais superiores • b. Papila interdentária entre os incisivos centrais superiores • c. Se necessário, os tecidos moles palatinos laterais à papila incisiva • 3. Área-alvo: forame incisivo, sob a papila incisiva • 4. Pontos de referência: incisivos centrais e papila incisiva • Trajetória de introdução: o Primeira injeção: infiltração no freio labial o Segunda injeção: agulha mantida em ângulo reto com a papila interdentária o Terceira injeção: agulha mantida em um ângulo de 45 graus em relação à papila incisiva Desvantagens 1. Requer múltiplas injeções (três) 2. Dificuldade de estabilização da seringa durante a segunda injeção 3. Corpo da seringa geralmente na linha de visão do paciente durante a segunda injeção Capítulo 7: Técnicas anestésicas mandibulares Bloqueio do Nervo Alveolar Inferior (BNAI) • É a segunda técnica de injeção mais frequentemente usada (depois da infiltração). • Um bloqueio suplementar (do nervo bucal) é necessário somente em casos em que é exigida a anestesia dos tecidos moles na região bucal posterior. • Produz desconforto. • Nomes comuns: Bloqueio Mandibular. Nervos anestesiados 1. Alveolar inferior 2. Incisivo 3. Mentual 4. Lingual Indicações: • Procedimentos em múltiplos dentes mandibulares num quadrante • Casos em que é necessária a anestesia dos tecidos moles bucais • Casos em que é necessária a anestesia dos tecidos moles linguais. Vantagens: Uma injeção proporciona uma ampla área anestesia; Desvantagens: • Ampla área de anestesia (não indicada para procedimentos localizados). • Frequência de anestesia inadequada (31% a 81%) • Marcos intraorais não consistentemente confiáveis • Aspiração positiva (10% a 15%, a mais alta de todas as técnicas de injeção intraoral) • Anestesia da língua e do lábio inferior, desagradável para muitos pacientes e possivelmente perigosa (trauma autoinfligido aos tecidos moles) em alguns indivíduos • Anestesia parcial possível em casos em que estão presentes um nervo alveolar inferior bífido e canais mandibulares bífidos; inervação cruzada na região anteroinferior 1 Áreas Anestesiadas 1. Dentes mandibulares até a linha média 2. Corpo da mandíbula, parte inferior do ramo da mandíbula 3. Mucoperiósteo bucal 4. Dois terços anteriores da língua e assoalho da cavidade oral (nervo lingual) 5. Periósteo e tecidos moles linguais (nervo lingual) Contra Indicações: Infecção ou inflamação na área; Pacientes com maior probabilidade de morder lábio ou língua. Exemplo: crianças e portadores de deficiência. • Ponto de punção: ¾ distancia do ramo a parte mais profunda da rafe pterigomandibular; • Agulha: Longa – calibre 25 ou 27 • Área alvo: Forame Mandibular Precauções • Não depositar o anestésico local se não houver o contato com o osso. A ponta da agulha pode estar situada no interior da glândula parótida, próximo ao nervo facial (VII nervo craniano), e um bloqueio transitório (paralisia) do nervo facial pode ocorrer se a solução anestésica local for depositada. • Evitar a dor não fazendo o contato com o osso com muita força. Bloqueio do Nervo Bucal O nervo bucal proporciona inervação sensorial aos tecidos moles bucais adjacentes tão somente aos molares mandibulares. A única indicação da administração de um bloqueio do nervo bucal, portanto, é nos casos em que se considera a manipulação desses tecidos (p. ex., em raspagens oucuretagens, na colocação de um dispositivo compressivo em dique de borracha sobre os tecidos moles, na remoção de cáries subgengivais, etc.) Nervo anestesiado: Bucal Área anestesiada: Tecidos moles e periósteo bucal dos dentes molares mandibulares Indicação: Casos em que a anestesia dos tecidos moles bucais é necessária para procedimentos dentários na região molar mandibular. Contraindicação: Infecção ou inflamação na área da injeção Sinais e sintomas ➢ A instrumentação na área anestesiada sem dor indica um controle satisfatório da dor. Vantagens 1. Elevada frequência de sucesso 2. Tecnicamente fácil Aspiração positiva: 0,7% Desvantagens: Potencial de dor se a agulha entrar em contato com o periósteo durante a injeção. Bloqueio do Nervo Mandibular: Técnica de Gow-Gates É um verdadeiro bloqueio nervoso mandibular, por proporcionar anestesia sensorial em praticamente toda a distribuição de V3. Nervos Anestesiados: • Alveolar inferior • Mentual • Incisivo • Lingual • Milo-hióideo • Auriculotemporal • Bucal (em 75% dos pacientes) Indicações Múltiplos procedimentos nos dentes mandibulares Casos em que é necessária a anestesia dos tecidos moles bucais, do terceiro molar até a linha média Casos em que é necessária a anestesia dos tecidos moles linguais Casos em que um bloqueio do nervo alveolar inferior convencional não é bem-sucedido Contraindicações Infecção ou inflamação na área de injeção (rara) Pacientes que possam morder o lábio ou a língua, como crianças pequenas e adultos portadores de deficiência física ou mental Pacientes que não consigam abrir bem a boca (p. ex., trismo) Áreas Anestesiadas: ➢ Dentes mandibulares até a linha média ➢ Mucoperiósteo e membranas mucosas bucais do lado da injeção ➢ Dois terços anteriores da língua e assoalho da cavidade oral ➢ Tecidos moles e periósteo da língua ➢ Corpo da mandíbula, parte inferior do ramo da mandíbula ➢ Pele sobre o zigoma, parte posterior da bochecha e regiões temporais Vantagens ➢ Requer apenas uma injeção; um bloqueio nervoso bucal é geralmente desnecessário. ➢ Mínima frequência de aspiração. ➢ Poucas complicações pós injeção. ➢ Aspiração positiva: 2% Desvantagens ➢ A anestesia da língua e do lábio inferior é desconfortável para muitos pacientes e pode ser perigosa para alguns indivíduos ➢ Há uma curva de aprendizado no uso da técnica de Gow-Gates. ➢ A experiência clínica é necessária para se aprender efetivamente a técnica. ➢ Área alvo: aspecto lateral do colo condilar, logo abaixo da inserção do músculo pterigoide lateral Sinais e sintomas ➢ Subjetivos: formigamento ou dormência no lábio inferior indica a anestesia do nervo mentual e formigamento da língua, anestesia do nervo lingual. ➢ Objetivos: não é sentida nenhuma dor durante a terapia dentária. Precauções ➢ Não depositar o anestésico local caso não haja o contato com o osso. Bloqueio Mandibular de boca fechada de Vazirani-Akinosi A indicação continua a ser naquelas situações em que a abertura mandibular limitada impede o uso de outras técnicas de injeção mandibular. Ex. trismo. Nervos anestesiados: ➢ Alveolar inferior ➢ Incisivo ➢ Mentual ➢ Lingual ➢ Milo-hióideo Indicações: ➢ Abertura mandibular limitada ➢ Múltiplos procedimentos em dentes mandibulares ➢ Incapacidade de se visualizar marcos para o BNAI (p. ex., devido a uma língua grande) Contraindicações ➢ Infecção ou inflamação aguda na área de injeção (raras) ➢ Pacientes que possam morder o lábio ou a língua, como crianças pequenas e adultos portadores de deficiência física ou mental ➢ Incapacidade de visualizar ou de ter acesso ao aspecto lingual do ramo mandibular Áreas anestesiadas: • Dentes mandibulares até a linha média • Corpo da mandíbula e parte inferior do ramo mandibular • Mucoperiósteo e membrana mucosa bucais anteriores ao forame mentual • Dois terços anteriores da língua e assoalho da cavidade oral (nervo lingual) • Tecidos moles e periósteo linguais (nervo lingual) Vantagens: ➢ Relativamente atraumático ➢ Pacientes não precisam ser capazes de abrir a boca ➢ Menos complicações pós-operatórias (p. ex., trismo) ➢ Frequência de aspiração menor (< 10%) que no bloqueio do nervo alveolar inferior ➢ Proporciona uma anestesia eficaz na presença de um nervo alveolar inferior bífido. Bloqueio do Nervo Mentoniano O nervo mentual é um ramo terminal do nervo alveolar inferior. Saindo do forame mentual no ápice dos pré-molares mandibulares ou próximo disso, ele proporciona inervação sensorial aos tecidos moles bucais situados anteriormente ao forame e aos tecidos moles do lábio inferior e do queixo do lado da injeção. Nervo anestesiado: mentual Áreas Anestesiadas: Membrana mucosa bucal, anteriormente ao forame mentual (em torno do segundo pré-molar) até a linha média e a pele do lábio inferior e do queixo. Indicações: • Biópsias dos tecidos moles • Sutura de tecidos moles Contraindicação: • Infecção ou inflamação aguda na área de injeção. Vantagens: Elevada frequência de êxito Tecnicamente fácil Em geral totalmente atraumático Desvantagem: Hematoma. Área de inserção: prega mucobucal no forame mentual ou imediatamente anterior ao mesmo Área-alvo: nervo mentual à saída do forame mentual (geralmente localizado entre o ápice do primeiro pré-molar e o do segundo) Bloqueio do Nervo Incisivo O nervo incisivo é um ramo terminal do nervo alveolar inferior. Originando-se como uma continuação direta do nervo alveolar inferior no forame mentual, o nervo incisivo segue Desvantagens: Difícil visualizar-se a trajetória da agulha e a profundidade de inserção Nenhum contato ósseo; Potencialmente traumático se a agulha estiver demasiado próxima do periósteo LOCAL DE PENETRAÇÃO DA AGULHA anteriormente pelo canal incisivo, fornecendo inervação sensorial àqueles dentes localizados anteriormente ao forame mentual. O nervo é sempre anestesiado quando um bloqueio nervoso alveolar inferior ou mandibular é bem-sucedido; por essa razão, o bloqueio do nervo incisivo não é necessário em casos em que esses bloqueios são administrados. Os pré-molares, o canino e os incisivos laterais e centrais, incluindo seus tecidos moles e o osso, são anestesiados ao ser administrado um bloqueio do nervo incisivo. Observação: Uma indicação importante do bloqueio do nervo incisivo é quando o procedimento considerado envolve tanto o lado direito da mandíbula como o esquerdo Nervos Anestesiados: Mentual e incisivo Áreas Anestesiadas: 1. Membrana mucosa bucal anterior ao forame mentual, geralmente do segundo pré-molar até a linha média 2. Lábio inferior e pele do queixo 3. Fibras nervosas pulpares aos pré-molares, ao canino e aos incisivos Indicações: 1. Procedimentos dentários envolvendo a anestesia pulpar em dentes mandibulares anteriores ao forame mentual 2. Casos em que o BNAI não está indicado: a. Quando são tratados seis, oito ou 10 dentes anteriores (p. ex., de canino a canino ou de pré-molar a pré-molar), o bloqueio do nervo incisivo é recomendado em lugar de BNAI bilaterais. Técnica: • É recomendada uma agulha curta de calibre • Área de inserção: prega mucobucal no forame mentual ou imediatamente anterior a ele • Área-alvo: forame mentual, através do qual o nervo mentual sai e no interior do qual o nervo incisivo está localizado • Marcos: pré-molares mandibulares e prega mucobucal Retraia o lábio para melhorar o acesso e permitir a inserção atraumática da agulha. Capítulo 8: Cálculo Anestésico Bônus: Questões Extras 1) Quanto aos anestésicos locais utilizados em odontologia, julgue o item a seguir. A mepivacaína possui ação vasodilatadoramaior que a da lidocaína. a) Verdadeiro b) Falso 2) A técnica Gow-Gates é um verdadeiro bloqueio nervoso mandibular, pois proporciona anestesia sensorial em praticamente toda a distribuição do referido nervo. Essa técnica, no entanto, é contraindicada: a) quando há necessidade de anestesia dos tecidos moles bucais, do terceiro molar até a linha média. b) em casos em que é necessária a anestesia dos tecidos moles linguais. c) na presença de infecção ou de inflamação na área de injeção para a execução da referida técnica. d) em procedimentos concomitantes em vários dentes mandibulares. 3) (JOÃO XXIII – 2019) Uma técnica anestésica não muito rotineira, mas que possue boa aplicabilidade, execução e praticidade em casos específicos é a técnica de Gow Gates que anestesia os seguintes nervos, EXCETO: A) O alveolar inferior. B) O auriculotemporal. C) O bucal. D) O palatino maior. 4) (JOÃO XXIII – 2019) Alguns profissionais indicam para procedimentos mais prolongados o uso de cloridrato de bupivacaína como anestésico de primeira escolha. Sobre o cloridrato de bupivacaína, assinale a alternativa CORRETA: A) A bupivacaína é um anestésico do tipo éster. B) O seu tempo de meia-vida está próximo a 30 minutos. C) Sua propriedade vasodilatadora é relativamente maior do que a da lidocaína, mepivacaína e prilocaína. D) Seu metabolismo é por hidrólise no plasma pela pseudocolinesterase. 5. Em um paciente com trismo e necessidade de submeter-se ao bloqueio do nervo alveolar inferior, é CORRETO afirmar que uma técnica de escolha a ser realizada pelo cirurgião dentista seria: A) Técnica Gow Gates. B) Técnica de Vazirani Akinosi. C) Técnica do bloqueio regional. D) Técnica do bloqueio trigeminal. 6) A administração de anestésicos locais está relacionada à dose máxima possível de administração. Dentre as condições que determinam a quantidade, estão o peso corporal e a quantidade de mg/Kg do anestésico. Para um paciente masculino, sem doenças ou restrições, de 18 anos de idade com 45Kg de peso, qual a quantidade máxima em tubetes de Lidocaina 2% com adrenalina 1:100.000 a ser aplicada, considerando uma orientação de dose máxima de 4,4mg/Kg e respeitando-se o máximo absoluto da dose? a) 5,5 b) 12,0 c) 7,9 d) 6,3 e) 11,0 Gabarito: 1. B 2. C 3. D 4.E 5. B 6.A
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